sábado, 23 de dezembro de 2017

Campo da Porcalhota: Setembro e Outubro de 1790


Com vista a reunir as forças militares do governo d’armas da Corte (Lisboa) e adestrá-las, realizou-se um campo de manobras na Porcalhota (hoje, o centro da Amadora), entre 23 de setembro e 22 de outubro de 1790, comandado pelo marechal de campo (hoje, major general) conde de Oeynhausen, Karl von Oyenhausen-Gravenburg (1739-1793) [na foto em cima]

A revolução francesa ainda incipiente na sua direção alterava o equilibrio europeu e inspirava o Exército Português a preparar-se para o que aí viesse. Este campo, assim como o realizado no Campo da Real Tapada, em Alcântara, em maio do ano anterior, fez ressurgir o hábito após algumas décadas, desde o último em Olhos de Água, em 1767. O bom hábito repetir-se-á em 1798 na Azambuja, com números nunca vistos de tropas envolvidas, em 1802, na Azambuja, e em 1806, em Vila Viçosa.



Com base na publicação desta descrição nos Quadros Navais do contra almirante Celestino Soares, adaptou-se o texto à ortografia moderna onde essencial à boa leitura, assim como notas essenciais para a identificação dos intervenientes e unidades:

Campo de manobras na Porcalhota, 23 de setembro [de 1790], (copia). – «Tendo-se por ordem suprema determinado que houvesse hum novo ensaio militar no campo da Porcalhota, no qual entrassem os regimentos de cavallaria de Mecklemburgo, e Castello Branco, e os de infanteria de Lancastre, Peniche, Lippe e Cascaes, com dois destacamentos dos de artilheria da côrte, e Estremoz, para manobrarem debaixo do mando do marechal de campo conde de Oeynhausen: ante ontem pela manhã se acampou ali este corpo de exercito depois de terem os regimentos de Mecklemburgo, Lippe e Cascaes, puxados pelo dito marechal, passado pelo real palacio de Queluz para serem vistos por S[ua]. M[ajestade]. e AA[altezas]., que depois se dignaram de vir ao campo para ver ali formada esta tropa, a qual logo que as reaes pessoas se retiraram procedeu a armar barracas.

26 de setembro: Depois que no dia 23 de setembro se acampou na Porcalhota debaixo do mando do marechal de campo conde de Oeynhausen, o primeiro corpo de exercito, dividido em tres brigadas, huma composta dos regimentos de Mecklemburgo e Castello Branco, commandada pelo brigadeiro João d’Ordaz de Queiroz (que desde o dia 25 de setembro ficou subdivivida em duas, huma commandada pelo dito brigadeiro, e a outra pelo brigadeiro conde de S. Lourenço) e duas d’infanteria, a da direita composta dos regimentos de Cascaes e Peniche, commandada pelo brigadeiro D. Francisco Xavier de Noronha, e a da esquerda, composta dos regimentos de Lippe e Lancastre, commandada pelo brigadeiro Luiz de Miranda Henriques, com o parque d’artilheria, commandado pelo sargento mór Henrique de Chateauneuf: os primeiros dias se empregárão na limpeza e regulação do campo.  

No dia 28 se formou esta tropa em linha de parada, para esperar a chegada de S. M. e AA. depois do que fez a infanteria fogo de alegria.
  
No dia seguinte trabalhou a brigada de cavallaria, e no primeiro de outubro a segunda das d’infanteria. 

A 5 se executou a primeira manobra geral, cuja supposição era que o inimigo vinha atacar a frente do campo, depois de ter constrangido todos os pontos avançados a recuar, e que a tropa devia recobrar todos os seus postos acoçado que fosse o inimigo, julgando-se inatacaveis os flncos do campo. 

Nos dias 6 e 8 trabalharam as brigadas separadamente.  

No dia 9 houve outra manobra geral, em que se moveo o exercito por columnas para tomar huma posição parallela ao lado em que se esperava a marcha das forças inimigas. No dia 12 houve um exercicio de todo o corpo de exercito.  

A terceira manobra geral se executou no dia 16, depois de se ter o campo augmentado com os dois regimentos de cavallaria de Caes e Alcantara: suppunha-se n’esta manobra que o inimigo estava postado no terreno entre Carenque e Ponte-Pedrinha, e que o general queria d’ali lança-lo fóra para formar no mesmo sítio o seu campo. Todas estas manobras, a que S. M. e AA. assistirão, com huma grande multidão de povo, se executárão completamente, da mesma sórte que os outros exercicios; e no dia 22 se levantou o campo.  


Em quanto durou foi S. M. servida mandar, desde 25 de setembro, duas vezes por semana, dar huma ração de tres quartas de carne e huma de arroz a todos aquelles que recebião pão da real fazenda, e desde o primeiro dia pão e ração extraordinaria aos cirurgiões e ajudantes dos seis primeiros regimentos, e soldo dobrado aos alferes, tenentes e capitães, dos mesmos.»

Fonte: Quadros Navais, pp. 93-95


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Ordem de Batalha

Comandante
Marechal de campo Conde de Oeynhausen

Brigadas de Cavalaria
(Brigadeiros João d’Ordaz de Queiroz + Conde de S. Lourenço)
- Regimento de Cavalaria de Mecklemburgo [n.º 4, pós 1806]
- Regimento de Cavalaria de Castelo Branco [n.º 10, pós 1806]
- Regimento de Cavalaria do Cais (Lisboa) [n.º 7, pós 1806]
- Regimento de Cavalaria de Alcântara [n.º 1, pós 1806]

Brigada de Infantaria da Direita
(Brigadeiro D. Francisco Xavier de Noronha)
- Regimento de Infantaria de Cascais [n.º 19, pós 1806]
- Regimento de Infantaria de Peniche [n.º 13, pós 1806]

Brigada de Infantaria da Esquerda
(Brigadeiro Luiz de Miranda Henriques)
- Regimento de Infantaria de Lippe (Lisboa) [n.º 1, pós 1806]
- Regimento de Infantaria de Lencastre (Lisboa) [n.º 16, pós 1806]

Para as manobras foram formados 2 batalhões de Granadeiros, tirados dos regimentos de infantaria. 

Parque de Artilharia
(Sargento Mor Henrique de Chateauneuf)
- destacamentos dos Regimentos de Artilharia da Corte [n.º 1, pós 1806] e de Estremoz [n.º 3, pós 1806], formando um corpo de 3 companhias de artilheiros, com o seguinte material: uma peça de 12, 6 de 6, e 12 de campanha de 3, 2 obuses e l morteiro.

EFETIVOS TOTAIS: 4,214


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Bibliografia

- GUIMARÃES, J. Ribeiro, Summario de varia historia: Narrativas, lendas, biographias, descripcões de templos e monumentos, estadisticas, costumes, civis, politicos e religiosos de outras eras (Volume 4), Rolland & Semiond, 1874. pp. 166- 178;

- SOARES, Contra Almirante Joaquim Pedro Celestino, Quadros Navais (VII Parte), Col. Documentos n.º 12, Ed. Ministério da Marinha, Lisboa, 1973. pp. 93-95

quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Manuscripto: Goltz e a falta de Uniformidade do Exército em 1802


As ordens de 1802 do Conde de Goltz, então Marechal do Exército e Comandante em Chefe, para que cesse a falta de uniformidade militar:

Illmo. e Exmo. Snr. – O Principe Regente Nosso Senhor tendo me manifestado a mim Marechal, e General Commandante dos seus Exercitos, o seu Particular Desagrado a respeito da negligencia, irrigularidade e indecencia com que se apresentão muitos Officiaes; Foi servido ordenar-me fizesse observár maiz estrictamente huma disciplina exacta, e regular nos uniformes do seu Exercito.

Em consequencia encarrego a V. Ex.ª como Governador da Provincia de Alem-Tejo de dar immediatamente em toda a extenção do seu Governo Ordens tão positivas, como sevéras a todos os Córpos, e Regimentos de Infantaria, Cavallaria, e Artilharia, Ligião, Engenharia, e Milicias & para que todo o militar de qualquer Arma, ou Graduação que seja se vista conforme os Modéllos dos uniformes que se áchão adoptados para os seus respectivos Córpos por anteriores disposições; as quais ficão em pleno vigor athé nóva Rezolução de sua Alteza Real.

Tendo observado com verdadeiro dissabor que muitos Officiaes alterão os seus unifórmes acrescentando-lhes distinctivos arbitrários; advirto a todo o Exercito em geral, e todos os Individoos que o fórmão em particular que semelhantes irrigularidades serão punidas exemplarmente huma vêz que continuem a manifestár-se.

Os Senhores Officiaes, e Cadetes devem dár o exemplo tanto para a sobordinação, como para o asseio, e por consequência lhes ordeno de não se apartarem em couza alguma dos seus uniformes ainda mesmo em bagatellas de qual quer genero, e por mais triviaes que sejão.

Recomendo muito asseio do Soldado, obrigando a que se lave, e penteie todas as manhãas, que vista nos Domingos Camiza lavada, e que faça a barba nos dias em que entra de guarda.Todos os penteados, e módas a despeito de Cabellos tanto em topé//topetes, como em marrafas ficão prohibidos, destinando-se esta prohibição particularmente aos senhores Officiaes, e Cadetes, cujo penteado deve ser sempre Militar, e decente; e por esta razão se ordena positivamente que os senhores Officiaes, Cadetes, e Soldados átem o Cabello em distancia de dous dêdos da Núca, fazendo um rabicho da grossura de hum dêdo. Enquanto ao topete, e fáces [?] se conformarão ao uniforme prescripto nos seus Córpos, e naquelles em que este artigo não se achár ainda regulado me darão parte immediatamente os seus Chefes ou Commandantes respectivos.

O Soldado trará o pescocinho uniforme, atado convenientemente, e sem augmentar-lhe o volume.

Aos chefes e officiaes pertence vigiar que os seus soldados se apresentem em todo o tempo, e lugares vestidos da maneira mais propria e decente.
As gravatas, e lenços tufádo, ou de almofáda, ficão prohinidos aos senhores Officiaes, e Cadetes.
Os Distinctivos bizarros de que muitos Cadetes uzão, não dévem ser tolerados devendo trazer o uniforme exacto dos seus Córpos, ou Regimentos, sendo-lhes tão somente permetido usár pano mais fino.
Os Chefes, Coroneis, e Officiaes Superiores dos Córpos, e Regimentos darão a ésta Ordem huma execução prompta, e inteira, punindo com a prizão aquelles que a élla não se sujeitárem.V. Ex.ª tomará as medidas mais eficazes [?] para que a vontade de sua Alteza real seja sem demóra, e pontualmente estebelecida e executáda como aqui se determina.
D. Guarde a V. Ex.ª m. ann. Quartel General de Buenos Ayres, 20 de Março de 1802.Sr. Fernando da Costa de Ataide Teive

P.S.Como todos os Corpos, e Regimentos dévem conformar-se segundo a presente Ordem, estreitamente ao que se determinou, e regulou anteriormente deve entender-se que aquelles que tem Cabellos Cortados // os conservarão da mesma maneira, observando huma exacta uniformidade nelles. Os Chefes, os Coroneis, e os Commandantes dos Córpos, ou Regimentos, me representarão todo e qualq quer inovamento que quiserem fazer a este respeito nos seus respectivos Córpos, ou regimentos, e não o poderão fasendo algum pôr em execução sem previamente receberem huma Ordem por escrito.

Deos Guarde a V. Ex.ª Quartel General de Buenos Ayres em 20 de Março de 1802. = Conde de Goltz

António Xavier Pereira de Silva, Oficial da Secretaria

Fonte:
- Arquivo Histórico Militar, 1.ª Divisão,  13.ª Secção,  Caixa 12, n.º 3

sábado, 16 de setembro de 2017

Excerpto: Claudio de Chaby e os Excerptos Historicos



Cláudio de Chaby (1818-1905) é, sem dúvida, um dos grandes historiadores militares portugueses do século XIX e os Excerptos Historicos e colecção de documentos relativos á guerra denominada da Peninsula e ás anteriores de 1801, e do Roussillon e Cataluña, publicados em 1863 é o terreno onde mais se potenciou o seu talento literário. Parte do cronismo quase estatístico e elabora detalhadamente sobre a condição das tropas no terreno, em todos os níveis e classes sociais. Foi o grande compilador de memórias militares de vários oficiais das guerras revolucionárias, algumas delas inéditas.

A combinação de trabalho arquivista exaustivo e abrangente, a recolha de memórias pessoais dos protagonistas (qualquer que fosse o seu grau de importância hierárquica), e finalmente a elegância como descreve os acontecimentos de época, Estes são talvez os traços mais interessantes do autor

Em cartas suas no Arquivo Histórico Militar, Chaby refere-se a um veterano de Artilharia de Elvas que lhe contou alguns pormenores de um brinco militar próximo de Vila Viçosa, assistido pelo Principe Regente e D. Carlota (e pelo veterano, então moço), em inícios de 1806, meio século depois dos eventos, em que se recriava a batalha de Austerlitz, ganha por Napoleão no ano anterior, incluindo uma "réplica" da choça de Napoleão com função decorativa, além do jovem clarim negro da Legião de Alorna, com sua jaqueta azul celeste e mangas negras.

Aqui fica um pequeno excerto do seu primeiro volume, dedicado à Guerra do Roussilhão e Catalunha (1793-1795), especificamente sobre os acontecimentos de 17 e 20 de Novembro de 1794, quando o Exército Republicano faz recuar o Exército espanhol e, com este, o Exército Auxiliador português.

«O estrepito pavoroso das detonações da artilheria: o clarão vivaz da polvora incendiada, perturbando como em ondulações igneas de movimento tremulante e quasi sucessivo, a frouxa luz crepuscular; o estrondo repetido das descargas de espingarderia; o sinistro soído de ferros em golpes de pugna; o rumor do tropel dos ginetes em carreira: os clarins estridentes, as caixas de guerra chamando ao combate, tudo emfim que constitue o cortejo da guerra nos seus horrores e majestade, chamando morte, destruição, e sangue, tudo anunciava ao despontar d'aquelle dia o triumpho previsto e desejado por Perignon, a desgraça já imminente, e que em breve ia cair sobre o exercito peninsular; desgraça que, não obstante, illustrou o valor das tropas, o valor e a pericia de alguns generaes.»

Claudio de Chaby (1863), Excerptos Históricos (Volume I), Imprensa Nacional:Lisboa, p. 125.

Este volume pode ser lido ou descarregado em pdf no GoogleLivros, aqui.

(Seria interessante uma reedição anotada, facsimilada, desta excelente obra)

LIGAÇÕES
Conheça a biografia deste autor em Portugal Diccionario Historico, aqui
Ainda, o artigo "O General Cláudio Chaby, Cronista e Arquivista", de Manuel Amaral, aqui.

Excerpto: Raul Brandão, apresentado por Vitorino Nemésio


RAUL BRANDÃO
(1867-1930)

Por Vitorino Nemésio

Raul Brandão é dos maiores prosadores estreados no fim do século XIX e um dos temperamentos mais originais que se exprimiram na nossa língua. Herdeiro do estilo transparente de Eça de Queirós e criado na sua luminosa ironia, excedeu-o no sentido grave da vida e na agudeza psicológica que explora o subconsciente.[...]
A História é outro campo de trabalho preferido por Raul Brandão, sobretudo as épocas de revolução e de crise – Invasões Francesas, Liberalismo, República –, em que a intriga domina o cenário político e em que a ordem social subvertida permite que as paixões venham à-de-cima e que a comparsaria histórica irrompa pelo palco reservado aos grandes personagens. Mamórias, cartas, papéis íntimos, o recheio das casas, a papelada burocrática e as ordens regimentais, de tudo Brandão extrai um pormenor significativo, uma bagatela que tiraniza os homens nas suas manias e ingenuidades e as faz triunfar sobre os interesses gerais e a própria razão de Estado. 
El-Rei Junot é uma espécie de 1812 em prosa, sinfonia triunfal em ritmos de paródia: as divisões desmanteladas mas ainda impetuosas de Junot atravessando a península, o sonho de Napoleão caldeando-se com o pânico e o grotesco de uma população perturbada no seu longo sono histórico. A marcha das tropas, as étapes nos descampados, a fuga da populaça desamparada e infeliz, tudo é dado numa atmosfera de pólvora e de pó, em que o humano triunfa pelo sonho e pela dor da «farsa» trágica. A pintura da corte de Queluz e da Lisboa, dos desembargadores e dos frades, embora feita de elementos heterogéneos  e violentados pela preocupação do pitoresco e do patético, é larga e impressiva. E a seriedade da fibra nacional ferida resulta mais nítida dos lances anárquicos do conflito. 
A Conspiração de Gomes Freire dá o lado íntimo, biogratativo, de transição do velho regime para o novo. Gomes Freire é desenhado como acentureiro, patriota, letrado e amoroso. A sombra de Matilde de Melo («felizmente há luar») suaviza o calvário do general napoleónico, mação e conspirador, que paga na forca o seu desprendimento e as suas leviandades. 
No prefácio das Memórias do Coronel Owen (O Cerco do Porto) e nas suas próprias Memórias (3 vols.), Raul Brandão fecha este seu ciclo de petit histoire, espécie de diário de um povo que toma consciência dos tempos modernos através da dissolução e da reforma da sua intimidade histórica. As Memórias de Brandão correspondem ao fim da Monarquia e aos primeiros anos da república, e devem ser lidas com a prevenção de quem vai ouvir o testemunho suspeito mas psicologicamente precioso de um espectador interessado apenas pelo lado mórbido do drama. A verdade que delas sai é psicológica, atmosférica – não é histórica. Os prefácios que Brandão escreve para elas reconciliam-no, pelo seu ar de mensagem ou de visão do mundo, com a pureza e seriedade da alma e do povo português.

Vitorino Nemésio, Portugal, a Terra e o Homem: Antologia de Textos de Escritores dos Séculos XIX-XX, Ed. Fund. Calouste Gulbenkian, Viseu, 1978. (pp. 85-87)

Imagem
- Fotografia de Raul Brandão, Wikicommons

quinta-feira, 6 de julho de 2017

Apontamentos: Abril de 1812, a quarta “invasão” de Marmont


Abril de 1812: a quarta “invasão” de Marmont

Os acontecimentos desta altura representam um dos pontos altos de Lecor no comando da Beira Baixa, com uma retirada ordeira para Sarnadas / Vila Velha do Ródão face à aproximação de um número considerável de franceses, destacados da força principal de Marmont.

A incursão tinha como objetivo ameaçar as operações de cerco em Badajoz, assim como de forragear em força, dada a relativa exaustão na área em torno de Ciudad Rodrigo. O facto de ter comprometido apenas uma divisão, a 2.ª de Lamartiniere, contra Castelo Branco (e a passagem do Tejo em Vila Velha), mostra que era apenas uma demonstração em força.

Todas as aldeias onde os franceses passaram sofreram a mais absoluta recolha de materiais, incluindo a madeira das casas, assim como toda a forma de violência e mortes. Cemitério de vivos, escrevem de Alpedrinha.

Antecedentes

Desde Abril de 1811, Lecor volta a comandar a Beira Baixa, após ter saído das Linhas no comando da brigada portuguesa da recém-criada 7.ª Divisão.

3-6.5.1811 – Batalha de Fuentes de Honor. Lecor já não comanda a brigada portuguesa da 7.ª Divisão.

16.5.1811 – Batalha de Albuhera.

2.8.1811 – Wellesley em Castelo Branco.

Ação

28.2.1812 – Collins recebe o comando da futura 6.ª Brigada Portuguesa (7+19+2). ORDENS DO DIA, Beresford. Quem estava antes?

16.3.1812 – Início do 2.º sítio de Badajoz.

1.4.1812 – Alten muda o seu QG para Alfaiates.

2.4.1812 - Alten muda o seu QG para Sabugal.

3.4.1812 - Alten muda o seu QG para Benquerença. Ficam o dia seguinte.

5.4.1812 – Alten muda o seu QG para Pedrogão. É informado que os franceses se dirigiam para o Sabugal, mas depois desviaram para Fuente Guinaldo. Deu azo a conjeturas, mas Alten decide prosseguir no dia seguinte para Castelo Branco.

6.4.1812 – Tomada de Badajoz pelo exército aliado.
6.4.1812 – Alvoroço geral na comarca de Alpedrinha, “pelas notícias que o inimigo ameaçava pela estrada de Coria a nossa fronteira”.

7.4.1812 – Alten para em Castelo Branco.

8.4.1812 – Alten passa o Tejo para a margem esquerda, em direção a Nisa, pensando ter cumprido a missão que lhe havia sido atribuída.

9.4.1812 – Franceses entram em Alcaide, onde se repartem, uns para o Fundão, e outros para Alpedrinha, ficando em Alcaide o General Foy com uma escolta.
9.4.1812 – Marcha para NIZA. Victor Alten recebe lá comunicação de Lecor, que o inimigo chegou ao Fundão em força. Envia um “officer’s party of hussards”

10.4.1812 – Francezes entram em Alpedrinha. Cerca de 8 mil homens.
10.4.1812 – Bereford escreve de Badajoz, dando ordens a Lecor para que permaneça em, ou perto de, Castelo Branco o máximo possível sem se comprometer face a uma força superior, e que a retirar o deve fazer para Abrantes o mais lentamente possível, pela margem direita do Tejo. Informa-o que Alten está na área e que deve cooperar.

Je vous repete de ne pas ceder plus de terein que vous n’etes en prudence obligé de faire.” (Beresford, 10.4.1812)

A importância de Castelo Branco estava em que se localizava num nó rodoviário fulcral para ligar o sul ao norte da fronteira e o eixo Badajoz/Ciudad Rodrigo, as principais portas de entrada em Portugal. Caindo Castelo Branco, rápido cairia a passagem de Vila Velha e a ligação mais rápida entre norte e sul, que Wellesley usou de forma muito inteligente.

11.4.1812 – Sábado. Saiem de Alpedrinha com direção a Castelo Branco. “[...] mas continuou a passar por aqui todo esse dia, e seguinte, tropa, que desfilava do Fundão para aquella cidade: nesta se dividiram em dois corpos, e sahiram ambos no dia 13 de noite, um pela estrada de Escalos de Cimaa saquear os povos da raia, como Medellim, Pedrogão, etc. outra por Atalaia em direitura ao Catrão, e se reuniram no Alcaide com a escolta do General”.
11.4.1812 – 14 horas. Lecor avista duas colunas, que vinham pela estrada de Alcains, cobrindo a sua vanguarda com 6 esquadrões de cavalaria.
11.4.1812 – Victor Alten, sob ordens de Wellesly, volta a passar o Tejo, a tempo de cobrir a retirada de Lecor para SARNADAS.

As forças disponiveis das Millicias, com que me achava, não excedião os 1600=homens: era pois d’absoluta necessidade o retirar-me: a voz de marcha foi dada dipois da Guarda avançada inimiga ter entrado na cidade, e a Divisão de Millicias do meu commando cobrindo todo o trem dos Hospitais, alguns generos, e duentes, marchárão na milhor ordem para Villa Velha ahonde premaneci athe pella manhãa seguinte em quanto desfilou pella ponte os combois, gados, e toda a gente que por aquelle ponto pertendeu salvarse [...]”


12.4.1812 – Domingo. Vila Velha. Lecor combinou-se com o 1.º Regimento de Hussares KGL: “fui occupar o Passo da Milhariça”.
12.4.1812 – Alten avançou desde Sarnadas e encontrou vários esquadrões de cavalaria e um batalhão de infantaria perante Castelo Branco. Uma pequena escaramuça tomou lugar, em que os hussardos sob o Cornet Blumenhagen, empurrou a guarda avançada contra o corpo principal, tendo feito um prisioneiro. Contudo, os francezes mantêm a posição. Os Hussardos deixam piquetes e retornam a Sarnadas.

A boa vontade e dispozição que observei em geral nos Millicianos, e a boa ordem com que executárão a retirada á vista do inimigo com o vagar que exigia a marcha de hum comboi de carros, faz o elogio desta tropa, e dá bem a conhecer do quanto são suceptiveis.”
13.4.1812 - Saiem 2 corpos franceses de Alpedrinha, de noite.
13.4.1812 – De manhã, os franceses retiram-se em direção a Penamacor com alguma precipitação.
13.4.1812 – Os Hussardos entram em Castelo Branco à 9 (da noite?). inimigo retira para Pedrogão até ao chegada do exército aliado a 16.

14.4.1812 – Franceses retrocedem sobre Alpedrinha, ao princípio da noite, “onde surpreenderam muitas pessoas de todas as idades e sexos, satisfazendo aos impulsos da mais brutal sensualidade, [...]”.
14.4.1812 – GUARDA.
l
15.4.1812 – Franceses saiem de Alpedrinha e seguem para Capinha, pela estrada do Sabugal.

17.4.1812 – Wellesley chega a Castelo Branco, vindo de Badajoz.

19.4.1812 – Wellesley em Castelo Branco. Recebe as primeiras informações acerca dos acontecimentos na GUARDA, através de um alferes de milícias e alguns sargentos. A data do combate não é especificada.

4.6.1812 – Lecor promovido a Marechal de Campo.

22.6.1812 – Batalha de Salamanca ou Arapiles.

31.7.1812 – Ordem do Dia que o promove a Marechal de Campo.

12.10.1812 – Lecor comendador honorário da Ordem da Torre e Espada.


Carta de Lecor a Forjaz, Castelo Branco, 14.4.1812
AHM/DIV/1/14/097/42 [ff 21-22]

Tenho a honra de participar a V. Ex.ca. para por na prezença de S. A. Real que tendo o inimigo entrado em Alpedrinha no dia 10, como participei a V. Ex.ca. no meu ultimo officio, no dia immediato ás 2 horas da tarde avistei duas Columnas, que se dirigião a esta cidade pella estrada de Alcains, cobrindo a sua vanguarda com 6 eesquadrões de Cavallaria.

As forças disponiveis das Millicias, com que me achava, não excedião os 1600=homens: era pois d’absoluta necessidade o retirar-me: a voz de marcha foi dada dipois da Guarda avançada inimiga ter entrado na cidade, e a Divisão de Millicias do meu commando cobrindo todo o trem dos Hospitais, alguns generos, e duentes, marchárão na milhor ordem para Villa Velha ahonde premaneci athe pella manhãa seguinte em quanto desfilou pella ponte os combois, gados, e toda a gente que por aquelle ponto pertendeu salvarse, e dipois combinando-me com o 1.º Regimento de Hussares que passou do sul do Tejo, fui occupar o Passo da Milhariça para me por ao alcance de poder executar as ordens superiores de que estava munido. //

A boa vontade e dispozição que observei em geral nos Millicianos, e a boa ordem com que executárão a retirada á vista do inimigo com o vagar que exigia a marcha de hum comboi de carros, faz o elogio desta tropa, e dá bem a conhecer do quanto são suceptiveis.


O inimigo logo que se me reunio alguma Cavallaria do 1.º de Hussares, não se atreveu a avançar. Hontem pella manhãa se retirou desta cidade em direcção a Penamacor com alguma precipitação.

quarta-feira, 5 de julho de 2017

Apontamentos: A Evasão dos 33 Portugueses


A Evasão dos 33 Portugueses

AA, 33: 70-71

 [Montevideo, mayo 26 de 1817.]

/Senhor
Aprezentando-se muito Raramente ocazioens, que enchão tanto o Coração de hum Chéfe, que dezeja acreditar as Suas Tropas, e o Comando, que dellas se lhe conferio, como a prezente, gostosamente lanço mão della para levar ao Soberano Conhecimento de Vossa Magestade hum sucesso daquelles, que aparessem  de Seculo, em Seculo, e que tem o mesmo Cunho dos que tanto honraráo os Heroes Portuguezes.

[25.5.1817]
No dia de hontem entrarão nesta Bahia os individuos, comprehendidos na Rellação incluza; que protegidos pela Divina Mão, que abençoa o Reinado de Vossa Magestade, e os homens, que servem com virtude a Sua Patria, e o Seu Monarca, lograrão libertar-se gloriosamente da pezada escravidão,em que gemião.

Este Successo hé acompanhado de circunstancias demaziadamente notaveis, e que reflectam muita importancia em todos os individuos,  que  nelle  tiverão parte, e  com especcialidade no Tenente Jacinto Pinto d'Araujo Assistente do Quartel Mestre General, que, de acordo com o Alferes Francisco Antonio da Silva da Cavallaria desta Divizão, concebeu, e levou a efeito huma Empresa tão benemerita, e que tanto honra lhe faz.

Estes officiaes estavão, com os outros prizioneiros, em Santo Domingo Soriano, junto da confluente do Rio Negro, debaixo da guarda, que hum Tenente Comandava; e sabendo, que naquelle Porto se achava huma Balandra, com Bandeira Oriental, carregada com petrechos de guerra; projectarão apossar-se della, não só para subtrahir-se á pezada escravidão, que os oprima, mas para tirar ao inimigo hum tão avultadonumero de Artigos, intereçantes ás suas Operaçoens, como os que a dita Balandra continha.

[17.5.1817 - noite]
A Providencia protegeu tão nobre, honrado, e bravo pensamento; e deixou que elles, na noite do dia 17 do corrente, tendo podido praticar na parede da sua prizão huma abertura por onde sahirão, sem que pelas Sentinellas fossem persentidos, se dirigissem á praia, onde, malograda a esperança de achar embarcação,  em  que se transbordassem  para a Balandra indicada, possuidos absolutamente do seu objecto, e Resolvidos a sacrificar por elle as Vidas, que tão comprometidas ja tinhão, corajosamente se lançarão a nado; e conseguido apossar-se de huma lancha, que perto havia, apezar dos gritos, com que os donos querião embaraça-los, lograrão finalmente apoderar-se da Balandra - Cinco de julio - e de toda a sua tripulação e Carga, Arvorando, cheios daquelle inexplicavel goso, que dá o bom Resultado, quando elle nace do Valor e da Virtude, o Sempre Triunfante Pavelhão das Sagradas Quinas Lusitanas, que muito á pressa construirão, o melhor, que as circunstancias lhes facilitarão.

[19.5.1817 ]
No dia 19 do corrente, Navegando para esta Praça, derão vista, junto de Martin Garcia, de huma Embarcação de Guerra, e julgando pela situação, que pertencia aos Orientaes, decidirão tomala, e só os dissuadio o saberem depois, que era de Buenos Ayres, para onde forão dirigidos pela ditaEmbarcação, a cujo Comandante contárão, que gente erão,  de que circunstancias vinhão e o fim a que se propunhão.

O Director Supremo daquelle Governo muito generosamente lhes franqueou quantos Socorros necessitavão, e teve a bondade de os enviar a este Porto, onde felizmente chegárão, dando a todos os Individuos desta Divizão hum Soblime Exemplo de bravura, honradez, e lealtade; e hum dia de completa Satisfação.

Inclusa Remeto a Vossa Magestade a Lista dos Objectos, aprezados a bordo da Balandra pelos Vallentes Prizioneiros, cujos nomes contem a Rellação indicada, e Rogo a Vossa Magestade, com a maior Submissão que, Servindo-se Usar da Sua  Real Munificencia, Haja por bem Tomar em Consideração hum facto, que tanto acredita o Patriotismo, e a Valentia dos que nelle intervierão, Dignando-se conferir a tãodistintos Vasallos  aquelles Premios de que se fazem merecedores.

Deos guarde a Vossa Magestade muitos annos.

Monte Video 26 de Maio de 1817.
De V. Mag.de Fiel Vassallo
Carlos Frederico Lecor.




Relação dos prisioneiros Portuguezes, que no dia 17 de maio tão gloriosamente se libertarão

4/9 (Castillos) – 10 (Legião São Paulo e Reg Milícias Rio Grande)
2/12 (Rocha, forragens) – 4 (2.º RI)
8/12 (Mata Ojo/Sauce) – 12 (Cavalaria DVR)
11/12 (Rocha, marcha para o exército) – 2
19/12 (Maldonado, a buscar água) – 2 (1.º BatCaç)
25/12 (Santa Teresa) – 3 (Artilharia)

Rocha em 11 de Dezembro de 1816, marchando para o exército:
- Ten Jacinto Pinto de Araújo + Alf Francisco Carneiro de Fontoura (RMRG) 

Estado Maior
Jacinto Pinto de Araújo, Tenente, prisioneiro em Rocha em 11 de Dezembro de 1816, marchando para o exército.

Cavalaria
Francisco Antonio da Silva, Alferes da 4.ª companhia, prisioneiro em Mata-ojo em 8 de Dezembro de 1816, em attaque
Vicente Ferreira Brandão, Alferes da 10.ª companhia, idem
Manuel Coelho, Furriel da 6.ª companhia, idem
José Manoel, soldado da 3.ª companhia, idem
Manoel Ventura, dito, dito, idem
José Cardozo,  dito da 4.ª companhia, idem
Antonio Rodrigues, dito, dito, idem
José Procópio, dito, dito, idem
Domingos Rodrigues Villarinhos, dito da 10.ª companhia, idem
José Garcia, dito da 12.ª companhia, idem
Antonio Valles, dito, dito, idem
Antonio Braz, dito, dito, idem

Artilharia
João Custodio Villas-Boas, Cadete da 1.ª companhia, prisioneiro em Santa Thereza em 25 de Dezembro de 1816. Estava destacado.
Antonio de Almeida, Soldado da 2.ª companhia, idem
Florêncio Roza, dito, dito, idem

Primeiro batalhão de Caçadores
Vicente de Oliveira, Corneta da 5.ª companhia, prisioneiro em Maldonado em 19 de dezembro de 1816, sahindo a ir buscar agoa.
Manuel da Cruz, soldado da dita, idem.

Segundo Regimento de Infantaria
João dos Reis, Soldado da 1.ª companhia de Granadeiros, prisioneiro em Rocha em 2 de Dezembro de 1816, em attaque de forragens.
Francisco de Carvalho, dito, dito, idem.
José Correia, dito, dito, idem.
Filipe Henriques, dito, dito, idem

Esquadrões de São Paulo
Joaquim José de Bettencourt, Tenente da 3.ª companhia, prisioneiro em Castillos em 4 de setembro de 1816, em attaque.
João Ribas Sandim, Cadete da 2.ª companhia, idem
José António de Oliveira, Cabo da 4.ª companhia, idem.
José Joaquim de Barros, Soldado da dita, idem
Manuel Gonçalves, dito, dito, idem.
João Rodrigues, dito, dito, idem.
José Francisco de Sequeira, dito da 2.ª companhia, idem.
Joaquim Rodrigues, dito, dito, idem.

Regimento de Milícias do Rio Grande
Francisco Carneiro de Fontoura, Alferes da 1.ª companhia, prisioneiro em Rocha em 11 de Dezembro de 1816, marchando para o Exercito.
Francisco Antonio, Soldado da 3.ª companhia, prisoneiro em Castillos em 4 de Setembro de 1816, em attaque.
Manuel Silverio, dito, dito, idem.

(+ 9 paisanos, agregados à divisão, prisioneiros em differentes lugares).

Bibliografia

- Comisión Nacional Archivo Artigas, ARCHIVO ARTIGAS, Montevideo, Monteverde, tomo 33.

Apontamentos: Pablo Paéz


Fontes principais: SILVEIRA | OTORGUÉS

26/11 – 
Destaquei no  dia  26  o  Ten. Coronel  Paiva  com  os  dous Esquadroes  da  Legiaó  do  Rio  Grande,  e  hum  Destacamt."  do Batalhaó  de  Inf.",  fazendo  todo  a  força  de  duzentos  homens; ordenando-lhe  que  marchase  pela  m."  direita,  atravessase  o Rio  Negro  no  PASSO  DE  MANSANGANA,  explorasse  a  margem direita  com o  objeto  de  cortar,  ou  apanhar  algumas  Cavalhadas ou Partidas Inimigas.

Mandei  o  Ten.  Coronel  Pessanha  com  hum  Esquadrao de  Voluntarios  Reaes,  reunir-se  a  huma  Partida  de  cento,  e cincoenta  homens  que  antecedentemente tinha  mandado  explorar a minha ezquerda athe GUAZUNAMBY, e que entaõ se achava no Arroio da Muga; 
/ ordenando-lhe que marcha-se pelas cahidas da  Coxilha  grande,  em  direcçaã  ao  Arroio  Pablo  Paes  athe  se reunir  comigo  no  Cordovez,  aonde  tambem  se  deveria  reunir o Ten. Coronel Paiva.

Julguei  conveniente destacar  estes dous  Corpos  naó  só para  pór  o  Inimigo  cm  confuzaó,  sobre a  direcçaó  que eu  devia seguir,  e  evitar  que  na  minha  Retaguarda  ficassem Partidas enfestando  o  Paiz;  mas  tambem  para  cortar  algumas Cavalhadas  de que tenho  a maior  precizaó,  e  ao  mesmo  tempo atacar o flanco e Retaguarda de Ortuguez quando elle se rezolvese a esperar.

27/11 –
No  dia  27  marche¡  dos  CONVENTOS,  não  encontrando a poziçaó,  nem  descobrindo  vestigios  do  Inimigo,  mais  do  q.` alguns exploradores athe ao Arrojo das Tararias aonde cheguei no dia 3 do corrente.

(...)

3/12 – NOITE:
EL  DIA  TRES  me  hallava  campado  en  los CAMPOS  DE  DURAN,  y  tuve  parte  que  el  enemigo  seme  venia ensima  ato  que  tuve  avien  el  rretirarme  ala  Isquierda.  afin  de atacarlos  Porta  rretagua,  llegue  aquella  misma  noche  a  Pablo Pay.

3/12 – NOITE:
O  Tenente  Coronel  Pessanha  marchou  na  direcçaó  que lhe  foi  indicada  sem  encontrar  novidade  athe  o  ARROIO  DE  PABLO  PAES  onde  tambem  CHEGOU  NA  NOUTE  DO  DIA  3:

4/12 – 
y  llegado  el  dia  vimos  que  quasi  haviamos  dormido  juntos  con  el  enemigo

4/12 – MADRUGADA: 
NA  MADRUGADA  DO  DIA  SEGUINTE  descobrio  na  essa  frente  do outro  lado do Arroio  o  Inimigo,  que  ali  tinha  chegado  na  mesma  noute,
/ e parecendo-lhe  Em  força  de  300  homens  rezolveo  atacalo; 
[pelas  informarções  que  elle  [pessanha] me  da  o  Inimigo  aprezentou  huma força  de  mais  de  800  homens,  tendo  sido  favorecido  por  huma Nevoa  bastante  espega  para  a  encobrir]

[linha portuguesa]
/ atravessou  o  Arroio,  formou  na  sua  frente  colocando  a  Cavall." de V. Reaes nos flancos, e os Destacamt."° das Tropas do Continente  no  Centro:  
[linha oriental]
/ o  Inimigo  aprezentou  a  sua  linha  em  ordem extrema,  e  principiou  hum  fogo  m."  bem  surtido:  o  Ten."  C." depois  de  algum  tiroteio  de  Infanteria  carregou  com  a Cavallaria  de  V.  Reaes,  arrolou  toda  a linha  Inimiga  fazendo lhe  consideravel  estrago; 

ellos  me  atacaron  por  la  rretagua,  y  mi vangüa  p.r  hallarse  distante  no  se  halló  en  la  adcion  
/ yó  les presenté  la  Batalla  con  mi  Gente  de  rretagua  y  querpo  de rreserva,  quedando  el  campo  por  mio  haviendo  rrecivido  el enemigo  bastante  daño: vyó  precipitadamente

[Pessanha confunde atiradores de Silveira com inimigo e retira]
/ vendo  porem  aparecer  pela Retaguarda do Inimigo huma Columna de mais de 200 homens de  Cavallaria,  
/ outra  pela  ezquerda  ameaçando  o  seu  flanco direito,  

/ ao  mesmo  tempo  que  pelo  seu  flanco  ezquerdo  em maior  distancia  apareciaó  os  meus  atiradores,  e  que  elle  naó pode  entaó  reconhecer,  e  supoz  serem  Inimigos  tendo  alem disso  junto  a  forças  taó  consideravelm.'  superiores,  

/ mandou tocar  a  Reunir,  e Repassou  o  referido  Arrojo  de  Pablo  Paes, abandonando  o  Campo  do  Combate,  onde  tinha  alcançado vantagens consideraveis,

[Pessanha percebe o erro]
/ e foi só depois de o ter passado, e de estar  hum  pouco  preplexo  sobre  a Rezoluçaó  que  havia  de tomár,  que  elle  reconheceo  os  meus  Atiradores,  e  a  vanguarda da m." Columna.

O  Inimigo  naó  se  adiantou  mais  do  que  á  linha  dos  seus Atiradores,  e  lego  que  avistou  os  meus  ao  longe,  principiou a Retirar-se com precipitaçaó, tive todavia tempo para assacinar barbaramt.`  os  nossos  feridos,  que  tinhaó  ficado  no  Campo

4/12 – 1200H – 
Seria  pela  volta  do MEIO  DIA  guando  eu  cheguei á  vista do Arroio  Pablo  Paes,  e  como  entaó  o  Inimigo  hia  já  em  Retirada,  e  me  levasse  de  dianteira  m."'  mais  de  huma  legoa,  o  dia estivesse  mui  quente,  atropa,  e  os  Cavallos  fatigados  pela  violencia  da  marcha  de  mais  de  sinco  legoas,  que  tinhamos  feito naquelle  dia,  naó  era  possivel  podermos  alcançar  o  Inimigo, que  nos  leva  grande  ventagem  cm  ligereza  pela  falta  de bagagem;  mande¡  cm  consequencia  reunir  o  Ten. Coronel Pessanha,  e  vem  Acampar  neste  Sitio  do  Passo  do  Cordovez


pelas  informarçóes  que  elle  me  da  o  Inimigo  aprezentou  huma força  de  mais  de  800  homens,  tendo  sido  favorecido  por  huma Nevoa  bastante  espeça  para  a  encobrir;  defenden-se,  e  batense  com  bastante  pertinacia,  e  mostrou  mais  ordem  do  que  se dizia,

yo  he  tenido de  perdida  entre  muertos  y  heridos  veynte  yncluso  entre  ellos al Capitan D.n Man.l Galeana

5/12 – Silveira comunica a Lecor que marcha para Capilla Faruco. (mas a 9 /12 ainda está no arroyo Cordovés)

8/11 – Otorgués informa Rivera que vai para Capilla Faruco:
afín de  rreunir  mis  fuerzas  pues  tenia  algunas  partidas  arreunir  algunos  Paysanos  que  solo  con  volas  se  pueden  agarrar

Bibliografia

- Comisión Nacional Archivo Artigas, Archivo Artigas, Montevideo, Monteverde, tomo 31.