tag:blogger.com,1999:blog-37300145754054050352024-03-28T16:34:27.913-07:00NO REAL SERVIÇOUnknownnoreply@blogger.comBlogger35125tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-46585369278333145952024-03-16T04:19:00.000-07:002024-03-16T04:19:18.588-07:00Memória de José de Abreu Campos, sobre tudo o que se passou enquanto serviu de Juiz do Povo, em 1808<p> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAmSULrVXgcvPBl7n31V71qGxUgpXz2kRA9ww_4FfyIGftYAUJ03neq74roK55skZnotYzqk9HldAq9x8J3OfeocfoSu9jGAvnuwwOfXHY-PPvGu5dSIejjfcxWHTikCNfKOAavZFBwfPgOQK8IzR7LZl5t1Pj28DdNQljz59QHSY_2Xe5NHR6JUduXuQA/s676/Castelo_de_S%C3%A3o_Jorge,_Corpo_de_Deus_1808,_com_a_bandeira_do_Imp%C3%A9rio_Franc%C3%AAs_hasteada.png" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="492" data-original-width="676" height="470" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAmSULrVXgcvPBl7n31V71qGxUgpXz2kRA9ww_4FfyIGftYAUJ03neq74roK55skZnotYzqk9HldAq9x8J3OfeocfoSu9jGAvnuwwOfXHY-PPvGu5dSIejjfcxWHTikCNfKOAavZFBwfPgOQK8IzR7LZl5t1Pj28DdNQljz59QHSY_2Xe5NHR6JUduXuQA/w646-h470/Castelo_de_S%C3%A3o_Jorge,_Corpo_de_Deus_1808,_com_a_bandeira_do_Imp%C3%A9rio_Franc%C3%AAs_hasteada.png" width="646" /></a></div><br /><p></p><p></p><p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">DOCUMENTO 44<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">I-29, 16, 45</span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"><b>CAMPOS, José de Abreu. Memória de José de Abreu Campos, sobre tudo o
que se passou enquanto serviu de Juiz do Povo, em 1808. [S.l.], [s.d.]. 54 p.</b><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Cóp. Ms.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Cat. Linhares n.º 171.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Coleção Linhares.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro: Seção de Manuscritos</span></p>
<p class="MsoNormal"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><b><span style="line-height: 150%;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Memória de tudo o que se passou enquanto no tempo
em que servi de Juiz do Povo em 1808.</span></span></b></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 24 de
fevereiro de 1808, estando na Praça do Comércio do meio dia para a uma hora, chegou-se
a mim Francisco de Mendonça Arrais [d]e Mello<b> </b><span style="color: #3a7c22;">[Procurador
da cidade],</span> que serve de escrivão da Câmara e disse-me agora acabo de
passar as ordens necessárias para fosse tomar parte do lugar de Juiz do Povo,
em consequência da moléstia do atual, e estimo encontrá-lo para lho intimar; propus-lhe
todos os inconvenientes que tinha para não servir semelhante lugar, respondeu-me
que a lei me obrigava, e que por força o havia de ser, pois assim o determinava
o General em Chefe: Chegando a casa achei a cópia do aviso que consta do documento
n.º 1, e carta de ofício n.º 2.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 25
pelas nove horas da manhã apareceu em minha casa o Escrivão do Povo Alexandre António
Duarte, com o contínuo da Casa dos Vinte e Quatro Felisberto Manuel Rodrigues,
e com um grande maço de papéis fechados, e uma carta do Juiz do Povo Manuel António
de Figueiredo, o que consta do documento n.º 1, e depois de eu ler a dita carta,
disse-me o escrivão que, de ordem do seu juiz me vinha entregar aquele maço de
papéis, ao que respondi não tomava conta deles porque andava em diligência de
me dispensarem do lugar, e com esta resposta levou o maço dos papéis, e <span style="color: red;">[2]</span> foi-se embora.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 26
pelas duas horas recebi uma Portaria do Senado na qual me determinava que no
dia 27 fosse a Casa dos Vinte e Quatro tomar posse dos papéis e vara como do documento
n.º 4, vendo isto passei a casa do <b>conde de Novion</b> [João Victor,
comandante da guarda real de polícia] e pedi-lhe me fizesse obséquio de falar
ao general para me dispensar do lugar para que tinha sido nomeado respondeu-me
que isso não fazia ele porque acabava de informar as minhas boas qualidades ao general
Junot; e passou este mau homem a dizer-me que eu passava a ser Juiz do Povo
debaixo de um governo de energia, e capaz, e que não era o governo podre que
tinha acabado, não foi preciso mais nada para eu me retirar, e nunca mais procurá-lo,
lembrado da ingratidão que ele praticava contra quem o tinha feito gente.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 27
pela manhã no Senado disseram-me que o tribunal mandava deitar as armas reais
abaixo, em consequência da ordem do General em Chefe, respondi que enquanto não
tivesse uma muito positiva para isso certamente o não faria, esta resposta foi
dada diante do escrivão da Câmara, oficial maior, e alguns dos procuradores dos
mesteres; passado poucas horas recebi uma carta do oficial maior dizendo que o senhor
<b>Guião</b> decidia que deitasse as armas abaixo da minha vara, como se vê <span style="color: red;">[3]</span> do documento n.º 5; isto a tempo que eu estava
para ir a Casa dos Vinte e quatro tomar a posse, fui primeiramente a casa de <b>Francisco
António Herman</b>, e falando-lhe disse que eu era o novo Juiz do Povo que ia
tomar posse do lugar em consequência do aviso expedido por ele, de ordem do
General em Chefe, e como S. Ex.ª tinha determinado deitar abaixo as armas da nação,
e estas condecoravam a Insígnia do meu lugar, e no outro dia me devia apresentar
ao General em Chefe, que me determinasse como devia ir, e fazendo uma pequena pausa
respondeu-me que usasse da minha insígnia como estava em todas as funções do
meu ministério, mas quando fosse ao general Junot que não levasse vara, e que
ele daria parte do motivo por que eu a não levava, retirando-me fui para a Casa
dos Vinte e Quatro e aí achei todos menos o juiz dispensado, e me foi apresentado
o dito maço de papeis, a vara, e uma carta de oficio à Casa dos Vinte e Quatro
como do documento n.º 6, e abrindo o dito maço de papeis achei a portaria n.º 7
e os mapas n.º 8 e n.º 9, e feito o auto de posse, todos igualmente deram
provas de satisfação que tinham de eu tomar aquele lugar, e a mim tão pouca me
acompanhava.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">No dia 28
pelas nove horas fui a casa do general Junot com o meu escrivão mas sem vara na
forma de insinuação, e dando parte quem <span style="color: red;">[4]</span> era
veio logo o dito General e depois de nos cumprimentarmos disse ele que se tinha
deliberado a confirmar a nomeação que o Senado tinha feito pelas boas informações
q de mim tinha, e do muito que me amava o Povo, isto talvez para me por a sua
fação, eu, lançando <b>mão</b> de tantos obséquios, disse-lhe que as circunstâncias
do Povo eram as mais tristes que se podiam imaginar, pois estavam sem meios
alguns de subsistir e se S. Ex.ª me dava licença eu tinha que por na sua presença
uma representação a respeito da contribuição, para o que esperava que S. Ex.ª
me nomeasse dia, e hora para lha entregar, e Casa dos Vinte e Quatro me
acompanharia a esse fim, determinou o dia três de Março disse-lhe que S. Ex,ª
não devia reparar o eu ir sem a insígnia do meu lugar, porque em consequência
das ordens que tinha havido para retirarem as armas da nação, e a minha insígnia
as tinha, havia recorrido ao senhor Herman para me dar as instruções necessárias
a este fim, ele o tinha assim determinado, e que daria parte a S. Ex.ª, respondeu-me
que se deliberaria o que havia de ser. Dali passei a casa do conselheiro <b>Guião</b>
[João José de Faria da Costa Abreu Guião?], intitulado vice-presidente do
Senado, a dar-lhe parte do que tinha passado contra a Ordem que tinha recebido
do oficial maior da secretaria do Senado sobre mandar-me deitar as armas
abaixo, respondeu-me esta bem, disse-lhe <span style="color: red;">[5]</span> que
o general me tinha tratado muito bem, e em consequência eu tinha aproveitado a ocasião,
e contei-lhe tudo o que tinha passado a respeito da representação, ao que me
respondeu está bem. Dali fui a casa de <b>Pedro de Mello Breyner</b> o qual não
achei em casa. Dirigi-me a casa do <b>conde de Sampaio</b>, a quem falei e me
expressou os sentimentos de humiliação, que todos deveríamos ter, até que a providência
se lembrasse de nós. Fui a casa do principal Castro com quem estive, e me
recomendou muito sossego e moderação pois as circunstâncias assim o exigiam. Eu
que chego a casa desta digressão imediatamente recebo a carta de Guião, como do
Documento n.º 10.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 3 de março
pelas dez horas da manhã ajuntei-me com os deputados da Casa e fomos ao general
Junot. Este nos veio falar, e eu lhe entreguei a representação n.º 11 na presença
de toda a casa, respondeu-me que a entrada de um exército, e a sua sustentação,
era muito dispendiosa, que ele já tinha feito os seus ofícios para o imperador,
e à vista daquela representação novamente o tornava a fazer, e que ele esperava
que S. M. I. e R. a modificasse em parte, que no todo não podia ser, e disse
mais que ele se achava muito agradecido ao Povo pelo sossego que tinha tido no
Carnaval, e terem obedecido ao seu Edital, e nos acompanhou até a porta. Persuadiu-se
este homem que era obediência aos <span style="color: red;">[6]</span> editais o sossego
do povo, quando isto nascia da desgraça em que todos se achavam em uma
escravidão, e ausentes do seu soberano.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">No dia 4 fui
ao Senado apresentar-me, e levar uma cópia da representação que tinha entregado
a Junot como do n.º 11, e ali fui repreendido pelo conselheiro Guião no mesmo tribunal
por ter dado ao general a representação fazendo tudo contra a carta que ele me
tinha mandado, que eu tinha sido muito <b><span style="color: red;">altanado</span></b>
quando tinha estado da outra vez no lugar por culpa do príncipe, isto era
rancor antigo que este homem me tinha porque em primeiro lugar não há assento
na Casa dos Vinte e Quatro que obrigue o Juiz do Povo a dar parte no Senado dos
requerimentos, ou representações, que dirija ao trono em benefício público, e
muitas vezes pelas torturas que o mesmo Senado faz ao povo, como seria possível
chegar a verdade a presença do soberano, se se consentisse semelhante freio,
mas o rancor deste tribunal contra mim vem do príncipe me encarregar do arranjo
que eu fiz para a sustentação da Guarda Real da Policia, e outras coisas mais,
e depois de eu responder aos insultos que me disse, entreguei a representação
n.º 12 para me saber entender com a portaria porque a achei bastantemente confusa,
e disse-me que me mandariam a resposta.<span style="color: red;"> [7]</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 5
recebi a carta de ofício n.º 13, e fiquei mais descansado para não viver
entalado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 9
recebi a carta de ofício n.º 14 para a coleta dos ofícios que se lembraram não
vinham no mapa.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">No dia 10 principiou-se
a contribuição na sala da espera da Casa dos Vinte e Quatro, com sentinelas francesas
à porta para haver sossego, eu tive a honra de que o meu assento e do meu escrivão,
publicamente fosse por baixo do retrato de S. A. R. e seus augustos
antecessores os quadros que ornavam a sala, e os reposteiros das portas tiveram
sempre as armas reais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 14
fiz o ofício para ver se modificava a contribuição dos ofícios como do n.º 15, respondeu-se-me
como do ofício n.º 16, e em consequência tornei a mandar chamar os juízes dos ofícios,
e mandei fazer novas derramas, excluindo alguns das relações, e que <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Modificassem no
todo e com efeito no todo dos ofícios se fez o abatimento demais de sete contos
de reis.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 26
recebi participação como do n.º 17.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 2 de abril
cheio de compunção de tanta desgraça que via sem poder remediar porque do
Senado vinha uma relação de cada bairro, ruas, e o número <span style="color: red;">[8]</span> da porta, o nome do indivíduo, para eu coletar na
forma das instruções, fiz o ofício a favor das mulheres da Ribeira, e lugares
do sal, veio a portaria como se desejava, e se vê do n.º 18.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 4
recebo a copia do aviso do General em Chefe, como do n.º 19, e a Portaria do
Senado n.º 20 a obrigar-me a fazer o que aminha vontade não pedia, e alem disto
continuamente estava a receber recados a apressar-me com a contribuição pois
era preciso que entrasse dinheiro no cofre: estes recados trazia o procurador
dos místeres, Francisco Monteiro Pinto, que era o que vinha da parte do tribunal
tomar sentido no que se fazia e apreçar, disto eram testemunhas o meu escrivão,
os escriturários João Baptista Abondano, José Pedro Azedo, Joaquim José Pereira
Pitta, Manoel Lázaro Tavares, Luiz Inácio, e o contínuo Felisberto Manuel
Rodrigues, trabalhando todos os dias desde as nove horas da manhã, até as dez,
e onze da noite e isto por uns poucos de meses.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 27
recebi a ordem para remeter a relação do que eu tinha coletado aos ofícios, o
que fiz como se vê do n.º 21.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 28
remeti para o Senado a relação n.º 22.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 30 mandou-me
chamar <span style="color: red;">[9]</span> por um oficial militar Pedro Lagarde
para me achar as dez horas nas casas da Intendência, o que fiz pela primeira
vez, e aparecendo o língua Jorge Escarniche [<b><span style="color: red;">Scarnichia</span></b>?]
disse-me que o senhor Intendente se admirava de eu o não ter ido procurar, respondi-lhe
que as obrigações a que me achava ligado a respeito da contribuição de guerra
me não dava lugar para poder cumprimentar pessoa alguma, e disse-me que queria
lhe desse uma relação de todos os acontecimentos da cidade por semana, respondi-lhe
que o lugar que eu ocupava não tinha a meu cargo semelhante obrigação mas só
sim representar as necessidades públicas, disse-me que queria fosse falar com
ele todos os domingos que era dia em que não havia contribuição para o informar
de tudo que o povo necessitava, respondi-lhe que era preciso abrir as obras públicas
a fim de dar de comer aos desgraçados, pois não tinham meios, nem com que matar
a fome, que os acometia, respondeu-me por agora não se pode cuidar nisso, a seu
tempo, e retirei-me.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o 8 de Maio
fui a casa do Intendente na forma da ordem, e vindo com o dito língua perguntou-me
que havia de novo, disse-lhe que muita falta de pão, e que me constava morria
gente de fome, respondeu-me que todas as providências estavam dadas para haver
abundância, e perguntou-me novamente se o povo tinha entregado todas as armas
que ele tinha mandado entregar, respondi-lhe que tudo estava entregue, que o povo
português era um povo muito obediente a qualquer ordem, e que podia estar
seguro que o povo tinha entregado todas as suas armas, e com isto ficou muito
satisfeito, e dizendo-me que me era muito afeto, e que esperava eu não faltasse
ali todos os domingos como me tinha dito, e disse mais que lhe constava eu
trazia ainda as armas reais na minha vara e que logo devia tirá-las, respondi-lhe
com o que tinha passado com o Herman em 27 de Fevereiro e como isto era um
engano em que eles estavam porque aquelas armas eram da nação, disse-me que
como a casa real usava delas deveriam logo ser tiradas e que deveria ser
suprida pela águia, disse-lhe que me parecia impróprio, porque todas as nações tinham
o seu distintivo, que estava persuadido que a Itália sendo governada pelo imperador
teria diverso estandarte, respondeu-me que não deviam existir, propus-lhe que
como o governo determinava que não deviam existir estas armas, então que tínhamos
outras de que usar, e sempre ficava distinguindo-se a nação, disse-me qual era,
respondi-lhe as armas da cidade, perguntou-me como eram, disse-lhe que era um navio,
determinou-me que as pusesse logo, que ele o mandava, respondi-lhe que tudo
tinha formalidade; e todo o meu trabalho era não pôr a Águia, e embaraçar este
passo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 16
recebi um aviso do Senado para me achar no dia 17 do meio-dia para a meia hora
no tribunal de capa e volta <b>(p11)</b>, e o meu escrivão para acompanhar a presença
do general como se vê do Documento n.º 23.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 17
fui para o Senado com o meu escrivão na conformidade do aviso recebido, donde
achei quase todos os membros daquele tribunal, e logo que deu uma hora mandaram-se
chegar as seges, e todas seguidas fomos para o quartel general e entrando nas salas
era uma multidão de gente de todas as classes, e estados, que não se podiam
conhecer, depois disto apareceu Pedro de Mello Breyner, que nesta ocasião fez
de mestre de cerimónias, e chegou aporta que dividia a sala grande, da sala de
entrada e chamou pelo Senado da Câmara o fez entrar para a sala grande, e logo apareceu
o general Junot precedido de todos os conselheiros do governo tanto franceses,
como portugueses, e logo se chegou o principal Deão e leu a sua oração, e
acabada, seguiu-se o conde da Ega, depois continuou o conselheiro João José de
Faria das Costa Abreu Guião, e seguiu-se o Chanceler Mor do Reino Manuel Nicolau
Esteves Negrão, acabado levantou a voz o general Junot e fez a sua oração em francês,
finalizada principiou <span style="color: red;">[12]</span> por entre todos a conversar
com algumas pessoas, e com isto se concluiu este grande cortejo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 21
recebi do conselheiro João José de Faria das Costa Abreu Guião, um aviso para
eu me achar na Junta dos Três Estados, e o meu escrivão, e lá me comunicaria o
que tinha de ordem superior a dizer-me, como se vê do documento n.º 24.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 22
pelas sete horas da manhã recebi hum recado do desembargador Francisco Duarte
Coelho, que tinha negócio de muita ponderação que tratar comigo, e que quando eu
fosse para a missa passasse por sua casa, às dez horas quando saí fui por lá
mandou-me dizer que estava à missa que esperasse um bocado, respondi que eu também
ia à missa que à vinda falaríamos o que fiz, e mandando-me entrar para a sua
livraria estava com ele <b>Timóteo Verdier</b> [Timóteo Lecussan Verdier], e
logo se ajuntaram o desembargador Filipe Ferreira de Araújo e Castro, e um bacharel
chamado <b><span style="color: red;">Fulano Moira</span></b> (p12), e principiaram
a dizer-me que na minha mão estava a felicidade da nação, que esta tinha
perdido a ocasião de melhorar no tempo da aclamação do senhor rei D. João
Quarto, e como agora se oferecia esta ocasião era preciso aproveitá-la, para o
que eles tinham arranjado um papel para me servir de guia a eu felicitar uma nação
por quem eu representava, para o que eles me mandariam uma cópia em limpo, e então
soube que no outro dia era eu chamado para dar o meu voto sobre o pedir um novo
rei, e que de tarde mo mandariam, fiquei imediatamente perturbado, e vindo
procurar o meu letrado não achei em casa, de tarde mandou-me chamar a sua casa
Timóteo Verdier, o que fiz e achei lá o dito desembargador Filipe Ferreira, e mais
um Macedinho, filho de Agostinho José de Macedo, Professor de Filosofia, que me
dizem foi secretário da legação de D. Lourenço de Lima, na embaixada de França
e me disseram que não tinham tido tempo de ter posto o papel a limpo o que
fariam, e a toda a hora que estivesse pronto mo trariam a minha casa, e retirei-me
desconfiado disto, neste mesmo dia pela meia noite apareceu-me em minha casa o
dito desembargador Filipe, e mais o tal Macedinho com três papéis dois em português,
e um em francês, e me disseram era igual aos dois, e me pediam muito que olhasse
que deles provinha a felicidade da nação, e se retirarão, sendo o da cópia n.º
25.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 23
pelas onze horas na conformidade do aviso recebido fomos para a Junta dos Três
Estados e ao entrar da porta do tribunal disse-me o conselheiro Guião que não
entrasse com a vara que a deixasse ficar de fora <span style="color: red;">[14]</span>
(Persuado-me que foi por terem ainda as armas reais, porque nos dias seguintes
em que foram os ministros, e procurador da cidade entraram com elas e não se
lhe disse nada) e entrando achei na mesa na parte esquerda o conde de Ega, o conde
de Almada, o conde de Castro Marim filho, o conde de Peniche, D. Francisco
Xavier de Noronha, o desembargador do Paço José António Pereira Leite, e pela
parte direita o principal Miranda, o principal Noronha, o chanceler da Relação
Lucas de Seabra da Silva, o conselheiro vice presidente do Senado João José de
Faria da Costa Abreu Guião, o conselheiro do mesmo tribunal Luís Coelho
Ferreira do Vale, o juiz do povo José de Abreu Campos, e o seu escrivão
Alexandre António Duarte, e no topo da mesa Isidoro José Botto Moniz da Silva,
que servia de secretário da mesma, e logo principiou o conde da Ega dizendo que
tínhamos sido ali chamados para assinar o voto geral da nação em consequência
da graça que nos queria fazer S. M. I. e R. de ouvir os nossos desejos, e
sentimentos, e lendo a carta que diziam tinha mandado a deputação, e rompendo imediatamente
com a sua oração, e voto que em suma dizia que as nossas circunstâncias exigiam
um soberano e que desejavam fosse imediatamente S. M. I. e R. <span style="color: red;">[15]</span> dando-nos a sorte de Itália, e quando as nossas
circunstâncias geográficas o não permitissem nos desse um príncipe de suas
escolha que nos conservasse nossas leis, nossos privilégios, nossa religião.
& e perguntando o dito conde pelas suas graduações todos responderam conforme
entenderam e perguntando o dito conde o meu parecer, imediatamente disse o conselheiro
Guião está conforme, ao que respondi que tinha de propor, e disse senhores que
poderei eu dizer sendo um homem leigo e falto de todos os conhecimentos perante
uma assembleia tão respeitável, e tão iluminada como são V. Ex.as e Senhorias,
e muito menos não vindo eu preparado para este fim, porém direi que eu não tomo
sobre mim o peso de decidir pelo meu voto a sorte de uma nação inteira para o
futuro sem que primeiro esta seja ouvida nas pessoas de seus procuradores que
são os deputados da Casa dos Vinte e quatro e sendo-lhe este negócio
comunicado, e ouvindo os seus pareceres, a isto respondeu o conselheiro Guião
que o negócio de que se tratava não devia ser comunicado, mas sim ali decidido,
ao que respondi se a causa é geral parece que todos devem ser ouvidos, e se é particular
então seja decidida por V. Ex.as, e Senhorias como bem lhe parecer, mas se o
meu voto seja necessário para solenizar esta ação torno a dizer que não decido
sem que primeiro seja ouvida a Casa dos Vinte e Quatro <span style="color: red;">[16]</span>
nas pessoas dos seus vogais, e não ser preciso o meu voto então nada tenho a dizer,
disse o conde de Ega que o voto geral da nação era aquele que se acabava de
publicar, a isto respondi como pode isso ser se ontem à meia noite foram a
minha casa diversas pessoas, e me entregaram estes papéis, e puxando por eles
peguei em o que era na língua portuguesa, disse-me o conselheiro Guião que lho
desse para ele ler, ao que eu respondi que também o sabia ler, era o papel n.º
25 que lancei mão dele para mostrar que aquele não era, nem podia ser o voto
geral da nação porque este papel é em tudo diferente do que V. Ex.ª diz é o voto
geral da nação, e demais eu não adoto a maior parte do que ele contém, porque
os meus sentimentos são muito diferentes, e da maior parte da nação,
principalmente do povo de que eu sou juiz cujos sentimentos não são outros que não
sejam ver aqui o seu antigo soberano, disseram alguns da mesa que tinham tido
daqueles papéis em carta fechada, e disse mais o dito conde que aquele papel
não admitia votos separados somente se devia assinar e demais que eu estava
vencido em votos e que um voto só nada valia uma vez que todos estavam conformes
(tal era o terror que ele tinha infundido no coração de todos) a isto respondi
que queria que o meu voto fosse <span style="color: red;">[17]</span> separado,
ainda que fosse um despropósito à vista do que tão sabiamente estava decidido,
e sem mais nada assentaram de quem se havia encarregar da fatura do Voto geral
ficando os quatro que tinham levado as suas orações em o dia 17 de Maio no
cumprimento dos Tribunais, e Grande do Reino, que foi o Conde da Ega, o
Chanceler Mor do Reino, o Vice Presidente do Senado o Conselheiro Guião, e
ajuntaram-se em casa do Principal Miranda para todos quatro concordarem sobre
algumas pequenas dúvidas que alguns deles tiveram, e ficámos avisados para no
dia 25 pelas onze horas ali nos acharmos para se aprovar, e assinar, e depois
pediu-me o Conde da Ega se confiava dele aquele Papel que me tinham entregado
em (um?) Francês, dei-lho imediatamente nos retirámos todos, dali daí para casa
do meu Letrado a dar-lhe parte do que me tinha sucedido, e pedindo-lhe me
fizesse um Voto para eu apresentar na Junta no dia para que ficámos avisados
debaixo de todos os sentimentos de fidelidade, na tarde mandou-me chamar o
desembargador Francisco Duarte Coelho que quando saísse fosse por sua casa o
que fiz e achei todos os do dia antecedente e disseram-me tudo quanto se tinha
passado dizendo-me que tinha-me portado como homem de bem opondo-me às
proposições do Conde da Ega, perguntei quem o tinha feito ciente de tanta
coisa, disse o desembargador Felipe Ferreira que tinha sido o <span style="color: red;">[18]</span> conde de Peniche com quem tinha estado, e
principiaram-me a persuadir que não perdesse de vista as instruções que ele me
tinha levado pois dela se cogitava a felicidade da Nação, e saindo todos
perguntaram para onde ia respondi para a Casa do Vinte e quatro, para a Contribuição
disseram-me que fosse com eles por casa de <b>Carrion de Nizas</b> que me
queria falar disseram-me que ele estava a dormir e nisto levaram até à noite, e
por fim apareceu o dito Nizar e principiaram a falar em francês de que eu nada
entendi e por fim conheci que eles pretendiam entreter-me para não falar com
pessoa alguma porque por várias vezes me perguntaram se tinha falado ao meu
letrado, a que sempre lhe respondi que não, porque eu não o queria comprometer,
e outra porque não queria que eles conhecessem os meus sentimentos por isso lho
neguei e a finado/final retirei-me eles ainda ficaram: pela meia hora depois da
meia noite recebi um aviso do conselheiro Guião como se vê do n.º 26 em
contrário ao que se tinha determinado dizendo que no dia 24 nos devíamos
ajuntar para acelerar os votos e subirem à presença de S. M. I. e R., não pude
sossegar um instante porque tudo o que tinha tratado com o meu letrado de me
fazer o voto no outro dia estava transtornado por ser aquela hora e eu não lho
poder comunicar.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 24
pelas cinco horas da manhã indo a sair para casa <span style="color: red;">[19]</span>
do letrado ao abrir da porta vejo uma carta por baixo da porta pego nela vejo
que era para mim, abro-a acho uma letra desconhecida fechada com obreia preta,
continha o ameaço da minha vida caso assinasse algum papel, inquieto o meu
espírito com isto parto imediatamente àquela mesma hora para casa do
conselheiro Guião e mandei-lhe recado que se levantasse que me era preciso logo
falar-lhe apresentei-lhe a carta e disse-lhe que eu queria imediatamente a
minha demissão porque eu não tornava à Junta dos Três estados, respondeu-me que
fosse que tudo se havia remediar em bem que não desse algum passo para a minha
infelicidade, e que se eu queria a minha demissão que falasse ao General em
Chefe e que me pedia muito não faltasse e saindo vindo eu ao pé do Colégio dos
Nobres encontrei o que administra a minha fábrica Mathias dos Santos e disse-me
<b><span style="color: red;">(…)</span></b> vinha em sua procura porque está lá
um ajudante do general Junot em sua procura e está esperando que chegue, venho
a casa intima-me uma ordem do general para às nove horas me achar no seu
quartel, vesti-me e fui e mandei recado que estava ali às ordens de S. Ex.ª
mandou-me dizer que esperasse e nisto tive até às onze horas quando apareceu o
dito Junot, e lavando-me para a sala grande perguntou-me se eu falava francês,
disse-lhe que não, e principiando a falar em português disse-me que tendo em
tão bons créditos lhe parecia impossível andar associado com cabeças
revolucionárias e inquietadoras <span style="color: red;">[20]</span> duvidando cumprir
com o que tão justamente se fazia, respondi-lhe que S. Ex.ª estava mal
informado porque eu não merecia o nome revolucionário o que muito estranhava,
que o meu lugar era de representação que não era como particular, e demais eu
não podia assinar contra a vontade daqueles por quem representava, mal lhe
disse isto puxou pelo papel em francês que tinha pedido o Conde da Ega, e
principiando a gritar e com palavras injuriosas perguntou-me quem me tinha dado
aquele papel, respondi-lhe que não sabia a este tempo já eu estava desacordado
disse-me ele que este papel é feito por Verdier, a que eu nada disse, e cheio
de cólera novamente principiou a insultar-me e eu respondi-lhe, a isto oiço uma
vez por detrás de mim, dá licença que chegue, e olhando eu para ali vi que era
José de Seabra da Silva (a quem neste momento me parece devo a vida) e disse-me
vossa Mercê conhece-me, respondi muito bem, e voltando-se para Junot disse este
homem é de honra, e de verdade, e o que ele disser é assim, eu não o conheço,
mas tenho dele boas informações e conheci a sua família, e virando para mim
disse, todos nós somos portugueses, eu sou português, V. M.ce é português, e
aqui o amigo também o é, a que respondeu Junot, já muito brando certamente eu
já estou condecorado em Portugal, e disse-me Junot são horas de sair para a
Junta dos Três Estados, vá e espero que não tenha mais dúvidas, a isto lhe <span style="color: red;">[21]</span> apresentei a carta anónima que tinha recebido, e
lendo-a mais o Seabra, disse-me Junot que daquelas tinha mais de cem, e que até
agora tinha a sua cabeça sã, e que não fizesse caso dela, que quando tivesse
mais alguma que fizesse impressão que fosse ter com ele, que me tiraria da cabeça,
e saindo fui à Casa dos Vinte e quatro vestir-me de capa, e volta (?) para ir
para a junta onde achei outra carta anónima também ameaçando-me a vida: cada
vez mais consternado estava o meu aflito coração, fomos para a Junta, e
entrando, e deixando a vara de fora da porta disse que eu tinha sido chamado ao
quartel general aonde tinha sido repreendido, e admoestado em consequência da
queixa e papéis que lhe tinha entregado o senhor conde da Ega, e puxei pela
carta que tinha achado na Casa dos Vinte e quatro, e apresentei-a, e vendo-a
alguns disse Lucas de Seabra que aquela letra era a mesma que costumava
aparecer nos pasquins e levantando-se o conde da Ega lendo o papel que traziam
feito que com pouca diferença era o mesmo em que tinham assentado e perguntando
a todos estes se encolheram e nada disseram, a mim não me perguntaram nada, e
eu nada disse, pois não tinha o voto que tinha mandado fazer, e dizendo o Conde
da Ega que era preciso pôr-se em limpo a isto se ofereceu o conselheiro Guião
dizendo que se queriam que ele o escrevesse que tinha nisso muito gosto e nesta
ação se ocuparam três o conde da Ega dizendo,<b> </b><span style="color: red;">[22]</span>
o conselheiro Guião escrevendo, e o secretário Moniz aparando penas, acabado
que foi se principiou a assinar, o conde da Ega como deputado mais antigo, e
fazia de presidente, o principal Miranda, o principal Noronha como deputados do
clero, o conde de Almada e o conde de Castro Marim filho como deputados da
mesma Junta, o conde de Peniche, e D. Francisco Xavier de Noronha como
deputados da nobreza, o Chanceler Mor do Reino, e o Chanceler da Relação como
representante da magistratura, o vereador conselheiro do Senado João José de
Faria da Costa Abreu Guião, e o conselheiro do Senado Luiz Coelho Ferreira do
Vale como vereadores do mesmo Senado, e passando para eu assinar disse que
primeiro devia assinar o desembargador Leite, respondeu não assinava porque
estava ali como fiscal da Junta e não como vogal, ao que respondi muito me
admira que V. S. não seja vogal para assinar, quando ontem votou e o seu voto
foi o mais eloquente, e moroso, e que também acaba de aprovar o que se assina e
por consequência o deve assinar, porém como a justa proposição era minha todos
disseram que como fiscal não devia assinar, e pegando eu na pena disse em alta
voz, eu vou assinar, mas o faço obrigado, e por me dizerem estou vencido em
votos, e por me não chamarem cabeça, e sócio de revolucionários e salvar o
direito da minha vida e assinei, seguiu-se o meu escrivão, e também a carta de
agradecimento à deputação portuguesa <span style="color: red;">[23]</span> pelos
seus bons ofícios que tinham feito à nação e junto a S. M. I. e R. e disse ao conde
da Ega eu tenho a honra de V. Ex.ª me conhecer há muitos anos, e sabe se eu sou
capaz de me [as]sociar com cabeças revolucionárias e inquietadoras, e o conde
disse que todos deveriam ir acompanhar a entrega daquele papel à casa do
general e ao sair da dita Junta me entregou um correio o aviso do intendente de
polícia Pedro Lagarde, como se vê no documento n.º 27, acompanhei a casa de
Junot o tal congresso, e não estava em casa, ficou o conde da Ega à espera dele
para lhe entregar a tal papelada e todos os mais saíram e eu fui para casa do
Lagarde com o meu escrivão e aí fui perguntado pelo dito Lagarde servindo de
língua Jorge Escarniche se conhecia quem me tinha entregado os papéis que tinha
lido na Junta, e se conhecia a letra da carta que tu tinha dado ao general
Junot, e eu tirei da algibeira a outra que tinha recebido na Casa dos Vinte e
quatro, e apresentei-lhe e ele ma pediu, e depois disse-me se eu tinha algum
papel na algibeira que o queria ver, e dando-lhe eu todos os papéis que tinha
comigo pôs-se em exame e averiguações de letras e vendo o que eles continham
tornou a dar-mos, e daí perguntou-me quais eram os sentimentos da nação
respondi que se ma dava licença diria a verdade, e disse se o grande Naopleão
quisesse que o seu nome ficasse eternizado nos corações dos portugueses era
restituir-lhe seu antigo soberano, ao que respondeu que isso era <span style="color: red;">[24]</span> impossível e jamais se uniria o governo da
América ao da Europa, respondi não é crime na nação nem em mim o termos
semelhantes sentimentos, e desejos, mas sim louvável, porque tenho a certeza de
que S. M. I. e R. se regozijaria em encontrar iguais sentimentos nos seus
vassalos, nada mais me quis ouvir levantando-se me mandou embora, o que eu não
esperava pois julgava ali ficar, e quando cheguei a casa achei o voto que eu
tinha mandado fazer ao letrado como se vê da cópia n.º 28 cujo ignorava o que
me tinha acontecido, pois julgava como eu lhe tinha dito que era para o dia 25,
e depois lhe contei o sucedido.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 26
recebi um aviso do conselheiro Guião para me achar na Junta dos Três Estados no
dia 27 como se vê do n.º 29.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><o:p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"> </span></o:p></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 27
fomos para a Junta à hora determinada e entrando com a mesma cerimónia de
largar a vara estavam todos os do dia antecedente menos o desembargador Leite e
aí se apresentaram dois papéis iguais ao outro que se tinha assinado,
dizendo-se que era um para subir à presença de S. M. I. e R. e outro para ficar
na Torre do Tombo, e outro para ser remetido aos da deputação que se acham
juntos so imperador, e principiando a manda-los assinar disse eu que primeiro
deviam ser lidos antes que se assinassem, respondeu-me o conde da <span style="color: red;">[25]</span> Ega que logo se liam, e continuando assinar
tornei a suplicar que fossem lidos, a isto disse o conde da Ega o senhor Juiz
do Povo é muito zeloso e escrupuloso, e me admira tenha a lembrança de julgar
que um congresso tão respeitoso fizesse um papel que não fosse igual ao outro,
e demais eu acho-me autorizado para tudo isto ao que eu nada respondi e depois
de todos assinarem, também assinei e o meu escrivão, e mandando-se abrir a
porta do tribunal, entrou o corpo do clero o qual tinha sido chamado por aviso
da secretaria para virem assinar o papel, que eles tinham feito, dizendo o conde
da Ega eram os votos da nação, e principiando com a sua exortação ao estado do
clero, ponderando-lhe muito as nossas circunstâncias, e depois lhe leu o tal
voto e lhe disse viesse assinar, e chamando-os pelas suas graduações, e
hierarquias, achava-se neste grandioso corpo, arcebispos, bispos, principais,
monsenhores, cónegos da Patriarcal, cónegos da Basílica de Santa Maria, priores
mores, e alguns prelados <b><span style="color: red;">de de comunidades</span></b>
(?), os quais todos assinaram sem dúvida alguma, e se concluiu esta ação
ficando avisados para que nos dia 28 pelas dez horas ali nos acharmos, e como
achei duas cartas anónimas uma pré, outra contra o sistema francês, quando vim
da Junta dos Três Estados, fui a casa do Herman para lhas entregar o que fiz e
como estava Pedro de Mello Breyner presente, leu uma, e o Herman outra e disse
o Herman que era impossível contentar a todos que cada um <span style="color: red;">[26]</span> desejava como bem lhe parecia, que quando ele
aqui tinha estado, diversos sujeitos lhe tinham dito desejavam que viesse os
franceses a Portugal, os quais talvez agora não dissessem tal porque hum tinha
ido degradado para fora de Lisboa, e outro tinha a pagar uma contribuição de
doze mil cruzados, o degradado soube eu que era Verdier porque havia dois dias
tinha saído, o outro não soube quem era, e chegando a casa achei a carta de
ofício n.º 30, e o aviso n.º 31, para eu expedir as ordens aos deputados da Casa
dos Vinte e quatro na dita conformidade, o que determinei se fizesse.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 28
fomos para a Junta mais tarde da hora determinada, e quando entrámos sem a vara
já estava um grande corpo de nobreza, e logo o conde da Ega fez a sua costumada
oração dedicada à nobreza, e lhe leu o voto chamado da nação e principiou a
chamá-los pela ordem da corte para assinarem, compunha-se este grandioso corpo
de marqueses, condes (entre estes o conde de Rio Maior pegando na pena disse em
voz alta eu vejo a maior parte de nobreza assinada neste papel e o resto pronto
a assinar, razão porque me vejo obrigado [a] assinar o que não devo assinar, e
assinou), viscondes, barões, e o corpo dos nobres que aí se achavam que ao todo
seriam setenta a oitenta pessoas, no assinar houve uma grande questão entre o
visconde de Fonte Arcado, e José de Seabra <span style="color: red;">[27]</span>
da Silva, sobre qual deveria assinar primeiro, cedeu José de Seabra deixando-se
ficar quase para último, e concluída esta ação ficámos avisados para no dia
trinta pelas dez horas ali nos acharmos.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 30
fomos na forma determinada, e largando a vara foi logo admitido o corpo do
Senado, e Casa dos Vinte e Quatro, o conde da Ega com a sua costumada
exortação, e acabada que foi leu o voto e findo chamou o corpo do Senado para
assinar; e depois os vogais da Casa dos Vinte e Quatro e todos assinaram, ao
meio dia foram admitidos os tribunais a quem depois o conde da Ega leu uma
oração e depois o dito voto e foram chamados os tribunais separados para
assinarem principiando pelo Conselho de Guerra, Desembargo do Paço, Conselho
Geral do Santo Ofício, Conselho da Fazenda, Conselho do Ultramar, Mesa da
Consciência e Ordens, Real Junta do Comércio, Relação, Erário, Casa de
Bragança, e depois de saírem os tribunais apareceu uma nova carta para a
deputação mais acrescentada que a outra em agradecimento e assentaram que se
devia ir entregar aquele papel todos os que tinham levado o outro (menos o
desembargador Leite pois esse logo que assinou com o tribunal tinha saído) e
não estando o general em casa ficaram os três deputados da Junta dos Três
Estados encarregados da sua entrega e se finalizou esta desgraçada ação, do
documento n.º 32 consta todo o referido passado da Junta dos <span style="color: red;">[28]</span> Três Estados, e com o intendente Lagarde.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 4 de junho recebi a carta de
ofício como do n.º 33, e a cópia do aviso n.º 34 para mandar deitar abaixo as
armas da vara, e mandando convocar todos os vogais da Casa e em conferência se
determinou que se observasse o determinado o que logo mandei fazer à vara que
passa de um a outro juiz, e não na minha que eu tinha em casa porque aí sempre
quis conservar este padrão de fidelidade deixando ficasr os reposteiros da Casa
em elas, e sempre postos nos seus lugares.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 16 de junho memorável e em que as
tropas de Marengo, Jena e Austerlitz, não só tremeram, mas até largaram as
armas e fugiram, por um pequeno sussurro sucedeu tão grande <b><span style="color: red;">lavarinto</span></b>, eu estava dentro da igreja, e a tempo
que o principal pegava na custódia, senti um grande sussurro à porta da igreja
e de repente me pareceu escurecia o ar, e lembrei-me de tremor de terra, e a
tempo que me levantei e olhei para a porta vi darem muita pancada, e logo a
guarda de granadeiros que estava junta à capela mor carregarem as armas, a isto
me retirei para a capela do sacramento e meti-me por trás do altar na escada da
tribuna até que passou aquele grande <b><span style="color: red;">labarinto</span></b>,
e com grande custo lembrando-me de quem ia acompanhar me animei a sair, e na
volta na rua Áurea principiou novo sussurro em que não houve maior <span style="color: red;">[29] </span>desordem.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 26 fui adiante de Sacavém visitar
Agostinho de Oliveira Guimarães, à sua quinta, e como eu todos os dias que
podia, enquanto esteve em Lisboa ia à noite para sua casa, e com a sua família
chorávamos a nossa desgraça e situação, e passando pelo lugar de Sacavém mandou
o francês governador da terra examinar a casa do sobredito quem eu era, e que
ia ali fazer, disseram-lhe que era o juiz do povo de Lisboa que em razão de
compadre o ia visitar, mandou <b><span style="color: red;">sindicar (?)</span></b>
se tu tinha ido ali fomentar algum levantamento, tais eram as vistas que os
amigos traziam em mim.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 7 de julho foi à Casa dos Vinte e
Quatro procurar-me Francisco Xavier de Sepúlveda, comissário da Ribeiro no
Lazareto, propondo-me que seria muito bom fazer-se um levantamento, e que
ninguém tinha proporções para o formar como eu, porque tinha o povo todo <b><span style="color: red;">à </span></b>minha determinação, eu desconfiei destas
proposições não esperadas, disse-lhe que me dissesse quais eram as suas
tenções, respondeu-me que seria bom escrever eu uma carta à Junta Central de
Madrid para dar os primeiros socorros, e que ele se encarregava da carta para a
fazer entregar e que para este entrega se fazer precisava-se trezentos mil reis
para despesas, eu estava desconfiado com o homem por ver que no meio de toda
esta conversa falava-me muito nos franceses que estavam na outra banda donde
ele <span style="color: red;">[30]</span> assistia, e também dos portugueses que
governavam am aquele distrito, eu que andava desconfiado, desconfiei não fosse
algum exame que me queriam fazer, disse ao dito Sepúlveda que em outra ocasião
falaríamos, e que eu queria pensar melhor no caso, e o despedi.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 9 recebi a portaria do Senado para
formar a relação dos que não tinham pago o primeiro terço da contribuição para
serem sequestrados como se vê do documento n.º 35 o que se fez e fui remetendo
para o tribunal, e o Senado mandando logo proceder aos ditos sequestros.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 13 tornou a aparecer i dito
Sepúlveda na Casa dos Vinte e Quatro e diante dos escriturários, e contínuo
entrou a falar na dita revolução com todo o descaramento, e perguntando-me que
tinha eu resolvido, respondi-lhe esta Casa conserva o antigo brasão de nunca
ser falso aos seus soberanos, e mandei-o com esta resposta embora, entraram
todos comigo que me não fiasse naquele homem que certamente dava todas as
ideias de ser espia, o mesmo que eu pensava dele.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 16 veio a minha casa procurar-me o
negociante Filipe Ribeiro <b>Felgueiras</b> pessoa do meu conhecimento e homem
de honra e disse-me que ele tinha em o seu armazém duas peças de artilharia de
calibre de nove, e muita bala própria, e metralha, montada em carretas, e
alguma pólvora, <span style="color: red;">[31]</span><b> </b>caso eu tivesse
determinado alguma coisa que contasse com elas às minhas ordens, e deu-me
notícias do estado do nosso exército da província, e dos seus movimentos, e
vendo ele a satisfação que eu tive da notícias que me deu, me prometeu dar-me
notícias de todos os movimentos que ele fazia em nosso benefício.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 18 torna o mencionado Sepúlveda
novamente a cometer-me o dito levantamento, mas sempre vinha com o protesto de
eu ser cabeça, e que na minha mão estava o fazer-se esta operação e não esperar
que viesses os da província fazê-lo, respondi-lhe que me não tornasse ali com
semelhantes proposições, porque só me fiava em Deus, e não nos homens.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 27 recebi do Senado o ofício n.º
26, e o aviso n.º 37, para não se fazer a procissão de voto pela meia noite do
dia próprio, passei as ordens necessárias, já isto tudo era medo nos franceses,
porque já se falava muito nos <b><span style="color: #00b050;">cem meninos
perdidos</span></b>, a quem eles segundo as suas circunstâncias tinham todo o
respeito, e o dito Felgueiras todas as ocasiões que tinha notícias certa do
exército combinado ia-me dando parte de que vinha se aproximando a nossa
redenção, e felicidade.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 5 de agosto fomos pelas dez horas
da manhã para a Penha de França assistir à missa na forma da resolução do
ofício do Senado.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Chegou o dia 16 dia <span style="color: red;">[32]</span> que apareceu mais brilhante aos nossos olhos pela falta do
quartel general pois sai de madrugada para o campo aparecendo nas esquinas a
notícia da sua saída, mas anunciandos fosse qual fosse a sua sorte ele tornaria
a nós, ficando no seu lugar o general <b><span style="color: red;">Travó</span></b>
que vinha do governo de Oeiras.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 18 mandou-me chamar o conselheiro
Guião que lhe fosse falar ao Senado fui, e então me disse que me haviam de
mandar chamar da Junta do Governo, e que estivesse eu pronto porque não tinha
havido tempo para se fazer aviso, e vi pelo que ele me disse que era preciso o
povo estivesse tranquilo e que seria bom buscar algum meio de o tranquilizar, e
quase me deu a entender alguma proclamação minha, e vindo para a Casa dos Vinte
e Quatro de me pôr pronto até que veio um correio chamar-me, fui à Ribeiras das
Naus, e na sala do Almirantado encontrei o general <b><span style="color: red;">Travó</span></b>,
<b><span style="color: red;">Luite</span></b> (?), Herman, Lagarde, o secretário
do governo, o conde da Ega, o principal Castro, Pedro de Mello Breyner,
Francisco de Azevedo Coutinho, João José Guião, o abade do convento de S.
Bento, António Rodrigues de Oliveira, e eu, e o meu escrivão, perguntou-me
Pedro de Mello Breyner qual seria o meio do povo estar sossegado, respondi que
o meio estava na mão do governo, não andar todos os dias com proclamações, nem
editais que isso em lugar de os aquietar pelo contrário mais os punha <span style="color: red;">[33]</span> em inquietação, e que o senhor Lagarde em o dia
antecedente tinha ido ao monte de S. Catarina, e Adro das Chagas, espancar quem
estava ali vendo o mar, expondo-se <b><span style="color: red;">asi (?),</span></b>
e aqueles desgraçados, e que o povo no meio de tanto flagelo devia ter alguma
liberdade, ao menos de falar e não andar a prender a quem o fazia e eu tinha
andado atrás da sege a observar tudo isto, e por isso é que o dizia, e disse
mais V. Ex.ª sabe belamente que aqueles dois sítios sempre foram em todos os
tempos para o povo, de inverno para tomar o sol, e de versão para tomar o
fresco, pois não servia somente para observar a esquadra inglesa como o senhor
Lagarde tinha dito àquela gente que ali estava, chamando-lhes marotos e
mandriões, depois se puseram todos a falar em francês e daí disse Pedro de
Mello para todos os de fora da Junta que tínhamos ali sido chamados afim de se
arranjarem as coisas todas na melhor ordem e que quando tornasse a ser preciso
se passaria novamente aviso, e todos se retiraram, e deste modo me livrei de me
obrigarem a pôr algum papel o que eu não fazia.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 19 parou a concorrências da
contribuição, e sempre os ofícios pagaram do primeiro terço o que mostra a
relação n.º 38, assim como da mesma se vê quanto não chegaram a pagar, da
relação n.º 39 se vê quanto pagaram do primeiro terço as lojas, e lugares de
venda pública da cidade assim como da mesma se vê os que não chegaram a pagar,
do n.º 40 se vê a relação do termo tanto de um como de outro artigo. <span style="color: red;">[34]</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 20 foi à Casa dos Vinte e Quatro
Gaspar Pessoa Tavares e fazendo-me protesto da maior fidelidade, e que seu
filho se achava no exército comandado pelo general Bacelar me apresentou os
documentos, e oferta que consta do n.º 41.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 22 foi João José Guião procurar-me
à Casa dos Vinte e Quatro e apeou-se, eu desci abaixo a falar-lhe, disse-me se
sabia alguma novidade, respondi-lhe que corria de facto Junot ter sido
desbaratado, ao que respondeu afetando muita alegria logo que você saiba a
certeza mande-mo dizer porque havemos de fazer muita função, e retirou-se.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 31 veio a minha casa o prior da
freguesia de Sacavém, e disse-me que nós ficávamos roubados e que estes homens
estavam em capitulação, e que viu o modo em que havia de embaraçar isto,
respondi-lhe que visse se me trazia um nós abaixo-assinados para eu poder fazer
alguma coisa, disse-me que ia fazer aprontá-lo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 2 de setembro pela manhã
aparece-me o dito prior muito triste dizendo-me que todas aquelas pessoas que
tinham dito estavam prontos a assinar todos tinham duvidado na ocasião,
disse-lhe que ainda havia um meio que era ir ter ao exército com o general
Bernardim <span style="color: red;">[35]</span> Freire de Andrade, e se ele
dissesse que eu lhe fosse falar que prontamente me achava determinado, disse-me
que ia, e me traria a resposta.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 4 pelas três horas da tarde
mandou-me chamar o general Beresford à casa de António José Batista Salez,
aonde tinha sido aquartelado, pela uma da tarde, falei ao dito general, e
depois fiquei com João Belle falando a respeito do estado das coisas, e este
foi ter com o dito general participar-lhe as minhas ponderações, este me disse
que seria muito bom procurar um meio de os generais convencionados se meterem
em questão para ver se podia anular a convenção, e que o general queria que eu
me encarregasse de saber o que os franceses tinham feito nos passos reais
depois da Convenção de Sintra, em aquela mesma noite fui ao palácio das
Necessidades saber se tinham ali cometido das suas diabruras, e soube que até
tinham trazido de resto algumas sacas cheias de lã de colchões, o ser chamado a
cada do dito Salez consta do documento n.º 42.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 5 de madrugada fui ao Palácio de
Queluz e procurei diversos para saber do estado da coisa, achei extraordinários
procedimentos e como vi eu não podia dar conta desta comissão vim para o
general Beresford disse-lhe o que tinha achado e para melhor se saber o que
eles tinham feito seria bom chamar os almoxarifes, o que se fez, chegando a
casa achei o prior de Sacavém que vinha da [35] Encarnação donde estava o
exército português, e me disse que o general Freire me mandava dizer que visto
eu estar na determinação de trabalhar a benefício de todo este reino que fosse
primeiramente falar ao general Dalrymple, que estava na Quinta de S. Pedro em
Sintra, e a o depois fosse ter com ele a Mafra para onde partia logo, neste
tempo entraram para me quererem falar o beneficiado Alexandre da Silva
Coutinho, Hilário<b><span style="color: red;"> </span></b>José Quaresma, e Luís
António Rebelo, ambos negociantes, e sem saberem da minha determinação entraram
a propor-me as circunstâncias presentes que exigiam que eu fizesse todo o
possível a nosso benefício, disse-lhes tinha determinado sair de Lisboa a
tratar deste negócio, pediram-me se lhe era possível o poder-me acompanhar, eu
lhe disse que sim, e determinei sair no seguinte dia pelas quatro horas da
manhã, para Sintra conforme a insinuação que tinha, fui aprontando no resto do
dia os papéis necessários.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 6 pelas quatro horas sai de casa e
fui a casa do dito Quaresma como tinha justo juntar-me com os ditos para fazer
a determinada jornada, tomámos o caminho de Sintra, e à Ponte Pedrinha foi
preciso passar pelo acampamento francês, e ao depois passar pelas guardas
avançadas a Massamá, e chegando ao Papel estava já o exército inglês, e logo
mais adiante encontrei um dragão de Chaves, e perguntei se o general inglês
estava em Sintra, disse-me o dragão que tinha passado para Oeiras, e que tinha
passado de <span style="color: red;">[37]</span> noite para lá, e não havendo
caminho de sege dali para Oeiras sem passar pelas guardas avançadas, e exército
francês, procurei um guia para ir a pé por dentro do acampamento inglês e
mandei a sege sair a Paço de Arcos, aqui nos dividimos, o prior de Sacavém foi
para Mafra dar parte ao general Freire, os dois negociantes vieram dentro da
sege dar volta por Queluz, e eu, e o beneficiado fomos a pé, e chegando a
Oeiras, fomos para o palácio do Marquês de Pombal aonde estava o general Dalrymple,
o qual me veio logo falar e me serviu de língua o dito negociante que comigo ia
Luís António Rebelo, pediu o general lhe traduzisse o ofício que eu levava para
me poder responder, o que o dito Rebelo fez cujo é o do n.º 43, e depois de ler
respondeu em francês que el Rei seu amo o tinha mandado a Lisboa para promover
os interesses de Portugal, e da sua soberania, e que tinha mandado um general
para Lisboa a fim de examinar o embarque que eles faziam e que estivesse
descansado que eles não poderiam levar nada mais do que aquilo que lhe era
permitido como bagagem, quando Dalrymple falou comigo e me deu a resposta
achava-se um general francês presente que estava ali de reféns, saímos e
procurámos o caminho de Mafra, e pernoitámos em casa do prior de Cheleiros
porque já o gado não podia andar. <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 7 de setembro chegámos a Mafra e
fomos logo ao quartel-general que era no Palácio falei ao general e a todos os <span style="color: red;">[38]</span> mais oficiais que ali se achavam participei-lhes
o que tinha passado com o general inglês, e depois convoquei-os para virem a
Lisboa, ao que me respondeu o general chefe que tinha um exército incapaz de
entrar em Lisboa, que estava falto de subordinação, e que seria mais o estrago
que fizesse nos portugueses, que nos próprios franceses, fez-me ver a
correspondência que tinha tido com o general inglês, que a leu Aires Pinto,
pela qual vi que o dito general o ameaçava, dizendo que tinha trinta mil homens
para fazer cumprir com o que se tinha comprometido, entreguei-lhe o ofício n.º
44, por fim disse-me que ele ia a Oeiras ao quartel-general inglês, e que
esperava por ele ali o que fiz, participei-lhe como primeira autoridade
portuguesa, o que Gaspar Pessoa me tinha oferecido, respondeu-me que ele já o
tinha participado a mesma oferta, chegou em o dia oito de tarde, e falando-lhe
disse-me que o general inglês estava teimoso, e que tivesse paciência já agora
era melhor perder alguma coisa, do que ir arruinar a cidade mas que não fosse
eu para Lisboa que a minha vida corria muito risco e em esta ocasião.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 9 pela manhã alevantei-me
determinado a vir para Lisboa pois estava com muito cuidado não sucedesse
alguma diabrura do povo porque estava bastantemente inquieto, e fui ter com o
general Freire, e disse-lhe que eu me retirava para Lisboa, e que eu estava de
acordo falar ao almirante Cotton <span style="color: red;">[39]</span> a ver se
se lhe podia dar algum remédio, respondeu-me que fizesse o que me parecesse mas
que visto eu estar na resolução de ir para Lisboa que me apresentasse ao
general Beresford para me dar uma guarda para a porta, mas que contivesse o
povo com todo o sossego, em este mesmo dia pelas cinco horas da tarde cheguei a
Lisboa e entrando em casa, logo Jerónimo Lourenço Botelho a dar-me parte que o
general <b><span style="color: red;">Tiabó [Jean-Pierre Travot? ou Paul-Charles-François
Thiébault?]</span></b> tinha dito em aquele mesmo dia no seu quartel em casa de
Jacome Ratton que eu devia ser assassinado donde quer que eu estivesse,
retirei-me de casa, e pernoitando por casa de alguns amigos, mas sempre
trabalhando, e também achei em casa duas cartas de João José Guião que me
queria falar, como se vê do n.º 45, e n.º 46.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 10 pela manhã fui ao Senado
falar-lhe, queria saber de mim o que tinha feito, e para que tinha saído sem
lho participar, respondi-lhe que a pressa não me tinha dado lugar e que tinha
recebido ordem do general Freire, por isso tinha saído de repente (eu não lhe
participei a minha saída porque não tinha nele toda a confiança pelas
antecedências), disse-me que Pedro de Mello Breyner me queria falar e que fosse
eu a sua casa, disse-lhe que lá iria, mas fazendo tenção de não por lá os pés,
porque o povo falava bastantemente nele, e eu que tinha recebido o aviso da
determinação do general <b><span style="color: red;">Tiabó</span></b> não me
fiava de ir a parte alguma, em este mesmo dia apareceu o edital da reclamação
único efeito que tirei dos meus trabalhos <span style="color: red;">[40]</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>pois muitas coisas se reclamaram, e poucas se
entregaram.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">No dia 11 de setembro fui a bordo da nau do
almirante que estava defronte de Paço de Arcos, levando comigo um língua
chamado <b><span style="color: red;">João Redge</span></b>, negociante, e
conduzindo-me o dito almirante Cotton para a câmara e depois de sentados
entreguei-lhe o ofício n.º 47, e o língua explicando-lhe o que ele continha,
disse-me que sentia tanto os males de Portugal como se fossem próprios, porque
ele era muito amigo dos portugueses estava na mão de S. Ex.ª porque todos
assentavam que ele não tinha parte em aquela capitulação, respondeu-me que ele
a tinha assinado, e ficando eu bastantemente triste, porque se iam acabando as
minhas esperanças, levantou-se e pegando-me na mão disse-me que tivesse
paciência que as coisas não haviam de ser tão feias como eu pensava, e disse-me
mais que ele julgava que os franceses não tinham feito tanto mal em Portugal
como eu dizia, porque eu era o primeiro que me ia ali queixar, respondi que não
se admirasse S. Ex.ª disso, porque o meu ofício era o representar pelo todo por
isso eu era o primeiro, e talvez o único, despedi-me, e retirei-me.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 12 fui a cada do procurador da <b><span style="color: red;">Casa/Coroa</span></b> João António Salter de Mendonça, e
disse-lhe que me levava a importuná-lo certo escrúpulo de consciência, porque
eu já tinha feitos estas e outras diligências a fim de melhorar <span style="color: red;">[41]</span><span style="mso-spacerun: yes;"> </span>a nossa
infeliz sorte, e como eu já tinha feito todos os possíveis e nada tinha obtido
apenas a reclamação que isso de nada valia, porque os franceses não só deixavam
de entregar os roubos mas continuavam no mesmo, e a estragar tudo, por isso
procurava sua Senhoria a fim de entrepor os seus ofícios como procurador da
Coroa, respondeu-me que se lhe tinha acabado a procuração, e demais que a sua
procuração era para as coisas ordinárias, e que para as extraordinárias era
sempre preciso participá-lo a sua Alteza, e como o havia ele fazer, e nisto
mais esmorecido ia ficando porque ia achando todas as portas fechadas; e
participando isto ao meu letrado disse-me não importa, tome toda a autoridade,
e como ninguém a tem, faça-se senhor dela fazem-se uns ofícios para certos
tribunais.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 13 mandei entregar três ofícios
como do documento n.º 48, um à Junta dos Três Estados, outro à Real Junta do
Comércio, e outro do Desembargo do Paço, da sua entrega consta do documento n.º
49, em este mesmo dia falou-me Manuel Francisco da Cruz negociante meu
conhecido, com António Pereira de Figueiredo, e Pedro Jorge, oficiais da
secretaria que tinham estado em Mafra com o general Bernardim Freire de
Andrade, e que ele me mandava dizer fosse a bordo da nau do almirante Cotton, e
que lhe entregasse<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>os papéis que constam
do documento n.º 50, em este dia ferviam as queixas de todas as partes dos
procedimentos dos franceses, mandei buscar certidões a Almada, ao Lumiar, ao Depósito
<span style="color: red;">[42]</span> Público, e à Casa da Moeda, e mandei fazer
outra representação para levar ao Cotton, a fim de anular a Convenção, e tratei
com os ditos sujeitos de ir ter com eles ao cais de Belém para irmos a bordo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 14 de setembro, fomos para bordo
da nau do almirante e serviu de língua o dito oficial da secretaria Pedro
Jorge, entreguei-lhe os papéis remetidos pelo general Freire, e o meu ofício
como consta do documento n.º 51, e lendo respondeu que Portugal não perdia
tanto quanto julgava, porque Inglaterra tinha feito grandes despesas no
bloqueio deste porto, respondi-lhe que não duvidava mas que os portugueses se
tinham sofrido todos os incómodos de que ele era sabedor também tinha sido por
conservar ilesa a amizade que havia entre Portugal, e Inglaterra, disse-me não
obstante isso a perda de Portugal é menor do que eu pensava, porque a bela
cidade ficam sem o menor prejuízo, o sangue poupado, e por consequência não é
tão considerável como julgais porque o vosso comércio fica livre, e logo todos
os prejuízos serão remunerados, eu estava ardendo com estas respostas, pois
todas eram alheias do meu pensar, disse-lhe que eu me julgava um perfeito
português, e como tal amante dos ingleses, por serem os únicos aliados do meu
soberano, e me custava muito ouvior censurar os mais portugueses sobre o
procedimento dos generais britânicos neste reino, é verdade que eles dizem que
devem uma grande parte da sua liberdade a S. M. Britânica <span style="color: red;">[43]</span>, a V. Ex.ª, e os senhores generais do exército,
mas também dizem que conhecem que se os franceses vão impunidos pelos crimes
que cometeram, e os roubos que fizeram, são auxiliados pelo exército britânico,
esperava eu uma resposta forte, mas não sucedeu assim, porque disse-me se eu
fosse português também diria o mesmo, e que já ia mandar fazer à vela a
primeira divisão, não lhe disse mais nada do que despedir-me e retirei-me,
cheguei a terra fui logo acabar de aprontar o ofício n.º 52, e fiz logo
entregá-lo a ele a bordo da sua nau, antes que ele mandasse sair a primeira
divisão, e fiquei justo com oficial da secretaria António Pereira de Figueiredo
para irmos no seguinte dia de madrugada a Mafra levar a resposta do
acontecimento ao general Freire.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 15 pelas quatros horas partimos
para Mafra, e chegando fomos para o quartel-general, e falando ao dito a
primeira coisa que disse foi já sei que tem feito seus ofícios aos tribunais, e
puxando da algibeira por um papel mostrou-me o ofício que eu tinha feito à Real
Junta do Comércio, que o tinha mandado o secretário da mesma junta para ele
ver, e depois dizendo-lhe o que tinha passado com o almirante Cotton se admirou
muito de ele não responder ao seu ofício, e me desenganou dizendo não se remediava
nada o que estava feito, estava feito, e logo recebi a notícia depois de jantar
por um correio que recebeu o general que se tinha levantado a bandeira
portuguesa, e se tinha feito o último embarque <span style="color: red;">[44]</span>
destes assassino, e neste instante ficou a minha alma tranquila do susto em que
andava de poder ficar em minha casa, o que não fazia desde o dia 6 de setembro,
convidou-me o general Freire para ir ao campo com ele ver passar revista ao seu
exército, o que eu muito gostei por ver aquele arranjo, e acabada retirei-me
para Lisboa, aonde encontrei a maior alegria que eu jamais vi, e em casa achei
um convite para ir no dia imediato assistir a um Te Deum do Senado em a sua
igreja de Santo António.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 16 fui para a igreja de Santo
António e assisti com o corpo do Senado a uma missa cantada, e Te Deus e depois
fomos para a Casa do Despacho donde se determinou o fazer-se uma procissão de
voto anual em memória da nossa restauração, e depois o conselheiro Guião
pegando em uns papéis deu-mos para eu ler e assinar, continha a reclamação das
assinaturas da petição de rei, e eu duvidei a assinar dizendo que como eu tinha
protestado contra a violência que me tinham feito naquela ação não tinha que
reclamar, disseram-me todos os mais conselheiros, e procuradores da cidade que
não tinha dúvida o eu reclamar a minha assinatura não obstante o que eu tinha
feito, assinei, e na mesma ocasião se determinou a grande festa do Senado, e a
esta função já assisti com a vara que tinha com as armas reais. <span style="color: red;">[45]</span><o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 17 fiz Casa dos Vinte e Quatro
para determinar a função pertencente à dita Casa e ofícios a ela anexos, e se
determinou o que consta do termo n.º 53 e em consequência determinei a função,
e a preparar-se todo o necessário para ela.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 19 em consequência das queixas que
me foram presentes fiz o ofício ao Senado que consta do n.º 54 a fim de se dar providências
sobre o excesso a que iam subindo os víveres cujas providências eram as que se
tinham dado na entrada do exército francês, e constam do edital n.º 55, mas não
sucedeu assim porque no dia 20 apareceu o edital n.º 56, todo em contrário às
providências anteriores.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 23 fiz o ofício n.º 57, aos
governadores do reino, pelas repetidas queixas que tinha tido desde a saída dos
franceses, de não quererem aceitar a moeda francesa, e espanhola, tanto nas
estações públicas, como nas particulares, isto por pessoas de todas classes
pois até para o necessário alimento não tinham quem lho vendesse sem um grande
desconto nesta moeda, de tarde fui à quinta do marquês de Abrantes, aonde se
achava aquartelado o general Dalrymple e lhe entreguei o ofício n.º 58 e de lá
vim pelas Picoas e entreguei a D. Miguel Pereira Forjaz, o ofício n.º 59, para
o fazer entregar ao general Bernardim Freire de Andrade, que estava em Belas.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 24 fui assistir à festa, e Te Deum
na Sé, e para este fim tive [46] uma carta de participação, depois fui a casa
de Francisco António Ferreira, aonde se achava aquartelado o marechal Laguna,
espanhol, e lhe entreguei o ofício n.º 60, e pelo correio remeti para Espanha o
ofício n.º 61 para ser entregue ao general <b><span style="color: red;">Balesta</span></b>.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 25 em consequência da portaria n.º
62 fomos assistir todos os três dias, e tarde, em segundo disse-me o
conselheiro Guião que tinha sido chamado à Secretaria de Estado para certa
coisa, e que <b><span style="color: red;">Saltez</span></b><span style="color: red;"> [João António Salter de Mendonça?]</span> lhe dissera me
dissesse não fizesse a função que tinha determinado a Casa porque não era justo
que os ofícios pagassem coisa alguma para ela, e logo conheci que a intriga era
manejada por ele Guião.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 27 fiz a representação n.º 63 com
o documento n.º 53 dentro e fui entregá-lo à Junta do Governo porque na tarde
do dia antecedente tinha falado ao <b><span style="color: red;">Salter</span></b>
e ele me disse que fizesse uma representação para se determinar, em esta mesma
tarde falei ao marquês das Minas para este mesmo fim, respondeu-me que lá veria
isso, falei a D. Miguel Pereira Forjaz disse-me é verdade que Salter falou hoje
nisso mas como não é coisa da minha repartição não me importou, pedi-lhe que
quando se lesse a minha representação que esperava que fizesse da sua parte o
que pudesse porque era um desdouro para a Casa dos Vinte e Quatro o deixar de
fazer semelhante ação. <span style="color: red;">[47]</span> <o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o mesmo dia 27 estando na igreja de S.
António me entregaram o aviso para eu entregar no Senado o que logo ali
entreguei ao dito Guião e abrindo deu-mo a ler e vi que determinava que o
Senado deferisse como entendesse, bem entendido que não se pediria por derrama
às corporações; deferiu o Senado no dia 28 como se vê da portaria lançada na
representação n.º 63 na qual vi a alçada do Juiz do Povo suprimida porque vendo
eu o livro de receita e despesa da Casa acho nela algumas funções de ações de
graças, e pedidas as suas despesas às corporações, vendo agora totalmente
desbaratada a minha jurisdição, mas ficando bem conhecendo donde emanava a
intriga.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 28 fui assistir à festa do Corpo
da Nobreza na igreja de S. Domingos, aonde concorri os três dias pois tinha
tido para isso uma participação.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 29 fiz a juntar os vogais da Casa
dos Vinte e Quatro para lhe participar o acontecido, e neste ajuntamento foi
meu parecer que não se fizesse a função de ação de graças, visto que ela havia <b><span style="color: red;">emportar</span></b>, e como devia ser ao depois o embolso, a
isto disse o Procurador dos Mesteres Alexandre José dos Reis que a festa se
havia de fazer, que no Senado se tinha dito, que a festividade por força se
havia de fazer, e não se pediria por força nada às corporações, mas sim o que
de sua livre vontade quiserem dar, conhecendo eu logo que esta manejo era para
me aterrarem, ou para eu fazer uma festa em que ficasse envergonhado <span style="color: red;">[48] </span>por falta de meios, e eu ficar totalmente
arruinado, e não se lembrarem de que eu teria amigos que não me deixassem ficar
mal, e principiando a votar determinou a Casa que se fizesse a festa da mesma
sorte que determinado estava como se vê do termo n.º 64, expediram-se as cartas
às corporações na forma determinada na portaria, toda esta intriga vinha
nascida da emulação que João José Guião tinha, da determinação da festa da
Casa, talvez persuadido que as minhas ideias fossem deitar abaixo a função do
Senado, porém enganava-se porque eu só que eu só queria com a devida decência
dar graças ao Omnipotente de nos vermos livres de semelhante flagelo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 2 de outubro fui [à] Ajuda
assistir à festa, e Te Deum, que mandaram fazer os governadores do reino, os
quais assistiram, e como eu não tinha ido assistir à função que se tinha feito
em aquela igreja no domingo de Páscoa, aonde tinha ido um grande concurso, era
justo que fosse a esta aonde me achei só, além dos generais, e estado maior, e
alguns oficiais do exército das províncias do norte.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 3 foi o primeiro da função da Casa
dos Vinte e Quatro no Convento dos Religiosos de S: Paulo Primeiro Eremita,
oficiou em os três dias o arcebispo de Lacedemónia, junto ao altar da parte do
evangelho estavam as cadeiras para os governadores do reino, e na quadratura da
capela-mor estava o estado do clero, o cruzeiro o corpo da nobreza <span style="color: red;">[49]</span> de ambos os sexos, e no corpo da igreja o povo,
da parte do evangelho os convidados, e do lado oposto o Senado, Casa dos Vinte
e Quatro, e por detrás os cabeças das corporações, todos de capa e volta, no
cruzeiro da parte do evengelho fora do arco, estava uma tribuna aberta em que
no primeiro dia esteve o corpo dos generais, e mais oficiais que tinham estado
na capela da Patriarcal, e no terceiro esteve o general Beresford, e seus
ajudantes, e também somente o general Freire, e seus ajudantes, terminando
neste dia a função com um grande Te Deum.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 8 fui a casa de <b><span style="color: red;">João Bella [João Bell?]</span></b>, que servia de cônsul
inglês, pedir-lhe me fizesse o obséquio de mandar entregar ao almirante Cotton
o ofício n.º 65 de que se encarregou, e depois passei à casa do general do
exército do sul o conde de Castro Marim, entreguei ao seu ajudante de ordens, o
ofício n.º 66, não lhe falei porque estava gravemente molesto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 22 recebi o aviso para ir ao
Senado no dia 24 para assinar o voto da procissão como se vê do documento n.º
67.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em 31 de outubro recebi uma carta do
almirante Cotton em resposta ao ofício de agradecimento que tinha feito a qual
se vê no documento n.º 68.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 6 de novembro veio a minha casa um
correio e disse-me que o secretário do general inglês tinha grande precisão de me
falar da parte do mesmo general <span style="color: red;">[50]</span> e como se
achava bastantemente ocupado em negócios de serviço quisesse eu falar-lhe em
sua casa, e ensinando-me o correio donde era disse-lhe que lá iria, e como me
tinha mandado dizer que fosse às sete horas da noite fui, e em lugar do
secretário inglês achei-me com Francisco Sodré intérprete do dito general
disse-me que o general sentia muito o eu não o ter visitado, e que tinha certo
negócio comigo respeito a Dalrymple e que estava muito bem visto de S. M.
Britânica, e enfim estimo que esteja a ponto de fazer a sua felicidade,
disse-lhe que me dissesse quando, e a que hora poderia fazer o meu cumprimento
ao general, respondeu-me amanhã do meio dia para uma hora, e ficando certo
nisto retirei-me.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 7 fui com o meu escrivão a casa do
barão da Quintela para cumprimentar o general <b><span style="color: red;">Boras [Harry
Burrard],</span></b> e procurando Francisco Sodré este me apresentou ao dito
general donde recebi todo o bom acolhimento distinguindo-me com muito obséquio,
e entre este foi um, o perguntar-me donde morava que me queria pagar a visita
que muito estimava, disse-lhe adonde morava, e perguntei ao Sodré se S. Ex.ª
tinha alguma coisa a dizer-me que lho perguntasse respondeu-me que como S. Ex.ª
me queria visitar então mo diria fiz a minha despedida e saindo no princípio da
escada disse-me o Sodré o general tem a propor-lhe o negócio de fazer um papel
em que aprova tudo quanto se fez na evacuação dos franceses desta cidade, e em
que <span style="color: red;">[51]</span> diga que todos os papéis que tinha
feito em contrário era mal informado, a isto propus-lhe as minhas dúvidas,
entrou então com promessas, e proteções, respondi-lhe como mostra o documento
n.º 69, imediatamente fui a casa de Cipriano Ribeiro Freire, dar-lhe parte
deste acontecimento e para ele fazer presente aos governadores do reino, como
mostra o mesmo documento, o certo é que o dito general foi chamado para
Inglaterra e nunca se verificou a tal visita, julgo foi efeito da resposta que
tinha dado ao dito Sodré que fez de agente do dito general.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em 10 de dezembro tendo eu recebido uma
carta de Manuel Pereira Ramos da cidade do Porto, e com um requerimento dentro
para eu entregar aos governadores do reino em que pedia a graça de facultarem
licença para se organizar um regimento de negociantes daquela praça para defesa
da mesma fui esperar D. Miguel Pereira Forjaz para entregar o dito requerimento
em este tempo entrou D. Francisco Xavier de Noronha e disse-me tem por cá
alguma coisa, disse-lhe que estava à espera do secretário Forjaz para lhe
entregar um requerimento que tinha recebido do Porto para a organização de um
corpo de voluntários<span style="mso-spacerun: yes;"> </span>da corporação do
comércio para defesa daquela cidade, respondeu-me está bem, e perguntou-me
quando acabava o lugar, disse-lhe que no fim deste mês, disse-me em alta voz
que não podia ser porque eu devia continuar no lugar, respondi-lhe que me
achava doente, e cansado, respondeu-me que muito eu disse aquilo porque as <span style="color: red;">[52]</span> circunstâncias exigiam a minha continuação, que
ele era contrário à consulta que o Senado tinha feito pedindo a continuação dos
quatro procuradores dos misteres, e não obstante o não vir consultado na dita
consulta o governo é que o há de reconduzir, respondi que apesar da repugnância
que tinha a este lugar, uma vez que o Estado precisava da minha continuação, eu
estava pronto.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 19 indo a casa de Cipriano Ribeiro
Freire levar o resto dos mapas, e instruções da contribuição, que me tinham
sido pedidos, disse-me o dito Freire quando era o dia da nova eleição, respondi
depois de amanhã, disse-me que eu devia ficar pois as circunstâncias eram
bastante críticas, respondi-lhe da mesma forma que tinha dito a D. Francisco
quando me fez a mesma pergunta, e disse-lhe, eu amanhã hei de ir pedir licença
aos governadores do reino para a nova eleição como é costume, e assim também
entregar uma representação sobre o desaforo com que os franceses, e mais
indivíduos sujeitos a estados de Bonaparte, se estão armando como se fossem
nacionais, respondeu-me que era muito bem feito, e que ele havia de ir ao
governo que esperasse por ele para levar o papel para dentro.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 20 fui ao governo e quando entrou
o secretário Freire entreguei a representação n.º 70, e igualmente por ela
participar o dia da eleição, e a faculdade para a fazer, trouxe-me a resposta
quanto à eleição que se fizesse <span style="color: red;">[53]</span> com todo o
sossego, e como eu tinha mandado pedir que me determinassem, caso houvesse
alguma dúvida, a quem havia de recorrer para me decidir, disse-me que fosse ao
marquês das Minas, e a respeito da minha representação que se passavam
imediatamente as ordens para se providenciar tudo.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 21 procedi a nova eleição como é
costume e não obstante os grandes embaraços que havia nas corporações pela
recondução geral que tinha havido no ano anterior, todos os vogais da Casa me
ajudaram e se fez tudo na forma dos alvarás por onde se rege a dita Casa,
emendando as torturas que algumas corporações tinham feito no meio desta
desordem, e tudo feito com o maior sossego, ficando eleitos como se vê da
relação n.º 71.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 22 fui apresentá-los aos
governadores do reino, e às mais pessoas do costume.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 29 fiz ajuntar os deputados da
Casa para dar contas da despesa, e receita da festa de ação de graças,
mostrei-lhe documentalmente que a sua importância tinha chegado a quantia
2,576$560 reis, e tinha recebido voluntariamente dos ofícios conforme as suas
relações reais 1, 506$190, ficando por indemnizar de 1,070$370, respondeu-se-me
com o termo n.º 72.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Em o dia 31 fiz a entrega do lugar na forma
do costume, aprovando-se-me todas as minhas contas, e dando graças ao Altíssimo
de ter escapado, <span style="color: red;">[54]</span> tanto ao pesado governo
francês, como das intrigas domésticas dos partidistas, e mãos portugueses.<o:p></o:p></span></p>
<p class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: medium;">Esta fiel, verdadeira, e exata exposição
dirige-se somente a fazer patente a escrupulosidade, prudência, zelo, e medidas
que tomei, em um tempo, em que a fidelidade do trono, e o amor da pátria
exigiam a mais sisuda circunspeção, esperando e suplicando submissamente o
perdão de algum descuido certo de que, havendo-o, é só erro de entendimento e
não da vontade.</span></p><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-35892058557037611642023-05-20T10:48:00.004-07:002023-05-20T10:57:51.441-07:00Relação de oficiais nomeados para a Legião Constitucional Lusitana (Maio de 1821)<p style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTQHjghruHsupFY2OE5SFCib-rHa6YNdRxGNeLmeFAF047CW6aAQhxuVOIvmIyI7Ey1ZGkkXyroPF8M_FuxEe0_zQZ5fdQpB3DY6pC9lnFL10DY65v3De4p3NqEdPtShB38dhQVMc7324PK2Gz3rRSl1BRl2jSWI4r4Qthd_kDlGANd4mcVvQxZ97Adw/s1885/Igreja_S%C3%A3o_Francisco_01.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1067" data-original-width="1885" height="364" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiTQHjghruHsupFY2OE5SFCib-rHa6YNdRxGNeLmeFAF047CW6aAQhxuVOIvmIyI7Ey1ZGkkXyroPF8M_FuxEe0_zQZ5fdQpB3DY6pC9lnFL10DY65v3De4p3NqEdPtShB38dhQVMc7324PK2Gz3rRSl1BRl2jSWI4r4Qthd_kDlGANd4mcVvQxZ97Adw/w645-h364/Igreja_S%C3%A3o_Francisco_01.jpg" width="645" /></a></span></div><span style="font-size: large;"><br /></span><p></p><p style="text-align: center;"><span style="font-size: large;"><i>[Força expedicionária do Exército Português que atuou em Salvador, no âmbito da Guerra da Independência Brasileira]</i></span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-size: large;">N.º 107.</span></p><p><span style="font-size: large;">Secretaria do Ajudante General do Exercito em 28 de Maio de 1821.</span></p><p><span style="font-size: large;">ORDEM DO DIA.</span></p><p><span style="font-size: large;">Declara-se a Promoção seguinte.</span></p><p><span style="font-size: large;">Por Portaria de 26 do corrente.</span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><b><span style="font-size: large;">Legião Constitucional Lusitana.</span></b></p><p><span style="font-size: large;">Coronel Comandante , o Tenente Coronel do Batalhão de Caçadores n.º 9, João de Gouveia Osório.</span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><b><span style="font-size: large;">1.º Batalhão.</span></b></p><p><span style="font-size: large;">Tenente Coronel, o Major do Regimento de Infantaria n.º4 Vitorino José de Almeida Serrão.</span></p><p><span style="font-size: large;">Major, o Capitão do Regimento de infantaria n.º 16, José Joaquim de Almeida.</span></p><p><span style="font-size: large;">Ajudante com a Patente de Tenente, o Ajudante com a Patente de Alferes do Regimento de Infantaria n.º 21, José Joaquim de Queiroga.</span></p><p><span style="font-size: large;">Quartel Mestre, o Quartel Mestre do Regimento de Infantaria n.º 1, João António de Sousa.</span></p><p><span style="font-size: large;">Cirurgião Mor, o Ajudante de Cirurgia do Regimento de Infantaria n.º 24, António Fernandes Velho.</span></p><p><span style="font-size: large;">Ajudante de Cirurgia, o Ajudante de Cirurgia do Regimento de Artilharia n.º 1, Domingos José Gomes e Pinho.</span></p><p><span style="font-size: large;">Capelão, Frei António de Santo Tomás.</span></p><p><span style="font-size: large;">Capitão da 1.ª Companhia, O Tenente Ajudante do Regimento de Infantaria n.º 6 , Francisco de Panla Barros.</span></p><p><span style="font-size: large;">Capitão da 2,ª Companhia, o Tenente do Regimento de infantaria n.º 24, Francisco de Magalhães Cerveira.</span></p><p><span style="font-size: large;">Capitão da 3.ª Companhia, o Tenente do Regimento de infantaria n.º 8, Luís Veloso Boquete. Capitão da 4.ª Companhia, o Tenente do Regimento de infantaria n.º 9, João Carneiro Rangel.</span></p><p><span style="font-size: large;">Capitão da 5.ª Companhia, o Tenente do Regimento de infantaria n.º 24, Manuel António Ferreira de Aragão.</span></p><p><span style="font-size: large;">Capitão da 6.ª Companhia, o Tenente do Regimento de infantaria n.º 1, Anselmo José Mendes.</span></p><p><span style="font-size: large;">Tenentes, o Alferes do Regimento de Infantaria n.º 4, Francisco da Silva; o Alferes do Regimento de Infantaria n.º 14, Nuno Alvares de Andrade ; o Alferes do Regimento de Infantaria n.º 16, Raimundo Alves Martins; o Alferes do Regimento de Infantaria n.º 18, José Ferreira da Silva Lima; o Alferes, do Regimento de Infantaria n.º 22, Teotónio Cláudio de Melo ; e o Alferes de Infantaria com exercício de Ajudante do Regimento de Milícias de Torres Vedras, José Maria Taborda.</span></p><p><span style="font-size: large;">Alferes, o 1.º Sargento do Regimento de Infantaria n.º 4, João Pais; o 1.º Sargento do Regimento de Infantaria n.º 17, António Raimundo de Carvalho; o 1.º Sargento do Regimento de Infantaria n.º 23, Manuel Jacinto; o Cadete Porta Bandeira do Regimento de Infantaria n.º 5, António Máximo Homem; o Cadete do Regimento de Infantaria N .º 10, Domingos Rodrigues de Carvalho; e o Cadete do Regimento de Infantaria n.º 16, Manuel Spínola de Vasconcelos,</span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><b><span style="font-size: large;">2.º Batalhão.</span></b></p><p><span style="font-size: large;">Tenente Coronel, o Major do Batalhão de Caçadores n.º 2, Joaquim António de Almeida. ' ,</span></p><p><span style="font-size: large;">Major, o Capitão do Regimento de Infantaria n.º 4, Tomás Joaquim D'Ordaz.</span></p><p><span style="font-size: large;">Ajudante com a Patente de Tenente, o Alferes do Batalhão de Caçadores n.º 12, José Moreira Lopes.</span></p><p><span style="font-size: large;">Quartel Mestre, o Quartel Mestre do Batalhão de Caçadores n.º 2, Manuel Vitorino Sardinha.</span></p><p><span style="font-size: large;">Cirurgião Mor, o Ajudante de Cirurgia do Corpo da Guarda Real da Policia, Joaquim António dos Santos Teixeira.</span></p><p><span style="font-size: large;">Ajudante de Cirurgia, o Ajudante de Cirurgia do Batalhão de Caçadores n.º 2, Florindo António de Azevedo.</span></p><p><span style="font-size: large;">Capitão da 1ª Companhia, o Tenente do Regimento de Infantaria n.º 22, João Pinto Vilas Lobos. Capitão da 2.ª Companhia, o Tenente do Regimento de Infantaria n.º 17, Dinis Salustiano das Neves.</span></p><p><span style="font-size: large;">Capitão da 3.a Companhia, o Tenente do Regimento de Infantaria n.º 8, João Henriques de Paiva.</span></p><p><span style="font-size: large;">Capitão da 4.ª Companhia, o Tenente do Regimento de Infantaria n.º 6, Paulo Correia Coutinho.</span></p><p><span style="font-size: large;">Capitão da 5.ª Companhia, o Tenente do Regimento de Infantaria n.º 1, Francisco Xavier António Ferreira.</span></p><p><span style="font-size: large;">Capitão da 6.ª Companhia, o Tenente do Regimento de Infantaria n.º 4, José Maria Inocêncio.</span></p><p><span style="font-size: large;">Tenente, o Alferes do Regimento de Infantaria n.º 1, Caetano Gomes da Silva, contando a antiguidade deste posto de 18 de Dezembro de 1820.</span></p><p><span style="font-size: large;">Tenentes, os Alferes do Regimento de Infantaria n.º 16, José Manuel da Cruz, e António Manuel Barruncho; o Alferes do Regimento de infantaria n.º 17, Romão Jerónimo Cayola; e os Alferes do Regimento de Infantaria n.º 24, Roque Landeiro da Nóbrega, e Diogo Manuel Calado.</span></p><p><span style="font-size: large;">Alferes, o 1.º Sargento do Regimento de infantaria n.º 13, Carlos Vieira da Silva; o Sargento Ajudante do Regimento de Infantaria n.º 21, António Pereira de Azevedo; o 1.º Sargento do Regimento de Infantaria n.º 22, Nicolau António Vieira; o Cadete do Regimento de Infantaria n.º 14, António Joaquim da Fonseca Monteiro; o Cadete Porta Bandeira do Regimento de Infantaria n.º 16, Miguel José de Oliveira; e o Cadete do mesmo Regimento, Francisco Raimundo de Morais Sarmento.</span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-size: large;"><b>Companhia de Artilharia</b></span></p><p><span style="font-size: large;">Capitão, o 1.º Tenente do Regimento de Artilharia n.º 1, António José da Silva Leão.</span></p><p><span style="font-size: large;">Primeiro Tenente, o 2.º Tenente do Regimento de Artilharia n.º 3, José Maria Barreto.</span></p><p><span style="font-size: large;">Segundos Tenentes, os Primeiros Sargentos do Regimento de Artilharia n.º 4, Francisco de Carvalho Pinto, e Domingos Francisco de Oliveira.</span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-size: large;">* * *</span></p><p><span style="font-size: large;">N.º 124.</span></p><p><span style="font-size: large;">Secretaria do Ajudante General do Exercito em 17 de Junho de 1821.</span></p><p><span style="font-size: large;">ORDEM DO DIA.</span></p><p><span style="font-size: large;">Faz-se publico ao Exercito, que por Portaria da Regência do Reino, em Nome de El-Rei o Senhor D. João VI., datada de 14 do corrente, foi mandado contar a antiguidade a todos os Oficiais da Legião Constitucional Lusitana, de 15 de Maio próximo passado. </span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="font-size: large;"><br /></span></p><p><span style="color: #660000; font-size: large;"><i><b>Imagem</b></i></span></p><p><span style="font-size: large;">Igreja e Convento de São Francisco de Assis, Salvador, Bahia, Brasil, fotografia de Adelano Lázaro, retirada da <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Igreja_S%C3%A3o_Francisco_01.jpg" target="_blank">Wikicommons</a>.</span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-28543102729383194282022-10-01T14:30:00.000-07:002022-10-04T04:48:00.174-07:00Bem vindo ao Real Serviço<p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: xx-large;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: xx-large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMby5hzlweRVVDVeXEjEbyQXl-FsQy1xXbq6BHJIhdKOOACeb5BUGa4681yeG91asOVZKAt1I9bvqDubLGyS4RjiiBi1wkwkJfrOAhsKXsVdBUceuYxXdasQLZIfcqpvfhbkqCq8Ebw9_Y/s778/principalnoservicoreal.png" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="277" data-original-width="778" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjMby5hzlweRVVDVeXEjEbyQXl-FsQy1xXbq6BHJIhdKOOACeb5BUGa4681yeG91asOVZKAt1I9bvqDubLGyS4RjiiBi1wkwkJfrOAhsKXsVdBUceuYxXdasQLZIfcqpvfhbkqCq8Ebw9_Y/s640/principalnoservicoreal.png" width="640" /></a></span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-67669408902144946952022-08-30T00:14:00.007-07:002022-08-30T00:19:09.159-07:00Relação dos oficiais do Estado Maior e Corpo Militar de 1.ª Linha (Rio de Janeiro, 1799)<div style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjjIlm6p4xbGLboqX5S6DEukPQAn_BewFJs2SJtoR6zlTK4J0BiATJg5X3aYQzCospTQNHm-TTq0ClFwUyX3rVfBFOx2EIoMm0SRDj4xCrEth8eL-GG8MS-SXS_Lq8kCLp7Z87z4nZd48Kl41zRhMHZn3Kn3_RqNAUMs6fXif39kwPeWDJ3fj78J2w1lQ" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="608" data-original-width="368" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEjjIlm6p4xbGLboqX5S6DEukPQAn_BewFJs2SJtoR6zlTK4J0BiATJg5X3aYQzCospTQNHm-TTq0ClFwUyX3rVfBFOx2EIoMm0SRDj4xCrEth8eL-GG8MS-SXS_Lq8kCLp7Z87z4nZd48Kl41zRhMHZn3Kn3_RqNAUMs6fXif39kwPeWDJ3fj78J2w1lQ=s16000" /></a></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Pessoas que ocupam os empregos e ofícios de maior consideração e dependência nas varias repartições de administração pública desta cidade.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /><span style="color: #660000;">Vice-Rei do Estado do Brasil, o Ill.mo e Ex.mo Sr. D. <b>José de Castro, conde de Rezende</b></span>. No seu palácio<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b>Ajudante das ordens de S. Ex.</b><br />O Ill.mo e Ex. Sr. D. Luiz Benedito de Castro, conde do Rezende. Em palácio <br />0 Brigadeiro de cavalaria Gaspar José de Matos e Lucena. Rua da Ajuda. <br />O Ill.mo Sr. D. Manoel Benedito de Castro, Capitão. <br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b>Oficiais empregados na execução das ordens da sala. </b><br />O Capitão Francisco Manoel da Silva Mello. Rua da Misericórdia<br />O segundo tenente José Lopes da Costa. Junto ao Carmo.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b>Oficiais empregados na secretaria particular de S. Ex.</b><br />O tenente-coronel José de Oliveira Barbosa. Rua Direita. <br />O tenente-coronel José Constantino Lobo Botelho. Rua do Piolho.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /><b>Secretaria de Estado.</b> <br />Secretario, o coronel de milícias, Sebastião da Cunha Azevedo. À Misericórdia. <br />Oficial maior, José Pereira Leão. Praia de D. Manoel. <br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Escriturários</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">João Baptista Alvarenga. Rua do Ouvidor. <br />Manoel José de Azevedo. Rua de Mata Cavalos. <br />Domingos José Rosa. À Carioca.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> <br /><div style="text-align: center;"><b>CORPO MILITAR.</b></div><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b>Esquadrão [de Cavalaria] da Guarda de S. Ex. [o Vice Rei]</b></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b><br /></b>Sargento mor Comandante, José Botelho de Lacerda. Rua do Ouvidor.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />1.ª Companhia<br />Capitão, o Illmo. Sr. D. José Benedito de Castro. Palácio.<br />Tenente, João Fernando da Silva. Rua do Cotovelo.<br />Alferes, [...]<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">2.ª Companhia<br />Capitão, [...]<br />Tenente, Custodio da Silva Leite. Rua da Misericórdia.<br />Alferes, José Fernandes de Moura. Rua dos Ourives.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Cirurgião mor, André da Costa. Rua dos Pescadores.<br />Capelão, o Reverendo Manoel da Silva Campelo. Defronte de S. José.<br />Picador, Luiz António. Lampadosa.<br />Ferradores, António Marques. Ao quartel.<br />Francisco Pereira Correia. O mesmo.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b>Oficiais agregados à plana da Corte.</b><br />O Brigadeiro Vicente José de Velasco Molina. Com diligência em Buenos Ayres.<br />O Capitão Manoel Rodrigues Silvano. Com diligência na real fazenda de Santa Cruz.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Regimentos de linha por suas antiguidades na ordem de serviço.</span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><br /></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b><span style="color: #660000;">1.º Regimento [de Infantaria] do Rio.</span></b><br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Coronel, o tenente general Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Camara. Governador do Rio Grande.<br />Tenente Coronel, João de Barros Pereira do lago Soares de Figueiredo Sarmento. Santa Rita.<br />Sargento mor, José Joaquim de Lima e Silva. Rua do aquartelamento.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">1.ª Companhia de granadeiros<br />Capitão, António Caetano de Castro.<br />Tenente, Francisco da Costa Vianna.<br />Alferes, João Manoel da Fonseca Silva.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">2.ª Companhia.<br />Capitão, Francisco Xavier Inácio.<br />Tenente, João Manuel de Melo.<br />Alferes, José Pedro da Silva.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Companhia do Coronel, 1.ª de fuzileiros.<br />Tenente, João Manuel dos Santos.<br />Alferes, Joaquim António de Sousa.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">2.ª [Companhia] Tenente Coronel.<br />Tenente, Francisco de Mello da Gama.<br />Alferes, António Luiz Pereira.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">3.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia] </span><span style="font-family: georgia;">do Major.</span></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Tenente, José Francisco da Costa Padrão.<br />Alferes, Francisco de Lima da Silva.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">4.ª</span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"> [Companhia de Fuzileiros]</span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, [...]<br />Tenente, Joaquim da Silva de Carvalho.<br />Alferes, Amador de Lemos.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">5.ª.</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Fuzileiros]</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, o Illmo. Sr. D. Manoel Benedicto de Castro.<br />Tenente, José António da Silva Guimarães.<br />Alferes, Luiz Gomes Anjos.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">6.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Fuzileiros]</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, Francisco Xavier do Rego.<br />Tenente, Francisco António da Silva.<br />Alferes, Domingos Esteves dos Reis.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">7.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Fuzileiros]</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, Albino dos Santos Pereira.<br />Tenente, José Pedro de Magalhães.<br />Alferes, Manoel de Sousa Pires.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">8.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Fuzileiros]</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, Luiz Carlos da Costa.<br />Tenente, João Antonio Villas Boas.<br />Alferes, Francisco José Lisboa.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b>Pequeno Estado Maior.</b><br />Ajudante, Manoel António da Fonseca Costa.<br />Quartel mestre, Paulo Rodrigues Monção.<br />Capelão, o Reverendo Anacleto Pinto Gomes.<br />Cirurgião mór, Antonio Januario Passos.<br />Ajudantes do dito, Antonio Jose de Araujo.<br />Felizardo Jose de Araujo.<br />Pedro dos Santos Ventura.<br />Tambor mor, João Chrisostimo de Almeida.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Oficiais agregados a este regimento.<br />O Tenente coronel, Joaquim Xavier Curado.<br />Sargento mor, O Exmo. Sr. D. Luiz Benedito de Castro.<br />O Capitão, D. José Pedro da Camara.<br />O Capitão, Simão Lopes Velado de Larre.<br />O Quartel mestre, Tomé Bernardo da Veiga.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="color: #660000;"><b>2.º Regimento [de Infantaria] do Rio.</b></span></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="color: #660000;"><b><br /></b></span>Coronel, António Joaquim de Velasco e Molina.<br />Tenente coronel, José Thomaz Brum.<br />Sargento mor, João Pedro Duarte.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">1.ª Companhia de Granadeiros.<br />Capitão, Sebastião José do Amaral.<br />Tenente, José Álvaro Marques.<br />Alferes, António de Amorim Lima.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">2.ª Companhia de Granadeiros.<br />Capitão, Cláudio José da Silva.<br />Tenente, Teodoro Lazaro de Sá.<br />Alferes, Silvestre Manoel de Vargas.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Companhia do Coronel, 1.ª de fuzileiros.<br />Tenente, José Leite Teles.<br />Alferes, Francisco de Paula Freire.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">2.ª do tenente Coronel.<br />Tenente, Félix Teixeira da Silva.<br />Alferes, Ignacio José Gomes.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">3.ª do Major.<br />Tenente, Marcello Máximo Telles.<br />Alferes, José da Cunha Maciel.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">4.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Fuzileiros]</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, Miguel da Silva Ramos.<br />Tenente, Joaquim Guedes Quinhones.<br />Alferes, João Nunes Cordeiro.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">5.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Fuzileiros]</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, António José Castrioto.<br />Tenente, José Miguel Correia de Castro.<br />Alferes, Bento de Araújo Freitas.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">6.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Fuzileiros]</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, António Lopes de Barros.<br />Tenente, Luiz de Seixas Sotto Maior.<br />Alferes, José Diogo de Oliveira.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">7.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Fuzileiros]</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, José António de Mendonça.<br />Tenente, Feliz de Seixas Sotto Maior.<br />Alferes, Jerónimo Braz de Sampaio.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">8.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Fuzileiros]</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, [...]<br />Tenente, [...]<br />Alferes, António Carlos Correia de Lemos.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b>Pequeno Estado Maior.</b><br />Ajudante. Manoel dos Santos de Carvalho.<br />Quartel mestre, o Capitão Francisco Rodrigues Correia.<br />Capelão, o Reverendo José Vieira Lima.<br />Cirurgião mor, Luiz Caetano da Costa.<br />Ajudantes do dito, Manoel Joaquim.<br />Joaquim Sardinha.<br />Manoel Ricardo.<br />João Manoel.<br />Tambor mor, José Félix.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b>Oficiais agregados a este Regimento.</b><br />O tenente coronel, Manoel Alves do Couto Reis.<br />Ajudante, Reginaldo José da Costa.<br />O tenente, Joaquim José Burich.<br />Dito, Antonio de Moraes,<br />Dito, Caetano Leite Pereira de Mello.<br />O alferes, Simplicio Alves Coutinho.<br />Dito, Francisco José Silvano.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="color: #660000;"><b>Regimento de Artilharia.<br /></b></span><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Coronel, António Joaquim de Oliveira.<br />Tenente coronel, José de Oliveira Barbosa.<br />Sargento mor, Joaquim Gomes de Campos.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Companhia de Bombeiros.<br />Capitão, [...]<br />1.º tenente, António Duarte Nunes.<br />2.º tenente, José Gomes da Fonseca.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Companhia de Mineiros.<br />Capitão, Manoel Francisco dos Santos.<br />1.º tenente, Bernardo Henriques de Miranda.<br />2.º tenente, José Custodio de Almeida Bessa.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Companhia de artífices.<br />Capitão, Lourenço Caetano da Silva.<br />1.º tenente, João Cosme Damião.<br />2.º tenente, Francisco de Paula Cardoso.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">2.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Artilheiros]</span><span style="font-family: georgia;"> do Tenente Coronel.</span></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">1.º tenente, Joaquim do Vale Silva.<br />2.º tenente, Manoel Borges do Nascimento.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">3.ª </span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Artilheiros] </span><span style="font-family: georgia;">do Major.</span></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">1.º tenente, Elesbão José da Silva.<br />2.º tenente,<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">4.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Artilheiros]</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, José dos Reis e Oliveira.<br />1.º tenente, Francisco de Macedo.<br />2.º tenente, José Lopes da Costa.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">5.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Artilheiros]</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, António de Sousa Sepúlveda.<br />1.º tenente, João Pacheco Lourenço de Castro.<br />2.º tenente, Miguel de Oliveira.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">6.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Artilheiros]</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, Anastácio Correia Vasques.<br />1.º tenente, António José Pinto da Cunha.<br />2.º tenente, Miguel dos Santos Maia.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">7.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Artilheiros]</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br />Capitão, Francisco Manoel da Silva e Mello.<br />1.º tenente, Francisco Rodrigues da Silva.<br />2.º tenente, [...]<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b>Pequeno Estado maior.<br /></b>Ajudante, o Capitão João José Nunes Carneiro.<br />Quartel mestre, Manoel Coelho Saldanha.<br />Capelão, o Reverendo António Ferreira de Andrade.<br />Cirurgião mor, Thomaz Gomes de Gouveia.<br />Ajudante do dito, Joaquim José da Costa.<br />Francisco Bonifácio da Fonseca.<br />João José da Silva Xarém.<br />Manoel Luiz de Santa Ana.<br />Tambor mor, Francisco Borges.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b>Oficiais agregados a este Regimento.<br /></b>O Tenente, Francisco de Oliveira Cunha.<br />O 2.º Tenente, João Vieira Xavier Lopes.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="color: #660000;"><b>3.º Regimento [de Infantaria] do Rio.</b></span><br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Coronel, Camilo Maria Toncelet.<br />Tenente coronel, João Alberto de Miranda.<br />Sargento mor, Vicente Ferreira Portugal de Vasconcelos.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">1.ª Companhia de Granadeiros.<br />Capitão, Francisco de Gama Lobo Coelho.<br />Tenente, João Bernardo Coimbra.<br />Alferes, Ildefonso Rodrigues do Prado.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">2.ª Companhia de Granadeiros.<br />Capitão, Miguel José Barradas.<br />Tenente, Silverio Dias de Campos.<br />Alferes, José Rodrigues Janeiro.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Companhia do Coronel, 1.ª de fuzileiros.<br />Tenente, [...]<br />Alferes, Filipe de S. Tiago Vieira.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">2.ª [Companhia de Fuzileiros] do tenente Coronel.<br />Tenente, António José da Silva<br />Alferes, [...]<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">3.ª</span><span style="font-size: large;"><span style="font-family: georgia;"> </span><span style="font-family: georgia;">[Companhia de Fuzileiros]</span><span style="font-family: georgia;"> do Major.</span></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Tenente, Francisco Pereira de Castro e Mello.<br />Alferes, Luiz Manoel da Silva Pais.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">4.ª Companhia.<br />Capitão, Aureliano de Sousa e Oliveira.<br />Tenente, Jacinto de Mello.<br />Alferes, José Joaquim da Cunha Azeredo.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">5.ª Companhia.<br />Capitão, António João Torres.<br />Tenente, [...]<br />Alferes, [...]<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">6.ª Companhia.<br />Capitão, Silvestre Correia de Mesquita.<br />Tenente, [...]<br />Alferes, Bartolomeu Rodrigues Garcia.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">7.ª Companhia.<br />Capitão, José Joaquim da Silva.<br />Tenente, Manoel da Costa Freitas Freire.<br />Alferes, Luiz Gomes da Cruz.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">8.ª Companhia.<br />Capitão, Henrique de Mello.<br />Tenente, António da Costa Barros.<br />Alferes, João Gomes Correia.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b>Pequeno Estado maior.</b><br />Ajudante. João Ferreira da Rocha.<br />Quartel mestre, Joaquim Gomes Ataíde.<br />Capelão, o Reverendo Manoel Gomes dos Santos.<br />Cirurgião mor, Patrício José da Cunha.<br />Ajudantes do dito, Simão José de Araújo.<br />Francisco José de Araújo.<br />Manoel de Oliveira Candelária.<br />Agostinho Francisco Barbosa.<br />Tambor mor, Bartolomeu José Marques.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b>Oficiais agregados a este regimento.</b><br />O Sargento mor, Luiz Sotero da Costa.<br />O Capitão, José Nunes Ferreira.<br />O Tenente, Miguel Pires de Sousa.<br /><br /></span></div><div style="text-align: left;"><div style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">* * *</span></div><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b><span style="color: #660000;"><i>Fonte</i></span></b><br />Revista do IHGB, Tomo XXI, 1858, Rio de Janeiro, Tipografia Brasiliense, pp. 70-80 [com adaptações]</span></div>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-39365459657835283312021-09-27T14:06:00.009-07:002021-09-27T14:07:21.983-07:00Diário Justificativo de Lazare-Marie-Bernard de Grosson de Truc<p style="text-align: center;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgM-pvlQ90ucskPNjUhe34DSsIQrab2YcWLMWny7z3x1eE9acy_6nk-bag4RWvUrpS6x9k-vjB_JQT2otPU_tg9P2v4fVHrw3qZeC_EpUI6wBZl_ubeNq9u6ZG9FjxMDw9hAjY_uXLhquUH/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="434" data-original-width="665" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgM-pvlQ90ucskPNjUhe34DSsIQrab2YcWLMWny7z3x1eE9acy_6nk-bag4RWvUrpS6x9k-vjB_JQT2otPU_tg9P2v4fVHrw3qZeC_EpUI6wBZl_ubeNq9u6ZG9FjxMDw9hAjY_uXLhquUH/s16000/marseille.png" /></a></div><br /><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #660000; font-family: georgia; font-size: large;"><i>GROSSON DE TRUC</i></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="white-space: pre;"> </span>O capitão de infantaria Lazare-Marie-Bernard de Grosson de Truc (nomes próprios grafados em português como Lázaro Maria Bernardo) nasceu em 1761 em Marselha, no seio da pequena nobreza da cidade, filho de Jean Batiste Bernard Grosson de Truc. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="white-space: pre;"> </span>É bastante provável que tenha estudado direito, mas o que é certo é que, por sua própria admissão, deixou a França em 1792 e se alistou no Roll's Regiment, entre 1794 e 1797, um regimento britânico inicialmente formado por suíços, mas também logo depois, por emigrados franceses. A unidade atuou principalmente no teatro mediterrânico, entre Nápoles e Sardenha. Foi com este regimento que aportou a Lisboa, em maio de 1797, passando à disponibilidade e ficando em Portugal.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="white-space: pre;"> </span>Se não é certo o que fez entre 1797 e 1801, sabemos que foi promovido a ajudante de infantaria da Guarda Real de Polícia (GRP), de Lisboa.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="white-space: pre;"> </span>Em junho de 1806, passa a capitão efetivo (era agregado desde data incerta, mas possivelmente novembro de 1805), e recebe o comando da 3.ª companhia de infantaria da GRP, que era responsável pela área em torno da praça da Figueira, na baixa de Lisboa.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="white-space: pre;"> </span>Em 16 de agosto do ano seguinte, passa ao Regimento de Infantaria n.º 7, de Cascais, no mesmo posto. Pouco mais de 2 meses depois, a corte e o governo real transferem-se de armas e bagagens para o Brasil e, meros dias depois, os franceses entram em Lisboa.</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">* * *</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="white-space: pre;"> </span>Grosson de Truc é preso em Lisboa, a 26 de setembro de 1808, por membros da GRP, com o apoio de soldados espanhóis, ficando preso no Aljube (?) e depois transferido (Trafaria) para a fortaleza de Cascais, com ordem iminente de transporte para França. É principalmente neste período que o autor se foca, pela natureza dos documentos, permitindo-nos a nós uma perspetiva privilegiada de um ator da pequena cena histórica, uma engrenagem mínima do complexo sistema geral.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #660000; font-family: georgia; font-size: large;"><i>MANUSCRITO</i></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="white-space: pre;"> </span>Este texto é um texto jurídico, próprio do autor, que além de oficial do Exército, teria formação de leis, tendo exercido após 1815. Oferece, no entanto, também pela sua natureza, elementos memorialistas na perspetiva de um emigré ao serviço do Príncipe Regente entre vésperas da invasão franco-espanhola de 1807 até os dias finais de 1809, preso em Cascais e expetante de ter que sair do país. [VERIFICA Luz].</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="white-space: pre;"> </span>Encontrei este manuscrito digitalizado de documentos na guarda do Arquivo Histórico de Itamaraty, com a cota COTA. Foi dirigida a alguém que o pudesse apoiar e patrocinar no Rio de Janeiro.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="white-space: pre;"> </span>No Arquivo Histórico Militar, temos a indicação dada no livro mestre de Infantaria n.º 7, que o oficial passou ao serviço francês a 20 de Fevereiro de 1808, a mesma data do desmantelamento do Exército Português. </span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">* * *</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="white-space: pre;"> </span>Grosson de Truc nega sempre a sua culpa, requerimento atrás de requerimento, às dezenas, e o seu comportamento posterior decerto indica um desprezo pelo regime de Napoleão, pois em 1815 é capitão do estado maior do novo governador da Córsega e, nome do rei Luís XVIII. É notado nessa ocasião por ser muito desajeitado – principalmente com a espada a interferir na normal mobilidade, e desabituado do uniforme, e com alguns 60 anos de idade (teria 53 anos, mas vai dar ao mesmo, quando o que queremos é mostrar que tem idade a mais para o posto).</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><span style="white-space: pre;"> </span>Ter-se-á reformado como chefe de batalhão no exército francês da restauração.</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">* * *</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">DIARIO JUSTIFICATIVO</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em consequencia da ordem do 7.mo Regimento d'Inf.ª do dia 27 de Nov.bro de 1807, sobre outra do General Gomes Freire, em execução daquella por elle recebida da Secretaria de Estado, a qual posso (…), fui hum dos officiaes que se offerecerão e persistirão na offerta, p.a acompanhar a S.A.R. por onde fosse; e posso mostrar a Relação.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Tres embarcações devião ser aprontadas em Setubal, em 3 outros dias conforme o ajuste do corregedor com o General Gomes Freire. Ao termo prefixo, o d.to General annunciou q.e não havia embarcação. Deixo de falar da fala que fez à tropa, na mesma tarde do dia 27, e em consequencia daqual, muitos mudarão de resolução.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em todas as relações seguintes, dadas no regimento, o meo nome vai no numero daquelles officiaes q.e recusavão de continuar o serviço militar com o governo francez.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">[1808]</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 31 de janeiro de 1808, alcancei licença do d.to General p.a ir para Lisboa sollicitar o mesmo.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Persisti nestes sentimentos por requerimentos de 21 e 28 de Fevereiro, e de 8 de Junho, juntando certidão de cirurgião: e fui finalmente apontado pelo Inspector geral D. Thomas de Noronha, p.a ser reformado com as m.as onras, sem soldo; o que não teve effeito, pelos acontecimentos que seguirão.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Entretanto de 10 de Março até 7 de Abril, fui mandado em diligencia no Algarve, por ordem do g.al Gomes Freire, na qual a minha conduta está bem conhecida de todos aquelles com quem tive de tratar, e principalmente pelo Ex.mo Marquez Monteiro Mor, e pelos RR. Arcediagos Leitão (…), em Faro.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Voltei p.a Lisboa em 26 de Abril, p.a continuar as muitas sollicitações, para excusar-me do serviço.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Hé no mez de Maio que principiárão as minhas maiores desgraças que fazem a assunção de huma justificação separada.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 16 de Julho, os officiaes do regimento que se não derão prontos, tiverão licença para recolher nas suas casas, da qual aproveitei, continuando a vencer soldo que todos cobrarão até Setembro (e eu só até Junho) sendo-lhes depois pago todo o attrazado desde a sahida dos francezes, mesmo a aquelles officiaes que quizerão continuar // continuar com elles, e forão apontados.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 14 de Agosto, e 7 de Setembro, fiz officio ao meo Brigadeiro chefe do Regimento, para me offerecer para o serviço de S. A. R. cada vez que o corpo a se reunir; do que lhe supliquei me avisasse logo.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 11[?] de Setembro me apresentei ao General Hope, p.a o mesmo fim.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 15 tendo sido insultado pelo povo, e gravemente ferido, fiz officio ao mesmo, p.a o mesmo fim. Em 18 ao Major-general Beresford, e em 22 ao General Dalrymple.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 27, a minha casa foi attacada à mão armada, por algu~s individuos de Guarda Real da policia, e soldados Espanhoes, e me tirarão varios objectos. Isto se praticou na minha ausencia, e sem ordem superior.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 28, participei o succedido ao Ajudante do Intendente geral da Policia a quem ele deome communicação da carta, o que não foi com tudo sufficiente para embaraçar que eu fosse prezo em 29, n'huma casa particular aonde passava a noite, por huma escolta da mesma Guarda auxiliada de bastantes soldados Espanhoes e povo em tumulto, a pezar de não exhinir ordem p.a assim o fazer, e ser investido da m.a farda e distinctivos, e requerer de ser apresentado ao S.or General. Assim fui conduzido das 8 horas da tarde, até 1 hora da madrugada, à presença do novo Commandante da d.ta Guarda, na sua casa insultado e ameaçado por soldados de ambos os corpos, e por dois cadetes que depois soube serem sobrinhos do mesmo Commandante; em perigo das bayonetas espanholas apontadas sobre o meo peito: Mandado depois à presença do Intendente que não me deou audiencia, e remettido para a cadeia da cidade, à sua ordem, quando agora vasa pedia selo à do S.or General das armas, meo juiz natural.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">No dia 8 de Outubro, o d.to Intendente mandou o seu Ajudante a receber de mim huma declaração a respeito porque modo me achava neste reino. Detalhei nesta toda a minha vida desde a minha chegada em 20 de Junho de 1797; os empregos e postos que tenho seguido, a m.a conduta neste resolução. Me refiro à d.ta declaração, p.a todas as maiores clarezas que se entenderem de mim, assim como aos officios , memorial, rol de testemunhas e relação de serviços que dirigi na mesma datta (…/....) d.to Ajudante, para serem juntos à Declaração.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O Intendente deou conta ao Governo e não duvidou em fazer-me assegurar publicam.te por varias vezes, que a conta estava favoravel, tendo // tendo remettido todos os meos papeis.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 5, 9, 25 e 32 de Outubro fiz constar da minha prisão e impedimento ao meo Chefe, remettendo p.a o Regimento a certidão de prezo; dando me pronto logo que fosse em liberdade. Me foi respondido por officios de ? E 6 de 9.bro devia apresentar-me pessoalmente e mostrar-me livre por sentença a Conselho de Guerra, p.a ser admittido, o que não podia ser sem aqueles requisitos conforme as ordens circulares, à respeito dos officiaes indiciados e pertencentes aos varios regimentos.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Na datta de 6 d'Outubro requeri tãobem ao Governo ao fim que (…) constar ao meo regimento, e não me prejudicassea d.ta prizão, por não haver crime. Repeti o mesmo requerimento em 20.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 22, entre os varios desgostos e insultos que tenho tido que dissimular no meo cativeiro, conto que me foi apresentada por hum Cap.m Barret ao serviço inglez, huma portaria da Intendencia para que eu fosse remettido p.a ir servir em soldado à S. M. Britânica, ou nas tropas espanholas, e o meo nome se viou confundido com aquelle de varios sujeitos sem nascimento, nem qualidade, e da ultima plebe.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Representei por officio de 22, dirigido ao Ajudante da Intendencia, declarando porem ser pronto p.a servir aó à S. A. R. em qualquer parte que me determinasse: Foi antão a portaria revogada e deou-se outra sem que o meo nome figurasse tão impropriamente nesta.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Sobre o meo requerimento do mesmo dia, tanto à Intendencia, como ao General das armas, para ser remettido com a culpa, ao meo regim.to a fim de satisfazer ao Decreto de 30 de Setembro, e ser remettido a Conselho de Guerra justificativo, sahirão despaxos de 25 e 29, p.a requerer immeditamente a S. A. R.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 16 de Nov.bro fiz novo requerimento a S. A. R., pedindo copia da m.a declaração de 2 de Outubro, e de ser remettido em conselho de guerra regimental, aliás solto como innocente; e por interim me fosse dado o meo semio soldo na forma da lei de 23 de Abril de 1790.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">[1809]</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Por requerimentos de 6 e 28 de Fev.ro de 1809, tornei a pedir a S. A. R. o conselho de guerra ou de ser remettido à Commisão de inconfidencia, requerendo novamente o meo/meio soldo, ou os necessarios e usitados [?] socorros p.a o meu sustento. Igoalmente pelo segundo, para ser naturalisado, o que tãobem requeri em 2? de Março ao Dez.or Leite: bem que conforme as ordenações, bastasse justificar da m.a residencia de 10 annos, para ser naturalisado pela lei, e me fazer reconhecer vassalo de S. A. R.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Logo que // Logo que chegou à minha noticia o Edital da policia, da mesam data de 6 de Fev.ro, requeri à Intendencia em 9 para ter attestação de innocente, e pssar como tal p.a Caparica, a fim de me livrar da odiosa prisão na qual gemia no meio de criminosos; e tomar as providencias q.e me fossem convenientes. A dita passagem me foi concedida e se fez em 4 de Março.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 31, fez-se intimação p.a sahirmos do reino, dentro de 15 dias de baixo de penas de prizão, e não querendo ir para França me dirigi ao Almirante inglez que me concedeo passagem para Londres de baixo da condição de ter passaporte do Ministro da sua corte em Lisboa. Em 4 de Abril requeri o d.to passaporte que não houve meio de alcançar, negando-se a todos em geral.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 16 do d.to mez fomos avisados à noite, com hum pretexto vão de no acharmos no dia 17 antes das 6 horas da madrugada à revista no Porto Brandão. Aqui fomos cercados pela tropa e sem nos consentir de irmos buscar as nossas bagagens (se não depois de m.tos rogos, a alguñs de as mandar vir) fomos violentamente embarcados p.a Paço d'Arcos. Este acto violento foi praticado por hum Tenente João Maldonado do 4.º Regimento de Inf.a e hum official de justiça do Juiz de fora de Almada, auxiliados por hum cadete sargento do Reg.mto 19 Inf.a, chamado Joaquim . . . . . . a quem agora se mandou dar bauxa. Este cadete praticou comigo os maiores insultos publicos, não só por palavras, mas ainda até a se atreverde querer me fazer retardar de embarcar, com a sua bengala. Escandalisado, recorri ao Tenente que chegou a dar a sua aprovação a estes desatinos. O official que mandava na Trafaria, tinha porem tido a politica contraria de deixar a cada hum do seo districto, a liberdade de ir buscar o fatto: e o Cap.m Tavares usou tãobem de toda a politica p.a com todos.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Passámos a noite no rio, com hum temporal forte, e em 18, chegámos a Paço-darcos e Cascaes, onde fomos aquartelados no forte de N.a S.ra da Luz. Privado assim de toda a m.a bagagem, vi me reduzido a pasar até sem cama, e sem outra roupa senão aquella que levava vestida. Fiz todas as diligencias; às quaes concorrerão o Cap.m Tavares e o juiz de fora de Cascaes, porem não cheguei a recebela, senão em 30 d'Abril, […] m.to gasta, e achando os meus botins [?] arrombados; e roubado por mais de 20 moedas de roupa […]. Dei a relação do roubo ao d.to juiz: fiz constar do arrombamento pelos officiaes de justiça: requeri inquirição e averiguação em Almada protestando // protestando contra o Tenente e official de justiça, das perdas e damnos causados por sua culpa e despotismo: nada pude descobrir.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 20 de Abril, havendo segunda intimação, requeri a S. A: R. para ser remettido para Inglaterra, e não p.a França, dando os meos motivos.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 24, em razão de huma grave molestia que fiz, e me tem durado por dois mezes e meio, por insinuação do Medico, e vendo que com facilidade se dava a homenagem, mesmo a individuos de condição ordinarias e sem privilegio, requeri de balde, a d.ta homenagem à Intendencia; o que me determinou a fazer igual requerimento em 8 de Junho a S. A. R. juntando certidão do Medico repeti o mesmo em 27, ao Intendente, tãobem com certidão. Este foi despachado a requerer *a Regencia.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">EM 7 d'Agosto, requerimento à Intendencia, para ter attestação como não havia crime contra mim, e só motivo politico na minha detenção, declarando que era ao fim de alcançar passaporte do Ministro Britânico: e despacho de 11 foi que não tinha lugar.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">EM 28 d'Outubro requerimento a S. A. R. para pedir o meio soldo, e ser aggregado nas Ilhas, ou mandado para Londres; o qual dirigi por tres vias differentes, das quaes aos dois Secretarios d'Estado do Governo.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">No mesmo dia, à occasião da revista de inspeição feita em Cascaes para conhecer os militares capazes daquella guarnição, dirigi hum officio e Memorial ao Ex.mo Marechal-general Wellington.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">No dia 25 de Nov.bro por motivo da terceira intimação para sermos prontos a embarcar para França, sobre hum transporte que dáva o Almirante inglez, fiz outro requerimento a S. A. R. e ao dito Almirante p.a não ser transportado para a d.ta terra; representando os meos justos motivos e os meos sentimentos: Este he o nono ao Governo que tera ficado sem despaxo.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Em 4 de Dezembro, fomos avizados , para embarcar em 6.</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">*</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Assim me acho privado do recurso da deffeza que todas as leis naturaes, civis, e politicas dão ao citadão para non ver a sua onra manchada. M.tos portuguezes gozárão delle, e eu não, por ter nascido // nascido francez, achando-me porem nas circunstancias favoraveis do Decreto de 22 de 8.bro de 1808.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Assim por esta sorte de condescendencia com as preocupações populares que se sabe me perseguem há tanto tempo, se me tem feito suspeito ao Governo Britanico, de tal sorte que me supoem criminoso por não mostrar a minha justificação; e não só este me tem negado até aqui os passaportes, mas ainda me tem tirado a minha unica ressurção, as modicas mezadas de que gozava havia 15 anos passados, por causa de serviços civis e militares feitos a aquella Potencias, os quaes me tinhão merecido a confiança e a proteição dos seos Ministros em Corsica e Lisboa, como posso provar.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Tenho mesmo perdido o atrazado das mezadas, por falta de zelo do meo sollicitador, e por intriga, porque o General e o Almirante inglezes tornarão, na sua costumada justiça a admittir as mezadas, e empregado, ao Cirurgião Anicel [?] que o tinha sido peloa francezes, provando que tinha sido chamado, à João Cezar filho preso tinha sido civilmente no mesmo exercito, e concedendo o atrazado à irmã deste a qual cazou com hu~official do mesmo.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Não tenho deixado de representar e de sollicitar de todos os modos a este respeito as autoridades e Agentes Britanicos, e mesmo ao Ministerio em 6 e 14 de 8.bro, 2 e 10 de 9.bro 1808, 6 de Janeiro, e 22 d'8.bro de 1809. A impressão he m.to forte e sem apparecer justificado não posso esperar nada, para me ser restituido este onrozo beneficio de S. M. Britanica, e ver-me livre de novo perigo.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">A minha situação à entrada dos francezes foi esta: o Real Erario ficára me devendo a quantia de 302$400 […] que na conformidade dos Avizos Regios de 8 de Julho de 1801, e 4 de Fevereiro de 1803, devia eu receber sobre as despezas extraordinarias da Guara real da policia, de 1803 até 20 de 7.bro de 1806 que entrei no exercicio de Capitão; à execução dos quaes Avizos se opunha havia tempo, o Ex.mo Presidente do Real Erario Luiz de Vasconcellos. A quantia de 120$000 para os meos soldos atrazados de Julho até Nov.bro de 1807. A de 30$000 das mezadas que recebia do bolsinho de S. A. R. de Serembro ate Dez.bro de 1807. E se me devia a quantia de 43$850 dos soccorros inglezes de 1.º de Janeiro até maio de 1807. Por total de 4.96$250. Não falo de todos os atrazados e perdas que seguirão até o dia da minha prizão; de sorte que fiquei em total necessidade, e obrigado a me valer para o meo sustento, dos meos am.os. Bem se sabe que não tinha outros meios, não so para subsestir, mas ainda para // para assistir à minha Mai e a minha Irmã pobres na m.a funesta terra natal, e em consideração das quaes S. A. R. me tinha concedido a mezada do bolsinho.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Forte de Cascaes em 23 de Dez.bro de 1809</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><b><i>Laz.o M.a B.do de Grosson de Truc</i></b></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">P. S. Hoje 24 do dito, pelo Juiz de fora de Cascaes se tem communicado aos francezes detidos no Forte, a Relação dos que conforme às ordens de S. A. R. deverão embarcar p.a França: e devo graças a D.s de me não achar neste numero, e pela justiça que nisso alcanço do Governo que finalmente não me tem reputado por – suspeito. Quera D.a permittir que inteiramente sejão reconhecidos os meus sentimentos e que triumpha totalmente dos meus inimigos. </span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">G. de Truc</span></p><span style="font-family: georgia; font-size: medium;"></span><p></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-17635690467063970812020-12-17T12:30:00.001-08:002020-12-17T12:31:35.220-08:00Excerpt: Bartholomew Português, pirate<p style="text-align: center;"> </p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3BPbaGpyzFTll8ethCYKlYNlXWSXVMvczUAd5RzRV_vvHvyKE9wkJDyB_8naT9VTO-Zwzppf2cHRby1wfrFVPuOfeQtJmByc4hbROSDmh88-y6gfLn4PoV44NVM40JOGUv3sHyu1tjnYs/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="406" data-original-width="804" height="323" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj3BPbaGpyzFTll8ethCYKlYNlXWSXVMvczUAd5RzRV_vvHvyKE9wkJDyB_8naT9VTO-Zwzppf2cHRby1wfrFVPuOfeQtJmByc4hbROSDmh88-y6gfLn4PoV44NVM40JOGUv3sHyu1tjnYs/w640-h323/bartolomeuport.jpg" width="640" /></a></div><br /></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">«Another bold attempt like this, nor less remarkable, I shall also give you. A certain pirate of Portugal, thence called Bartholomew Portugues, was cruising in a boat of thirty men and four small guns from Jamaica, upon the Cape de Corriente, in Cuba, where he met a great ship from Maracaibo and Carthagena, bound for the Havana, well provided with twenty great guns and seventy men, passengers and mariners; this ship he presently assaulted, which they on board as resolutely defended. The pirate escaping the first encounter, resolved to attack her more vigorously than before, seeing he had yet suffered no great damage: this he performed with so much resolution, that at last, after a long and dangerous fight, he became master of it. The Portuguese lost only ten men, and had four wounded; so that he had still remaining twenty fighting men, whereas the Spaniards had double the number. Having possessed themselves of the ship, the wind being contrary to return to Jamaica, they resolved to steer to Cape St. Anthony, (which lies west of Cuba,) there to repair and take in fresh water, of which they were then in great want.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Being very near the cape above said, they unexpectedly met with three great ships coming from New Spain, and bound for the Havana; by these, not being able to escape, they were easily retaken, both ship and pirates, and all made prisoners, and stripped of all the riches they had taken but just before. The cargo consisted in one hundred and twenty thousand weight of cocoa nuts, the chief ingredient of chocolate, and seventy thousand pieces of eight. Two days after this misfortune, there arose a great storm, which separated the ships from one another. The great vessel, where the pirates were, arrived at Campeachy, where many considerable merchants came and saluted the captain; these presently knew the Portuguese pirate, being infamous for the many insolencies, robberies, and murders he had committed on their coast; which they kept fresh in their memory.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">The next day after their arrival, the magistrates of the city sent to demand the prisoners from on board the ship, in order to punish them according to their deserts; but fearing the captain of the pirates should make his escape, (as he had formerly done, being their prisoner once before,) they judged it safer to leave him guarded on shipboard for the present, while they erected a gibbet to hang him on the next day, without any other process than to lead him from the ship to his punishment; the rumor of which was presently brought to Bartholomew Portugues, whereby he sought all possible means to escape that night. With this design he took two earthen jars, wherein the Spaniards carry wine from Spain to the West Indies, and stopped them very well, intending to use them for swimming, as those unskilled in that art do corks or empty bladders. Having made this necessary preparation, he waited when all should be asleep; but not being able to escape his sentinel's vigilance, // he stabbed him with a knife he had secretly purchased, and then threw himself into the sea with the earthern jars before mentioned; by the help of which, though he never learned to swim, he reached the shore, and immediately took to the woods, where he hid himself for three days, not daring to appear, eating no other food than wild herbs.</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVQPHdaPJ1ZwHofViVRX-TIq97KV-FuqL4eZ-UiL7rEZy7gMKujLxhQ1tX_XQq9hGEcYf_N0R-ynhelL4Y7AV0jXWE5ayzEQCBI7DAec2k9m0YcN2bYP6R1oSK5CHG_1u9XdS8-OZV5pvL/" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="641" data-original-width="386" height="452" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVQPHdaPJ1ZwHofViVRX-TIq97KV-FuqL4eZ-UiL7rEZy7gMKujLxhQ1tX_XQq9hGEcYf_N0R-ynhelL4Y7AV0jXWE5ayzEQCBI7DAec2k9m0YcN2bYP6R1oSK5CHG_1u9XdS8-OZV5pvL/w273-h452/bartolomeu_portugues.jpg" width="273" /></a></span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Those of the city next day made diligent search for him in the woods, where they concluded him to be. This strict inquiry Portugues saw from the hollow of a tree, wherein he lay hid; and upon their return he made the best of his way to Del Golpho Triste, forty leagues from Campeachy, where he arrived within a fortnight after his escape; during which time, as also afterwards, he endured extreme hunger and thirst, having no other provision with him than a small calabaca with a little water, besides the fears of falling again into the hands of the Spaniards. He ate nothing but a few shell fish, which he found among the rocks near the sea-shore; and being obliged to pass some rivers, not knowing well how to swim, he found at last an old board, which the waves had driven ashore, wherein were a few great nails; these he took, and with no small labor whetted on a stone, till he had made them like knives, though not so well; with these, and nothing else, he cut down some branches of trees, which with twigs and osiers he joined together, and made as well as he could a boat to waft him over the rivers. Thus arriving at the Cape of Golpho Triste, as was said, he found a vessel of pirates, comrades of his own, lately come from Jamaica.</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhty5Snti_JBrVhD0lvE0O47CyQ0s0BJxkY37AslBAhTUZQVOP2vQ0bQvWCV5rYMaWLgUs11MctFAkOJvl6W3a2EGlA5SXWUrCGcIvDTTIySlpiec55D7Y0LwiisAeA3LYrrtl5HXyfY0cD/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="1102" data-original-width="800" height="728" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhty5Snti_JBrVhD0lvE0O47CyQ0s0BJxkY37AslBAhTUZQVOP2vQ0bQvWCV5rYMaWLgUs11MctFAkOJvl6W3a2EGlA5SXWUrCGcIvDTTIySlpiec55D7Y0LwiisAeA3LYrrtl5HXyfY0cD/w527-h728/800px-The_Buccaneers_of_America_7.jpg" width="527" /></a></span></div><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">To these he related all his adversities and misfortunes, and withal desired they would fit him with a boat and twenty men, with which company alone he promised to return to Campeachy, and assault the ship that was in the river, by which he had been taken fourteen days before. They presently granted his request, and equipped him a boat accordingly. With this small company he set out to execute his design, which he bravely performed eight days after he left Golpho Triste; for being arrived at Campeachy, with an undaunted courage, and without any noise, he assaulted the said ship. Those on board thought it was a boat from land that came to bring contraband goods, and so were in no posture of defence; which opportunity the pirates laying hold of, assaulted them so resolutely, that in a little time they compelled the Spaniards to surrender.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Being masters of the ship, they immediately weighed anchor and set sail from the port, lest they should be pursued by othet vessels. This they did with the utmost joy, seeing themselves possessors of so brave a ship; especially Portugues, who by a second turn of fortune was become rich and powerful again, who was so lately in that same vessel a prisoner, condemned to be hanged: with this purchase he designed greater things, which he might have done, since there remained in the vessel so great a quantity of rich merchandise, though the plate had been sent to the city. But while he was making his voyage to Jamaica, near the Isle of Pinos, on the south of Cuba, a terrible storm arose, which drove against the Jardines Rocks, where she was lost ; but Portugues with his companions escaped in a canoe, in which he arrived at Jamaica, where it was not long ere he went on new adventures, but was never fortunate after.»</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">The history of the Buccaneers of America; by Exquemelin, A. O. (Alexandre Olivier); Ringrose, Basil, d. 1686; Raveneau de Lussan; Mountauban, de, 1650?-1700; Perkins, Oliver L</span></p><p style="text-align: center;"></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Online: <a href="https://archive.org/details/historybuccanee02perkgoog" target="_blank">https://archive.org/details/historybuccanee02perkgoog</a></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-28190827278779592302020-10-06T13:08:00.003-07:002021-04-12T04:30:10.075-07:00Memórias de António Ribeiro da Fonseca Relativas ao Período entre 1828 e 1834 (excerto)<p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKbaMCruzc2Gin33JjZMMPyPOiayK9q2wlxeLCDLK_YEVsIFUl9ZVc0J8_xnK_PnrEzf6qbgt7dCTdXDEUYK9KYyEjMPN6Ftkl-9rR7gmR4qZsHLDN4P6OIdXIheSojKYscxT5y_osl9qt/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="657" data-original-width="1200" height="337" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgKbaMCruzc2Gin33JjZMMPyPOiayK9q2wlxeLCDLK_YEVsIFUl9ZVc0J8_xnK_PnrEzf6qbgt7dCTdXDEUYK9KYyEjMPN6Ftkl-9rR7gmR4qZsHLDN4P6OIdXIheSojKYscxT5y_osl9qt/w614-h337/Porta_Fortifica%25C3%25A7%25C3%25A3o_Almeida.jpg" width="614" /></a></span></div></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">«[…] Assentando porem praça voluntariamente no 1.º de Janeiro de 1826, em pouco tempo fui promovido a cabo d'esquadra, por concurso num exame vago em arithemetica ; em novembro do mesmo ano marchei para a campanha, recolhi ao meu regimento, artilheria n.º 4, em 1827; matriculei-me no primeiro ano mathematico, n'aquelle mesmo anno; e, em principios de 1828 fui promovido a furriel.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Até aqui parece que a sorte me sorria, chegou porem o dia 29 de abril d'aquelle mesmo anno, segundo anníversario da Carta Constitucional, e em logar de uma parada geral para solemnisar aquelle dia, o general <span style="color: #660000;">Gabriel Antonio Franco de Castro</span>, governador das armas do Porto, ordenou que os corpos da guarnição da cidade, ficassem retidos nos quartéis, á excepção da guarda real de policia, que juntamente com a ralé, espalhada pelas ruas da cidade, aclamaram o Sr. D. <span style="color: #660000;">Miguel</span>, rei absoluto, insultando ao mesmo tempo os liberaes que encontravam.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Ao toque de recolher do mesmo dia, a minha companhia, seguida das outras companhias, e infanteria 18, todos aquartelados no mesmo quartel, saimos para a parada, ainda que sem os nossos officiaes, fizemos uma manifestação armada dos nossos sentimentos, dando vivas a EI-Rei o Senhor D. <span style="color: #660000;">Pedro IV</span>, e á Carta, Constitucional; apparecendo porem os officiaes do meu. regimento, e de infanteria 18, trataram de conter o nosso enthusiasmo, mandando-nos recolher á caserna.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Na verdade, os officiaes dos dois corpos eram liberaes, todavia contiveram os seus subordinados de todas as vezes que saíram para a parada armados, e com a mesma manifestação. Eu sabia que cavallaria 12, caçadores 11, e um batalhão de infanteria 12, resto da guarnição da cidade, tinham promettido annuír ao nosso grito, mas infelizmente nem se mexeram; o batalhão de caçadores 11, esse foi unir-se ao general, para supplantar os dois corpos, no caso que chegassem a sair do quartel de S. Ovídio. N'uma palavra nada conseguimos: amanheceu e cessamos com o nosso enthusiasmo.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">No dia seguinte, 30 de abril, o meu coronel recebeu ordem do quartel general, para ali me mandar apresentar; sendo apresentado ao proprio general, mandou-me desarmar, e metter na prisão da Casa Pia, onde encontrei já prezos alguns officiaes inferiores do 18.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">No dia seguinte fomos onze algemados, mettidos no centro de uma companhia de caçadores 11, com armas carregadas á nossa vista, e conduzidos para o Castello de S. João da Foz. A nossa sorte estava determinada pelos artigos de guerra, nada mais havia a esperar. O batalhão de infanteria 12 foi mandado para a sua praça, Chaves, o regimento de infanteria 6 foi para o Porto.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">No dia 16 de Maio, o referido regimento 6 sublevou-se, e com os seus officiaes, correu ao campo de S. Ovidio, onde se lhe uniram, o meu regimento e infanteria 18, e mais tarde cavallaria 12.</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbEjZKr_1jPefUPgUlXv_AqZdv2JbGd2JVdRlr7e4nNz3Bjj-_YrjRhKFUkIzCwFBdldS5ovvmrxp2qkVzLtmVRcGqIG6SmgI6liOGRA-Mtis2rGgHih0VEr_HB2HtNyzRZFUlwHPmk1-0/" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img alt="" data-original-height="768" data-original-width="1024" height="384" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgbEjZKr_1jPefUPgUlXv_AqZdv2JbGd2JVdRlr7e4nNz3Bjj-_YrjRhKFUkIzCwFBdldS5ovvmrxp2qkVzLtmVRcGqIG6SmgI6liOGRA-Mtis2rGgHih0VEr_HB2HtNyzRZFUlwHPmk1-0/w574-h384/Pr_Republica_%2528Porto%2529.jpg" width="574" /></a></span></div><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">O general, acompanhado por caçadores 11, ainda foi ao campo de S. Ovidio arengar aos corpos sublevados, tentando contel-os, mas, receiando que o resultado lhe fosse funesto, fugiu da cidade acompanhado peta policia, caçadores 11, o major Rosa <i>[possivelmente Bernardino Mascarenhas da Rosa, que vem posteriormente a comandar Cavalaria de Chaves, como tenente coronel]</i>, de cavallaria 12, e alguns poucos cavallos d'este regimento. O batalhão 11, abandonou o general em Penafiel, e veio apresentar-se ao Porto.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">No dia seguinte, 17 de Maio, logo pela manhã, correu ao castello da Foz o tenente coronel de cavallaria 12 (conde do Casal ultimamente <i>[José de Barros e Abreu Sousa Alvim, 1º barão e 1º conde do Casal]</i>) com alguns officiaes e sargentos do mesmo corpo, a soltar-me e aos meus dez companheiros das prisões do Castello.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Depois d'estes acontecimentos, entrei em operações de campanha, até á desgraçada retirada para a Galliza. Desarmados, á entrada daquela provincia acompanhei o meu regimento, até Chantode e iria ao fim do mundo, não somente em vista dos meus sentimentos liberaes, mas tambem porque em Portugal me esperava o carrasco.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Achando-nos porem n'aqueIla localidade com toda a esperança de marchar para a Corunha, e ali embarcar para qualquer parte do globo, em consequencia de uma ordem de Fernando VII, toda a força portugueza foi separada dos seus officiaes, metida no centro de um regimento hespanhol, e conduzida á raia de Portugal e entregue ao regimento de cavallaria N.º 6, que para nos acostumar, nos foi distribuindo algumas espadeiradas durante a marcha para Chaves, onde ficamos presos no forte de S. Francisco.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Fomos conduzidos, sempre presos para o Porto, e d'ali embarcamos para Cascaes, aonde nos foi distribuido um pão diariamente, dando-se-nos o pomposo titulo de prisioneiros de guerra! Ainda tiveram a humanidade, de dar a cada presioneíro uma enxerga e uma manta.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Passado pouco tempo, fomos conduzidos para Estremoz, onde nos foi distribuída a competente enxerga, manta, um pão, um rancho, e 20 reis diarios pagos quinzenalmente; porem também principiaram para os chamados prisioneiros, os trabalhos mais abjectos, dando comtudo hospital aos doentes. Porem com toda esta humanidade, por duas vezes tentaram envenenar-nos, e eramos victimas constantes do mais fero despotismo; se narrasse os episódios da minha desgraçada historia durante seis annos de prisão, muito teria que escrever, mas como são aguas passadas, e de que ninguem se lembra, a não ser algum dos pobres presos, que ainda vivem, limitar-me-hei a dizer que de Estremoz, fomos mudados para Elvas, aonde tambem nos deram uma enxerga, ou uma esteira de tabúa, uma manta e um rancho, se rancho se podia chamar, porem os 20 reis diarios acabaram, e para supprir esta falta, lançaram-nos correntes aos pés; as coisas cada vez se iam tornando peores para os miguelistas, mas para os presos as calamidades aumentavam.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Marchamos bem algemados em conductas de 50 presos, pois que eramos mais de 300 para Almeida.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Ali tudo se acabou para nós, menos os trabalhos. Nem enxerga ou esteira, nem manta, nem rancho, nem pão, nem 20 reis, e nem hospital para os doentes) nada absolutamente nada; os que morriam enterravam-se no fosso, porque malhados (era o nosso titulo) não podiam ser enterrados em sagrado. Assim vivemos desde 22 de Fevereiro até 18 de Abril de 1834.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Este dia 18 de Abril, de eterna recordação para mim, foi aquelle em que nos resgatamos das differentes prisões d'aqueIla praça. Defendi Almeida com os meus companheiros de prisão, e infortunios, que eram mais de 2000, ainda que com poucos officiaes, e muitos paizanos que ali estavam presos, até á conclusão da guerra; depois do que fui mandado servir para o primeiro batalhão de artilheria no Porto.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Organisados em 1834 os dois regimentos de artilheria de 16 baterias cada um, fui chamado á secretaria do regimento pelo major o faIlecido general José Gerardo Ferreira Passos, que me ordenou em nome do coronel (tambem já faIlecido, o visconde d'Ovar <i>[António da Costa e Silva, 1.º Barão e 1.º Visconde de Ovar]</i>), que escrevesse a minha historia desde que assentei praça.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">No fim de três dias entreguei o meu trabalho, e fui promovido a 2.º sargento. para a 1.ª bateria a cavaIlo, com o qual marchei para Hespanha. </span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Aqui teem os meus camaradas, as razões que houve para que eu, em 1835, só fosse 2.º sargento.</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">[...]</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Elvas, 12 de Janeiro de 1879.</span></p><p><span style="color: #660000; font-family: georgia; font-size: large;"><b>António Ribeiro da Fonseca</b></span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Tenente Coronel reformado.»</span></p><p><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">* * *</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Retirado de Boletim do Arquivo Histórico Militar, 8.º volume, Famalicão, 1938, pp. 75-77.</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Agradecimentos à Biblioteca do Exército.</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;"><br /></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Imagens:</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Porta da Fortificação de de Almeida - </span><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"><a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Porta_Fortifica%C3%A7%C3%A3o_Almeida.jpg" target="_blank">ligação</a></span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: large;">Praça da República, antigamente Largo de S. Ovídio - </span><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"><a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Pr_Republica_(Porto).JPG" target="_blank">ligação </a></span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-84277485394300763512020-08-22T10:24:00.002-07:002020-08-22T10:24:52.809-07:00Transcripto: Os Dois Cavaleiros Portugueses (Torres Novas, 1834), por Cláudio de Chaby<p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"></span></p><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"></span><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgthTOUqBrUld92oHuGnCWujxsQnCFqiLK8WBCRFTaiwiqFxnv8dPGPgqXiNz8AwzdympeU8q85f9p0ErYxAfGCLnkKAjWpAVl6KrCGZzg2zhxBmvE3bxYwBiHaHIUxbxnCfAUUS2MPmONH/s2048/Escola_Pr%25C3%25A1tica_de_Pol%25C3%25ADcia_vista_do_Castelo.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="1536" data-original-width="2048" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgthTOUqBrUld92oHuGnCWujxsQnCFqiLK8WBCRFTaiwiqFxnv8dPGPgqXiNz8AwzdympeU8q85f9p0ErYxAfGCLnkKAjWpAVl6KrCGZzg2zhxBmvE3bxYwBiHaHIUxbxnCfAUUS2MPmONH/s640/Escola_Pr%25C3%25A1tica_de_Pol%25C3%25ADcia_vista_do_Castelo.jpg" width="640" /></a></div><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"> </span><p></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">A seguinte transcrição diz respeito a um episódio da Guerra Civil, contado por Cláudio de Chaby. Passa-se no início de 1834, em Torres Novas, e ilustra a monstruosidade do conflito civil e, ao mesmo tempo, a perseverança do soldado português.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">«Conservamos indelével a lembrança de um facto, por nós em parte presenciado, quando aos quatorze annos faziamos numero em campanha, das fileiras de um regimento do exercito constitucional. Era o dia 25 de Janeiro de 1834, a villa de Torres Novas então occupada por forças do exercito contrario, nas quaes entravam, cremos, alguns soldados do regimento de cavallaria de Chaves, caiu, quasi por surpreza, em poder das tropas pessoalmente commandadas pelo general marquez de Saldanha. O inimigo retirou sobre Santarem; o general Saldanha ordenou a perseguição da retirada, e ao nosso regimento, infantaria n.º 3, em marcha violenta, coube o auxiliar a cavallaria, que seguiu sobre os passos dos fugitivos.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">Dispersos por extensos olivaes, procuravam escapar-se os dragões de Chaves a toda a brida, sendo de perto perseguidos pelos lanceiros da rainha; mas não soffrendo os animos portuguezes de alguns d'aquelles soldados, a vergonha de serem pelas costas tocado pelo ferro do inimigo, com a espada em punho volvem á frente, illustrando-se muitos em singulares combates, por uma briosa defensa até á morte.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">Entre elles, um, depois de haver trocado com o adversarios varios golpes, com pulso robuto consegue de um bóte fazer voar pedaços a lança do competidor; este substitue a lança pela espada, e apeleja renova-se com tenacidade, terminando quando ambos, depois de horrivelmente mutilados, já sem forças, se deslizam dos cavallos baqueando exsangues sobre o solo!</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">Os rostos, os troncos e membros destes dois valentes, foram litteralmente cobertos de pontos no hospital da villa, e por uma fatal irreflexão, collocados os dois feridos em leitos contiguos.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">No dia immediato, através de pequenas fendas que lhes deixavam a immensidade dos pontos pela qual tinham envolvidas cabeças e caras, lobrigam-se e quasi instinctivamente se reconhecem; abandonam então os leitos e agridem-se, despedaçam-se os apparelhos, rasgam-se de novo as feridas, e por ellas com o resto do sangue se lhes escôam as vidas, caindo cadaveres hum junto ao outro.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">Em todo este procedimento singular dos dois soldados portugueses, há alguma coisa de repugnante e feroz, que parece ultrapassar os limites, para assim dizer da valentia racional; mas quanto não há tambem de respeitavel?»</span></p><p style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">* * *</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">Saiba mais sobre Cláudio de Chaby <a href="https://aorealservico.blogspot.com/2017/09/excerpto-claudio-de-chaby-e-os.html" target="_blank">aqui </a>[abre janela]</span></p><p style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"><br /></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="color: #660000; font-family: georgia; font-size: x-large;"><i>Transcrito de</i></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">- </span><span style="text-align: left;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">CHABY, Claúdio de, <i>Excerptos Históricos e Colleção de Documentos Relativos à Guerra Denominada de Peninsula e às Anteriores de 1801 e do Roussillon e Cataluña</i>, (Volume I), Lisboa, Imprensa Nacional, 1863.</span></span><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"> pp. 247-248.</span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;"><span style="color: #660000;"><i>Imagem</i></span></span></p><p style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia; font-size: x-large;">- "Escola Prática de Polícia vista do Castelo", Torres Novas, com a vista dos extensos Olivais em torno da terra. Retirado da Wikicommons em https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Escola_Pr%C3%A1tica_de_Pol%C3%ADcia_vista_do_Castelo.jpg</span></p>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-53393047004852024742020-07-29T08:30:00.002-07:002020-10-09T09:14:49.387-07:00Memórias: Vária Fortuna de um Soldado Português (J. J. Cunha Fidié)<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikwqy8n0oN8c38MK1NHyrlGiWi2Zts729ErDiLYBQs6E3vJbKn1uKHJ5f2BgGKkkn43uJUh3CRHRx8gdehg7HkEdQDCNc_v0cI1Qe65684GquPP9xnOKxzopfAgVrAGWu__vYLW5ed8wVj/s1600/2Fidi%25C3%25A9_cabeca.jpg"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikwqy8n0oN8c38MK1NHyrlGiWi2Zts729ErDiLYBQs6E3vJbKn1uKHJ5f2BgGKkkn43uJUh3CRHRx8gdehg7HkEdQDCNc_v0cI1Qe65684GquPP9xnOKxzopfAgVrAGWu__vYLW5ed8wVj/s1600/2Fidi%25C3%25A9_cabeca.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">João José da Cunha Fidié nasceu em Lisboa, provavelmente em 1789, filho de Fernando António Fidié. Assenta praça de cadete no Regimento de Infantaria n.º 10 (Lisboa) em 6 de Janeiro de 1809 e é promovido a alferes nesse mesmo ano, a 29 de Dezembro. A 15 de Outubro de 1814 é promovido a tenente. A determinada altura, transfere-se para o Regimento de Infantaria n.º 15 (2.º de Olivença).</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A 6 de Fevereiro de 1818 é promovido a capitão e, cinco meses depois, a 15 de Junho, a major ajudante de ordens do novo governador da Madeira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em Dezembro de 1821 é nomeado governador de armas do Piauí. Desembarcou em Oeiras em Agosto de 1822. Comanda as forças portuguesas na batalha de Jenipapo, a 13 de Março de 1823.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em 1825, tornou-se o comandante militar do Real Colégio Militar, tendo ocupado o lugar de diretor frequentemente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Falece no posto de tenente general a 20 de Junho de 1858.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Tem a Cruz de Guerra, 1.º Classe por 4 campanhas, e as medalhas de distinção das batalhas de Albuera e Vitória.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A seguinte transcrição é da "Introdução" ao seu livro <i>Vária Fortuna de um Soldado Português</i>, publicado em 1850, com modernização da ortografia (ligação do livro em pdf no final):</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">* * *</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">INTRODUÇÃO</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>A troco dos descansos que esperava,</i></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Das capelas de louro que me honrassem,</i></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Trabalhos nunca usados me inventaram, </i></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Com que em tio duro estado me deitaram.</i></span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Cont. Lus. Cant. 7, Est. 81. </span></div>
<div style="text-align: right;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGdU6FiHQm0XqCvDXcjfd36KqUAiLS45xSlTT-ByxtPVDGZHnLaivuAuA9CeEQPxyhZhjsIL6ysB51XPlPzCWAXyWNJ9HPnKk0wz8tzE23Xo07GN5MDAuBMg5PHCVZFCZD0f6MECTNPwJ7/s1600/1memoriasfidi%25C3%25A9.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiGdU6FiHQm0XqCvDXcjfd36KqUAiLS45xSlTT-ByxtPVDGZHnLaivuAuA9CeEQPxyhZhjsIL6ysB51XPlPzCWAXyWNJ9HPnKk0wz8tzE23Xo07GN5MDAuBMg5PHCVZFCZD0f6MECTNPwJ7/s400/1memoriasfidi%25C3%25A9.jpg" width="237" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Quando a Pátria oprimida pelo jugo estrangeiro, que avassalou quase toda a Europa, quebrou os ferros que a algemavam, e restaurou a sua independência, ainda que imberbe, e só com algum conhecimento das línguas Francesa, Latina, e Inglesa </span><span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b>(A)</b></span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> corri a alistar-me no numero dos seus defensores no Regimento de Infantaria n.° 10, onde fui cadete e oficial. Durante os seis anos que existiu a luta sanguinolenta, que restituiu Portugal à lista das Nações independentes, seguindo sempre as Bandeiras sob que me tinha alistado </span><span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b>(B)</b></span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">, em todas as ocasiões combati o inimigo, quer isolado, quer ao lado dos meus camaradas, como mostra o Documento n.° 45.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b><span style="color: #660000;">(A)</span></b><span style="color: #444444;"> Posto que me considerasse só com princípios das mencionadas línguas, contudo o conhecimento que da ultima possuía, utilizou ao Serviço; pois separando-se os Batalhões do Regimento em 1809, e comandando o 1.º o Tenente Coronel inglês Oliver, lhe servi de intérprete, como bem sabem os antigos oficiais daquele Regimento, e mesmo os de Infantaria n.º 4 , e caçadores n.º 10.</span></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b>(B)</b></span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> Aqueles mesmos Oficiais de Infantaria n.º 10, poderiam certificar, se necessário fosse, a minha dedicação ao serviço, ainda o mais trabalhoso e arriscado; e que por não me querer separar do Regimento e ir para Elvas, preferi o serviço debaixo do fogo, no 1.° cerco da Praça de Badajoz, sofrendo febres intermitentes, e que, quando marchámos para a Batalha d'Albuera, no caminho e entre giestas, curti uma sezão: depois do que me uni ao Regimento, entrando na ação do seguinte dia; e á noite fui de piquete para a borda do rio, que separava o nosso campo, do campo inimigo; o que tudo obrigou o Coronel, então o Ex.mo Conde Resende, a oferecer-me logo que voltámos ao 2.º cerro da mesma praça,uma Comissão ao Porto, afim de conduzir recrutas, na convicção, de que os novos ares e exercício, restabeleceria, como aconteceu, a minha saúde. assaz danificada; cuja Comissão agradecido aceitei, tendo tido o Coronel a deferência de me dar um outro Oficial mais moderno, (o Alferes Pedro Passos) confiando-me portanto a Comissão. Estes mesmos Oficiais estarão lembrados, de que pelos excessos no serviço, durante a campanha, por duas ocasiões sofri graves pneumonias, a que a idade e construção física pode resistir: e as Informações semestres que devem existir na Secretaria da Guerra, poderão certificar o conceito que mereci aos diferentes Chefes dos Corpos em que servi, tanto durante a campanha como depois.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Finda a guerra, o primeiro serviço extraordinário que se me apresentou, foi pretender servir na <b>Divisão dos Voluntários Reais de El-Rei</b>, para o que por duas diferentes ocasiões me ofereci, não sendo aceito o meu primeiro oferecimento, por se haverem igualmente oferecido outros Tenentes mais antigos, e que por isso tiveram preferência, e foram promovidos a Capitães; não tendo tido também lugar o segundo, sem acesso, (devido ao muito desejo que tinha de servir em quanto moço, e onde mais útil fosse), por não se admitirem oficiais nos mesmos postos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">O segundo serviço extraordinário que se me apresentou, foi em 1817, na <b>Divisão Portuguesa Auxiliadora</b>, e para o qual também me ofereci; mas dizendo-se-me que não se permitia a ida de oficiais avulsos, requeri ao Ex.m° Marechal Beresford o trocar com Diogo Honorato de Brito, então Tenente do Regimento N.° 15, o que obtive, mas não sem grande dificuldade, e já bem tarde, pois só na noite da véspera do dia que a Expedição levantou ferro, e saiu a Barra, é que a ordem para a minha passagem chegou ao Comandante do Regimento de Infantaria N.° 7, aquartelado em Setúbal, e no qual me achava servindo. Marchei pois imediatamente, e quando na manhã seguinte cheguei a Lisboa, já os transportes que conduziam a Divisão, estavam de barra a fora ; motivo porque julguei dever expor o acontecido ao Marechal General Beresford , diligenciando obter ir depois, no transporte que devia conduzir o resto da Tropa destinada para o Rio: — tendo-me ouvido aquele General, disse-me com bom modo; e muito pausadamente como quem refletia, e conhecia a minha situação, e razão que tinha para alcançar o que pedia: — eu pensei que estava pronto, os oficiais que hão de acompanhar o resto da Tropa estão já nomeados, ser-me-ia muito desagradável apresentar no Rio de Janeiro, a Sua Majestade o Snr. D. João. VI, um Batalhão, com um Oficial de menos: fazendo uma pausa maior, aproveitei a ocasião, e pedindo-lhe licença, disse-lhe respeitoso e decidido; pois bem, eu estou pronto, eu vou embarcar, ás ordens de V. Ex.ª; e fazendo a. devida vénia deixei o dito Marechal: no fim da salta voltei os olhos para ver se ainda se achava no mesmo lugar, ou se se havia retirado; e vendo que ainda lá estava, voltando-me, fiz-lhe um atencioso comprimento, e saí daquela sala, tendo tido a satisfação de observar certo ar no Marechal, que indicava parecer-lhe extraordinária a minha repentina resolução, em tais circunstâncias; e de quem estava com muita curiosidade de ver, se com efeito eu ia embarcar; o que efectuei, destacando naquela Divisão para o Rio de Janeiro no Regimento n.° 15, onde servi como Tenente, e depois como Capitão de Granadeiros, em 1817 e 1818; tendo porém sido obrigado a embarcar, por estas circunstâncias, que de mim não dependeram, sem roupa, sem dinheiro, e só com o fato que tinha vestido; nem mesmo ter tido tempo, de despedir-me da minha família; pois dirigindo-me, como me cumpria, a bordo da Fragata Príncipe D. Pedro, que comboiava os transportes, e que ainda se achava no rio, na qual ia o Comandante da Divisão, o Ex.mo Marquês de Angeja, este me acolheu com a sua costumada afabilidade, me deu mesa, e roupa para uso da viagem, tratando-me mais como amigo, do que como súbdito; circunstâncias que sempre me tornaram grata a sua memoria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em 1819 e 1820 servi na Ilha da Madeira na qualidade de Ajudante de Ordens da pessoa do Governador o Ex.mo Sebastião Xavier Botelho, em cujo exercício mereci geral favor, e o conceito que dá a conhecer a nota n.º 2. </span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em 1821 fui nomeado para o Governo das Armas da Província do Piauí, e por essa ocasião deveria ter recebido um posto, e uma ajuda de custo <span style="color: #660000;"><b>(C)</b></span> porém a urgência do serviço fez com que se expedisse ordem ao Comandante da Charrua Gentil Americana, destinada para o Pará, para me receber a seu bordo, e conduzir-me diretamente à Cidade de S. Luís do Maranhão: não podendo pois demorar-me para receber um e outro, como era de Lei, e sempre se praticou, e se verificou ainda com os Oficiais que, compuseram a <b>Divisão Constitucional Lusitana</b>, enviada à Bahia: antepondo pois o bem da Pátria ao meu próprio, parti sem mais recursos, do que as comedorias a bordo, e a Carta Regia da minha nomeação. Sem querer dar importância estes e outros serviços mais relevantes; como mostram os Documentos n.os 3 — 4 — 5 — 40 — 41 — 42 — e que á exceção do 1.º, em resumo ofereci à judiciosa consideração do atual Ministro da Guerra, como se vê da exposição junta com o n.° 20, serviços aqueles tão extraordinários, e de tal ventura e valia, que merecendo a qualificação de — quase sem exemplo — pelo respetivo Ministro da Guerra, como mostramos Documentos n.° 3 – 5 — 41 — e 42 — foram aprovados com honrosas, e não vulgares expressões, pelo Punho Régio; considerando-os de honra; brio, inteligência e apurada lealdade, Documento n.º 29 <span style="color: #660000;"><b>(D)</b></span>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-large;"><span style="color: #660000;">(C)</span></b><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> </span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Não obstante haver constantemente requerido o embolso da ajuda de custo, ainda não foi possível recebê-la, apesar de constar que chegou a minutar-se Decreto para uma ajuda de custo de 500$000 que não consta recebesse, como não recebi, por ter já seguido viagem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<b style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: x-large;"><span style="color: #660000;">(D)</span></b><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> </span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">“Custa acreditar, que tendo o atual Ministro declarado na Câmara dos Srs. Deputados no dia 12 de Abril do ano passado — que entendia não devia fazer favor a parentes ou amigos, nem devia negar a justiça quando ela fosse reclamada: que tendo sido obrigado a decidir uma pretensão que lhe estava afecta como Ministro, ele não havia de indeferi-la quando a justiça estava da parte do pretendente, todavia ajuda: esta pretensão não teve decisão!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em 1825 fui nomeado 1.° Comandante do Real Colégio Militar, que por vezes dirigi na ausência do diretor; em 1837 fui encarregado da sua direção, por se haver suprimido provisoriamente este lugar, e nesse mesmo armo, pelo restabelecimento dele. fui nomeado diretor, por Decreto de 10 de Fevereiro, como tudo mostra o Documento n.° 10. Havendo sido exonerado deste lugar, por Decreto de 5 de Setembro de 1848, e convencido que por esta decisão o meu Credito ficava prejudicado, julguei dever ilibá-lo, requerendo, como me cumpria, e se vê pelos seguintes requerimentos, a que juntei alguns documentos, cujos originais existem na Secretaria dos Negócios do Reino, unidos ao decretamento dos meus serviços, e pelo qual se vê, que no Brasil, e em apuradas circunstâncias, pude conseguir desempenhar os meus deveres, como convinha à Dignidade Real, à honra e crédito da Nação, e do Governo; desprezando os meus particulares interesses, como além doutros) mostram os Documentos n.º 3 e 5, e cuja importância dá bem a conhecer o Documento n.° 42.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Nestes Reinos, e nos exercícios em que tenho estado empregado, já na qualidade de sub-diretor do Arsenal do Exercito Libertador na Muito Heróica Cidade do Porto, como se vê nos Documentos n.º 3 e 42, já antes, e depois daquela época, no serviço do Real Colégio Militar, sendo ainda 1.º Comandante, e servindo no impedimento do, diretor, mereci a aprovação dos respetivos Ministros, Documentos n.º 3 — 9 — e 10 — assim como a geral, e afetuosa consideração dos Alunos, como é bem notório, tendo também tido a ventura de obter, não só afeição, mas o favor, e lisonjeiro conceito dos antigos Empregados, como se depreende do conteúdo na carta junta com o n.º 12; conhecendo-se também pelo penúltimo § da carta com o n.º 14 o modo porque outro Empregado no Corpo Instrutivo, considerei: o meu costumado exercer no serviço do Estabelecimento, devendo ainda declarar, que mereci tanto favor aquele antigo Lente (autor da carta) que achando-se na Secretaria da Guerra, com o respetivo Ministro em 1833, logo depois do falecimento do 2.º diretor do Real Colégio Militar, e vendo que o mesmo Ministro de mim se não lembrava, e que por isso me não mandaria retirar da Comissão em que me achava no Porto, lhe falou em meu favor, resolvendo-se por isso o mesmo Ministro a mandar-me apresentar imediatamente em Lisboa, restituindo-me logo ao meu lugar de 1.º Comandante, e encarregando-me da Direção do Estabelecimento, recomendando-me, que nele restabelecesse o seu antigo e regular andamento; o que tudo será fácil de provar, vendo-se as ordens que se expediram, e ouvindo os antigos Empregados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Pela mesma carta se vê também, que comparado o meu serviço no Colégio, com o de outro Chefe daquele Estabelecimento; além dos três de que só tenho feito menção em alguns dos meus requerimentos se conhece as vicissitudes a que estão sujeitos os homens, principalmente aqueles que timbram em seguir um sistema sisudo, e invariável, como lhes cumpre, sendo fieis aos seus princípios, como essenciais qualidades em todo o serviço, principalmente no militar, aonde mais facilmente se pode comprometer o crédito do Governo, a honra, e proveito da Nação. E de quanta ventura não precisão aqueles, que firmes em seus princípios de honra e verdade, são muitas vezes forçados a mostrar por qualquer modo, a sua desaprovação a atos inconsiderados!... resultando disto, não poucas vezes, consequências desagradáveis, e das quais sabem aproveitar-se aqueles que têm algum interesse cm que elas apareçam, e mesmo se generalizem, e obtenham publicidade, para melhor produzirem o desejado efeito; achando também quem as abrace e proteja, mesmo sem as acreditar, concorrendo deste modo para que o efeito seja mais eficaz, danificando assim, ainda que temporariamente, acredito de quem (possuindo bons direitos à consideração pública) descansa na sua convicção intima, e na firme e inabalável constância: com que sempre trilhou o caminho da honra, e procurou o da gloria, e bem da Pátria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Não obstante a convição de que o publico me fazia justiça, e a segurança da minha consciência não me era possível desvanecei a ideia que constantemente me ocupava, de ser necessário que uma Comissão de inquérito tomasse conhecimento dos negócios relativos ao tempo da minha gerência no Colégio; e por isso vi com grande satisfação, nomeado um sisudo General para o Inspecionar (assim como a outros Estabelecimentos o ano passado) não me constando que o mesmo General, achasse cousa alguma que pudesse prejudicar-me.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Pelo que tenho a honra de oferecer ao Publico, parece-me evidente, que se procurou menoscabar a minha reputação, ofenderam-se meus direitos, e preferiu-se a presunção da capacidade de quem ainda não havia prestado serviços daquela natureza, á certeza que resulta de serviços já prestados. <i>Felix qui potest rerum cognoscere causas</i> !!!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">* * *</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Fonte</i></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">"Introducção" in: </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">João José da Cunha Fidié, <i>Vária Fortuna d'um Soldado Portuguez</i>, </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Lisboa, Tip. Alexandrina Amelia de Salles, 1850. pp. 3-9. O livro pode ser encontrado na internet, com possibilidade de baixar o pdf, em <a href="https://books.google.pt/books?id=CQ8-AQAAMAAJ" target="_blank">https://books.google.pt/books?id=CQ8-AQAAMAAJ</a> [abre em novo separdor].</span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-83046644719125390522019-07-27T08:04:00.000-07:002019-07-27T08:04:59.919-07:00Memórias: Expedição do Algarve, Junho e Julho de 1833 (capitão Marquês de Fronteira)<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1RUHg-nREadi9C94uQpRpfU44N3891tqbrzNhH-0OC1Aqm9jEy33E1sQKMHb2vT5OCPTnDIrQ1Xo2PiqyAqokIPg0DV2CIGxzXmqbfFY6R_WmhDndYa3ZeMfzoKxOgeKtu920riBKFULM/s1600/Jos%25C3%25A9_Trazimundo_Mascarenhas_Barreto.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="432" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg1RUHg-nREadi9C94uQpRpfU44N3891tqbrzNhH-0OC1Aqm9jEy33E1sQKMHb2vT5OCPTnDIrQ1Xo2PiqyAqokIPg0DV2CIGxzXmqbfFY6R_WmhDndYa3ZeMfzoKxOgeKtu920riBKFULM/s640/Jos%25C3%25A9_Trazimundo_Mascarenhas_Barreto.jpg" width="640" /></a></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">«O Marechal Solignac foi logo substituido, como Major General, pelo General Saldanha, e organisou-se uma Divisão, debaixo do commando do Tenente-General, Duque da Terceira</span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">, para desembarcar nas costas do Algarve.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Foi então que o Duque do Fayal passou a ter o titulo de Duque de Palmella</span><span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;">, sendo nomeado Governador Civil provisorio, para partir com a expedição.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, "Times New Roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A Divisão do Duque da Terceira foi assim organisada: Commandante o Tenente-General, Duque da Terceira; Ajudante-General o Tenente-Coronel Manuel José Mendes; Quartel-Mestre General o Major José Jorge Loureiro; Secretário militar o capitão Luiz da Silva Mousinho de Albuquerque; Ajudantes de campo os capitães Marquez de Fronteira e D. Manuel da Camara; Officiaes de ordens o tenente Conde de Ficalho, Ajudante de campo do do Imperador, e varios outros officiaes; Auditor o bacharel João Antonio Lobo de Moura, hoje Visconde de Moura e Ministro de Portugal na Russia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A força compunha-se de duas Brigadas. A primeira, commandada pelo General Schwalbach, que era a ligeira, constava de Caçadores 2 commandado pelo Coronel Romão, e Caçadores 3 commandado pelo Major Vasconcellos, hoje General, Barão de Leiria. A segunda Brigada, do commando do General Brito, compunha-se do batalhão de Infanteria 3 commandado pelo Coronel Marianno Barroso, do batalhão de Infanteria 6 commandado pelo Coronel Torres, e do batalhão francez de seiscentas baionetas commandado pelo Coronel Barão de Schwartz, batalhão e Coronel que eram uma verdadeira peste. Ia mais meia bateria de montanha, servida pelos academicos, e dezoito lanceiros montados, commandados pelo capitão Griffet, hoje Brigadeiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O General D. Thomaz de Mascarenhas estava addido ao Quartel General, assim como o Major Rezende, que ultimamente morreu General e Barão, e Saint-Maurice, antigo Ajudante do Marechal Solignac, e outros officiaes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Recebemos ordem de embarque para o dia 20 de Junho, á noite: mais uma separação de amigos e parentes e, principalmente, do irmão, que era o meu primeiro amigo, deixando-o sitiado e ameaçado dum grande assalto, commandado por um dos primeiros capitães do Exercito francez, porque já se annunciava a chegada do Marechal Bourmont para commandar o Exercito de D. Miguel, isto quando eu partia para uma expedição das mais aventurosas, apenas com mil e quinhentos homens que tinham de arrostar com forças triplicadas em numero e que iam intentar o ataque duma capital de trezentos mil habitantes com uma guarnição de oito mil homens.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Abraçando o irmão e os amigos e dando-lhes os ultimos adeuses, parti no dia 18, de tarde, para a Foz, seguindo o meu General. Este aquartelou-se com o seu collega Saldanha, e eu e os meus camaradas onde pudémos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Eu arranchei com os academicos que faziam parte da expedição. Entre elles, havia um dos meus amigos de creação, Domingos de Saldanha, irmão do General Saldanha, o doutor Freitas, advogado nesta capital, bem conhecido pelo seu espirito mordaz, e o meu actual collega na Camara dos Pares, Pinto Bastos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Meu cunhado e o Conde de Ficalho tambem se associaram comnosco e as horas que alli passámos correram alegremente, tendo uma mesa soffrivel.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No dia 18, embarcaram, com grande custo, por causa do fogo das baterias, Napier e o Quartel-Mestre General José Jorge Loureiro, e mais alguns officiaes, decidindo-se que o embarque dos Duques de Palmella e da Terceira tivesse logar na noite de 19, na praia entre a Foz e o Farol da Luz.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Napier, que não era o typo do aceio, teve a fantasia de tomar, nesta occasião, um banho, debaixo do fogo das baterias inimigas, na praia da Foz.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Á meia noite entrámos num grande escaler que estava a grande distancia do mar, o qual, depois de embarcarmos, foi levado por oitenta homens, que o deviam levar, com o maior silencio, até o pôrem a nado, por isso que nós estavamos a meio tiro de fusil das vedetas inimigas, valendo-nos a escuridão da noite.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Assim que a embarcação cahiu na agua e que os remos se puzeram em movimento, sendo nós presentidos pelas vedetas e baterias inimigas, rompeu, de todos os lados, um fogo vivissimo, mas felizmente em direcção contraria áquella em que íamos; apesar dos foguetes da China illuminarem o espaço, nunca nos puderam descobrir. No campo inimigo sabia-se da expedição e pode-se fazer ideia do empenho que teriam em metter a pique a embarcação que conduzia os Duques ou o Almirante Napier.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Muito nos custou a abordar á fragata almirante: a noite estava escura, e andamos, de navio em navio, até que, ao fim de duas horas, encontrámos a fragata Rainha de Portugal. Entrando na camara do Almirante Napier, elle francamente nos disse que tinha dois canapés para os Duques e que nós tinhamos o chão por cama e o peor de tudo era que havia a peste a bordo, porque o cholera lavrava na tripulação e, nas ultimas vinte e quatro horas, tinham fallecido seis homens da equipagem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Seriam duas horas da noite quanto o Almirante nos fez servir um pessimo grog e nos deu a permissão de fumar na sua camara, propondo-nos o fazermos um deposito geral dos nossos charutos bons e maus e termos uma ração diaria de tantos charutos por cabeça.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Quartel-Mestre General, eu e varios dos nossos camaradas annuimos á proposta, do que muito nos arrependemos, porque o Almirante, que fumava sem cessar, fumou a maior parte dos charutos do deposito.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Foi nesta noite que elle teve a curiosidade de saber o meu nome, e desde logo começou a chamar-me Fronteira e nem uma só vez na sua vida me deu o titulo de Marquez.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Embrulhámo-nos nos capotes e deitámo-nos no sobrado. Junto a mim estava o meu cunhado e o meu amigo, Major David, que estava muito incommodado. Não pudémos pregar olho toda a noite.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Almirante Sartorius ainda estava a bordo, e toda a noite esteve em conferencia com o novo Almirante, o qual subia á tolda repetidas. vezes e passava por cima de nós, pondo-nos os pés, ora na barriga, ora nas costas, como se andasse pelas ruas dum jardim.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ao romper do dia estavamos todos na tolda, juntamente com o Almirante. Faltava-nos agua e polvora e Mendizabal que, como já disse, era da expedição. O Almirante telegraphou logo para a Foz: Agua e polvora ou desembarco a expedição.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Durante o dia, recebemos a agua e polvora, debaixo da protecção da bandeira ingleza, porque o commandante da estação tinha instrucções secretas para proteger o embarque de polvora e dinheiro para a esquadra.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pelas cinco horas da tarde, vimos sahir da Foz um escaler com a bandeira ingleza: era Mendizabal que se dirigia á fragata almirante, trazendo dois enormes caixões que se collocaram na carnaça onde jantavamos. Mendizabal entendia, e com razão, que era mais commodo sahir a barra do Porto debaixo da bandeira ingleza.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A caixa militar já estava a bordo, mas elle improvisou uma: pediu ao commandante da estação ingleza no Porto que lhe garantisse, com a sua bandeira, os fundos que levava para as despezas da expedição.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Almirante Napier, maravilhado da grande somma de dinheiro que Mendizabal trazia nos enormes caixões, desconfiou que fosse alguma estrategia do fino Mendizabal e, mandando abrir um dos caixões, achou-o cheio de calhaus e pedras da praia da Foz! Este episodio muito nos fez rir durante toda a viagem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">* * *</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No dia 21 pela manhã fez-se a expedição de vela, no rumo do sul, e sobre a tarde aproximou-se da barra da Figueira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No dia 22 pela manhã avistou-se Peniche, e a fragata almirante aproximou-se da costa e da praça a tal ponto que, sem oculo, viamos a guarnição sobre as muralhas. O resto da expedição seguia viagem por fora das Berlengas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Dobrámos o Cabo de S. Vicente durante a noite; era na vespera de S. João e vimos os frades do Hospicio do Cabo, á roda da fogueira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O General e o Almirante tinham escolhido para ponto de desembarque as vizinhanças de Villa Real de Santo Antonio, afim de cortar ao inimigo a estrada de Mertola e limpar completamente a foz do Guadiana.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No dia 24 fomos roçando a costa do Algarve, soffrendo o fogo dos muitos fortes que a guarnecem, mas sem lhe respondermos. Pelas tres horas da tarde, estavamos em frente da praia escolhida para o desembarque, chamada de Alagôa, entre o forte de Cacella e Monte Gordo, a legua e meia de Tavira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Vice-Almirante fez avançar as embarcações de guerra, formando os transportes uma segunda linha. Tanto da praia, como do forte, fizeram alguns tiros, a que respondeu a fragata Rainha, fazendo calar as baterias de terra, vendo nós fugir pela praia os artilheiros. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O desembarque effectuou-se logo com a maior facilidade. Muitos habitantes vieram ao nosso encontro, assegurando-nos que Villa Real estava completamente abandonada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O General ordenou logo a marcha sobre Tavira, e a esquadra principiou a navegar ao longo da costa, em direcção ao Cabo de S. Vicente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A noite estava escura e constava ao General que o Visconde de Mollelos, Governador do Algarve, estava a pouca distancia, com ideias de resistencia. Fizemos alto e bivacámos por algumas horas. Como acontece no meio dia da Europa, as noites de Junho são humidas e muitas vezes frias sobre a madrugada, e eu, por prevenção, tinha o meu capote sobre a terra. O meu amigo David ia de mal a peor, e ambos nos cobriamos com o mesmo capote, deitando-nos numa eira. Antes do romper do dia, continuámos a marcha, encontrando o inimigo na margem direita do pequeno rio Almargem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Visconde de Mollelos tinha escolhido aquella posição para: cobrir Tavira, e alli nos esperavam, com quatro peças de artilharia, os realistas de Tavira, Faro e Beja, e alguns artilheiros, do numero 2 e um destacamento de Cavallaria 5.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Alguns tiros de fusil e canhão manifestaram a presença do inimigo, mas, logo que a nossa columna avançou, coberta nos seus flancos por alguns atiradores, fugiu até Faro, atravessando Tavira, em desordem, e deixando em nosso poder uma peça de calibre 6 e uma de 3, e muitas munições. Nós apenas tivemos um soldado ferido e um contuso, mas, infelizmenie, o meu amigo e camarada Major David, assistente do Quartel-Mestre General, Passando a ponte, foi gravemente ferido num braço, isto sobre um ataque de cholera, que trazia desde a sahida do Porto, o que ignoravamos, produzindo-lhe a morte, apesar dos esforços do habil facultativo, Major Libanio, companheiro do Duque em todas as campanhas, e do desvelo do General e de todos nós.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Desde esta epoca, fiquei convencido de que o cholera não é contagioso: dormi ao lado do Major durante toda a viagem e no bivaque, cobertos com o mesmo capote!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Entrámos em Tavira em triumpho. Os habitantes pronunciaram-se logo pela causa da Rainha. O Duque, antes de se estabelecer no bello Quartel-General do Governador do Reino do Algarve, entrou no Convento dos Franciscanos, onde o guardião nos serviu belos figos e da melhor fructa de que tenho provado, e, perguntando-lhe o Duque pelos frades, soubemos que tinham morrido todos de cholera, escapando só elle e o leigo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Não era consoladora a noticia para nós, que tinhamos devorado da bella fructa que nos apresentavam.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Duque de Palmella e o Vice-Almirante vieram a terra conferenciar com o Duque da Terceira, e no dia seguinte marchámos sobre Olhão, sabendo, a pouca distancia desta villa, pelos habitantes que em massa nos vieram receber, que tinham acclamado ali a Rainha. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Foi um dos quadros populares mais bellos que tenho visto, pelo vestuario dos habitantes e pela grande especialidade de palmas e ramos que traziam nas mãos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Acampámos dentro e fora da villa. O cholera fazia alli grandes estragos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ao romper do dia, marchámos sobre Faro, onde entrámos entre repiques de sinos e girandolas de foguetes. O destacamento de Cavalaria 5, commandado pelo alferes Couceiro, apresentou-se logo, abandonando Mollelos, bem como vinte officiaes da primeira linha que alli estavam em deposito.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Poucas horas depois da nossa chegada, o litoral do Algarve tinha acclamado a Rainha e a Carta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Duque de Palmella, Napier e Mendizabal desembarcaram logo, e a esquadra ancorou na costa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O General occupou-se logo da remonta para os officiaes do Quartel General, bagagens e reserva de polvora, o que se fez com toda a facilidade, pela boa vontade dos habitantes. Nós tinhamos marchado a pé, desde o momento do desembarque.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Os Duques e o Almirante estabeleceram-se no Palacio Episcopal, que o Bispo tinha abandonado momentos antes de nós chegarmos, dirigindo-se á capital. Alli estavamos, o mais commodamente possivel, tendo encontrado uma dispensa muito bem sortida.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O batalhão francez era o cancro da Divisão do Duque, os maiores ladrões e bebados que tenho visto. O Barão Schwartz era um verdadeiro cavalheiro de industria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Duque pediu ao Almirante um vapor para transportar logo duzentos dos mais insubordinados para as Berlengas, que já estavam occupadas por uma força nossa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O seu embarque foi difficil, disparando as espingardas contra o General, Coronel e todos nós, e o resto do batalhão foi condemnado a ficar de guarnição em Faro, porque era impossivel que entrasse em campanha.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Almirante Napier combinava os seus planos de campanha com o Duque, Loureiro e officiaes de Estado Maior, mas tinha tempo para tudo. Queria a sociedade do bello sexo e reprehendeu, uma vez, seriamente, o seu bom e amavel enteado, Charles Napier, porque, indo comigo a uma sociedade de senhoras, o não tinhamos levado; quando soube, porem, que a reunião tinha sido de boa sociedade e não suspeita, chamou-nos tolos, porque, em tempo de guerra, não se frequenta a boa sociedade do bello sexo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Feitos os preparativos para nos pormos em marcha, seguimos sobre S. Bartholomeu de Messines e Loulé. O Duque de Palmella ficou em Faro, organisando o paiz. O General Brito foi nomeado, interinamente, Governador Militar do Reino do Algarve, e o Major Luna Governador da praça de Faro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Bivacámos, no primeiro dia de marcha, na bella propriedade do Duque de Loulé, á Quarteira, onde nos faltava tudo, excepto perus, reduzindo-se o nosso jantar a peru assado, sem mais pão nem biscoito, porque nada havia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O cholera assolava todos os casaes das immediações. O General, deixando uma brigada em S. Bartholomeu de Messines, aquartelou a outra Brigada em Loulé, onde estabeleceu o Quartel General em casa do Capitão-Mor Mascarenhas, com mais de oitenta annos de edade e que, desde o principio da usurpação, tinha seu filho nas masmorras da Torre de S. Julião.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Tanto elle como sua respeitavel esposa nos receberam com grande enthusiasmo, hospedando-nos com o maior luxo. A noite, as pessoas distinctas da terra vieram cumprimentar o Duque, e os donos da casa esmeraram-se em fazer as honras d'ella.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Na manhã seguinte, o almoço estava servido para o General e seu Estado Maior; esperavam-se os donos da casa, que não appareciam, quando de repente se abriu uma porta e appareceu o dono, trajando o luto mais rigoroso, com o aspecto triste e carregado, dizendo ao Duque que o desculpasse por o ter feito esperar, mas que naquella noite um ataque de cholera lhe tinha roubado a sua velha esposa. Apesar do terrivel golpe, teve a coragem de almoçar comnosco, almoço tristissimo, interrompido algumas vezes com o arranjo do enterro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Foi ao sahir da missa militar, um domingo, que o Duque da Terceira teve a agradavel noticia de que, no dia 2 [na verdade, 5] de Julho, o Almirante Napier tinha derrotado completamente e aprisionado a Esquadra de D. Miguel. A noticia era dada pelo Duque de Palmella, remettendo um bilhete do Almirante, em que dizia: Pouco mais ou menos, a Esquadra inimiga está em meu poder. Tenho muitos prisioneiros; meio os posso guardar. Venham os Duques coadjuvar-me quanto antes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Duque de Palmella partiu logo num vapor para a bahia de Lagos, onde estava a Esquadra, e o Duque da Terceira, montando logo a cavallo, tomou o caminho de Lagos, por Albufeira. Ahi descançou alguns momentos em casa duma senhora distincta do paiz, visita de muito compromettimento para ella, porque, poucas semanas depois, perdeu os filhos e o genro, ficando só no mundo, pelo crime de ter dado hospitalidade ao Duque.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Chegámos a Lagos na manhã seguinte. A maruja miguelista e muitos soldados da Brigada tinham sido desembarcados pelo Almirante Napier. O mau hospital de Lagos estava cheio de feridos, tanto nossos como do inimigo, e Lagos estava em completa anarchia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Almirante tinha levantado a sua bandeira na nau inimiga, a nau Rainha, e o Duque de Palmella estava a seu bordo, achando-se prisioneiro o Almirante miguelista.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Muita impressão me fez, quando entrei na camara do Almirante, o vêr muitos officiaes amigos e conhecidos, gravemente feridos, entrando neste numero o enteado do Almirante. O segundo Commandante da nossa Esquadra entendia-se que estava mortalmente ferido, e tinhamos perdido dois Capitães de Mar e Guerra, um d'elles de quem era amigo e com quem tinha relações desde o principio da campanha, o capitão Jorge.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Com gosto abracei os dois unicos jovens officiaes portuguezes que se acharam na batalha e que tinham sido meus companheiros de viagem desde o Porto até ao Algarve, o tenente Guimarães, hoje Visconde da Villa da Praia de Macau, onde foi Governador, e o Capitão de Mar e Guerra, Sergio, Ajudante de Campo de Sua Magestade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Não me proponho descrever a batalha do Cabo de S. Vicente, do dia 2 de Julho [na verdade, 5]. Acha-se descripta em diferentes documentos officiaes. Foi um feito extraordinario: basta dizer que o Almirante Napier, com fragatas, abordou e aprisionou duas naus. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Das enxovias de Lagos sahiu um jovem hespanhol que residia no Algarve, irmão do bem conhecido consul de Hespanha, D. Nicasio, para hospedar o Duque na sua casa, onde não residia havia cinco annos, tanto era o tempo em que jazia nas masmorras de D. Miguel, victima das suas opiniões liberaes, apesar de ser subdito estrangeiro. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Depois de coadjuvar o Almirante Napier na difficil posição em que estava e de dar uma tal ou qual organização a duzentos marujos e soldados da Brigada que deviam seguir a nossa Divisão por terra, tendo combinado com o Almirante os movimentos, devendo este seguir viagem para a foz do Tejo conduzindo o Duque de Palmella, dirigiu-se o Duque da Terceira para Silves e d'aqui para S. Bartholomeu de Messines, onde reuniu as suas duas Brigadas e se preparou para marchar sobre a provincia do Alemtejo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Quando nós entravamos em Messines, sahia o famoso Remexido, para entrar em campanha a favor do Usurpador com as suas guerrilhas, e que tantos annos fez tremular a bandeira de D. Miguel nas montanhas do Algarve depois da Convenção de Evora-Monte. Desde aquelle dia nunca mais voltou a Messines; conheci muito sua mulher, porque foi patrôa do General Schwalbach.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Vinte e quatro horas depois de chegarmos a Messines, mandou o Duque fazer um reconhecimento pelo Major José Pedro de Mello, levando debaixo de suas ordens o alferes de Cavallaria 5 apresentado e as praças que o seguiam. A uma legua de Messines foram surprehendidos pelo Remexido, aprisionados e conduzidos a Lisboa. O alferes e os soldados eram desertords do Exercito miguelista e o Major Mello era tido e conhecido por um dos maiores liberaes do Exercito; receámos muito que o patíbulo fosse a triste sorte dos nossos camaradas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Avançámos sobre Santa Clara. Remexido retirava na nossa frente com os seus vinte guerrilhas, sem lhe podermos tocar, graças ás montanhas da Serra do Algarve. Entrámos em Santa Clara á hora da missa, porque era um dia santificado. O prior, ao levantar a hostia, proclamou a Rainha e a Carta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Sendo este sacerdote um individuo de toda a confiança, o Duque incumbiu-o, nessa noite, duma missão delicada. O Coronel Domingos de Mello tinha feito um movimento sobre Mertola com parte do batalhão francez, e o Duque queria preveni-lo do nosso movimento: o prior foi incumbido d'esta commissão, mas, nessa mesma noite, cahiu nas mãos das forças de D. Miguel e foi fusilado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Marchámos sobre Garvão, sem encontrar o inimigo, porque nos não esperava em posição alguma. Alli cahiram doentes muitos soldados e officiaes, entre estes meu cunhado D. Manuel da Camara, com umas sezões terríveis que davam grande cuidado ao facultativo. O General mandou-o conduzir para Odemira por uma guerrilha, com grande risco de ser aprisionado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Continuámos a marcha sobre Messejana e chegámos alli de tarde, encontrando uma força inimiga que estava em observação do nosso movimento.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Duque da Terceira estabeleceu o seu Quartel General em casa da senhora Brito, mãe do ex-Major de Lanceiros, Brito, onde fomos recebidos alegremente e ás mil maravilhas. A filha da dona da casa, elegante menina, cantando optimamente, acompanhada pelo celebre pianista Porto, fez-nos esquecer as fadigas da trabalhosa campanha das serras do Algarve, e o meu camarada Mousinho improvisou com grande facilidade, sendo esta noite a ultima vez que ouvi seus improvisos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O General Mollelos esperava-nos em Beja, com os reforços que recebera, os quaes elevavam a sua força a dois mil e quinhentos homens, e o General Taborda, que vinha em reforço de Mollelos, occupava Cuba com mil e quinhentos homens.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Depois dum Conselho de guerra com os Officiaes superiores, o Duque decidiu-se a fazer um movimento rapido, a marchas forçadas, sobre o Sado, e d'aqui sobre Almada, para esperar, neste ponto, que o Almirante Napier forçasse a barra de Lisboa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Passámos o Sado no dia 20 de Julho em Porto de Rei, onde encontrámos os lavradores daquellas paragens, que formavam uma forte guerrilha, montados em bons cavallos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Seguimos sobre Alcacer, a marchas forçadas, e, aqui, o juiz de fora, com os voluntarios realistas da terra, ficando surprehendidos porque julgavam que era uma fraca guerrilha que pretendia occupar a villa, vieram ao nosso encontro, e o Quartel-Mestre General, á frente dalguns lanceiros e de nós outros, officiaes de Estado Maior, carregou-os, depondo elles as armas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Bivacámos, depois, na famosa propriedade de Palma, dos Condes do Sabugal, e no dia 22 de madrugada estavamos á vista de Setubal. A vanguarda era feita pela guerrilha dos lavradores do Sado, que, vendo quatro peças em bateria junto a Setubal, debandaram sobre a testa da nossa columna, atropelando soldados e alguns officiaes, fazendo persuadir os Generaes Terceira e Schwalbach de que eramos carregados pela Cavallaria, ordenando-se, por isso, a formação de quadrados. O Duque nunca mais quiz uma tal vanguarda.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O inimigo pretendia defender Setubal com uns mil e quinhentos homens, entre milicianos e linha, e quatro peças de artilharia, mas em vinte minutos estava tomada a artilharia, tres bandeiras, e derrotada completamente toda a força.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Atravessámos Setubal, perseguindo o inimigo, e não fizemos alto senão na Quinta do Escoural, do Conde da Povoa, onde se reuniu a Divisão e se estabeleceram os postos avançados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Duque veiu por um momento á villa de Setubal, para communicar com a Esquadra, e á noite estabeleceu o seu Quartel General na referida quinta.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ao amanhecer de 23, atravessámos Azeitão. Aquele aprazível sitio estava habitado por uma quantidade de senhoras e cavalheiros da melhor sociedade de Lisboa, que se julgavam compromettidos. Era tal o terror que os dominava, que nem um viva nos deram.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Depois dum pequeno descanso, continuámos a marcha sobre Amora, onde encontrámos o General Telles Jordão, com uma força, para nos reconhecer.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O General, decidido a dar batalha, fez um pequeno descanso e organisou a sua columna de ataque. Avançámos pela estrada que conduz á Piedade, estendendo linhas de atiradores sobre os flancos direito e esquerdo da estrada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O inimigo retirava-se de posição em posição, com o fim de nos attrahir á Cova da Piedade e fazer alli uso da sua Cavallaria, unico terreno favoravel para isso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Duque collocou-se á testa da columna de Caçadores 2, com o General Schwalbach e os seus Estados Maiores, marchando o batalhão, a quarto de distancia, seguido por Caçadores 3. Desembocámos no vale da Piedade, onde eramos batidos, em flanco, por duas peças que estavam em bateria, do lado de Almada, sahindo um fogo terrivel das janellas e portas das diferentes casas, estando a certa distancia dois esquadrões de cavallaria, promptos a carregar-nos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Os Generaes, com os Estados Maiores, collocaram-se no centro da columna, para que as companhias da vanguarda pudessem fazer fogo, e desde logo os dois esquadrões inimigos nos carregaram a fundo, e, á voz do General Schwalbach, receberam uma descarga á queima-roupa, que muito damno lhes fez.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Major do 3, Vasconcellos, que não se poude collocar em columna contigua com Caçadores 2 na primeira carga, saltou, com Caçadores 3, da ponte da Piedade abaixo e formou logo a quarto de distancia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Por uma segunda vez fomos carregados, e a Cavallaria inimiga ficou completamente derrotada. Junto ás baionetas de Caçadores 2, encontrei morto um jovem furriel do Regimento de Cavallaria 4, que tinha servido comigo, o que muita pena me fez.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Os Caçadores avançavam e a Artilharia inimiga apresentou-se toda. Os esquadrões, que nos tinham carregado e que estavam na retaguarda da Artilharia, puzeram pé em terra e deram vivas á Rainha, e o Coronel Romão, á frente dalgumas companhias do seu batalhão, occupou o caes de Cacilhas, matando o General em chefe inimigo, Telles Jordão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O General Schwalbach, que tinha feito um movimento sobre a esquerda para occupar Almada, que estava fortemente guarnecida, mandou um official allemão, chamado Jorge, como parlamentario á guarnição, para se render; foi este barbaramente acutilado, vindo morrer entre as fileiras da nossa vanguarda. Era um jovem official de muito boa familia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O General Duque da Terceira ordenou que se sitiasse a posição de Almada, mas que não se fizesse movimento algum. O castello rendeu-se na madrugada seguinte, quando descobrimos a bandeira azul e branca no Caes do Terreiro do Paço e do Sodré, e, no Tejo, grande quantidade de botes que se dirigiam a Cacilhas com individuos que nos vinham felicitar pelo nosso triumpho. Entre as muitas pessoas que atravessaram o Tejo, vinha o Ministro de Inglaterra.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Ministro de Hespanha, que era o meu intimo amigo Cordoba, ficou prisioneiro, achando-se ao lado de Telles Jordão, vestido à paisana; tinha passado o Tejo por simples curiosidade. Deu-me por testemunha de que era o General Cordoba e Ministro de Hespanha, e o Duque, sabendo das relações de amizade que elle tinha comigo, encarregou-me de o acompanhar a bordo da fragata hespanhola ancorada no meio do Tejo, e um escaler da fragata alli nos conduziu, trazendo-me depois para Cacilhas, o que muito estimei, porque, se não tivesse sido assim, seria aprisionado pelos escaleres do Arsenal, que encontrei na volta, rondando o Tejo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Quando o castello de Almada se rendia, o Duque de Cadaval retirava, com todas as forças, de Lisboa, e os seus habitantes proclamavam a Rainha, entrava o Visconde de Mollelos em Setubal, á frente de quatro mil homens.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Os escaleres do Arsenal e as barcaças chegaram a Cacilhas pelas dez horas da manhã, para transportarem a Divisão para Lisboa. O Tejo estava o mais sereno possivel e uma grande esquadrilha de botes embandeirados fazia alas á Divisão do Exercito Libertador, desde Cacilhas até ao Caes da Pedra. O enthusiasmo era inexprimivel.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O General Duque da Terceira, com o seu Estado Maior, vinha numa grande galeota, e, emquanto atravessava o Tejo, modestamente conversava com o seu antigo fornecedor de moveis, vinhos e de tudo quanto eram elegancias, o bem conhecido usurario Latance.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">A entrada do bravo General em Lisboa foi digna dos seus feitos militares.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mendizabal, antes da batalha naval do Cabo de S. Vicente, partiu para Inglaterra, num dos vapores da nossa Esquadra, o que tornou furioso o Almirante Napier e com razão porque grande falta lhe fazia aquelle navio para operações.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mendizabal, que não se lembrava senão dos seus fundos, precisava estar na praça de Londres, para attender aos seus interesses, e tanto elle como o negociante Silva, mais tarde Barão de Lagos, sabendo primeiro do que ninguem o desembarque no Algarve e a tomada da Esquadra, ganharam umas sommas avultadas, jogando nos fundos portuguezes. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Emquanto nós avançávamos sobre a provincia do Alemtejo, o General de D. Miguel, Conde de S. Lourenço, entendendo que a Divisão do Duque da Terceira faria uma grande quebra nas forças que defendiam as linhas do Porto, atacou vivamente a cidade no dia 5 de Julho, por diferentes pontos, sendo o principal a Quinta do Wanzeller.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O General Saldanha repelliu os ataques com vigor em todos os pontos, tendo o inimigo uma grande perda e nós muitos officiaes feridos e mortos, e alguns d'estes muito distinctos. O Brigadeiro Duvergier foi mortalmente ferido, fallecendo poucos dias depois do combate. O Major D. Fernando de Almeida, Ajudante de campo do General Saldanha, foi morto no campo de batalha.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Neste dia houve uma brilhante carga commandada pelo Major Pimentel, que foi promovido, no campo, a Tenente-Coronel.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Os Ajudantes de campo do General Saldanha foram condecorados com a Ordem da Torre e Espada, por se haverem distinguido naquella carga.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Foi a ultima acção que commandou o Conde de S. Lourenço, porque, poucos dias depois, tomou o commando do Exercito miguelista o General Bourmont.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Aqui acabo a quarta parte das minhas Memorias, porque julguei acabada a minha longa emigração, logo que desembarquei no Caes do Terreiro do Paço, entrando na minha terra natal e onde tinha a minha casa.»</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">* * *</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><i>Fonte</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">BARRETO, José Trazimundo Mascarenhas, Memórias do Marquês de Fronteira e Alorna D, José Trazimundo Mascarenhas Barreto (ditadas por êle próprio em 1861), Partes III e IV, (Coord. Ernesto de Campos de Andrada) Coimbra, Imprensa da Universidade, 1926. pp. 331 – 346.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Disponível para leitura na Biblioteca Nacional Digital em <a href="http://purl.pt/12114" target="_blank">http://purl.pt/12114</a></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-89904434856837342272019-07-25T20:06:00.003-07:002022-10-03T06:01:32.002-07:00Memórias: Expedição do Algarve, Junho de 1833 (coronel João Pedro Soares Luna)<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span></div>
<br />
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhrz2MschwZ9EWDDkldtTmuVG91uV3wMP_L5nfFGw7mTe5fjK0KeUvDtbMIpiuOjpfLUYohm0iBhZsci5QJZx6yULM9O9WzK5QXDSngekT9VdQ-nKdHwMmISc21f6sxuwN2r4nH0KWRtpVHcJzgyx64g8jhJ537Qquy6pCNyNLblk8DNzq7PmfQ3PqDnA" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img data-original-height="644" data-original-width="479" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/a/AVvXsEhrz2MschwZ9EWDDkldtTmuVG91uV3wMP_L5nfFGw7mTe5fjK0KeUvDtbMIpiuOjpfLUYohm0iBhZsci5QJZx6yULM9O9WzK5QXDSngekT9VdQ-nKdHwMmISc21f6sxuwN2r4nH0KWRtpVHcJzgyx64g8jhJ537Qquy6pCNyNLblk8DNzq7PmfQ3PqDnA=s16000" /></a></div><br /><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
«[...] Nós estavamos no mês de Junho de 1833. Falava-se de uma expedição. Diferentes eram as opiniões a tal respeito: uns olhavam uma tal operação como inútil, visto que o reino todo estava ocupado pelas forças do tirano, mas esta opinião, necessariamente deverá ter a sua origem nas almas fracas e indignas da glória que só pertence às almas nobres, àquelas que não especulam com a nação, àquelas que apreciam mais a honra que a poltronice. Totalmente oposta era a opinião daqueles a quem hoje se nos chama = <i>irracionais, inimigos da ordem, desordeiros, republicanos, e</i> … nós, que não tendo a vida para contrato, mas sim para a dedicarmos à pátria, ansiosos desejávamos que se tentasse algum meio que proporcionasse à nação a ocasião de se desafrontar, pois que então tínhamos forças bastantes para defender a Cidade Eterna [Porto], e igualmente para um tal fim. Diversas eram igualmente as opiniões acerca do destino da expedição, mas seja-me permittido dizer, em tais casos todas as opiniões devem ser ouvidas por aquele que comanda, e ele só deliberar depois a que melhor convier adoptar. Ao passo que, julgo conveniente o então se espalharem todas essas opiniões com o fim de ter o inimigo incerto acerca de qual delas se adoptará, o que o obrigará a ser-lhe necessário uma força tal que talvez não possa pôr em acção.</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[...]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Decidiu-se pois o sair a expedição; eu tive a glória de ser nomeado para fazer parte dela, permitindo-se-me levar cinquenta dos meus nobres companheiros: igualmente recebi ordem para levar quatro peças de artilharia de montanha, para o que deveria imediatamente passar ao trem dos Congregados, e tornar a receber o material competente daquelas; material que já havia entregado. Passei logo a cumprir esta ordem, mas já então não achei nada do que me convinha receber, graças às previdentes ordens que havia recebido para fazer a dita entrega... Quem comanda, desgraçadamente está sempre convencido que nunca erra...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Não me foi necessário nomear os dignos académicos que me deveram acompanhar. Sabido por eles que eu marchava, e que se me permitia levar uma parte do bravo corpo do meu comando, voluntária e espontaneamente se me ofereceram a maior parte dos valentes académicos. Foi para mim bem sensível o não poder nomear todos os oferecidos, depois da preenchido o número que me foi marcado. Feita pois a nomeação marchámos para a Foz, aonde se me apresentou o 2.° Tenente José Maria de Pina, comandando alguns artilheiros de linha, todos para ficarem debaixo do meu comando. (*)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(*) Recordo-me que por eu ter declarado que podia passar sem aquela força, o que efectivamente aconteceu logo, fazendo recolher parte dela ao seu corpo; o comandante geral de Artilharia me oficiou a esse respeito, fazendo-me responsável por toda e qualquer falta que houvesse em razão ao não ter artilheiros, mas eu nada tinha a recear, porque já conhecia os académicos. Sua Senhoria não teve nunca que punir a minha confiança, a qual como deixo dito, não tinha limites, comandando os homens que eu comandava.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Comigo foi igualmente um dos meus dignos oficiais. O nome deste, e dos bravos académicos que me acompanharam são os que se seguem :</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Capitão de Artilharia João António Lobão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Académicos:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">2.° Sargento N.° 2 João Gualberto de Pina Cabral.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Cabo de Esquadra N.° 7 Albino Garcia de Mascarenhas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 9 Diogo Maria Vieira e Silva.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º 11 Avelino Eduardo da Silva Mattos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Soldado N.º 15 Domingos Maria Loureiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º 21 José Maria Mendes Diniz.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º 24 Francisco Maciel Monteiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º 28 Jaime Garcia de Mascarenhas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º 29 António Abranches Coelho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º31 Simplício de Moura Machado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º 34 António Joaquim Aleixo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º 41 Estevão Joel Augusto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º 42 Thiago da Silva Monteiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º 43 José Custodio da Costa Louraça.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º 44 Ignacio Fiel Gomes Ramalho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º 48 José António Affonso Dias Veneiros.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º 49 Francisco de Souza Monteiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.º 50 Francisco José Rodrigues Queiroz.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 51 Estevão d'Assis e Souza.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 56 Joaquim Pinheiro das Chagas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 62 António Maria Tovar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 63 Ernesto Augusto Zuzarte.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 66 António José Barboza.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 68 Thomaz d'Aquino Nogueira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 73 António Xavier Pinto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 79 José Silvestre Ribeiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 81 José da Costa Pinto Bastos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 82 Theotonio Zuzarte.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 88 Manoel António de Moura Cabral.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 93 João Pedro Lecór.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 102 Bazilio Cabral Teixeira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 103 José Maria Rojão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 113 Bernardo Coelho do Amaral.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 116 Agostinho José da Silva Guimarães.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 124 Francisco Ignacio Cid.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 126 José Joaquim Alves de Mello.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 127 António de Sá Ramalho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 130 Joaquim Cardoso Carvalho e Gama.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 131 Manoel Dias Peixoto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 132 João Carlos Pimentel.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 136 José Maria Corrêa Durão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 144 Bernardo Joaquim Carneiro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 146 Ernesto Adolpho de Freitas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 148 António Pereira Leitão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 150 Manoel José Mendes Leite.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 151 Domingos de Saldanha Oliveira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 152 D. Francisco de Menezes Britto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 153 Francisco Maria do Carmo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 155 João Baptista Ferreira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.° 156 Manoel Vaz Lobo de Souza.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">N.°157 João Pedro Fernandes Thomaz. (*)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(*) Além dos académicos acima relacionados, os académicos N.° 89, Manoel António Vellez Caldeira Castel-Branco, e N.° 98 , Lourenço de Oliveira Grijó, o primeiro empregado junto ao nobre Duque de Palmela [marechal de campo Pedro de Sousa Holstein, 1.º Duque de Palmela (1781-1850), 1.º duque de Palmela], e o segundo, desde longo tempo em comissão a bordo da esquadra, sempre que entramos em atitude de combate, reuniam-se aos seus companheiros, (com as armas na mão); o que efectivamente praticaram até separarem-se de nós, em virtude das suas comissões.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Igualmente devo declarar que tendo eu ficado governador militar da cidade de Faro, ali se me apresentaram os académicos N.º 30, Diogo António Palmeiro, N.° 75, Júlio Gomes da Silva Sanches e N.° 158, Emigdio José da Silva; este último com destino para se apresentar ao General Brito [brigadeiro António Pedro de Brito Vila Lobos (1782-1841)], e os dois primeiros ficaram em Faro, aonde prestaram relevantes Serviços, até que novamente regressaram para o Corpo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="float: left; margin-right: 1em; text-align: left;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEEXEued0OAa8fnFEEI7fYI173RmqxVJN_GsPGIu2kCF47ue6hABLI4JJX4jeb64pGdDw5PZw_gfbfqvjJ4yPVgPfXSUAOGiRjW19V7k6R5nQog55ikSrJVLen6NYbciiUQDpi-MdESnEA/s1600/Retrato_do_Duque_da_Terceira.jpg" style="clear: left; margin-bottom: 1em; margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgEEXEued0OAa8fnFEEI7fYI173RmqxVJN_GsPGIu2kCF47ue6hABLI4JJX4jeb64pGdDw5PZw_gfbfqvjJ4yPVgPfXSUAOGiRjW19V7k6R5nQog55ikSrJVLen6NYbciiUQDpi-MdESnEA/s320/Retrato_do_Duque_da_Terceira.jpg" width="260" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Duque da Terceira (John Simpson, 1834)</td></tr>
</tbody></table>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Sabido é que o comando geral da expedição foi dado ao nobre Duque da Terceira [tenente general António José de Sousa Manuel de Meneses (1792-1860), 1.º duque da Terceira], o que nos causou o maior prazer, pois tornámos a ver à nossa frente o valente soldado que nos tinha comandado nos Açores, e conduzido ao glorioso combate da Ladeira da Velha [3/8/1831], na ilha de S. Miguel. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">O nobre Duque da Terceira (justiça é confessá-lo) pela sua urbanidade e maneiras com que tratou sempre aqueles que fomos seus companheiros na emigração, e seus subordinados no campo da honra, pelo valor que desenvolvia, em suma, pela muita confiança que depositávamos em Sua Ex.ª; deve lisonjear-se que desde logo nós todos contamos com a mais feliz vitória, fosse qual fosse o destino a que S. Ex.ª nos levasse.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">É do meu dever declarar que naquela ocasião fui mandado como oficial de artilharia que sou, e encarregado do comando da minha arma na Expedição Libertadora.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">O estado da Foz continuava a ser o mesmo que já deixo descrito. Ali cheguei pois, e imediatamente fiz embarcar as quatro peças de artilharia de montanha, com o seu competente material, o que tudo foi para bordo de um dos navios de transporte que fazia parte dos do comboio; embarque que se efectuou debaixo do risco com que todos os embarques então se praticavam.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0qnmTRa5qr2q8nY15p9JHSnVd-l7Em9tMKMBj2ys-YL5LhpkyQ4yhN4KDhwNa9SNQGLX9NeEDeHeOOTRiucGOj-3w9nU1vAQkaB09Yat1vZyPy588REkyvLHOrWRFUgRQTcIKsUMfuvwm/s1600/Castelo_S_Joao_da_Foz_by_Henrique_Matos_02.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg0qnmTRa5qr2q8nY15p9JHSnVd-l7Em9tMKMBj2ys-YL5LhpkyQ4yhN4KDhwNa9SNQGLX9NeEDeHeOOTRiucGOj-3w9nU1vAQkaB09Yat1vZyPy588REkyvLHOrWRFUgRQTcIKsUMfuvwm/s640/Castelo_S_Joao_da_Foz_by_Henrique_Matos_02.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Castelo de S. João da Foz, no Porto. (fotografia de Henrique Matos, <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Castelo_S_Joao_da_Foz_by_Henrique_Matos_02.jpg?uselang=pt" target="_blank">Wikicommons</a>)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Recebi, na Foz, 200 000 cartuchos de infantaria, embalados, os quais me foram mandados da cidade para serem embarcados, assim como muitos milhares de pederneiras. Requisitei logo alguma casa aonde pudesse recolher o dito cartuchame, com alguma segurança para dali o fazer embarcar. O General Cabreira [brigadeiro Diocleciano Leão de Brito Cabreira (1772-1839)], a quem fui logo apresentar-me, e a quem estavam dadas as ordens a respeito do embarque, conheceu bem a minha justa requisição, mas como satisfazer-ma? Casa com alguma segurança, e a abrigo de qualquer acidente desastroso na Foz, aonde encontrá-la naquela época? S Ex.ª me autorizou para eu mesmo ir indagar aonde poderia ser recolhido o dito cartuchame com as vantagens necessárias, isto é, segurança dos incêndios, e facilidade de poder embarcar.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em quanto à segurança dos incêndios, nem uma só casa descobri que estivesse a esse abrigo, ainda mesmo que ficasse fora da facilidade do embarque. Então assentei (e felizmente acertei) que a casa mais próxima ao rio, no ponto do embarque, era aquela de que devia lançar mão. Assim o executei, e para ela fiz logo conduzir a parte do cartucha que até então se achava na rua a céu descoberto: ali continuei a receber o resto. Acredite-se-me, ainda hoje tremo ao lembrar-me do risco em que então estive, pois que durante os dias que nos demoramos na Foz, o meu quartel foi na mencionada casa aonde tinha os 200 000 cartuchos; estando a toda a hora e a todos os momentos exposto a ser vítima, porque o inimigo não só nos atormentava com os tiros de peça e fuzilaria, mas igualmente com os repetidos tiros curvilíneos! Repito: eu dava mil parabéns à minha resolução em ter escolhido a dita casa junto à borda do rio, porque antevi que os tiros curvilíneos do inimigo, ele os não queria perder lançando as bombas e granadas áquele ponto (por não correr no risco de que tais projécteis caíssem no rio) enquanto que lançando-os sobre a povoação, sempre contava com fazer-nos algum estrago.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Estou capacitado que se o inimigo adivinhasse aonde eu tinha o mencionado cartucha, ele procuria fazer o seu dever (sejamos justos para com todos). Muitas vezes aconteceu estar eu e o 2.º Tenente Pina de Artilharia, sentados sobre os barris onde tinha o cartuchame, e as bombas e granadas rebentarem a pequena distância (mas sempre para o interior da povoação) da casa que ocupava. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Várias noites tentámos o embarque das ditas munições. Julgue-se do nosso trabalho e risco. Eu e os meus beneméritos académicos, assim como o pequeno número de soldados de artilharia com que tinha ficado, éramos quem levamos os barris até ao ponto do embarque, e algumas vezes tivemos que tornar a conduzir aqueles para a dita casa, por ser absolutamente impossível o embarcarem, tudo devido ao terrível fogo dirigido pelos inimigos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Concluiu-se afinal o embarque das munições, isto é, conseguiu-se o porem-se a bordo dos navios que nos deveram conduzir, mas a confusão indispensável em tais occasiões, fez com que uma grande parte das munições não fossem embarcadas nos navios que para isso se tinham nomeado. Porém ninguém podia responder por aquela falta, porque ela foi filha da extrema necessidade, em consequência do tempo que obrigou a levantar alguns navios, no número dos quais entraram os destinados para a condução das munições, e então forçoso foi o metê-las a bordo das outras embarcações.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Começou o embarque das tropas desses bravos a quem estava reservada a glória de virem abrir as portas da capital do reino! Embarquei pois com os meus valentes companheiros para bordo da fragata Rainha, aonde igualmente embarcaram os Nobres Duques, da Terceira e de Palmela , assim como o estado maior da divisão, e mais pessoas adjuntas aos nobres duques. Custará a acreditar, mas desgraçadamente nós os académicos fomos o mais mal tratados possível a bordo da dita Fragata!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">O alojamento que se nos deu, quem o acreditará?! Foi na coberta junto à câmara; uma vela da fragata separava o pequeno intervalo que ocupam duas peças, (destinado para cinquenta e tantos homens de bem, votados a salvarmos a pátria!) do intervalo imediato aonde estavam os doentes de cólera, e para cúmulo de maior falta de consideração, os marujos que eram castigados com grilhões aos pés, eram mandados sofrer o dito castigo junto ao nosso infame alojamento! Custa-me a usar de tais expressões, mas como faltar à verdade?!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Como era do meu dever, fiz constar ao nobre duque, quanto deixo dito, assim como que, não tendo nós levado os nossos criados, não tendo meios de mandarmos cozinhar a triste ração que nos davam a bordo, em suma, faltando-nos a própria agua, forçoso era tomar-se alguma providência. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">O almirante Napier [almirante Charles John Napier (1786-1860)] deu efectivamente as suas ordens para que fossemos o mais bem tratados que pudesse ser, mas o oficial do detalhe iludiu sempre os bons desejos do almirante, e nós nunca fomos mais mal tratados em viagem alguma! Porém nossa constância jamais se enfraqueceu. Sempre superiores aos comodistas, jamais em nossa presença aqueles se atreveram a blasonarem do que não praticaram. É nosso dever desmascarar os impostores.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Graças ao que cada um de nós tinha podido levar para comermos, a não ser isso, maiores seriam as privações que sofremos. Lembrar-me-ei sempre das noites que dormimos sobre a tolda, por não cabermos todos em baixo (no já dito pequeno espaço que nos deram). Parece-me estarmos ainda cobertos com a imensa vela, e ali nos entregarmos ao sono como se estivéssemos sobre fofas camas! Quem acreditará que deitados sobre o duro taboado da tolda, vestidos, e com tanto incómodo, nós nos aborreciamos por sermos obrigados a levantar-nos antes do romper do dia, pois que desde então começava a baldeação da Fragata (*). Tanto pode o amor da pátria!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(*) Quantas vezes eu e os meus companheiros, ao levantarmo-nos, tanto de cima da tolda como do infame alojamento que nos deram, nos achámos pegados ao tabuado por efeito do alcatrão espalhado, nas costuras do dito tabuado?! </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Detestáveis devoristas, dizei, aonde sofresteis mais incómodos dos que sofreram os meus beneméritos académicos ?!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Já embarcados, mas ainda à vista da Cidade Eterna, nós olhávamos para seus muros [para sempre respeitáveis] e com saudade que não se explica, nós nos lembrávamos dos seus valentes defensores, nossos companheiros de armas; e bem assim dos heróis portuenses, que tanto merecem da pátria agradecida.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Levantou-se em fim o ferro, soltou-se o rumo, e aos incómodos que já deixo notados, juntou-se aquele do enjoo, moléstia quase geral nos primeiros dias de viagem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Navegamos pois correndo ao longo da costa, passando à vista de todos os portos que desde o Porto se encontram, navegando para o Sul. Nos primeiros dias, nós ignorávamos aonde desembarcariamos, e quando os navios pairavam em frente de algum porto, os desejos que nós tínhamos de saltar em terra, é bem de presumir quais eles seriam, mas não vendo tomarem-se as disposições indispensáveis para o desembarque, forçoso nos era ir sofrendo o que já fica dito, e assim iamos pondo o inimigo em alarme. Passámos pois o Cabo da Roca, conhecemos então que ao Algarve é que nos dirigiamos. Prospera e felizmente passamos o Cabo de Espichel. Desde então, a todos os momentos esperávamos emproar à terra.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia 24 de Junho de 1833 , depois de havermos passado como em revista de grande parada, junto a todas as povoações marítimas do risonho Algarve, fomos desembarcar na praia de Cacela, entre Tavira e Vila Real de Santo António.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">O inimigo teve ainda o arrojo de nos dirigir alguns tiros de Artilharia (disparados do Forte da Conceição), mas imediatamente de bordo das nossas embarcações se lhes correspondeu com terríveis bandas de Artilheria, o que fez logo calar o fogo inimigo, e nós efectuamos o nosso desembarque sem a mais leve oposição.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Pouco depois de estarmos em terra, apareceram muitos habitantes de Vila Real de Santo António, dando positivos sinais do prazer que tinham em nos ver ali, e para os libertarmos. Animados aqueles habitantes dos mais patrióticos sentimentos, partiram para a dita vila a fim de se reunirem, e armarem, para unidos a nós defenderem a pátria até então escravizada. Ali se me apresentou um sargento de artilharia, o qual se ofereceu para ir levar umas cartas que eu tinha escrito a bordo, as quais lhe entreguei, e aquele partiu logo.(*)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(*) Estando ainda a bordo da fragata, mas já para desembarcar, escrevi algumas cartas com o fim de ver se poderiam ser entregues a oficiais de artilharia que sabia serem dotados de bons sentimentos, e que por certo aproveitariam aquela ocasião para se unirem a nós. Aos nobres duques dei conhecimento das ditas cartas. S. Ex.ªs me autorizaram para que, em nome da nossa adorada rainha, assegurasse às pessoas a quem me dirigi, que a protecção lhe seria dada, assim como a todos que viessem unir-se a nós.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Depois de haver desembarcado toda a Divisão Libertadora, apesar ser já de noite, marchámos com direcção a Tavira, mas tendo andado algum terreno fizemos alto, e bivacámos no campo, passando logo a cozinharmos o inseparável amigo Bacalhau que se nos tinha distribuído a bordo antes de saltarmos para terra. E mesmo para que a tropa tivesse algum descanso, pois era de presumir que o rebelde Molelos [marechal de campo Francisco de Paula Vieira da Silva Tovar (1774-1852), 1.º visconde de Molelos, governador de armas do Algarve] nos quisesse disputar a entrada em Tavira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Antes que rompesse o dia, a Divisão Libertadora pegou em armas, e na melhor ordem fomos mandados marchar; ao amanhecer estávamos próximos ao sitio denominado Almargem, aonde os inimigos nos esperaram, persuadidos de que estando senhores daquela posição nos poderiam fazer frente! Apenas nos avistaram, começaram logo a dirigir-nos tiros de Artilharia (segundo o seu costume a grandes distâncias, e nós marchando para eles, mas sem ainda havermos passado da coluna de marcha para a ordem de ataque.)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Os bravos batalhões de caçadores, que iam na frente, apenas deram vista daqueles escravos postados além da ribeira do Almargem, impacientes por lhe fazerem custar cara semelhante ousadia, romperam o fogo, marchando com tal denodo, que apesar da ribeira (a qual passaram dando-lhe a água por cima da cintura) que tinham na sua frente, nada foi bastante para deixarem de pôr em completa derrota os vis escravos do usurpador, os quais desapareceram com tal velocidade, que nunca mais os tornámos a avistar! O inimigo deixou em nosso poder duas peças de artilharia volante, uma de calibre 3 e outra de calibre 6.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Quando teve lugar o arrojo dos bravos batalhões de caçadores, o resto da divisão, apesar de marchar com igual valor, já não podemos ver se não um ou outro desgraçado rebelde correndo na mais desordenada fuga, e salvando-se da morte, embrenhando-se por entre o denso arvoredo dos risonhos campos de Tavira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A Divisão tendo já passado o Almargem fez alto, enquanto uma força de caçadores (que tinha sido mandada em seguimento do inimigo) não recolheu. Passado algum tempo, recolheu a dita força, e a divisão continuou a marchar (na mesma ordem triunfante, em que até ali tinha marchado) em direcção à cidade de Tavira, aonde entrámos nesse mesmo dia, 25 de Junho de 1833, sem obstáculo algum.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZpVyWRlbsijxRDvf5uESdhVz8QZ7ekA1fnaKzMT2yKtNiAUP0Bvc69-qmf8Qxlr5OM-5pYqzHgJLYjboEFd9AR5uRKIveDKL7XyCBO3cja5_2JWCh61XpDpuDhW-B9fScXIQKf9vCCGMW/s1600/800px-Tro%25C3%25A7o_da_Ribeira_para_sul_e_vista_das_salinas.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZpVyWRlbsijxRDvf5uESdhVz8QZ7ekA1fnaKzMT2yKtNiAUP0Bvc69-qmf8Qxlr5OM-5pYqzHgJLYjboEFd9AR5uRKIveDKL7XyCBO3cja5_2JWCh61XpDpuDhW-B9fScXIQKf9vCCGMW/s640/800px-Tro%25C3%25A7o_da_Ribeira_para_sul_e_vista_das_salinas.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Ribeira da Almargem, Tavira (fotografia de Digfish, <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Tro%C3%A7o_da_Ribeira_para_sul_e_vista_das_salinas.jpg" target="_blank">Wikicommons</a>)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A Cidade estava quasi deserta! O inimigo, assaz poderoso em embustes, tinha feito espalhar tal terror entre os habitantes daquela, que a maior parte deles (de ambos os sexos) tinham desamparado suas casas e fugido para o campo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Informado o nobre Duque da Terceira de que o inimigo continuava a retirar-se na mais desordenada fuga, e em direcção à cidade de Faro, determinou que a Divisão Libertadora se aquartelasse na Cidade. (§)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(§) Como tinha por costume, acompanhado por um dos membros da Câmara [homem respeitável a todos os respeitos sociais e liberais] fui aquartelar os mais dignos companheiros, depois do que exige igualmente o ser aquartelado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Conservarei sempre em memória o que então me foi dito pelo respeitável ancião que me acompanhava, e foi o seguinte: “O Senhor Doutor mór. há-de vir para minha casa. Convite que de bom grado aceitei, e ali fui o mais bem tratado possível. Devo igualmente declarar que, desde que em Junho de 1832, tinha partido da Ribeira Grande [na Ilha de S. Miguel], foi só na noite de 25 de Junho de 1833 que me deitei em cama de lençois.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Na tarde do dia 25 de Junho de 1833, na casa da Câmara da cidade de Tavira aonde compareceram os nobres Duques da Terceira e de Palmela, acompanhados de todos os comandantes dos corpos da Divisão Libertadora, oficiais da mesma, e pessoas de distinção da terra, que haviam ficado em suas casas, foi aclamada Sua Magestade Fidelíssima a Senhora Dona Maria 2.ª e a Carta Constitucional, o que se fez público, estando arvorado o estandarte nacional em uma das sacadas da Câmara, passando depois todos os concorrentes a assinarem aquele solene acto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Ao romper do dia 26 do dito mês e ano, a Divisão, depois de pegar em armas, foi mandada marchar em direcção à cidade de Faro. Nossa marcha jamais foi alterada. O inimigo havia-se apoderado de tal terror, que apesar de não ser perseguido – com a Espada sobre os rins – todo o campo lhe parecia pouco para o deixar livre à nossa marcha triunfante.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Marchámos pois na melhor ordem possível. A estrada que desde Vila Real de Santo António corre para o Norte do Algarve, além de ser a mais pitoresca pela agradável vista dos campos do litoral do Reino do Algarve, aquela corre quase paralela ao oceano, que ali banha as férteis margens daquele reino.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Nós marchávamos na melhor ordem. Do mesmo modo, sobre o nosso flanco esquerdo, e nas águas do oceano navegava (na mesma direção para o Norte) a nossa esquadra. Raras vezes se apresentará um quadro mais brilhante e vistoso: duas divisões, uma terreste e outra marítima, marchando e dirigindo-se paralelamente à vista uma da outra, e ambas para o mesmo fim, aquele de libertarmos a pátria oprimida pelo mais cruel dos tiranos. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A Divisão Libertadora fez alto sobre a estrada, quase à vista da povoação denominada Fuzeta. Recebi ordem para com o distinto corpo do meu comando ir reconhecer a dita povoação, o que efectuámos, tendo a satisfação de vermos vir para nós os habitantes daquela, os quais abençoando a nossa vinda, davam repetidos vivas à Divisão Libertadora. Fácil é de crer que nós entrámos na dita povoação como em romaria. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Eu passei logo a tomar conhecimento do estado em que se achava a fortificação que ali existe. Os meus dignos companheiros, que haviam ficado na povoação, passaram logo a fazer arranjar alguma coisa para comermos, o que em breve se prontificou. Voltei do forte aonde tinha ido, e então reunidos os habitantes da Fuzeta em um largo, ali se aclamou a rainha e a carta. Depois do que o académico Lourenço de Oliveira Grijó falou àqueles habitantes, mostrando-lhe a que nós íamos, e o que era de esperar que eles fizessem. Nós pagámos generosamente quanto tínhamos comido. Aquela povoação é composta quase toda de pescadores, e sabido é a triste sorte desta miserável classe.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAjeguIfduS7LIwVxDxjPOZy8LAEgInw0zNynpF6nzlba6Olhv86VvsPzVt8pVCQh2ZBndUk7Kw5Co0lKiEms46fwriMQfFH-bRvztiW94CJaJn53g-w5tlgD5l9dZcXu_s1wjs5lxwyjh/s1600/800px-Marina_de_Olh%25C3%25A3o_by_Juntas_6.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="390" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhAjeguIfduS7LIwVxDxjPOZy8LAEgInw0zNynpF6nzlba6Olhv86VvsPzVt8pVCQh2ZBndUk7Kw5Co0lKiEms46fwriMQfFH-bRvztiW94CJaJn53g-w5tlgD5l9dZcXu_s1wjs5lxwyjh/s640/800px-Marina_de_Olh%25C3%25A3o_by_Juntas_6.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Marina de Olhão (fotografia de Juntas, <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Marina_de_Olh%C3%A3o_by_Juntas_6.jpg?uselang=pt" target="_blank">Wikicommons</a>)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A Divisão Libertadora havia continuado a marchar em direcção à notável vila de Olhão. Digo notável vila de Olhão, porque a justiça pede que eu aqui diga o que então seus decididos habitantes já haviam feito. Aquele povo de heróis, antes da Divisão Libertadora ali chegar, e ainda quando o rebelde Molelos se achava em Tavira, já haviam aclamado a rainha e a carta constitucional. Isto quando ainda se achavam entre os inimigos comandados pelo seu chefe, Molelos, e aqueles que haviam ficado em Faro, cidade que dista uma légua daquela povoação! Honra pois aos valentes olhanenses. Eles deram logo uma prova do quanto se podia contar com a sua cooperação. A sua valente conduta bem mostrava então, e dali por diante quanto são dignos de louvor por seus heroicos feitos. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Quando partimos da Fuzeta, já o fizemos indo embarcados até Olhão, aonde desembarcámos, e aonde passei a aquartelar os meus companheiros. É do meu dever mencionar igualmente o prazer e bom acolhimento com que fomos recebidos por aquele povo de heróis. Todos à porfia se esmeraram em nos tratar bem, e em todos se manifestava o mais nobre entusiasmo pela liberdade legal.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Começaram então a apresentar-se-nos muitos dos indivíduos que haviam desamparado o rebelde Molelos. A Divisão Libertadora tinha recebido ordem para acampar, e ali passámos a noite.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Ao romper do dia 27 do dito mês e ano, a Divisão Libertadora, depois de haver formado, continuou sua marcha triunfante sobre a cidade de Faro. Durante aquele trânsito fomos sempre recebendo imensos apresentados que haviam podido fugir das fileiras dos rebeldes. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Por aqueles soubemos que o rebelde Molelos tendo convocado um conselho, sobre se se deveria ou não fazer forte em Faro, optou pela negativa, e havia abandonado aquela cidade, depois de haver mandado inutilizar toda a artilharia, pólvora, oficinas do Trem, e de haver chamado a si os dinheiros publicos. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Entrámos em Faro. Segundo o meu costume passei a eu mesmo ir aquartelar os meus dignos companheiros, depois do que fui igualmente para o quartel que se me deu.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">De tarde passei logo a ver o estado em que se achava o Trem, e mais depósitos militares. Tive a satisfação de achar as oficinas do Trem, prontas a nelas se poder trabalhar, o que foi devido ao patriotismo do seu director, e ao bom espirito dos operários, os quais poderam iludir as terminantes e ameaçadoras ordens que tinham recebido do rebelde Molelos, inutilizando tão somente objectos que para nada prestavam já.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0YTteoFCy7hd62G19E5FP6Ws_TbkiZtuP6gcd-kHngFjk9YctdiX37w2bCQN1wBCVQRANJSWTRcIFvfg7oP7WPR3aQlArjC7_hhpaIWGNpp8GHWVkW256v1k9yaqjxoUdrxvAJAhev1Dv/s1600/FaroKesklinn.jpg" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="224" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh0YTteoFCy7hd62G19E5FP6Ws_TbkiZtuP6gcd-kHngFjk9YctdiX37w2bCQN1wBCVQRANJSWTRcIFvfg7oP7WPR3aQlArjC7_hhpaIWGNpp8GHWVkW256v1k9yaqjxoUdrxvAJAhev1Dv/s320/FaroKesklinn.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Na manhã do dia 28 do mesmo mês e ano, estando já com o corpo do meu comando, formado no <b>largo da Sé de Faro</b>, para segundo as ordens que recebesse, executá-las, foi então que o nobre Duque da Terceira me nomeou para ficar governador de Faro, e encarregado de várias comissões, sendo a mais importante o prover a Divisão Libertadora de munições de guerra, artilharia, etc., etc. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Bem queria eu não largar os meus dignos companheiros, mas, alem de ser mandado, a quem se não a mim (então) pertencia o desempenho de tais comissões? O Capitão Lobão havia, em Tavira, dado parte de doente. O meu cuidado limitava-se então a quem tomaria o meu lugar. Lembrei-me do nobre Conde de Ficalho [tenente António de Melo Breyner Teles da Silva (1806-1894), 3.º conde de Ficalho], hoje Marquês do mesmo título, e por certo, este benemérito conde, que reunia as simpatias dos meus bravos companheiros, seria aquele que me substituísse. Porém o Capitão Lobão, apesar do seu incómodo de saúde, apresentou-se e marchou com a Divisão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Dada a ordem para aquella marcha, o meu primeiro pedido foi o de rogar ao quartel mestre general da Divisão Libertadora, o benemérito José Jorge Loureiro [major José Jorge Loureiro (1791-1860)], que eu esperava que para com os meus dignos académicos, sua senhoria tivesse sempre a mais pronunciada atenção. (?)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #666666; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(?) Confesso que para com o digno José Jorge Loureiro, as minhas recomendações não careceram de instâncias, pois que S. S. obsequiou sempre os meus companheiros.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Quando se me intimou a ordem para ficar em Faro, disse-se-me que eu ali ficaria durante o tempo necessário para desempenhar as comissões de que tinha sido encarregado. Confesso que só aquela lisongeira esperança é que então adoçou a saudade que me causava o apartar-me dos meus amigos, daqueles bravos com quem desde Outubro do 1830 eu tinha constantemente partilhado as privações, os perigos e a glória adquirida até aquele dia! Nós nos abraçámos todos, nossas últimas palavras, despedindo-nos, foram: A Pátria livre ou morrer pela Liberdade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Marchou pois a Divisão Libertadora, e eu fiquei na Cidade de Faro. [...]»</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">* * *</span></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Fonte</i></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">João Pedro Soares Luna, <i>Memórias Para Servirem à Historia dos Factos de Patriotismo e Valor Praticados pelo Distincto e Bravo Corpo Académico que fez Parte do Exercito Libertador</i>, Typographia Lisbonense, Lisboa, 1837. Páginas 321-348.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Leia a biografia de J. P. S. Luna em</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><a href="http://www.arqnet.pt/dicionario/lunajoaopsoares.html" target="_blank">http://www.arqnet.pt/dicionario/lunajoaopsoares.html</a></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Notas</i></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">O texto foi modernizado ortograficamente, assim como em termos de pontuação, mas o original pode ser consultado no livro, que pode ser lido na sua inteireza em: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><a href="https://archive.org/details/memoriasparaserv00soar/page/n6" target="_blank">https://archive.org/details/memoriasparaserv00soar/page/n6</a></span><br />
<br />
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Imagens</i></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Foto no topo do artigo (Fortaleza de Cacela) da autoria de Marc Ryckaert, na <a href="https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Cacela_Velha_Fortress2.jpg" target="_blank">Wikicommons</a>.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Leia também</i></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Resumo Official das Operações da Expedição as Ordens do Excellentissimo Duque da Terceira, desde o seu desembarque no Algarve, até á sua definitiva entra da em Lisboa</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><a href="https://aorealservico.blogspot.com/2018/01/resumo-official-das-operacoes-da.html" target="_blank">https://aorealservico.blogspot.com/2018/01/resumo-official-das-operacoes-da.html</a></span></div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-4173538003189969012019-05-26T04:09:00.001-07:002020-08-22T13:00:51.318-07:00Transcripto: A Linda Marion (Júlio de Sousa e Costa, 1940)<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4ZssBWIHjbWnXITVDXtxSmE1x2ODHS0bHQ9AqlCupTsjv0TvMPaNccAywIFZq7uA64R-WyBiDKJ_8DccVmuFfdIyiX24qqJWsmsevj9oFHjr6Wqnb3YN86xV2tAkZ2nbVmVZ0aQ_mS179/s1600/a-jewish-girl-of-tangier-charles-landell_adapted.jpg"><img border="0" height="457" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg4ZssBWIHjbWnXITVDXtxSmE1x2ODHS0bHQ9AqlCupTsjv0TvMPaNccAywIFZq7uA64R-WyBiDKJ_8DccVmuFfdIyiX24qqJWsmsevj9oFHjr6Wqnb3YN86xV2tAkZ2nbVmVZ0aQ_mS179/s640/a-jewish-girl-of-tangier-charles-landell_adapted.jpg" width="640" /></a></span></div>
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span>
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Esta lindeza, natural, dizia ela, da cidade de Rouen, devia ter vinte e seis a vinte e sete anos quando o Rei D. José I, com imensa satisfação de muita gente fidalga, burguesa e mecânica, faleceu em 1777, no seu palácio de madeira, sito na AJUDA. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">A francesinha, galante e estouvada, morava na JUNQUEIRA, com uma dama de aspecto venerando, calmo e digno, a quem chamava tia, como é do costume em certas damas da categoria de Marion; era daquelas tias que providenciam, e de todo o coração, para a felicidade, bem-estar e abundância das sobrinhas de sangue alheio... Tinham morado, parece, no ano de 1774 para os lados de S. Vicente de Fora, após a sua chegada a Lisboa; transferiu o seu domicílio para a JUNQUEIRA e perto do palácio de certo fidalgo que estivera muitos anos em França e que armara em protector disvelado e desinteressado, como é do costume... </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">A Marion era israelita e um bonito diabrete de saias... Como ela deu fundo em Lisboa é que eu não sei. As judias, nesse tempo, andavam muito em voga, reminiscências do tempo do D. João V que adorava essas beldades exóticas e muito principalmente as mestiças do Brasil, ardentes e sensuais, atravessadas de índia e dessa má raça de gente que se mandava desterrada para a colónia ou degredada por ter dado mostras de excelentes qualidades... </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">E como as boas manhas se aprendem, não foram poucas as ligações de fidalgos e de burgueses, que viram nesse pendor entusiástico do Rei Magnânimo uma indicação de bom tom. O sangue ardente procura sempre o seu similar, e, a-pesar-dos olhos da Inquisição, as judias tripudiavam sôbre as almas dos cristãos... </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">O fidalgo, de apelidos Saldanha da Gama, viajado e muito culto, tomou conta da beleza interessante que lhe aligeirava os dias, e, como pessoa alguma é eterna, foi juntar-se pouco depois aos seus que jaziam no carneiro da família. A Marion era daqueles espíritos que encaram as coisas dêste mundo sublunar com a melhor da coragens que dão em terra com tôdas as filosofias, e como dispunha duma tia que só lhe custara o dinheiro do passaporte, não chorou o fidalgo senão durante vinte e quatro horas; enfim, um desgôsto muito decente, do qual fôra talvez a causadora...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">O Capelão referiu-se a ela, de quem ouvira certamente falar nos salões dos seus conhecimentos e que era conhecida em tôda a Lisboa pela francesa da Junqueira ou a francesa Marion.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Era uma estrêla de grande brilho queimando as fortunas dos seus apaixonados com facilidade incrível. Ela é que não as derretia! Entesourava-as carinhosamente nos cofres do seu banqueiro, um francês de Lyon, que morava no CAIS DO SODRÉ...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="color: #660000; font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><i>«A francesa da Junqueira, um demonio tentador que arrastava as almas para o mau caminho...»</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Falava como padre, a-fias-de armar aos pássaros... Como homem talvez não falasse assim da linda judia que enfeitiçava tôda a gente. O padre combatia os apetites da carne simplesmente com palavriado porque êle devia saber que a Mulher e o Amor são instituições divinas...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Barafustava com os excessos da beldade mas aquilo era música celestial... música à qual pessoa algurna dava ouvidos! …</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Li algures, e há muitos anos, que o Rei D. José I tivera, entre muitas, como se sabe, séria paixoneta por estrangeira que residia porto ds palácio de Nossa Senhora da Ajuda. Como é do domínio público, a distância entre e Ajuda e a JUNQUEIRA não é muita.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Seria a Marion, a linda Marion que tinha olhos verdes e urna luxuriante cabeleira negra? Não seria o amor, caso êsse facto se deu, que lançaria a francesa nos braços do real torneiro. Este não era exemplar de beleza varonil e os dois dentes da frente, imensamente salientes, desfeiavam-no muito.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">O Monarca, como já disse, costumava ir visitar uma pessoa que muito estimava. Não façamos, pois, o juízo temerário de julgar que êle teve o primeiro ataque apoplético em casa da fascinante e sedutora Marion... </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">*</span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjRFw2prdD8RbwJ0ZNYgHHpEoXTb_W49TwVgfTHbFZpKfYqBXC5uJpRwJ3v_kAVTBcjmfOPGRm8DqxvqGeEpnzk5KfzpuHY27-tzaLFxeFfKpCtUi4smSOGXVtbFZ6VsYZMShTjZN8kmzr/s1600/800px-Pal%25C3%25A1cio_da_Ribeira_Grande%252C_Rua_da_Junqueira%252C_62_a_78_7709.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="424" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjjRFw2prdD8RbwJ0ZNYgHHpEoXTb_W49TwVgfTHbFZpKfYqBXC5uJpRwJ3v_kAVTBcjmfOPGRm8DqxvqGeEpnzk5KfzpuHY27-tzaLFxeFfKpCtUi4smSOGXVtbFZ6VsYZMShTjZN8kmzr/s640/800px-Pal%25C3%25A1cio_da_Ribeira_Grande%252C_Rua_da_Junqueira%252C_62_a_78_7709.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Palácio da Ribeira Grande, Rua da Junqueira (fonte: Wikicommons)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Os dragões rondavam-lhe a porta...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">É tudo quanto há de mais natural, porquanto as belezas estão sempre guardadas em palácio por façanhudos dragões de dentuça arreganhada e prontíssimos a mastigar quem se atreva a querer pôr a mão nas deliciosas beldades...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="color: #660000; font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><i>«Mulheres daquelas são obra do diabo que vem a este mundo para a tentação.» </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Disse Frei João do Espírito Santo. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Se era possível aquela beleza ser obra dum personagem de quem os livros dos Doutores da Igreja de Roma fazem um retrato horrível...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Se ela era judia ainda os mesmos conspícuos doutores poderão, seguindo os seus tectos e lucubrações, suspeitar que ela tivesse, segundo a tradição, o apêndice caudal, ainda quo reduzido...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Sedutora era ela, a darmos crédito às informações e também ao nosso fradinho, que lhe chama tentadora.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Oh! S. Tomaz tinha razão às carradas quando disse esta frase que é uma sentença: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><i>− Os homens seriam grandes santos se amassem tanto Deus como amam as mulheres!</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">E os dragões que escoltavam o Rei o o Ministro não poderiam deixar do notar, quando passavam pela JUNQUEIRA, aquela beleza que, no dizer de Frei João do Espírito Santo, ora obra do diabo... </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">E há por aí tantas obras diabólicas que são a alegria de muita gente que não se importou de ser genro de Satanás!...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">A Marion ainda vivia em Lisboa no ano 1805 e foi vista em casa de Junot (1) ainda interessante, soberbamente trajada e com brilhantes de valor. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">O terrível Pina Munique trazia-a debaixo de olho; nunca, porém, a vexou.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">E se a paixão não fosse do Rei mas sim do Pombal que, a-pesar-da sua majestade de maneiras, era conquistador ?</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><i>«− Conquistador ? − preguntará o leitor, um pouco desconfiado − Isso é possível?</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Sim, senhor. Está averiguadíssimo. Simão da Luz Soriano asseverou no 2.º volume da sua HISTÓRIA DE D. JOSE I, que viu uma carta dirigida pelo Pombal a certa dama a quem pedia entrevista. Mártens Ferrão, então Ministro, não consentiu que se publicasse a carta (2). Camilo refere-se no PERFIL a êste facto. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="color: #444444; font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">(1) Alexandre Andoche Junot. Nasceu em Bussy-le-Grand, em 1771 e faleceu em Montbard em 28 de Julho de 1818. Ministro de França em Lisboa. Comandou a 1.ª invasão em Portugal, e roubou sapatos em Abrantes e a Bíblia dos Jerónimos em Lisboa... </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="color: #444444; font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="color: #444444; font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">(2) Conselheiro de Estado, Dr. João Baptista da Silva Ferrão de Carvalho Mártens. Estadista, diplomata, escritor, orador, par do Reino, lente da Universidade de Coimbra, jurisconsulto, e embaixador em Roma, onde faleceu em 1895. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Apresso-me, todavia, a declarar que não será por isso que êle estará no Purgatório, porque os Doutores da Igreja de Roma e os Santos Padres me elucidaram: 1.º que os pecados de amor não são castigados; 2.° que o amor, corno já se disse, é instituição divina e que somente são puníveis: − roubar a péssima mulher do nosso próximo e iludir a nossa próxima com promessas de casamento...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">E assim falou Zaratrusta. O Primeiro Ministro de D. José I, neste assunto, cousa alguma tem a temer!... Basta o que lhe está carregando a alma e que não é pouco!...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="color: #660000; font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><i>«Ouve uma ves grande batalha á porta da franceza da Junqueira entre fidalgos e ofeciais dos dragoens.» </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Batalha, diz o frade. E como éle soube essas cousas! Com certeza que nessa ocasião ainda andava pelo mundo, quero dizer, pelos salões onde certamente chegou o eco do prélio, que devia ter sido de belas espadeiradas dos dragões, que foram sempre até 1834 muito expeditos em desancar o antagonista com os espadragões que usavam e que pareciam montantes, principalmente os do Chaves, que tinham fama !...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Os fidalgos não teriam a opor aos sabres dos seus antagonistas senão os espadins, se fôssem colhidos de surprêsa. Um dos condes de Óbidos, esgrimista temível, quando saía à noite com amigos seus não levava faim nem outro espêto semilhante, mas sim boa catana de aço de Toledo que podia cruzar-se com as espadas de cavalaria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Portanto, acredito que essa batalha, como o Capelão informou, foi travada com todo o arreganho, onde se deu e recebeu muita pranchada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="color: #660000; font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><i>«...e ouve muitos feridos de ambos os lados e sem consequencia de maior.»</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Quere isto dizer em linguagem mais clara e de modo que tôda a gente compreenda: − não foi pessoa alguma a enterrar na igreja, conforme era a moda naquele tempo. Limitou-se a batalha, − a qual foi vista e presidida de longe por Cupido, o deus do Amor − a bastas pranchadas que se curaram com arnica, vinagre e camomila, então preconizada como cicatrizante, não sei por que Bulas, enquanto a Marion, a encantadora, diria, talvez, como a sua patrícia De Lorme, e também Marion, quando viu uma grande briga assanhada debaixo das suas janelas:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><i>« − Ó qu'ils sont beaux!... Qu'ils sont beaux!...»</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">O que se passou depois no quartel dos ferozes dragões da AJUDA o nos palácios dos fidalgos é que o frade não diz... Conjectura-se, porque é raro o leitor que não tenha jogado à pancada por causa do namôro e sofrido depois as conseqüências...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div style="text-align: center;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">*</span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span>
<br />
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAylVaUsxDd93dPJs5hIpuDLxJeFzK23SfNfJ499hr-x14OIdNRIY0q9jWtwAMVTFeQRnogACs-NQlM-QRu7QWsAhUuGdl8BbuvVH6okRxExCrRRzmYleIJcN7ZoMfQmW6W3uAJWKCRWNi/s1600/Vieira_Lusitano_-_Joseph_I%252C_Rex_Portug_adapted.jpg" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="434" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAylVaUsxDd93dPJs5hIpuDLxJeFzK23SfNfJ499hr-x14OIdNRIY0q9jWtwAMVTFeQRnogACs-NQlM-QRu7QWsAhUuGdl8BbuvVH6okRxExCrRRzmYleIJcN7ZoMfQmW6W3uAJWKCRWNi/s640/Vieira_Lusitano_-_Joseph_I%252C_Rex_Portug_adapted.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">El-Rei Dom José, por Vieira Lusitano (fonte: Wikicommons)</td></tr>
</tbody></table>
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">A Marion teve em ponto de rebuçado a mocidade doirada daquele tempo. Pelo menos não é só Frei João do Espírito Santo que o diz.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">A judiazinha interessante e linda pôs à contribuição não sórnente os corações como as bôlsas dos seus apaixonados...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Dizia-se viúva, meio de que muitas lindezas lançam mão para se tornarem mais apetecidas e interessantes, e sucedeu que</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><i><span style="color: #660000;">«... o Conde de Obidos, D. José, se apaixonou pela tal franceza da Junqueira, e foi urna grita de indignação em toda a Lisboa.»</span></i> (1) </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="color: #444444; font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">(1) O Conde de Óbidos, 4.º do título, D. Jose de Assis Mascarenhas e Lencastre, nasceu em 6 de Maio de 1745 e faleceu nas Caldas da Rainha, em 27 de Agôsto de 1806.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Essa grita de indignação foi, sem dúvida alguma, da parte daqueles a quem a francezinha deu as cabaças. Estender a grita por toda a capital é uma hipérbole que não é de acreditar. Indignou-se a Condessa, com certeza; fizeram côro as visitas; fecharam-se no oratório a pedir que o Conde tivesse juízo e armou-se forte conspiração para a francesa ser posta na fronteira; isso sim, acreditamos todos. Quem é que se indigna com uma mulher bonita?!</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">A francesa é que não saiu da Junqueira... Tinha amarras fortíssimas a sereia e </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="color: #660000; font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><i>«... uma alta proteção com que Sebastião Joseph não poude, dizia-se nesse tempo...» </i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Alto! Quem era a pessoa que açamava o terrível Pombal ? Não é difícil de adivinhar. O Rei D. José I deixava fazer tudo ao seu terrível ministro. Tomar-lhe o Pombal satisfações no assunto amatório é que não!...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Ao mesmo tempo, porém, fico vacilante... Se a Marion era uma cortesã, ainda que do tom, das finas, e procurada por muitas pessoas de qualidade, como é que o Monarca freqüentava a sua casa? </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Bastava urna ordem do Soberano para tôda a gente nem sequer pensar em parar à porta da formosura tão procurada e altamente disputada!...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Protecção que fazia aquietar o Pombal não conheço senão uma: a do Rei. A do Arcebispo de Tessalonica nem pensar nisso, se bem que fôsse um brègeirete de alto calibre, como disse Ramalho Ortigão, o que aliás era já sabido no Ramalhão e em Queluz... Que excelente capítulo se teria feito sôbre a bela MARION se o fradinho tivesse sido mais prolixo!...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Ainda assim alguma cousa se arranjou!...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">* * *</span><br />
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikksbvoGaTNR5ptDI3zMm_E2gkoZ3gBi4sS6DRWEZKnUsTQMRMI9OAxHGi1K96-3dwDWMSO-d5oCw90VBSHdWBL3lMXur9wqVb4KPN9YiYBEDFWbHmZUe20D1jhyphenhyphenQao1sfwbeHzTAcULGg/s1600/caspamarialvascapelao.jpg"><img border="0" height="400" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEikksbvoGaTNR5ptDI3zMm_E2gkoZ3gBi4sS6DRWEZKnUsTQMRMI9OAxHGi1K96-3dwDWMSO-d5oCw90VBSHdWBL3lMXur9wqVb4KPN9YiYBEDFWbHmZUe20D1jhyphenhyphenQao1sfwbeHzTAcULGg/s400/caspamarialvascapelao.jpg" width="256" /></a></span></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Transcrito de Júlio de Sousa e Costa, <i>Memórias do Capelão dos Marialvas</i>, Lisboa: João Romano Torres e C.ª, 1940. pp. 177-187. [Com base nas curtas memórias de </span><span face="" style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">Frei João do Espírito Santo, cujo manuscrito teve acesso]</span></div>
<br />Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-48636834565545212212019-01-29T02:49:00.001-08:002019-01-29T02:49:40.798-08:00Campo da Real Tapada: Maio de 1790<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAs_G_Vc5DEGwfNPQjYE5kaDqqymMvBiDl9ZEpYyKoCaiutfCSUCmSUDH_4DwTWj0xcu2B2J53wfkYKgBgowuPgNVWp3P032rph77-zMkCtDvHKoFhPg-VMBliAxiT4QkzwnCRyo8ccK7u/s1600/vallere01.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjAs_G_Vc5DEGwfNPQjYE5kaDqqymMvBiDl9ZEpYyKoCaiutfCSUCmSUDH_4DwTWj0xcu2B2J53wfkYKgBgowuPgNVWp3P032rph77-zMkCtDvHKoFhPg-VMBliAxiT4QkzwnCRyo8ccK7u/s640/vallere01.jpg" width="542" /></a></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No Campo da Real Tapada, na Ajuda, (referido também como de Alcântara) teve lugar de 20 a 30 de Maio de 1790 um exercício, ou brinco </span><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: large;">militar</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">, como se dizia popularmente, onde se reuniram várias unidades, de infantaria e artilharia, sob o comando do tenente-general <span style="color: #274e13;">Luís António Guilherme de Valeré</span> [Guillaume Louis Antoine de Valleré, </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">1727-1797, na foto, em cima]. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Transcrito pelo ContAlm Celestino Soares nos seus <i>Quadros Navaes</i>, apresento uma descrição do campo de manobras da Real Tapada, na Ajuda. Antes, algumas observações que podem ajudar à compreensão do texto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Na verdade, a descrição versa apenas sobre as manobras do <b>Regimento de Infantaria de Minas</b> (depois de Freire, de Lisboa, o futuro infantaria 4) e o <b>1.º regimento da Armada</b> (que dá origem, com o 2.º, à Brigada Real de Marinha, em 1797, e ao Regimento de Infantaria de Lisboa, em 1801). </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Antes das manobras, o tenente general Valeré recebeu algumas instruções para as movimentações em brigada. A indicação que após a saída de Minas e do 1.º da Armada deste campo, o mesmo seria ocupado pelo Regimento de Infantaria de Setúbal, pelo que é de imaginar que o campo foi usado no adestramento dos vários regimentos do Governo d’Armas da Corte, com fortes preocupações de adestrar as movimentações de brigadas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Fica a pequena coincidência que são membros do 2.º Regimento da Armada Real que vêm a formar o Regimento de Infantaria de Lisboa, o 24.º da infantaria de linha portuguesa, para permitir 12 brigadas completas, conforme a doutrina de 1801, com 4 batalhões cada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Brinco</i></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">As manobras, especialmente as que ocorreram a 10 de Maio, consistiram na tomada de um reduto, construído para o efeito, por uma brigada, com uso das companhias de granadeiros (então 2 por regimento – em 1796, a segunda delas é substituída pela de Caçadores) como uma espécie de infantaria ligeira, na vanguarda. É de destacar a muito pormenorizada descrição do reduto que foi construído, com termos muito especializados, dando conta também do forte trabalho técnico que a artilharia e a engenharia vinham fazendo um pouco por todo o país.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Três meses depois, é organizado o Campo da Porcalhota [<a href="https://aorealservico.blogspot.com/2017/12/campo-da-porcalhota-setembro-e-outubro.html" target="_blank">LER MAIS</a>], com 2 brigadas de infantaria e uma de cavalaria, mais artilharia de Estremoz e da Corte.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Nos anos seguintes, a da Charneca de Sintra, em 1793 (presumivelmente com os 6 regimentos que constituíam o Exército Auxiliar ao Roussilhão) e finalmente o campo do Quadro, próximo da Azambuja, em 1798, onde as companhias de caçadores (criadas em 1796) fazem a sua estreia operacional, organizados em dois batalhões provisórios, prenúncio do seu uso posterior, após 1808.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Falaremos destas noutra ocasião.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">TRANSCRIÇÃO</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i><span style="color: #444444;">Primeiro campo de manobras, Lisboa, 18 de Maio de 1790 (cópia) – Havendo-se assignalado o sitio de Belem para ponto de reunião da Brigada composta dos dous Regimentos de infanteria de Minas e primeira Armada que, com dous destacamentos dos Regimentos de Artilheria da Côrte e Estremoz deviam acampar na Real Tapada d’Ajuda ás ordens do Tenente General </span><span style="color: #0c343d;">Guilherme Luiz Antonio de Valeré</span><span style="color: #444444;">: marcharam elles com effeito a 24 de Abril pela manhã para o dito sitio. Alli se formaram em columna, na frente da qual marchava o Quartel Mestre General do Campo, o Sargento Mór Engenheiro </span><span style="color: #0c343d;">Theodoro Marques</span><span style="color: #444444;">, com os seus ajudantes, e após estes os Porta-machados do Regimento de Minas, seguidos do General do Campo, com seu Ajudante General, e consecutivamente o Brigadeiro D. </span><span style="color: #0c343d;">Francisco Xavier de Noronha</span><span style="color: #444444;">, com o Sargento Mór e Ajudante da Brigada; aos quaes todos precedia o destacamento d’Artilheria d’Estremoz com o seu parque. Seguia-se logo o Regimento de Minas, levando entre as suas Companhias de Granadeiros os Artilheiros, que servião duas peças de calibre de 3: e o destacamento de Artilheria da Côrte, com o seu parque, que constava de 8 peças de calibre de 6, e 2 obuzes: e em ultimo lugar hia o Regimento da primeira Armada com outro Corpo d’Artilheria tambem aos lados. </span></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Nesta forma subio toda a Brigada pela calçada d’Ajuda para ser vista por S. M. e AA. que a esperavam na janellas do Paço; e tendo entrado na Real Tapada, ahi se acampou em huma só linha, da mesma fórma que marchára, menos o corpo avançado d’Artilheria d’Estremoz que se postou em huma eminencia que domina aquelle lugar. Todos os dias que decorreram até 10 de Maio, em que se havia de executar o ataque, e tomada de hum reducto, construido na frente do primeiro acampamento, se empregárão na limpeza e regulação do Campo, e na direcção, e construcção de duas Flexas, que cubrião as frentes das guardas do Campo dos dous Regimentos d’Infanteria, e no exercicio pratico do serviço do Campo. Cada hum dos ditos Regimentos teve a honra de manobrar na presença das Pessoas Reaes, não só unidos, mas tambem separados; S. M. se dignou sempre de mandar agradecer aos Officiaes e Officiaes inferiores o desvelo que mostravão por satisfazer as suas respectivas obrigações.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>N’aquelle meio tempo pois foi construido o sobredito reducto, ao qual se fizerão dous redentes, cobrindo-se a cortina que medeava entre elles com hum revelim, pelo qual tambem era defendida a entrada do mesmo reducto, que se guarneceo com cavallinhos de friza, tendo, aonde se julgava havia de ser atacado, seu parapeito, banqueta, berma, fosso, estrada cuberta e explanada: e explicado o uso de cada huma destas partes de fortificação em geral aos soldados que as defendião, se procedeo no dia 10 ao ataque, pelo modo seguinte.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i><span style="color: #444444;">Formados os Regimentos em batalha no segundo Campo, para onde precedentemente tinhão marchado, de cada hum delles se destinou por Companhias hum certo numero de praças que havião de ser os defensores do reducto, e em quanto estes se dirigião para a sua fortificação, marchavam os atacantes em tres columnas em ordem inversa á roda de toda a Tapada pra o lugar do ataque, havendo-se separado as Companhias de Granadeiros dos dois Regimentos para cubrirem as frentes das duas columnas. N’esta forma marchárão até encontrarem os postos avançados da guranição, que sendo desalojados pelas Companhias de Granadeiros, se retirávão em boa ordem para o interior da Praça. Protegidas as columnas, que marchávão na rectaguarda, pelos granadeiros, tiverão ellas tempo para se desenvolver, e formar em batalha no terreno que rodeava a fortificação; e immeditamente em ordem graduada atacárão a esta segundo as direcções das capitães dos redentes, avançando sempre até cubrirem a frente dos Granadeiros, os quaes para divertirem os sitiados, forão ataca-los pela direcção que fazia o angulo saliente da parte oriental; ajudou este estratagema os ataques formalisados, de sorte que então foi entrada a Fortaleza, sem que perdesse o acordo o seu commandante o capitão de minas D. </span><span style="color: #0c343d;">Fernando Antonio de Noronha</span><span style="color: #444444;">, pois o teve para se retirar em boa ordem até à eminencia que primeiramente occupára a artilheria d’Estremoz, sem embargo de o terem perseguido em toda a retirada, os granadeiros, que para este fim havião rodeado todo o contorno da fortificação.</span></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Acabado este ensaio militar, passárão as tropas por diante de S. M. e AA. que, com huma grande multidão de pessoas da primeira nobreza, e outras gerarchias, estivérão presentes a este divertido espectaculo, por motivo do qual acudio igualmente immenso povo. Hé inexplicavel o contentamento que n’essa occasião mostrárão as pessoas reaes: tanto assim que, depois de terem os differentes corpos chegado ao terreno dos seus acampamentos, quizérão S. M. e AA. por bondade sua, testemunhar-lhes com carinhosas demonstrações de gosto a satisfação que lhes causára o acerto com que acabavão de manobrar. N’aquelle dia não houve hum só accidente que perturbasse a alegria geral: o que assás prova o grande acordo dos officiaes nos seus mandamentos, e a boa vontade dos soldados na sua obediência. O general do campo agradeceo depois, em nome da rainha, aos officiaes o bem que tinhão servido n’este ensaio, expressando que a maior gloria de hum soldado era ver que o seu soberano se mostrava contente do seu bom serviço.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>O dia seguinte, 11 do corrente, se empregou em reciprocos cumprimentos, despedindo-se os officiaes huns dos outros com uma cordealidade e ternura, de que talvez ha poucos exemplos entre os corpos militares. E depois de terem os dois Regimentos enfeitados os seos chapeos com ramos colhidos n’aquelle sitio, segundo a vontade de S. A. R. o principe N. S. sahio d’ali a brigada para se restituir aos seus respectivos quarteis, offerecendo huma divertida vista e ar de alegria com que voltávão os dois regimentos, seguidos de hum grande numero de carros todos enramados com as suas respectivas bagagens. Na tapada fórão elles revezados pelo regimento d’infanteria de Setubal.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Fonte: <i>Quadros Navais</i>, pp. 93-95</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">* * *</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em Maio de 1789, um ano antes, tinha havido na mesma tapada vários exercícios militares</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">O órgão oficial da corte, a Gazeta de Lisboa, publicou notícias desse campo de manobras.</span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>LISBOA 26 de Maio.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Havendo a nossa Corte determinado que os Regimentos da Guarnição dessa capital , menos os de embarque, com os de Cascaes e Setubal, se acampassem dous a dous alternadamente em bellica disposição na Real Tapada, no dia 18 do corrente huma Brigada, composta dos Regimentos d'Infanteria de Peniche, e Albuquerque, e hum Destacamento de Artilheria, com 4 canhões, e 2 obuzes, depois de ter , com aquelles nos intervallos dos Regimentos , e estes nos lados, passado por baixo das janellas do Real Palacio d'Ajuda, aonde se achavão S.M. e AA., assentou o seu arraial, com esta mesma formalidade, no lugar indicado, debaixo do mando d'Antonio Franсо d'Abreu, Coronel do primeiro dos sobreditos Regimentos. No dia 22, achando-se ahi toda a Brigada formada em batalha, S. M. e AA. passarão pela frente, e forão recebidas com tres descargas geraes de mosqueteria e artilheria. O Principe N. S. depois andou examinando todo o campo com muita miudeza, e entrou a pé nas fileiras, mostrando por este modo que não he menos instruido na Arte Militar do que nas outras sciencias, a que se tem applicado com grande fruto. Tão satisfeito ficou S. A. R. de ver os bem executados movimentos da referida Brigada , que deo huma grande porção de dinheiro para se repartir pelas Tropas: acção que caracteriza a singular generosidade de que he dotado.</i></span></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(Gazeta de Lisboa, n.º 21, 26 de Maio de 1789.)</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>LISBOA 12 de Junho.</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Tendo S. M. e AA , e toda a Corte no dia 8 do corrente de tarde concorrido á Tapada Real, aonde se achava disposta para levantar o campo a Brigada formada dos dous Regimentos de Peniche e Albuquerque, entrou ahí ás 5 horas a segunda , destinada para a revezar, comporta dos Regimentos de Cascaes e Lippe; e depois de terem ambas estas Brigadas, após huma salva d'artilheria, dado as competentes descargas de alegria , sahio a primeira para se recolher aos seus respetivos quarteis , e a segunda procedeo logo a formar o seu acampamento. A assistencia da Real Familia, e da primeira Nobreza que a acompanhava , como tambem a boa ordem das tropas, tornárão esta militar scena summamente brilhante</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>e vistosa.</i></span></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(Gazeta de Lisboa, Suplemento ao n.º 23, 12 de Junho de 1789.)</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">* * *</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Ordem de Batalha</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">General do Campo</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Tenente General Guilherme Luiz Antonio de Valeré</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Quartel Mestre General do Campo</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Sargento Mór Engenheiro Theodoro Marques</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Brigada de Infantaria</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Brigadeiro D. Francisco Xavier de Noronha </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Regimento de Infantaria de Minas (Lisboa) *</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- 1.º Regimento de Infantaria da Armada **</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- destacamentos dos Regimentos de Artilharia da Corte e de Estremoz.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Forças Oponentes (Reducto)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Capitão D. Fernando Antonio de Noronha</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">* * *</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Notas</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">* O futuro Regimento de Infantaria n.º 4, em 1806, começou por ser o Terço Novo da Côrte em 1659, tendo tomado, ao longo da sua história, o nome de alguns dos seus comandantes: Marquês de Minas, Conde do Prado, Gomes Freire. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">** Extinto em 1797, muitos dos seus quadros, assim como do 2.º regimento da Armada, foram integrados na Brigada Real de Marinha. Os restantes entraram no novo Regimento de Infantaria de Lisboa, depois n.º 10, quando o mesmo foi criado em 1801, como 24.º regimento da linha, de forma a permitir o embrigadamento de todos os corpos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">* * *</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Bibliografia</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- SOARES, Contra Almirante Joaquim Pedro Celestino, </span><i style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: x-large;">Quadros Navais (VII Parte)</i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">, Col. Documentos n.º 12, Ed. Ministério da Marinha, Lisboa, 1973. pp.91-93</span></div>
<div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-3589768603541597752019-01-02T17:02:00.002-08:002019-05-26T03:51:07.381-07:00Polícia: Resumo Biographico do Aventureiro Corte Real (1824)<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRb45VuwWmztL5MYQfl6vm-EBoeYWqgvIeFD2gr3d3OR1PKGx6FFH21BAV1GKi_qFfHQ7n5TFaBYw1lnBPB1Sy-4Pcr9EQ3yFtoC-rLJIuAXTLY1_OG4q5oPbzn41l55y7tz4xnSmGOSt5/s1600/1280px-Lisbon_from_the_Rua_de_San_Miguel_%25281830%2529_-_Thomas_Jeavons_%25281816-1867%2529_segundo_original_de_Betty.png" imageanchor="1"><img border="0" height="432" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgRb45VuwWmztL5MYQfl6vm-EBoeYWqgvIeFD2gr3d3OR1PKGx6FFH21BAV1GKi_qFfHQ7n5TFaBYw1lnBPB1Sy-4Pcr9EQ3yFtoC-rLJIuAXTLY1_OG4q5oPbzn41l55y7tz4xnSmGOSt5/s640/1280px-Lisbon_from_the_Rua_de_San_Miguel_%25281830%2529_-_Thomas_Jeavons_%25281816-1867%2529_segundo_original_de_Betty.png" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A 15 de Agosto de 1824, João Cândido Baptista de Gouveia envia a Olímpio Joaquim de Oliveira, Oficial Maior da Secretaria da Polícia, algumas informações que este lhe havia pedido. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A terceira destas é uma nota, a nº 3, contendo a história do aventureiro Corte Real e ao contrários das outras duas notas, refere quase todo o percurso de vida deste vigarista profissional, “cavalheiro d'indústria”, como lhe chama eufemisticamente, entre Portugal, França e Brasil, cobrindo-a pelo menos desde a Guerra Peninsular e com mais detalhe a partir de início de 1814, e pelos dez anos seguintes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">O estilo picaresco, já antigo na história da literatura europeia, é dominante nesta nota policial e faz elevar o texto a um nível superior. Ainda que João Cândido se refira a Corte Real como 'famigerado heroe' ou como 'cavalheiro', nota-se a falta de qualquer elemento redentor face ao protagonista.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">*</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">«Nota n.º 3 – <b>Resumo biographico do aventureiro Corte Real</b> – Este celebre impostor pôde durante o periodo da campanha da Peninsula, por isso que fallava alguma cousa Inglez, introduzir-se com o Commissario em chefe do Exercito Inglez, e por actos de baixeza conseguio por fim ser empregado no departamento dos transportes, assignalando-se sempre pela sua conduta irregular, e repetidos calotes, que de vez em quando lhe attrahião seus dissabores. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf-tDAMAHx1RRWNgsFzoJDxqlt_Os5ODC63WmaD3QzJcMnUNoO1CZqD5DlLEBKS5wTBd9u0MYQACmhMNfiQmOghcUl6L4q5U90vh_EtjnY1erJ3elEBkk7mGiOq70isHZc9ZYlqmF3VyJQ/s1600/1280px-Vall%25C3%25A9e_de_la_Bidassoa_3_miles_en_amont_d%2527Irun_Valley_of_the_Bidassoa_3_Miles_above_Irun_-_Fonds_Ancely_-_B315556101_A_BATTY_1_227.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="472" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgf-tDAMAHx1RRWNgsFzoJDxqlt_Os5ODC63WmaD3QzJcMnUNoO1CZqD5DlLEBKS5wTBd9u0MYQACmhMNfiQmOghcUl6L4q5U90vh_EtjnY1erJ3elEBkk7mGiOq70isHZc9ZYlqmF3VyJQ/s640/1280px-Vall%25C3%25A9e_de_la_Bidassoa_3_miles_en_amont_d%2527Irun_Valley_of_the_Bidassoa_3_Miles_above_Irun_-_Fonds_Ancely_-_B315556101_A_BATTY_1_227.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Na occasião da entrada do Exercito Alliado em França acompanhou, este então Comissario conductor de bagagem, a Divisão Ingleza que entrou no sul da França, e ali o nosso cavalheiro d'indústria quis passar por filho d'Albion, entre os seus concidadãos, e por filho de um Milord entre os credulos Francezes! Bem depressa porem foi reconhecido por hum impostor, e teve de figurar tristemente entre todo o Exercito que com desprezo o olhava, já pela sua má conducta, e já pelo despresivel ardil de que se valera para merecer alguma consideração. Alguns calotes, e ganhos feitos com ladroeiras as jogos de hasard, habilitárão o nosso heroe a dirigir-se até Paris, onde quis figurar com a mesma conhecida impostura, e conseguio passar por pessoa distincta entre alguns credulos Parisienses; por fim á sombra das introducções, e conhecimentos adquiridos, enganou uma Senhora Parisiense de alguma fortuna, e com ella pertendeo desposar-se; mas as pesquisas da Policia, onde se dirigio o offendido Pai a queixar-se do nosso cavalheiro, o obrigou a deixar aquella capital, theatro das suas falcatruas, sem dizer adeos aos amigos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Voltando ao Exercito o despedirão por incapaz e indigno do serviço, não lhe valendo de nada a sua nimia condescendencia para com o Deputado Comissario da sua brigada, que por vezes o encarregava das suas cartas amorosas para as condescendentes Languedocianas. Este revez não esperado de huma adversa fortuna, põe em criticas circunstancias o cavalheiro Corte Real, e cresce o seu apuro por effeito de teimosas instancias de alguns implacaveis credores, que tendo notas promissorias e letras passadas por elle, em consequencias de dinheiro de emprestimos, pertendem o embolso e o ameação com prisão, segundo as leis de França, que são severas para os fraudulentos devedores. Não resiste o heroe a tanto afan, e para evitar questões salda as suas contas fugindo para o Porto, e em seguida para Lisboa, conservando-se e, modesto incognito até ao anno de 1817.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLnTqVlM6JLiEzDGj4gK_d4_xI99Y1L4lgYS8MudXnUNnJtNiiQynu4mXtYpf4UpiV-kb9dmKr0UalWUpM9OIY5Z2cpYew4VbCawAGcsbPy-Nr1TdpGwMQ_y0J2ydMUFIDiPBCyd4UVsKs/s1600/Salvador_Brasil_1875.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="460" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjLnTqVlM6JLiEzDGj4gK_d4_xI99Y1L4lgYS8MudXnUNnJtNiiQynu4mXtYpf4UpiV-kb9dmKr0UalWUpM9OIY5Z2cpYew4VbCawAGcsbPy-Nr1TdpGwMQ_y0J2ydMUFIDiPBCyd4UVsKs/s640/Salvador_Brasil_1875.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Salvador, 1885</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br />Nova carreira projecta o insigne cavalheiro, e para isso atravessa o Occeano, para em climas remotos deixar renome. He a Bahia a primeira cidade brasileira que pisa, e envergando o uniforme e insignias de Major da Engenharia Ingleza, apresenta-se ao incredulo Conde de Palma, que o recebe com toda a lhaneza e affabilidade, e lhe franqueia a sua casa. Vasto tempo se oferece então ao nosso Quixote, que cheio de honras e obsequios, se vê com tudo vazio de meios pecuniários, e mui propinquo a vender a farda e dragonas que tanta ventura lhe acarretárão! Não desanima com tudo, e fertil em engenho rapinante, emprehende logo uma subscrição para illuminar a cidade como, então moderno invento, do gaz carbonico. Subscrevem os Baihanos com aquella generosidade que lhes he caracteristica, e empolga o cavalheiro avultada somma, aprazando noite para as curiosas experiencias. </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Aqui descorçoa o heroe vendo chegar a noite fatal do funesto ensaio, mas a fortuna lhe depára hum chimico Brasileiro que consegue ministrar-lhe algum gaz hydrogeneo; afouto emprehende a operação, e sem idêa ou conhecimento algum do invento; apresenta meia duzia de lanternas, perante toda a população da Bahia que sollicita esperava pela tão desejada experiencia; pega.se fogo ao gaz, mas oh desventura! No mesmo momento se apaga e avapora, obrigando a assuada e voeria dos circunstantes ao insigne heroe a avoporar-se juntamente com o seu gaz, para salvar as costellas de huma tão merecida maçada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv4bldnk8O8YcuF75zW6lxUBSA6zxXgphYOFgQaabNl20aT0zzK25NG4BSCLTIkrATBnyfrJkA81UPkdCNcX6rzqFDec7x3jj6QJmQrFDUr2mZUL7sf-dCMBCOQ35We5Rp4csr9brpTtmm/s1600/Recife_1865.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="394" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgv4bldnk8O8YcuF75zW6lxUBSA6zxXgphYOFgQaabNl20aT0zzK25NG4BSCLTIkrATBnyfrJkA81UPkdCNcX6rzqFDec7x3jj6QJmQrFDUr2mZUL7sf-dCMBCOQ35We5Rp4csr9brpTtmm/s640/Recife_1865.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Recife, 1865</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Corrido e amedrontado deixa este novo alfarache e Bahia, e passa a Pernambuco a tentar nova fortuna: he acolhido pelo General, e vai morar para casa do Ajudante General Telles, filho da Ilha da Madeira, homem de instrução e de bom caracter. Aqui se preparávão grandes infortunios para o nosso aventureiro. A farda Ingleza que tão proveitosa lhe foi nos olhos do Consul Britannico, que dabalde procura no Almanack militar o nome do cavalheiro Corte Real: julga a proposito mandalo chamar, e lhe declara que por attenção ao seu protector Telles he que não procidia a mandar-lhe dar uma surra, mas que tomasse cautela, que logo que tornasse a vestir hum uniforme que lhe não competia, e reclamava ao Governo para ser punido com todo o rigor! A estas expressivas palavras perdeu o accordo o famigerado heroe, e correu a acoitar-se na casa do seu patrono, a quem por muito tempo occultou o sucesso. Condoido o honrado Telles de ver sem emprego a este sevandeja, lhe propõe ser empregado no quartel General, e pressupondo-o entendido na sua arte consegue fazelo encarregar de traçar o acampamento nos campos de Iguaraçu, por occasião dos suspeitos movimentos militares naquella capitania. He então que de todo se desmascara este heroe, e mostra a sua ignorancia até dos rudimentos mathematicos, attrahindo o justo desprezo e rizo de todos os Pernambucanos. A tudo porem resiste esta cara de estanho, e tranquillo passa seus dias até que nova castastrofe dá a conhece-lo de todo. Hum dia em que Telles sahio de serviço montado em hum fogoso cavallo, toma este a freio nos dentes, e o leva de encontro a hum muro, onde bate com a cabeça de seu dono, aponto que he levado sem sentidos para casa do General por ser a mais proxima, julgando todos que Telles estava morto: aos ouvidos de Corte Real chega a noticia do sucesso, e eis que incontinente marcha para casa, e trata de empalmar o dinheiro e trastes de valor que encontra. Recobra Telles os sentidos, por effeito da operação de trepano, faz testamento e aponta os diversos legados, que procurados em seguida não apparecem, nem tão pouco o dinheiro nem cousas de valor. Buasca-se o heroe mas este já estava a salvo levando comsigo a publia execração de todos os Pernambucanos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZYdXst6fF5yM1PLmgerxTYLIPjW8VKbcNy3DwBGIhj-7vueDsThgs-Z8Vcgfm_nUUBr_dDo5KFFkHtF7ta8bIre4vyAAg4CsAI_cDOcWuRtxlFpfW313uZPqiinV1tA-QH2VU_450L9xz/s1600/Maison_%25C3%25A0_louer%252C_Cheval_et_Ch%25C3%25A8vre_%25C3%25A0_vendre%253B_and_Int%25C3%25A9rieur_d%25E2%2580%2599un_habitation_de_Cigannos.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="380" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiZYdXst6fF5yM1PLmgerxTYLIPjW8VKbcNy3DwBGIhj-7vueDsThgs-Z8Vcgfm_nUUBr_dDo5KFFkHtF7ta8bIre4vyAAg4CsAI_cDOcWuRtxlFpfW313uZPqiinV1tA-QH2VU_450L9xz/s640/Maison_%25C3%25A0_louer%252C_Cheval_et_Ch%25C3%25A8vre_%25C3%25A0_vendre%253B_and_Int%25C3%25A9rieur_d%25E2%2580%2599un_habitation_de_Cigannos.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Depois deste roubo infame apportou no Rio o insigne Corte Real, dando-se por medico afamado e tomando o nome Albuquerque: ali continuou a omesmo trilho e soube ganhar affecto de huma Senhora rica, que o recomendou ao Ministro Villa Nova Portugal. Conseguio este biltre obter logo emprego de Major do estado maior, e como fallava Inglez foi empregado em huma legação diplomatica!! Os acontecimentos politicos que obrigarão Sua Majestade a voltar a Portugal, accaretárão igualmente muitos parasytas para a Europa, veio entre elles o nosso famigerado heroe, que á sua chegada quis distinguir-se constituindo-se orador dos caffés a favor do systema existente. Requereu ser empregado diplomaticamente, mas o conhecimento da sua vida escandalosa que todos publicavão o affastou dos empregos. Tornou-se então inimigo daquelle systema, e appareceu constantemente na companhia do Alferes Bellem, e de hum certo Lage, até que pôde evadir-se, porque quizerão dar-lhe consideração fasendo-o procurar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Desde que sua Majestade foi restituido aos seus inauferiveis direitos, appareceo Corte Real constantemente com os Corvos [José de Andrade Corvo & Francisco de Andrade Corvo, oficiais de cavalaria], e Sá [João de Sá Pereira Soares; os tês associados como agentes de Beresford, e denunciantes supostos da conspiração de Gomes Freire]</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">, dignos emulos de tão conspicuo heroe, e ainda hoje os visita a miudo; tem huma pensão do estado, e grandes esperanças de ser empregado diplomaticamente, por isso que se diz valido do Excelentissimo Marquez de Palmella. He provavel que o obtenha, no momento em que o merito e bom comportamento nada conseguem! Está actualmente vivendo em huma Hospedaria com o celebre Coronel Canavarro.»</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">* * *</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Fonte</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">João Cândido Baptista de Gouveia, <i>Polícia Secreta dos Últimos Tempos do Senhor Dom João VI e sua Continuação até Dezembro de 1826</i>, Lisboa: Imp. Candido Augusto Silva Carvalho, 1835. pp. 98-102.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-64407644606819133752018-11-04T18:20:00.001-08:002018-11-04T18:20:40.248-08:00Reforma do Exercito Português (Agosto de 1715)<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ4jexiuLnj5KJRBSM5n_RZjLFLle6ABJSl5LXshEb5r03y1Ccd9hs_nUdgKNAEUYRYwOUwlo-eQz3pqOQu7Ya68lPBdCjZgHAIWcStcQKWBudBgIwoWNH9Cnotf7EI67L3nLtrVzFoP7x/s1600/scan0009.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgZ4jexiuLnj5KJRBSM5n_RZjLFLle6ABJSl5LXshEb5r03y1Ccd9hs_nUdgKNAEUYRYwOUwlo-eQz3pqOQu7Ya68lPBdCjZgHAIWcStcQKWBudBgIwoWNH9Cnotf7EI67L3nLtrVzFoP7x/s640/scan0009.jpg" width="504" /></a></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Sua Majestade, que Deos guarde, querendo aliviar aos povos de alguns dos tributos que lhes havia imposto com a occasiaõ da guerra, foy servido ordenar por Decreto de 10 do presente mez de Agosto, q<b>ue se reformasse o seu exercito, ficando aquelle numero de Infanteria, & Cavallaria que fosse preciso para guarnição das Praças fronteyras, & que dos trinta & quatro Regimentos de Infanteria de lotação de 600 praças cada hum que havia no Reyno, se formassem vinte Regimentos de 500 homens cada hum, repartidos em dez companhias de 40 praças cada huma</b>, inclusos os Officiaes dellas, além dos dous Regimentos da Armada Real, & da Junta do Commercio, que são da lotação de mil homens cada hum & do da Cidade do Porto, os quaes por não serem pagos pela repartição das Fronteyras, ficaõ na mesma forma em que se achaõ, importando por este modo toda a Infanteria em doze mil & seiscentos homens.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Em quanto à Cavallaria foy tambem o dito Senhor servido, que dos vinte regimentos de Cavallaria que havia de lotação de 480 cavallos cada hum, se escolhessem tres mil, & delles se formassem dez Regimentos de 300 cavallos, repartidos em dez companhias, tendo cada h~ua trinta, inclusos os Officiaes, & assim mais dous soldados desmontados para supprirem as faltas dos que adoecerem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Os Regimentos de Cavallaria se hão de formar pela maneyra seguinte: dos dous, que há na Corte, se hao de escolher doze companhias, & do Alentejo haõ de vir oyto para complemento das vinte, que nesta Provincia da Estremadura haõ de ficar perfazendo dous Regimentos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Dos da Provincia do Alentejo, & dos do Reyno do Algarve se haõ de formar 48 tropas, as 8 que hão de vira para a Corte, & as 40 que haõ de ficar naquella Provincia em 4 Regimentos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Dos dous Regimentos que há na Provincia da Beyra, se haõ de escolher doze tropas, que com 8 que haõ de hir da Provincia do Minho, fazem 20 para os dous Regimentos de Cavallariam que ficaõ na dita Provincia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Na de Tras os Montes há tres Regimentos de Cavallaria, dos quaes se haõ de escolher 16 tropas, & da Provincia do Minho haõ de hir 4, para tambem fazer o conjunto de dous Regimentos que naquella Provincia haõ de ficar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No Reyno do Algarve, & na sobredita Provincia do Minho naõ fica Cavallaria alguma.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">EM QUANTO A INFANTERIA</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ficaraõ cinco Regimentos em Lisboa, & Provincia da Estremadura.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No do Alentejo sete.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Na da Beyra dous.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Na de Tras os Montes dous.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Na do Minho dous.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">E no Reyno do Algarve dous.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Foy tambem S. Mag. Servido fazer merce a todos os Officiaes, que ficaõ reformados de que vençaõ a metade dos seus soldos em quanto não forem accómodados aos postos que vagarem das mesmas graduçoens, para o que haõ de ter preferencia a outros quaesquer opositores.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">OS OFFICIAES QUE SUA MAGESTADE NOMEOU PARA os ditos Regimentos, são os seguintes.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Coroneis para a Cavallaria da Corte</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Antonio de Miranda Henriques</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Jacintho Borges de Castro</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Coroneis para a Infantaria da mesma</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Antonio de Brito de Menezes</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pedro Gonçalves da Camara</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">D. Joaõ da Silveyra</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Alvaro Pereyra de Lacerda</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Ignacio Xavier Vieyra Matozo</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Coroneis para a Cavallaria do Alentejo</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Conde dos Arcos D. Thomas de Noronha</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Manoel Lobo da Sylva</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Andrè de Azavedo</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Martim Affonso Maria (?)</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Coroneis para a Infanteria da dita Provincia</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Rodrigo Cesar de Mernezes</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">O Conde da Ericeyra Dom Luiz Carlos de Menezes</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">D. Luiz Manoel</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">D. Felippe de Alarcaõ</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">D. Fernando de la Cueva (?)</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Francisco de Azevedo e Sylva</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Estevaõ Caldeira</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Coroneis de Cavallaria para a Beyra</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Antonio da Cunha Souto-mayor</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Gonçalo Pires Bandeyra</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Coroneis de Infanteria para a mesma Provincia</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Manoel Esteves Feyo</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Joseph B???????</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Coroneis de Cavallaria para Tras os Montes</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Felippe de Sousa de Carvalho</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Sebastiaõ da Cunha Souto-mayor</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Coroneis para a Infanteria da dita</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Gonçalo Teyxeyra de Mesquita</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Luis Vahia Monteyro.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Coroneis de Infanteria para o Minho</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Jacinto Lopes Tavares</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Joseph de Mello</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Coroneis de Infanteria para o Algarve</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Joseph de Fonseca</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Manoel Freire de Andrade</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Tenentes Coroneis para a Cavallaria</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Duarte Sodrè da Gama Pereyra</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Antonio Botelho Mouraõ</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Joaõ Soares Pegado</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Joaõ de Roxas de Vasconcellos</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">D. Luis Botelho</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Antonio Pinheyro de Magalhaens</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Joseph Pimenta Estaço</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Leonardo de Torres</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Manoel Nunes Leytaõ</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">D. Joseph Gomes Belorado (?)</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Sargentos mayores para a Cavallaria</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Antonio da Rocha Pacheco</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">D. Lourenço de Amorim</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Manoel da Costa Pimentel</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Francisco Joseph Sarmento</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Luis Machado</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Joaõ Cordeyro Fialho</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Andrè Pequeno</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Luis Fialho</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Manoel da Costa</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Antonio Lobo da Cunha</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Tenentes Coroneis para a Infanteria</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Joseph Caetano de Meyreles</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Affonso de Torres da Sylva</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Manoel Ribeyro Malafaya</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Gaspar Velozo</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Joaõ Fernandes Nabo</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Joaõ de Oliveyra da Fonseca</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pantaleão Teyxeyra Leal</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Simão dos Santos</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Joaõ Gomes de Abreu Barbosa</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Francisco Xavier Pereyra</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Duarte Teyxeyra Chaves</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Bento Pereyra de Castro</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Manoel Homem Pessoa</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Antonio Serrão Diniz</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pedro Mendez</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Thomé Freyre de Bulhoens</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Diogo da Mata Chaves</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Domingos Barbosa da Costa</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Sargentos mayores.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Domingos do Amaral Valente</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Alvaro Joseph de Serpa de Souto mayor</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Manoel Rebello de Mendonça</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Fernando de Mesquita</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Antonio da Sylva Furtado</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Sebastiaõ Pinto</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Joaõ da Costa Freyre</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pedro Pinto</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Manoel Freyre de Brito</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pantaleaõ de Oliveyra</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Francisco Teyxeyra de Macedo</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Thomàs de França de Lis</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Mathias Coelho de Sousa</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Thomàs Henriques de Figueyredo</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Luis Pegado da Sylva</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Manuel de Abreu da Mota</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Sebastiaõ de Seyxas da Fonseca</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Pedro Monteyro de Macedo</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Joseph da Costa</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Francisco Alvares Velozo.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><b>INFANTARIA</b></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">“[...] dos trinta & quatro Regimentos de Infanteria de lotação de 600 praças cada hum que havia no Reyno, se formassem vinte Regimentos de 500 homens cada hum, repartidos em dez companhias de 40 praças cada huma.”</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Estremadura – 5 regimentos</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Alentejo – 7 </span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Beira – 2</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Trás os Montes – 2 </span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Minho – 2 </span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Algarve – 2</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">“[...], importando por este modo toda a Infanteria em doze mil & seiscentos homens.”</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><b>CAVALARIA</b></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">“ […] dos vinte regimentos de Cavallaria que havia de lotação de 480 cavallos cada hum, se escolhessem tres mil, & delles se formassem dez Regimentos de 300 cavallos, repartidos em dez companhias, tendo cada h~ua trinta.”</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">“Os Regimentos de Cavallaria se hão de formar pela maneyra seguinte: dos dous, que há na Corte, se hao de escolher doze companhias, & do Alentejo haõ de vir oyto para complemento das vinte, que nesta Provincia da Estremadura haõ de ficar perfazendo dous Regimentos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Dos da Provincia do Alentejo, & dos do Reyno do Algarve se haõ de formar 48 tropas, as 8 que hão de vira para a Corte, & as 40 que haõ de ficar naquella Provincia em 4 Regimentos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Dos dous Regimentos que há na Provincia da Beyra, se haõ de escolher doze tropas, que com 8 que haõ de hir da Provincia do Minho, fazem 20 para os dous Regimentos de Cavallariam que ficaõ na dita Provincia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Na de Tras os Montes há tres Regimentos de Cavallaria, dos quaes se haõ de escolher 16 tropas, & da Provincia do Minho haõ de hir 4, para tambem fazer o conjunto de dous Regimentos que naquella Provincia haõ de ficar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">No Reyno do Algarve, & na sobredita Provincia do Minho naõ fica Cavallaria alguma.”</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Estremadura – 2 regimentos</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Alentejo – 4 </span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Beira – 2</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">Trás os Montes – 2</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">* * *</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="color: #660000; font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;"><i>Fonte</i></span></div>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: Georgia, Times New Roman, serif; font-size: large;">- Gazeta de Lisboa, n.º 4, 31 de Agosto de 1715, pp. 22-24</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-45450028504893165562018-05-09T01:01:00.001-07:002021-09-02T15:06:15.507-07:00Transcripto: Manuel dos Santos Pedroso<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnpbH9OZLs5wso0BMeWeY5nyJfI7PE0QK1xrMXOvoDhob49RdyDksMm_1ShaNcDsww_uV3Wgrqdifh7RRGK4Zefgtkx5JE6lChR_b8qOtR2SZ7gIVGLamO0run8V_HPyvB50he-abTX_QJ/s1600/Miss%25C3%25B5es.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="480" data-original-width="640" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhnpbH9OZLs5wso0BMeWeY5nyJfI7PE0QK1xrMXOvoDhob49RdyDksMm_1ShaNcDsww_uV3Wgrqdifh7RRGK4Zefgtkx5JE6lChR_b8qOtR2SZ7gIVGLamO0run8V_HPyvB50he-abTX_QJ/s640/Miss%25C3%25B5es.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b>"Manuel dos Santos Pedroso</b>, pai do Conquistador das Missões, nasceu em 1738, na vila de N. S. da Luz de Curitiba, sendo filho legítimo de Miguel Luís Correia e de sua mulher Maria Alves Pedroso 35 ). Muito moço, ainda, como grande número de curitibanos de seu tempo, transferiu-se para o Rio Grande, em cujas campanhas, como tropeiro, exerceu a sua actividade. Percorrendo esse vasto território, adquiriu grande conhecimento prático do Continente, sendo, por este motivo, quando da Demarcação do Tratado de Santo Ildefonso, em 1783, designado com o posto de alferes de milícias, juntamente com Bernardo Antunes Maciel, para o lugar de prático, ou vaqueano, da 1' divisão demarcadora de que era comissário o Brigadeiro Sebastião Xavier da Veiga Cabral da Câmara.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Manuel dos Santos, que acompanhou toda a campanha da Demarcação, iniciada em 5 de Fevereiro de 1784, junto ao arroio Chuí, fez parte da 1- Partida que, sob a direcção do Dr. José de Saldanha, ficou incumbida de «reconhecer a linha divisória desde Monte Grande até à entrada do rio Peperi-guaçú, no Uruguai». 36) </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Determinado pelos demarcadores de 1750, depois de exaustiva controvérsia, que deu lugar a dúvidas sobre sua localização exacta, foi o Peperi-guaçú descoberto e localizado por Manuel dos Santos Pedroso, que prestou com isto relevante serviço à Demarcação, por ser esse o limite, no rio Uruguai, entre as possessões portuguesas e espanholas, de acordo com o artigo oitavo do respectivo Tratado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Terminada a Demarcação, pelos serviços relevantes que prestara, foi-lhe concedida uma sesmaria de terras, no distrito do Acampamento de Santa Maria da Boca do Monte, erguido em 1787.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Nessas terras teve Manuel dos Santos uma estância grandemente povoada de gado, tornando-se um dos estancieiros mais ricos da região. Faleceu em 18 de Maio de 1798, com 60 anos de idade, deixando testamento transcrito no livro citado. Diz, nesse testamento, ser solteiro, mas que deixava «por herdeiros os três rapazes António, Manuel e Salvador, filhos de uma mulher por nome Isabel Maria, aos quais se deve entregar o que ficar, depois de cumprido o testamento; os constitui por herdeiros por haver criado em sua casa, e eles o terem acompanhado e feito as suas vontades. 37) Como se vê, não os reconhecia por filhos; mas, nos diversos assentos de baptismo dos filhos do conquistador' Manuel dos Santos Pedroso, existentes nos livros respectivos de Cachoeira, encontra-se a filiação deste, como no de «Isabel, nascida a 25 de Setembro de 1804, filha do Tenente Manuel dos Santos Pedroso e de Micaela Maria, guarani, neta paterna de Manuel dos Santos Pedroso e de Isabel Maria, china das Missões». 38)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Três anos após a morte do pai, <b>Maneco Pedroso</b>, como era conhecido, sabendo que fora declarada guerra contra os espanhóis, à frente de 20 homens, na maior parte peões de sua própria estância, apresentou-se «voluntàriamente na guarda avançada de S. Pedro ao Capitão de Dragões Comandante Francisco Barreto Pereira Pinto, oferecendo-se para o serviço de guerra». Sendo por este mandado «atacar a guarda fronteira de São Martinho», o executou prontamente «fazendo retirar os espanhóis que ali se achavam». 39) </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Expulsos os inimigos daquele posto, mandou o capitão Barreto ocupar a mesma guarda por um destacamento português. E como Pedroso falasse correntemente o guarani, incumbiu-o ainda o capitão Barreto que, com os mesmos 20 homens de sua partida, seguisse até Missões, para persuadir os índios se revoltassem, tornando-se vassalos portugueses. Indo a vários povos, conseguiu que se manifestassem favoráveis a esse projecto até os próprios corregedores que hipotecaram sua adesão, por cartas, ao Capitão Francisco Barreto.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Terminadas essas diligências, Maneco Pedroso voltou à sua estância, tendo deixado de patrulha na estância de São Pedro, sete de seus companheiros. Aliciando mais gente, quatro dias depois, em princípios de Agosto, voltou à guarda de São Pedro, tendo aí o Capitão Barreto posto sob o seu comando uma partida de 40 homens com a qual deveria auxiliar José Borges do Canto, que marchara para a conquista de Missões.. Ao chegar ali, já Canto, no dia anterior, havia tomado o acampamento espanhol, esperando a capitulação do Tenente de Governador, D. Francisco Rodrigo, que se deu no dia 13 de Agosto. Não sendo necessários os seus serviços, mandou Canto que Maneco Pedroso, com sua gente fosse guarnecer os passos do Rio Uruguai, não só para forçar essa capitulação, como para evitar viessem ao governador recursos que, em carta interceptada do governador geral de Missões, eram prometidos a D. Rodrigo.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Evitou Pedroso fossem enviados esses auxílios, apreendendo algumas carretas carregadas de alfaias da igreja de São Nicolau e géneros dos armazéns que o administrador do Povo pretendera passar para a margem ocidental do Uruguai.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Nesse meio tempo, tendo capitulado, com todas as honras da guerra, e levando consigo «140 espanhóis de armas, 10 peças de artilharia e uma carreta com petrechos de guerra», seguia D. Rodrigo para o Uruguai, tendo-se a ele já incorporado um grande número de espanhóis de outros Povos. Temendo, o que era muito provável, «que este corpo de gente armada chegasse ao Uruguai e se reunisse a outro número de espanhóis, cuja passagem para o lado de cá poderia favorecer, abusando do indulto da mesma capitulação», e que «seríamos obrigados a evacuar as Missões e perdermos o trabalho desta conquista, que tínhamos conseguido com tanta felicidade, visto a pouca gente nossa que então lá havia, diz Maneco Pedroso em sua Memória 40) «me pus em marcha com 20 homens, afim de lhe tomar o armamento e fazê-lo retroceder, o que pratiquei no Povo de São Luís, aonde a encontrei, sem embargo da capitulação, que alegava o mencionado Tenente-de-Governador haver ajustado com o citado José Borges do Canto».</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Doeu aos bravos de Canto esse gesto de Pedroso, aliás fundado em justos receios, que vinha quebrar a palavra empenhada «pelo dragão desertor, capitão da conquista». «Esta acção, diz Gabriel Ribeiro, nos foi muito sensível». D. Rodrigo, conduzido prisioneiro até São Miguel, onde já se achava o Sargento-Mor Castro Morais, teve a sua prisão confirmada, «porque quem tinha feito aquela capitulação não eram os oficiais, e por consequência o dito Santos mandava preso para o Rio Pardo ao dito Tenente-Coronel». 41) Dando parte da conquista e levando uma carta de D. Rodrigo para o Governador Cabral da Câmara, seguiu Gabriel Ribeiro para o Rio Grande, onde encontrou já doente o Governador, que faleceu meses depois. Mesmo assim, mandou este «que fosse preso Manuel dos Santos Pedroso pelo insulto feito ao dito D. Francisco, Governador que tinha sido daqueles Povos, o que não se efetuou com a morte do dito Governador, que foi dali a poucos dias; mas antes, depois de ter dado esta ordem, o mesmo Governador o condecorou com o posto de Tenente de Milícias, «conforme proposta de Patrício da Câmara, em reconhecimento aos relevantes serviços prestados por Maneco Pedroso. 42)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Tomou o Tenente Pedroso a defesa do sector do rio Uruguai, destacando em São Borja, de onde socorria a toda a região, tendo vários encontros com os espanhóis. Numa série sucessiva de combates, ora num, ora noutro ponto da costa e, passando mesmo para a margem oposta, a combater os inimigos. Pedroso até o fim da guerra foi um dos mais fortes elementos para a consolidação da conquista. Terminada a guerra e publicada a 24 de Dezembro a proclamação da paz, voltou à sua estância, entregando-se à criação de gados, em que se tornou abastado. Fora promovido a Capitão de Milícias.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><div style="font-size: x-large;"><b><span style="color: #274e13;">LEIA</span></b></div><div style="font-size: x-large;">"<a href="https://realservico.blogspot.com/2018/12/relacao-dos-servicos-que-pratiquei-na.html" target="_blank">Rellação dos servissos que practiquei na conquista dos sete Povos Guaranis das Missoens orientaes do Uruguay, desde o principio até o fim da Guerra proxima passada.</a>"</div><div style="font-size: x-large;">[Manuel "Maneco" dos Santos Pedroso]</div><div style="font-size: x-large;">Fonte: Biblioteca Nacional (Brasil), manuscritos, I-31,26,002</div><div><i>[abre nova página]</i></div></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Na campanha de 1811-1812, já com o posto de Sargento-Mor de Milícias, Manuel dos Santos Pedroso, que organiza uma partida de veteranos da guerra das Missões, põe-se à disposição do Marechal Joaquim Xavier Curado, que comanda as forças brasileiras, e que a 1.º de Janeiro de 1811 se encontra no acampamento de São Diogo, à margem direita do rio Ibirapuitã. Pedroso é designado pelo Comando Geral para fazer parte do corpo do Coronel Francisco das Chagas Santos, que chefia as Missões Orientais, tendo seu quartel-general em São Borja. Da partida de Pedroso fazem parte seu irmão Tenente António dos Santos Pedroso, Manuel Carvalho da Silva e Bento Manuel Ribeiro, então Furriel e depois Marechal do Império, e irmão de Gabriel Ribeiro de Almeida. 43)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A 7 de Agosto acampou Pedroso com a sua força em São Xavier, costa do Quaraí, e 10 dias depois ocupava a praça de Belém, sem grande resistência. Deste posto mandou várias patrulhas assolar o território do inimigo. Bento Manuel, com cinco homens, vai à coxilha do Lunarejo e toma 400 cavalos aos platinos, mas perseguido por força superior, abandona a presa e regressa ao acampamento. António dos Santos, irmão do Sargento-Mor, em 24 de Agosto, segue até as proximidades de Corrientes, onde comete várias depredações, e o Capitão Joaquim Félix da Fonseca, da mesma partida, ocupa Mandizobí.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A 30 de Agosto, o Furriel Bento Manuel e o Ajudante Manuel Carvalho, mandados por Pedroso, atacam a praça de Paisandú, que é heroicamente defendida pelo Capitão Francisco Bicudo, natural do Rio "Pardo, e mestiço de paulista e de índia de Missões.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Levam consigo 55 homens, entre os quais António Padilha, cognominado, pelos chefes, de «Valentão». Contava a praça 200 uruguaios, sob o comando de Bicudo que, depois de uma hora de defesa verdadeiramente heróica, foi morto por Padilha. Perderam os defensores de Paisandú 30 mortos e 30 feridos e a partida de Bento Manuel três mortos e um ferido, apreendendo quatro canhões, 50 clavinas e cavalhada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em Setembro, ainda em Belém, manda Pedroso destacamentos seus que atacam Curuzú-quatiá, e que, não obstante uma guarnição argentina de 600 homens, foi tomada, pela segunda vez, pelaforça desse Sargento-Mor. No dia 19 «os 72 homens que ocupam Curuzú-quatiá são atacados por 700 argentinos e dois canhões e entrincheiram-se num forte, onde lutam 1 1/2 hora, repelindo os assaltantes e fazendo-lhes vinte e tantos mortos, com a perda somente de três mortos; os atacantes retiram-se a uma légua de distância da vila. O Major Pedroso, sabendo dessas ocorrências, passa nesta mesma data o rio Uruguai com o Tenente Polycarpo Pires Machado e 50 e tantos homens para socorrer os sitiados, porém no mesmo dia 19 já os encontra de regresso. Com a retirada dos brasileiros a força argentina, reforçada por mais 300 homens, reocupa Curuzú-quatiá». 44)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Pedroso, em 28 de Setembro, ocupa Paissandú, com uma força de 200 homens. Voltando novamente a Belém, deixa aquela praça sob o comando do Tenente-Coronel uruguaio Benito Chain, que a abandona à aproximação de 1.500 argentinos, que a ocupam.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em 20 de Outubro é assinada uma convenção de paz em Montevidéu, entre o governo argentino e os delegados do Vice-Rei Elio, que declara que o auxílio português fora prestado por solicitação sua. Não concorda, porém, com a convenção, o Conde de Rio Pardo, Comandante em Chefe da forças brasileiras, que ocupa Maldonado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Entre os oficiais gravemente feridos no ataque de Curuzúquatiá contava-se o Tenente António dos Santos Pedroso, irmão de Maneco Pedroso, que ficou prisioneiro dos argentinos. Quando estes souberam que era irmão do Sargento-Mor, o degolaram em Corrientes. 45)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Vários acontecimentos de vulto, centralizados pela acção de Pedroso transcorrem ainda em 1811. O valente D. José Artigas que, daí em diante, encarnará a alma livre de seu povo, procurando lançar os alicerces de uma Pátria, realiza o êxodo histórico, tentando passar o Uruguai com 1.900 famílias, com que fundará Purificación. No Salto, Pedroso tenta impedir essa passagem, mas diante da superioridade do inimigo retira-se sem combater.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Dias depois, em 19 de Dezembro, Manuel Pinto Carneiro da Fontoura, 46) rio-grandense, ao serviço de Artigas, ataca no Arapeí o Capitão Joaquim Félix da Fonseca, que é socorrido por Pedroso.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Contava Carneiro da Fontoura 952 homens e a força brasileira só dispunha de 190. Situando-se no passo de Itapevi foi aí Pedroso atacado pelos uruguaios que o transpõem depois de duas horas de luta. O Major Pedroso, procurando observar o armistício, parlamentou com os atacantes. Nessa ocasião foi assinada uma convenção em que se estatuía que as forças uruguaias acampassem em Belém, até passarem à outra margem do Uruguai, enquanto as brasileiras se situariam junto ao arroio do Espinilho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Não obstante essa convenção, foi Pedroso novamente atacado, mas depois de um hora e meia de luta, ficou senhor do campo com a retirada do inimigo, que teve 40 homens mortos. Pedroso teve seis mortos e nove feridos, retirando depois da acção para as cercanias do Jarau, onde estabeleceu o seu quartel.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Destacado ora em um, ora em outro ponto, onde eram exigidas a sua assistência e vigilância, Pedroso esteve muito tempo guarnecendo Paissandú, de onde em Junho de 1812 se retirou fazendo junção com o Coronel Joaquim de Oliveira Álvares, no arroio de Santo António. Publicado o convénio de paz, a que se seguiu o armistício Rademaker, assinado a 26 de Maio de 1812, contra a vontade do D. Diogo de Souza, que não queria reconhecê-lo, por haver aquele emissário, na própria opinião de Dom João VI, exorbitado das ordens que recebera, quando seu exército se preparava para obter decisiva vitória, acatando, no entanto, a deliberação do conselho de oficiais generais, retirou a 13 de Julho. Dividido em duas colunas de observação, as tropas portuguesas foram postar-se parte em Bagé e outra em Conceição.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Terminada a campanha, Manuel dos Santos Pedroso, cujos feitos se tornaram memoráveis, e que foi citado com os maiores louvores em ordens do dia do quartel general do exército, teve a sua promoção a Tenente-Coronel de milícias. Voltando novamente à sua estância de criação, ali estava quando, em 1816, é chamado pelo governador do Rio Grande, marquês de Alegrete, para a campanha levada contra D. José Artigas, de que resultou a incorporação da Cisplatina.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em fins de 1815, convocado pelo Tenente-General Patrício da Câmara, Pedroso apresta-se para a nova campanha, mobilizando seus veteranos companheiros de milícias que, nas folgas da paz, eram licenciados para entregar-se aos amanhos do campo e da lavoura. Recebe para isto grande cópia de armamento e munições.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">É designado para auxiliar imediato o Capitão Gabriel Ribeiro de Almeida que, em princípios de Março de 1816, juntamente com Pedroso, que se encontra em Porto Alegre, recebem ordens do próprio Marquês de Alegrete. Em caminho, quando se dirigia a seu acampamento, contraiu varíola, falecendo poucos dias depois, isto é, em meados de Março de 1816. 47)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Maneco Pedroso não foi casado, mas deixou nove filhos naturais que houvera, em sua estância, de várias índias guaranis, «chinas das Missões», com quem convivera. Constam os respectivos batismos dos livros de Rio Pardo, Cachoeira e Santa Maria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">De Manuela Francisca Noghay, guarani, são filhos: Maria, baptizada em Santa Maria em 10-1-1801, e Maria, em 6-10-806; de mãe incógnita: Manuela, baptizada no Rio Pardo, em 8-7-1801; de Micaela Maria, guarani: Isabel, baptizada em Cachoeira, em 25-9-804; de Maria Simão, guarani: Manuel dos Santos Pedroso, de conhecida descendência no Estado, baptizado em S. Maria em 8-8-806, e outro Manuel baptizado em Cachoeira em 15-7-809; de Tomasia Maria, guarani, as filhas: Maria, baptizada em 10-9-807, Emerenciana, em 15-8-808 e Maria em 15-7-809, todas em Santa Maria. 48)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">NOTAS</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">35) Test. de Manuel dos Santos Pedroso. 1.º Liv. de óbitos de Cachoeira. (1779-1826) Cam. Ecl. do Bisp. de Santa Maria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">36) Diário Resumido. Dr. José de Saldanha. 147, Diário Geral. cit.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">37) Test. Cit. 1.º L. de óbitos de Cachoeira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">38) 2.º Liv. de baptismos de Cachoeira. (1799-1810) Bisp. S. Maria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">39) Memórias de M. dos Santos Pedroso. B. N. I, 31, 26, 2, n9 3.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">40) Memória, cit. B. N. — I, 37, 2, n< 3' Arq. Nac. Corresp. Gov.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">41) Memória, cit. Gabriel Ribeiro de Almeida. Rev. Inst. H. Bras. Vol. V.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">42) Idem, ibidem.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">43) Seguimos no relato dos acontecimentos da campanha a documentação publicada pela Rev. do Arq. Públ. do Rio Grande do Sul. (24 volumes). Celso Schroeder, operoso pesquisador rio-grandense, servindo-se dos mesmos elementos, assina interessantes efemérides dessa campanha, que facilitam a pesquisa. Celso Schroder. A Campanha do Uruguai. (1811-1812) Rev. Inst. Hist. R. G. Sul. Ano XIV. 1° Trim. 1934, pág. 115</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">44) Celso Schroeder. Campanha, cit.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">45) Rev. Arq. Públ. R. G. do Sul. Vol. 19, pág. 94.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">46) O Capitão Manuel Pinto Carneiro da Fontoura nasceu no Triunfo, em 20 de Setembro de 1771, sendo filho legítimo do Capitão Miguel Pedroso Leite, natural de São Paulo, um dos quatro Capitães paulistas da leva de 1762, e de Inocência Pereira Pinto, filha legítima do Coronel Francisco Barreto Pereira Pinto, Comandante do Rio Pardo. Grande amigo e compadre do chefe dos Orientais, Manuel Pinto combateu sob suas ordens, comandando uma coluna de orientais em que havia grande número de riograndenses, entrando em vários combates, entre os quais o acima referido. Mais tarde deshouve-se com Artigas, de cujo exército era Tenente-Coronel. e foi degolado, por ordem do chefe dos Orientais, a 22 de Fevereiro de 1814. Era casado com Ana Joaquim de Jesus, natural de Santa Catarina e deixou uma filha de nome Inocência, nascida no Rio Pardo a 2 de Março de 1802.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">47) Em Efemérides Brasileiras, pelo Barão do Rio Branco, ed. Revista pelo prof. Basílio de Magalhães, Rio, 1938, registra-se a morte de Pedroso a 5 de Abril de 1816. Em nota manuscrita do punho do próprio Rio Branco, em poder do erudito mestre Dr. Rodolfo Garcia, consta que o falecimento se deu em 26 de Abril. A carta acima referida de Gabriel Ribeiro a Patrício (Arq. Públ. R. G. do Sul, pasta 1816), é datada da freguesia da Cachoeira em 24 de Março desse ano. Diz Gabriel que "marchei de Porto Alegre a servir na partida de que era Comandante o falecido Tenente-Coronel Manuel dos Santos, e por vir por outro caminho diferente do que ele seguiu, nesta freguesia é que vim a saber de seu falecimento". Pode-se, assim retificar as datas acima.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">48) Cam. Ecl. do bispado de Santa Maria. 2" Livro de baptismos de Cachoeira (1799-1810)."</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Transcrito de:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Aurélio Porto, <i>História das Missões Orientais do Uruguai</i>, 2.ª edição revista e melhorada pelo padre Luís Gonzaga Jaeger, S.J. SEGUNDA PARTE, Selbach & Cia., Porto Alegre, 1954. (Coleção JESUÍTAS NO SUL DO BRASIL, VOLUME IV). - </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">pp. 293-301.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-51452421710019383372018-01-28T04:12:00.000-08:002018-01-28T04:16:00.278-08:00Resumo Official das Operações da Expedição as Ordens do Excellentissimo Duque da Terceira, desde o seu desembarque no Algarve, até á sua definitiva entra da em Lisboa<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwPm4r6ppjMLh85KGGKqCzm1xQ2iSUseEw9xUvhW2ngNJCbReys1mTIJQY3pKAtSHTBT6gacAJutYlcPCYijCNoBO5xh8ut75d_KDsFEozT5DF2hwLbp-hyKFYKfxDud7_O_oaVSTw9DoJ/s1600/Lisboa_view_from_Fort_Almada_c1835.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="422" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhwPm4r6ppjMLh85KGGKqCzm1xQ2iSUseEw9xUvhW2ngNJCbReys1mTIJQY3pKAtSHTBT6gacAJutYlcPCYijCNoBO5xh8ut75d_KDsFEozT5DF2hwLbp-hyKFYKfxDud7_O_oaVSTw9DoJ/s640/Lisboa_view_from_Fort_Almada_c1835.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Castelo de Almada, circa 1835. Artista: Grunewald.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Illustrissimo e Excellentissimo Senhor, — A irregularidade das communicações, que tiverão lugar entre a Secretaria d'Estado dos Negocios da Guerra , e o meu Quartel General, no decurso dos movimentos rapidos, que me foi necessario executar, tanto no Algarve, como no Além-Tejo até Lisboa, não me tendo permittido ter o Governo ao corrente do progresso das mesmas operações, julgo do meu dever levar ao conhecimento de Sua Magestade Imperial o Senhor Duque DE BRAGANÇA, Regente em Nome da Rainha, a Historia resumida desta Campanha, por me persuadir, que só assim posso cumprir com a obrigação, e gratidão, em que me acho penhorado para com as Tropas, que tive a honra de Commandar, e a cujo valor, e constancia devo o successo colhido.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd1upqt1R6KjIR2eKxvewD-eXZz3LB3PNwaRQ0XSDjgBp9tzjrydYCnnF8tJN4rBLE9cpjfDMO2W_Jlzx2usnIGgmmyQImZlVJY-3s_aUqYNK4buNWdpGBjdf_kXXGRB5VX9OKoeWgLCcJ/s1600/276px-Fortaleza_de_Cacela.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><span style="font-size: large;"><img border="0" height="150" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgd1upqt1R6KjIR2eKxvewD-eXZz3LB3PNwaRQ0XSDjgBp9tzjrydYCnnF8tJN4rBLE9cpjfDMO2W_Jlzx2usnIGgmmyQImZlVJY-3s_aUqYNK4buNWdpGBjdf_kXXGRB5VX9OKoeWgLCcJ/s200/276px-Fortaleza_de_Cacela.jpg" width="200" /></span></a><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia 24 de Junho proximo passado a. Divisão do meu Commando na força constante do Mappa numero I, efectuou o seu desembarque na Praia situada entre o <span style="color: #660000;">Forte de Cacella</span>, e a Bateria do Monte Gordo, tendo alguns tiros da Esquadra calado as Baterias daquelle ponto, da Costa , e não se apresentando ninguem na Praia para disputar o desembarque, que se achou completamente terminado pela meia noite. Em quanto o desembarque se efectuava, a Guarnição de Villa Real de Santo Antonio tinha abandonado aquella Villa na direcção de Alcoutim, e tendo o Visconde de Mollelos reunido a Guarnição, que tinha em Tavira, Faro, e visinhanças, e postado esta força na margem direita do Almarge para esperar naquelle ponto a marcha das minhas Tropas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Na madrugada de 25 começou a Divisão a sua marcha sobre Tavira, continuando-a sem encontrar resistencia até ao Almarge, onde achou a força do Visconde de Mollelos occupando as alturas da margem direita do rio, que ali passa. Alguns atiradores estendidos nos flancos da Columna começárão a repellir os do inimigo; e a marcha não interrompida da Divisão para a frente foi suficiente para pôr o inimigo em plena derrota, na qual abandonou huma peça de Artilheria de calibre 6. A nossa perda neste encontro foi apenas de hum Oficial ferido, o Major David, de cujos talentos, valor, e serviços, huma molestia subsequente privou desgraçadamente o Exercito alguns dias depois; e dous Soldados feridos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">O inimigo na sua fuga precipitada atravessou Tavira sem fazer alto; e só suspendêo a sua marcha, quando chegou a Faro; de maneira que, ao entrar em Tavira, achei aquella Cidade inteiramente abandonada pelos rebeldes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">D’alli expedi o Coronel de Milicias de Béja, Domingos de Mello Breyner para Villa Real, encarregando-o do Governo Militar daquella Villa, e Povoações visinhas ao longo do Guadiana, e dando-lhe instrucções, e meios para o immediato armamento de Corpos de Voluntarios para apoiar a manifestação dos sentimentos de Fidelidade dos Povos daquellas partes. Deixei em Tavira os feridos, os doentes, algumas praças cançadas da primeira marcha, e o Destacamento de Lanceiros da Rainha ainda apeados: e no Governo Militar de Tavira, com instrucções, e meios analogos aos acima referidos, deixei o Major de Cavallaria Rezende.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUY5JOwNW4trmhoDsgLOYazJ_1w0ZPLyENfLper2loyq0xq__Y1nVBnCwscsw7HtrIWS3kffumqgBAokLoc9pjtazYzfi1xj8OnXfSd0MLrasPOF8fmQvgtWqq58_hTajoyhGHiwYjLyir/s1600/Zona-Hist%25C3%25B3rica-de-Olh%25C3%25A3o-Vista-Superior_1-1024x683.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><span style="font-size: large;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhUY5JOwNW4trmhoDsgLOYazJ_1w0ZPLyENfLper2loyq0xq__Y1nVBnCwscsw7HtrIWS3kffumqgBAokLoc9pjtazYzfi1xj8OnXfSd0MLrasPOF8fmQvgtWqq58_hTajoyhGHiwYjLyir/s320/Zona-Hist%25C3%25B3rica-de-Olh%25C3%25A3o-Vista-Superior_1-1024x683.jpg" width="320" /></span></a><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">De Tavira marchei para <span style="color: #660000;">Olhão</span> no dia 26, e alli a minha Divisão foi recebida com o maior enthusiasmo pela Povoação, cujo amor, e fidelidade a Sua Magestade, e ao Governo Constitucional, são na verdade dignos do maior elogio. Com a minha chegada a Olhão, o Visconde de Mollelos continuou a sua retirada sobre S. Bartholomeu de Messines.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia 27 entrei em Faro; e alli veio tambem a Esquadra de Sua Magestade Fidelissima, e nella o Duque de Palmella, que tomou immediatamente conta do Governo Civil da Provincia, segundo as instrucções, que lhe havião sido dadas. E em recolher alguns meios indispensaveis para o progresso da marcha, como, cavallos para os Oficiaes montados, e algumas bestas de primeira necessidade para transportes, empreguei o resto daquelle dia, e huma parte do dia 28.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Na tarde de 28 a segunda Brigada do Commando do Brigadeiro Antonio Pedro de Brito marchou para Loulé, com ordem de pernoitar naquella Villa, e reunir no dia seguinte á primeira Brigada no sitio de Quarteira sobre a estrada de Silves.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia 29 marchárão a primeira Brigada de Faro, e a segunda de Loulé, ao sitio de Quarteira, onde ambas acampárão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em Quarteira recebi a noticia de que parte das forças existentes no Algarve, que se achava de Guarnição em Albufeira, Lagos, Sagres etc. se tinha reunido em Silves, e com algumas peças de Artilheria marchava acceleradamente sobre S. Bartholomeu de Messines para se reunir ao Visconde de Mollelos, o qual já tinha abandonado aquelle ponto, e continuado a sua retirada por S. Marcos da Serra para Santa Clara.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Puz-me immediatamente em marcha para S. Bartholomeu, cobiçoso de achar ainda alli esta força fugitiva; porém a minha diligencia foi baldada; porque, chegando a S. Bartholomeu no dia 30, achei que o inimigo tinha passado muito além desta Villa, tendo alli abandonado 3 peças de calibre 3, cujos reparos tinha inutilisado; e bem assim huma quantidade de polvora, que apenas havia tido tempo de lançar em alguns poços.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Assim, em 6 dias, contados do momento do desembarque da Divisão no Algarve, esta Província estava livre dos rebeldes, o Governo intruso tinha sido abjurado por todas as Povoações; grande numero de Oficiaes, e Soldados, especialmente d'Artilheria, servião já nas nossas fileiras; todas as baterras da Costa, e suas munições, todo o material de guerra da Provincia tinha cahido em nosso poder; e toda a força dos oppressores tinha sido arrojada além das Serras de Monchique e Caldeirão. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Toda a Divisão do meu Commando se achava em S. Bartholemeu, á excepção dos doentes, e Lanceiros desmontados, que estavão em Tavira, e do Batalhão de Atiradores da Rainha, que ficáva de Guarnição em Faro com o Governador Lima para protecção dos Depositos alli existentes, e para se refazer de alguns objectos, de que carecia.</span></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">
</span><br />
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBBkRUG1Ph3PFkrae4uJqWxZTkvO8bLWUv2HIUxPOj88sLJI9E3wFjEFqkvO-0iu1czBAn1RrnT9Amz47UH56mzflpkyWJ-T3Fxl8lfaNTFkJpVwXyGuoLw_jOjI_JApA0NGRipnlIERXt/s1600/S%25C3%25A3o_Bartolomeu_de_Messines_-_view_from_the_windmill_%252813389383904%2529.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgBBkRUG1Ph3PFkrae4uJqWxZTkvO8bLWUv2HIUxPOj88sLJI9E3wFjEFqkvO-0iu1czBAn1RrnT9Amz47UH56mzflpkyWJ-T3Fxl8lfaNTFkJpVwXyGuoLw_jOjI_JApA0NGRipnlIERXt/s640/S%25C3%25A3o_Bartolomeu_de_Messines_-_view_from_the_windmill_%252813389383904%2529.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">S. Bartolomeu de Messines.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A celeridade dos movimentos até alli executados não me tinha permittido reunir os meios indispensaveis para huma serie de operações, que me afastasse mais do centro dos meus recursos. As minhas reservas de polvora tinhão ficado em Faro; alli tinha ficado igualmente a artilheria de montanha, e a de campanha tornada já aos rebeldes; era portanto necessario reunir todos estes meios, e por isso fiz alto em S. Bartholomeu, passando para Faro as Ordens precisas, para chamar á Divisão todos estes objectos, o que era facilitado naquelle ponto pelo transito por agua até á Cidade de Silves.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBy4qHtBK5tNl5_NIrveRIjYPe4cFf6lcQz52_8VpVtaWcFdbBWd23R4rHI-FKEISsfAoVm8S3fdgxXs2a8yoKm57wbkvXyBHMLzNOMYcbkvHvPNUjTLtIHFzQFE4Op-yKXK1zNBv4kuXP/s1600/1200px-The_Parish_Church_S%25C3%25A3o_Marcos_da_Serra%252C_19_November_2009.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhBy4qHtBK5tNl5_NIrveRIjYPe4cFf6lcQz52_8VpVtaWcFdbBWd23R4rHI-FKEISsfAoVm8S3fdgxXs2a8yoKm57wbkvXyBHMLzNOMYcbkvHvPNUjTLtIHFzQFE4Op-yKXK1zNBv4kuXP/s320/1200px-The_Parish_Church_S%25C3%25A3o_Marcos_da_Serra%252C_19_November_2009.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Foi durante este alto, que o benemerito Major José Pedro de Mello, com o Alferes Couceiro, e 5 cavallos, que eu tinha mandado no dia 2 a reconhecer, o que se passava em <span style="color: #660000;">S. Marcos da Serra</span>, onde os meus exploradores erão interceptados, foi alliardilosamente capturado pelas Ordenanças armadas, que o Visconde de Mollelos tinha feito reunir, e que, em consequencia deste desagradavel acontecimento, mandei áquella Povoação hum destacamento de Caçadores, com a apparição do qual as Ordenanças se retirávão, levando comsigo os poucos habitantes de S. Marcos, e deixando a povoação deserta; destacamento, que regressou a S. Bartholomeu na manhã do dia 3.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No mesmo dia 3 de Julho vim no conhecimento de que o General Mollelos se tinha retirado por S. Martinho das Amoreiras até Gravão, onde convergem as estradas, que vem do Algarve por Almodovar e Ourique, e por Santa Clara, a ultima das quaes o inimigo tinha devastado na sua passagem com huma barbaridade verdadeiramente atroz. Fui alli igualmente instruido de que o Coronel Breyner, ou antes os Voluntarios, que ele havia reunido, com hum destacamento de 50 Atiradores da Rainha, que lhe havia mandado de Faro o Duque de Palmella, tinhão avançado sobre Mertola; e reunindo a si huma Guerrilha de Serpa e visinhanças, projectavão, ou tinhão executado hum movimento sobre Béja, que alvoroçada sacudio o jugo com a sua aproximação.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGj-2jby14aknXGR5bQtVTcsRaOdYmAdSXfeHjIlw8mNdxclGQVw_HQMl45EOZcknLCD2_Xs_pz0YanB1yYPn99SwaCKM2mU65HBF9dEL4Rtpg7xjCHjuyuQAbRBUZF1BHQrlBG-kMTu4A/s1600/castelo-de-Loul%25C3%25A9.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" height="212" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGj-2jby14aknXGR5bQtVTcsRaOdYmAdSXfeHjIlw8mNdxclGQVw_HQMl45EOZcknLCD2_Xs_pz0YanB1yYPn99SwaCKM2mU65HBF9dEL4Rtpg7xjCHjuyuQAbRBUZF1BHQrlBG-kMTu4A/s320/castelo-de-Loul%25C3%25A9.jpg" width="320" /></a><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Julgando então conveniente aproximar-me desta pequena força, e do caminho mais curto para Béja e Campo d'Ourique por Almodovar, determinei-me a vir occupar de novo <span style="color: #660000;">Loulé</span>, como ponto de partida para além das Serras; por isso que estando assim muito mais proximo de Faro, e sendo o termo de Loulé abundante em cavalgaduras, poderia mais facilmente reunir os transportes para as reservas e Artilheia, assim como para alguns viveres indispensaveis para fornecer a Divisão nas marchas desprovidas a travez da Serra, e efectuei este movimento, vindo occupar Loulé na manhã do dia 4.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em quanto fazia preparar em Faro, e reunir em Loulé os objectos acima mencionados, tres movimentos diversos se me oferecião para continuar as minhas operações; e as noticias, que os meus emissarios recolhião na frente, devião decidir a minha escolha entre elles.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Erão estes movimentos: primeiro, penetrar em Além Tejo directamente pela estrada de Almodovar: segundo, seguir para o mesmo fim a estrada de S. Marcos: terceiro, ganhar a margem do Guadiana, e avançar por Mertola sobre Béja, movimento este, que me obrigava a huma marcha retrógrada por Tavira, unico caminho praticavel entre Loulé e Mertola; qualquer porém que fosse o movimento, a fazer, só poderia começar quando estivessem reunidas a Artilheria, e os transportes.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia 7 de Julho, estando efectivamente prompta a maior parte dos meus meios, e dispondo-me eu definitivamente a penetrar no Além-Téjo pela estrada de Almodovar por me constar que o inimigo tinha as suas forças em Messejana, Gravão e Castro Verde, recebi a noticia da completa derrota, e captura da Esquadra rebelde pela Esquadra de Sua Magestade Fidelissima, e ao mesmo tempo hum Oficio do Duque de Palmella, em que me pedia, instantemente aproximasse de Lagos, huma força consideravel para pôr o Almirante em estado de desembarcar, e organizar o grandissimo numero de prisioneiros, que tinha produzido a captura da Esquadra, e passasse eu mesmo a Lagos para combinar com o Almirante o plano ulterior de operações, no qual a derrota total da Esquadra devia necessariamente ter huma influencia.</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em quanto com o meu Estado Maior me dirigia a Lagos, assentei dispôr a Divisão pela maneira seguinte: </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A 1.ª Brigada occupando S. Bartholomeu de Messines; a 2.ª, marchando sobre Albufeira para dalli vir a Lagos, sendo necessario: a Artilheria, e Corpo Academico ficando em Loulé promptos a marchar na direcção, que se lhes indicasse: finalmente o Coronel Breyner tendo ordem de occupar Mertola com a força, de que dispunha, reforçada por hum novo destacamento de Atiradores da Rainha, dos quaes o maior numero, continuou a permanecer em Faro.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7_OZPqJeNx8_XQjnHnIZ6QMsWMgrcDtqA9G3x2e9mnKCBflXJ8K-AKSbt3mFelQY2E83mifTaPg5AFDr5OOBjerEzP518i21WkvJP4gwjXfRyVigLbKXhg-STx8vdIrHjcvBiQ_h1NxEs/s1600/Lagos_visto_do_alto.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="196" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi7_OZPqJeNx8_XQjnHnIZ6QMsWMgrcDtqA9G3x2e9mnKCBflXJ8K-AKSbt3mFelQY2E83mifTaPg5AFDr5OOBjerEzP518i21WkvJP4gwjXfRyVigLbKXhg-STx8vdIrHjcvBiQ_h1NxEs/s640/Lagos_visto_do_alto.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Chegado a <span style="color: #660000;">Lagos </span>no dia 8 fui testemunha ocular dos brilhantes resultados da victoria alcançada pelo Almirante Visconde do Cabo de S. Vicente; e as Guarnições dos Navios a prezados tendo manifestado da maneira a mais positiva a sua adhesão á Causa de Sua Magestade, contra a qual tinhão servido de máo grado, de accordo com o Almirante engrossei as fileiras da Divisão com huma parte dos Soldados da Brigada Real da Marinha, voluntariamente nellas alistados, e em vista das circumstancias, resolvi immediatamente penetrar no Alemtejo pela estrada de S. Marcos e Santa Clara. Para este fim reuni os Corpos da Divisão em S. Bartholomeu de Messines no dia 10, e no dia 12 estavão naquella Villa igualmente reunidos todos os meios de guerra e munições de bôca indispensaveis para transpor a Serra, e operar em Alemtéjo; e devendo este movimento alongar-me </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">mais e mais do Algarve, fiz partir para Faro o Brigadeiro Brito, encarregando-o interinamente do Governo das Armas desta Provincia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhybgnrjDrwnRAe4D0lhuXkKDmUteW2w0Q0ayiG7llQuEncfG2J1qLz-aYMjAKzOxFHJjkVbew3cV68kpgfoZm9gm7yJcJDZhJC9eimFWqXBA7m8zi8ulg9v8wNwCVHEm1jqEz5YSjPUChj/s1600/Santa-Clara-a-Velha_1.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="130" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhybgnrjDrwnRAe4D0lhuXkKDmUteW2w0Q0ayiG7llQuEncfG2J1qLz-aYMjAKzOxFHJjkVbew3cV68kpgfoZm9gm7yJcJDZhJC9eimFWqXBA7m8zi8ulg9v8wNwCVHEm1jqEz5YSjPUChj/s200/Santa-Clara-a-Velha_1.jpg" width="200" /></a><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia 13 marchei de S. Bartholomeu sobre S. Marcos, em 14 estabeleci o Campo junto a <span style="color: #660000;">Santa Clara</span>, o em 15 junto a Gravão, onde fez alto a Divisão por todo o dia 16 para reunir a artilheria de Campanha e os foguetes que vinhão huma marcha na retaguarda.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggLiwMH6MfL6MlZk7kH68NDHbd-dQ-ZnDu-P7nnc5ZAXwx4osany7tD-DZsy0bkzbtvJgaT30VNTQ9if2NWDybtr7ogLRVaCMkl_LPUdeCHi-7uQch23IfpVaSctaolRTY60rrmf1ag53h/s1600/Igreja_Matriz_de_Garvao_1.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="426" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEggLiwMH6MfL6MlZk7kH68NDHbd-dQ-ZnDu-P7nnc5ZAXwx4osany7tD-DZsy0bkzbtvJgaT30VNTQ9if2NWDybtr7ogLRVaCMkl_LPUdeCHi-7uQch23IfpVaSctaolRTY60rrmf1ag53h/s640/Igreja_Matriz_de_Garvao_1.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Igreja Matriz de Garvão</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No campo de <span style="color: #660000;">Gravão [Garvão] </span>me foi confirmada a noticia dos acontecimentos de Béja, sabendo que o Visconde de Mollelos instruido em Messejana da revolta daquella Cidade contra o governo intruso, e da pequena força que alli se achava, marchára sobre Beja, que a referida pequena força evacuou á primeira noticia da sua marcha , e occupava aquella Cidade, onde as suas tropas tinhão cometido os maiores horrores, e onde se lhe devião unir alguns reforços avultados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Penalisado em extremo da sorte dos leaes habitantes de Béja, resolvi com tudo aproveitar-me do erro que o inimigo havia comettido de deixar descoberta a estrada da Capital, e cheio de confiança na audacia dos dignos Oficiaes, e incançaveis Soldados da Divisão, e no valor de huns e outros, tantas vezes experimentado, esperando muito dos bons desejos dos Povos, á medida que me aproximasse da Capital, adoptei a resolução de deixar em Béja o Visconde de Mollelos com as suas forças, e os seus reforços, e certo de ganhar sobre elle ao menos duas marchas, vir arvorar as Bandeiras de Sua Magestade Fidelissima nas margens do Tejo, e segundo as circumstancias nas proprias Torres da Capital. Convencido porém, de que hum movimento tão atrevido só devia produzir completo resultado, quando as almas de todos os cooperadores se penetrassem da sua alta importancia, convoquei em Messejana, onde estabeleci o meu Quartel General na noite de 17, os Brigadeiros e Commandantes dos Corpos da Divisão, com os Chefes das Repartições do meu Estado Maior, e expondo-lhes de huma maneira singela o meu projecto e as minhas esperanças, sem lhes dissimular os riscos, nem as dificuldades, tive a satisfação de ver estes intrepidos e valentes Camaradas, adoptarem unanimes as minhas idéas, e prestarem-se com a força da convicção a segui-las contentes e enthusiasmados; e apenas no dia seguinte 18, os Soldados percebêrão que deixando á direita a estrada d'Aljustrel, tomavamos a de Alvalade, as vozes, a Almada, a Lisboa, corrêrão de bôca em bôca, nas fileiras, e fizerão esquecer ao Soldado as fadigas, as privações, e o trabalho.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia 19 pernoitou a Divisão junto ao lugar dos Bairros, e pondo-se em marcha na madrugada de 20, passou o Sado no váo de Porto d'El Rei, estabelecendo se a noite o Campo no Val de Ferreira.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqjcn4wHZ_eq4Cy9saJEMrbSrnfXGvUFoFXfjZ1Xs8nGRhmbuyRJ0lWaeE_RGZeXNXnXwyEiIP-kSaZHGYRcDsGxyxmFERlgCm9iQbZykjIeyM28PGKpUN4ZbmWB4RlanuO_xoKKWUfC0d/s1600/pousada-alcacer-do-sal-05.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="346" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjqjcn4wHZ_eq4Cy9saJEMrbSrnfXGvUFoFXfjZ1Xs8nGRhmbuyRJ0lWaeE_RGZeXNXnXwyEiIP-kSaZHGYRcDsGxyxmFERlgCm9iQbZykjIeyM28PGKpUN4ZbmWB4RlanuO_xoKKWUfC0d/s640/pousada-alcacer-do-sal-05.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Alcácer do Sal, visto da outra margem do rio Sado.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: left;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia 21, proseguindo a nossa marcha até á proximidade d'Alcacer, pertendeo o inimigo cobrir a entrada com huma pequena partida de Voluntarios Realistas, por isso que ignorante da rapidez do meu movimento, julgava unicamente que huma partida de guerrilhas marchava a ataca-lo. Este pequeno troço foi logo dispersado, ficando quasi todo prizioneiro, e escapando unicamente alguns fugitivos, que levárão a Setubal o terror e a noticia da aproximação de Tropas Regulares. A Villa de </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Alcacer recebeo a Divisão com o maior enthusiasmo, e tendo esta descançado alli algumas horas, veio acampar nos montados vizinhos á Quinta de Palma.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia 22 encontrei o inimigo em posição na frente de Setubal; e alguns tiros de artilheria dirigidos sobre a minha columna em marcha annunciárão a sua intenção de esperar o combate: porém a columna continuando a avançar com passo accelerado, e coberta nos seus flancos por alguns atiradores, o inimigo começou logo a sua retirada, que eu persegui atravez da Villa de Setubal até á </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Quinta Esteval sobre a estrada de Azeitão, fazendo-lhe hum numero considerabilíssimo de prizioneiros, tanto Oficiaes como Soldados, e recebendo hum grande numero de Praças apresentadas. Os Castellos de S. Filippe e Torre do Outão abrírão as suas portas e arvorárão o </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Estandarte da Lealdade; e eu, depois de haver dado as providencias indispensaveis para a manutenção da ordem na Villa, vim pernoitar com a Divisão junto da <span style="color: #660000;">Quinta do Esteval</span> sobre a estrada d'Azeitão, em quanto huma companhia de Infanteria era destacada pela estrada de Palmélla, devendo na manhã seguinte reunir-se em Azeitão á sua respectiva Brigada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVQsrCvVI_Jlt9JQPqPBqJYcbfT6nimPgXHeTsnXI2DOvRpiWTOEISodrraMMF4o4YG52EAA-hkR3mPjmYSuY_zkyIPTq94p8pbQZgCR6STdYXchRNVWCInpLvuNlBWZI96KGFkDoybZfi/s1600/Quinta_do_Esteval_II.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhVQsrCvVI_Jlt9JQPqPBqJYcbfT6nimPgXHeTsnXI2DOvRpiWTOEISodrraMMF4o4YG52EAA-hkR3mPjmYSuY_zkyIPTq94p8pbQZgCR6STdYXchRNVWCInpLvuNlBWZI96KGFkDoybZfi/s640/Quinta_do_Esteval_II.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Quinta do Esteval, entre Setúbal e Palmela.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Neste meio tempo as notícias da minha entrada em Alcacer, da derrota da força do Commando do Brigadeiro Freitas em frente de Setubal, erão pelos fugitivos levadas á Capital; e o Duque do Cadaval fazia apressadamente passar a Almada huma parte da Guarnição de Lisboa, comprehendidos nella 3 Esquadrões de Cavallaria, e confiava o Commando desta força ao General Telles Jordão, predestinado a encontrar alli a morte, depois de testemunhar a derrota e completa debandada dos seus soldados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">As 3 leguas de areal, que separão Azeitão do Lugar d'Amora, forão transitadas pela Divisão na manhã de 23, sem dívizar posto algum do inimigo, e apenas naquelle ponto da estrada apparecêrão as suas avançadas de Cavallaria, as quaes logo que presentirão a nossa presença se retirárão, e pelos paizanos, que vierão da frente, soube que a primeira posição occupada pelo inimigo era a das colinas, que dominão a baixa de Corroios do lado d'Almada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Alli tinha o inimigo estabelecido huma linha d'Atiradores; e tendo eu estendido alguns Caçadores sobre as flancos da columna, continuei a minha marcha, retirando-se os Atiradores inimigos de altura em altura até penetrar na estrada escavada, que por entre as barreiras do Alfeite desemboca no Valle da Piedade.</span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipDZYV3rXGx6LLA-PMA8AzAdEO00EPSJ6u0MjATTmRW4sGHj2ybhgLD6NbHbvksCv0jnFAnKLgrBGh8GkB3QTq1M3ReJ58KVO4vvqFAjfs8snoy9t3broL4bWbk_zGKx4MLXi7PuOApaaX/s1600/800+Cova+da+Piedade+ed+desc+Vista+Geral+01.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="380" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEipDZYV3rXGx6LLA-PMA8AzAdEO00EPSJ6u0MjATTmRW4sGHj2ybhgLD6NbHbvksCv0jnFAnKLgrBGh8GkB3QTq1M3ReJ58KVO4vvqFAjfs8snoy9t3broL4bWbk_zGKx4MLXi7PuOApaaX/s640/800+Cova+da+Piedade+ed+desc+Vista+Geral+01.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cova da Piedade (c. 1900)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Este Valle, prolongamento da enseiada do Téjo por traz de Cacilhas limita ao Sul as alturas de Almada, e oferece hum pequeno Campo plano, onde vem desembocar de hum lado a estrada, que eu seguia, e do outro as estradas do Pragal na esquerda, de Almada no centro, e de Cacilhas por Mutella na direita.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">He ali que o inimigo, conhecendo que me era superior em Cavallaria, pertendia attrahir a minha Columna para tirar partido daquella arma, manobra esta que eu tinha previsto pelo conhecimento prévio do terreno, confirmando-me nesta idéa a fraqueza da resistencia opposta até alli, á minha marcha. Com efeito apenas os meus flanqueadores estendidos no Valle tinhão desalojado os do inimigo, e a testa de Columna desembocava no mesmo Valle pela estrada do Alfeite, dous Esquadrões de Cavallaria lançados da estrada de Cacilhas carregárão com todo o impeto de quem conta com huma Victoria certa; porém os meus Atiradores reunindo á Columna com o maior sangue frio e presteza, e os Batalhões de Caçadores Numeros 2 e 3 do Commando do Coronel Romão e Major Vasconcellos, ambos á voz do Brigadeiro Schwalback repellírão este ataque com tal denodo e acerto que a Cavallaria inimiga, sofrendo huma grande perda, fugio em completa debandada cobrindo-se contra o meu fogo com os armazens da Cova da Piedade.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Mallograda assim a esperança do inimigo, tudo indicou que ele só cogitava de retirada; e por isso deixando o Regimento 6.° de Infanteria cobrindo as estradas do Pragal e Almada, que o inimigo tinha cortado, prosegui com o resto da força direito a Cacilhas para cortar ao inimigo a retirada, occupando todas as avenidas, que descem de Almada, com Companhias destacadas do 3.° Regimento de Infanteria.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Na entrada do Lugar de Mutella, enfiando hum dos ramaes da estrada, tinha o inimigo colocado 2 peças de campanha; mas a Columna, desprezando o seu fogo, correo sobre ellas á baioneta, e as peças forão tomadas. Progredi então sem obstaculo até ao <span style="color: #660000;">Caes de Cacilhas</span>, onde a minha testa de Columna penetrou com a ultima luz da tarde.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiIdxPeezx5_mAeIPhpYnpe7-MDLgaHnnOLeW9oOd5quEFpFwuFgQheJJtOpx0e1R-GYpQDqJrA_nLXOIrPP5G1rmvPrkmLc8VG1r-GmlCRKv_8EGB1Q1kYg1PvuXuSubW9jpAUtWbKXuE/s1600/Cacilhas+Jos%25C3%25A9+Pinto+Gon%25C3%25A7alves+Vista+Geral+c+1925+04+.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" height="415" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiIdxPeezx5_mAeIPhpYnpe7-MDLgaHnnOLeW9oOd5quEFpFwuFgQheJJtOpx0e1R-GYpQDqJrA_nLXOIrPP5G1rmvPrkmLc8VG1r-GmlCRKv_8EGB1Q1kYg1PvuXuSubW9jpAUtWbKXuE/s640/Cacilhas+Jos%25C3%25A9+Pinto+Gon%25C3%25A7alves+Vista+Geral+c+1925+04+.jpg" width="640" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Cacilhas (c. 1900)</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">He impossivel descrever o espectaculo que apresentava aquelle Lugar: Infanteria, Cavallaria, Artilheria, Bagagens, Generaes, Officiaes e Soldados, se precipitavão confusamente nos barcos proximos ao Caes, confusão que augmentada ainda pela escuridade da noite, apresentava à imagem de hum verdadeiso cahos; mas honra seja dada aos generosos triumphadores da usurpação, a baioneta do Soldado que provocara e debellara o inimigo na carga embotou-se para o inimigo vencido; as nossas espadas entrárão nas bainhas, e os vencidos confundidos com os vencedores parecião meia hora depois irmãos de ha muito reconciliados.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwF8Z0nEW1nMljFNI2XMNDbQHzvCIQIQsHLFJzbTHPZmtbTPACtkLqRkefMT_dA26MS_6yHCGFogtzquO77PhGAgvUyp52rtM29Z6PclvZ1LwYvau0poUVcvCQhBv3X-laKL606B2_nI0f/s1600/009M.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgwF8Z0nEW1nMljFNI2XMNDbQHzvCIQIQsHLFJzbTHPZmtbTPACtkLqRkefMT_dA26MS_6yHCGFogtzquO77PhGAgvUyp52rtM29Z6PclvZ1LwYvau0poUVcvCQhBv3X-laKL606B2_nI0f/s400/009M.jpg" /></a><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Como porém existisse ainda huma força na Villa e <span style="color: #660000;">Castello d'Almada</span>, fiz contramarchar a Columna; e deixando sobre o Cáes de Cacilhas a conveniente Guarda, avancei pela calçada de Almada até a entrada daquella Villa, e caminho que conduz ao Castello; mas como fosse completamente noite, a victoria estivesse decidida, e eu quizesse poupar o sangue dos meus Soldados, o dos desgraçados vencidos, e as desordens inseparaveis da entrada violenta de huma Povoação, especialmente de noite, o Brigadeiro Schwalback, que Commandava a testa de Columna, mandou o seu Ajudante de Campo, o Alferes Jorge, como Parlamentario, intimar á pequena força que existia em Almada, que depozesse as armas; mas causa-me horror dize-lo, o Parlamentario, a despeito de todas as Leis da guerra, foi accomettido pelos Cavalleiros rebeldes, e recolheo a Columna ferido mortalmente.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Permaneci nas posições, que occupava, até á primeira luz do dia 24, no qual progredi sobre Almada, donde a pequena força inimiga se tinha dissipado, e apresentado em parte, e cujo Castello se rendeo á primeira intimação, ficando a sua guarnição prisioneira de guerra, e depondo as armas na Esplanada.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Alli recebi a notícia de que o Duque do Cadaval e toda a Guarnição de Lisboa, tinhão evacuado a Cidade, a qual livre do jugo que a opprimia, tinha proclamado o Governo de Sua Magestade Fidelissina; e no momento em que a Bandeira da Rainha era inaugurada no Castello d'Almada, as Salvas d'Artilheria da margem do Norte, annunciavão que a mesma suspirada inauguração tinha lugar nos muros da Capital.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Os habitantes de Lisboa estendião os braços aos meus Soldados, eu corri a elles na tarde do mesmo dia 24, sendo-me impossivel exprimir o enthusiasmo com que forão recebidas as Tropas, e o enthusiasmo com que o Povo elevava até ao Ceo os Nomes da Rainha, da Carta, e o de Sua Magestade Imperial o Duque Regente.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<table align="center" cellpadding="0" cellspacing="0" class="tr-caption-container" style="margin-left: auto; margin-right: auto; text-align: center;"><tbody>
<tr><td style="text-align: center;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLrBb6WiXxOCDDJEmyqB5UkYnCaGtvFTqS5myVsg6AG7E7U5LZS_IUaXBCzYYQnpMPE3UuV2G55SiDp9yTsybFMUH6c8J5snxBV9xmFifnAiyM1z4jTJ0rnknhgi_RDKg1tNZCfNWtucrM/s1600/Retrato_do_Duque_da_Terceira.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: auto; margin-right: auto;"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhLrBb6WiXxOCDDJEmyqB5UkYnCaGtvFTqS5myVsg6AG7E7U5LZS_IUaXBCzYYQnpMPE3UuV2G55SiDp9yTsybFMUH6c8J5snxBV9xmFifnAiyM1z4jTJ0rnknhgi_RDKg1tNZCfNWtucrM/s1600/Retrato_do_Duque_da_Terceira.jpg" /></a></td></tr>
<tr><td class="tr-caption" style="text-align: center;">Retrato de António José de Sousa Manuel de Meneses Severim de Noronha, Duque da Terceira, pelo pintor britânico John Simpson, em 1835.</td></tr>
</tbody></table>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
</div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Deos guarde a V. Ex.ª. Quartel General em Lisboa, 29 de Julho de 1833. = Illustrissimo e Excelentissimo Senhor Agostinho José Freire. = Duque da Terceira.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-1118911530899145782017-12-23T15:47:00.000-08:002019-01-09T05:41:39.552-08:00Campo da Porcalhota: Setembro e Outubro de 1790<div style="text-align: center;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO3He7h2PkFHLwcrwqFdkylEri2Tg15caH9NTFTcyATPQcWfkk8XHLmOZZzFBozZ2-bwVkIojYSEYFe3co1T8HjYplhDkm62C0QBPy5FlX_khJs1WJNo3P-93k1Zq1mYKcREqr692LZDbM/s1600/carlos_original.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; margin-bottom: 1em;"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgO3He7h2PkFHLwcrwqFdkylEri2Tg15caH9NTFTcyATPQcWfkk8XHLmOZZzFBozZ2-bwVkIojYSEYFe3co1T8HjYplhDkm62C0QBPy5FlX_khJs1WJNo3P-93k1Zq1mYKcREqr692LZDbM/s640/carlos_original.jpg" width="500" /></a></div>
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Com vista a reunir as forças militares do governo d’armas da Corte (Lisboa) e adestrá-las, realizou-se um campo de manobras na Porcalhota (hoje, o centro da Amadora), entre 23 de setembro e 22 de outubro de 1790, comandado pelo marechal de campo (hoje, major general) conde de Oeynhausen, <span style="color: #660000;">Karl von Oyenhausen-Gravenburg</span> (1739-1793) [na foto em cima]</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">. </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A revolução francesa ainda incipiente na sua direção alterava o equilibrio europeu e inspirava o Exército Português a preparar-se para o que aí viesse. </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Este campo, assim como o realizado no Campo da Real Tapada, em Alcântara, em maio do ano anterior, fez ressurgir o hábito após algumas décadas, desde o último em Olhos de Água, em 1767. O bom hábito repetir-se-á em 1798 na Azambuja, com números nunca vistos de tropas envolvidas, em 1802, na Azambuja, e em 1806, em Vila Viçosa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI4kxelPW7Ou2FBB8qWdBbjycDpYr2j0JKtMHfykdQlBC80tfqWW8za6lxwxQbWev_5BfhS7mMsQT1WfPxvIdQBN4vfL8He5yo27kLyqGJbEkfr6F0gXUEURINShog74LpUefwhL-beCNA/s1600/pousada-queluz-overview-03.jpg" imageanchor="1" style="text-align: center;"><img border="0" height="346" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiI4kxelPW7Ou2FBB8qWdBbjycDpYr2j0JKtMHfykdQlBC80tfqWW8za6lxwxQbWev_5BfhS7mMsQT1WfPxvIdQBN4vfL8He5yo27kLyqGJbEkfr6F0gXUEURINShog74LpUefwhL-beCNA/s640/pousada-queluz-overview-03.jpg" width="640" /></a></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Com base na publicação desta descrição nos <i>Quadros Navais</i> do contra almirante Celestino Soares, adaptou-se o texto à ortografia moderna onde essencial à boa leitura, assim como notas essenciais para a identificação dos intervenientes e unidades:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b>Campo de manobras na Porcalhota, 23 de setembro [de 1790], (copia).</b></span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> </span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">– «Tendo-se por ordem suprema determinado que houvesse hum novo ensaio militar no campo da Porcalhota, no qual entrassem os regimentos de cavallaria de Mecklemburgo, e Castello Branco, e os de infanteria de Lancastre, Peniche, Lippe e Cascaes, com dois destacamentos dos de artilheria da côrte, e Estremoz, para manobrarem debaixo do mando do marechal de campo conde de Oeynhausen: ante ontem pela manhã se acampou ali este corpo de exercito depois de terem os regimentos de Mecklemburgo, Lippe e Cascaes, puxados pelo dito marechal, passado pelo real palacio de Queluz para serem vistos por S[ua]. M[ajestade]. e AA[altezas]., que depois se dignaram de vir ao campo para ver ali formada esta tropa, a qual logo que as reaes pessoas se retiraram procedeu a armar barracas.</span><br />
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">26 de setembro: Depois que no dia 23 de setembro se acampou na Porcalhota debaixo do mando do marechal de campo conde de Oeynhausen, o primeiro corpo de exercito, dividido em tres brigadas, huma composta dos regimentos de Mecklemburgo e Castello Branco, commandada pelo brigadeiro </span><span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">João d’Ordaz de Queiroz</span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> (que desde o dia 25 de setembro ficou subdivivida em duas, huma commandada pelo dito brigadeiro, e a outra pelo brigadeiro </span><span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">conde de S. Lourenço</span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">) e duas d’infanteria, a da direita composta dos regimentos de Cascaes e Peniche, commandada pelo brigadeiro D. </span><span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Francisco Xavier de Noronha</span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">, e a da esquerda, composta dos regimentos de Lippe e Lancastre, commandada pelo brigadeiro </span><span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Luiz de Miranda Henriques</span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">, com o parque d’artilheria, commandado pelo sargento mór </span><span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Henrique de Chateauneuf</span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">: os primeiros dias se empregárão na limpeza e regulação do campo. </span><br />
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia 28 se formou esta tropa em linha de parada, para esperar a chegada de S. M. e AA. depois do que fez a infanteria fogo de alegria.</span><br />
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> </span><br />
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia seguinte trabalhou a brigada de cavallaria, e no primeiro de outubro a segunda das d’infanteria. </span><br />
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A 5 se executou a</span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> </span><span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">primeira manobra geral</span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">, cuja supposição era que o inimigo vinha atacar a frente do campo, depois de ter constrangido todos os pontos avançados a recuar, e que a tropa devia recobrar todos os seus postos acoçado que fosse o inimigo, julgando-se inatacaveis os flncos do campo. </span><br />
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Nos dias 6 e 8 trabalharam as brigadas separadamente. </span><br />
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia 9 houve </span><span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">outra manobra geral</span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">, em que se moveo o exercito por columnas para tomar huma posição parallela ao lado em que se esperava a marcha das forças inimigas. No dia 12 houve um exercicio de todo o corpo de exercito. </span><br />
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A</span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> </span><span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">terceira manobra geral</span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> </span><span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">se executou no dia 16, depois de se ter o campo augmentado com os dois regimentos de cavallaria de Caes e Alcantara: suppunha-se n’esta manobra que o inimigo estava postado no terreno entre Carenque e Ponte-Pedrinha, e que o general queria d’ali lança-lo fóra para formar no mesmo sítio o seu campo. Todas estas manobras, a que S. M. e AA. assistirão, com huma grande multidão de povo, se executárão completamente, da mesma sórte que os outros exercicios; e no dia 22 se levantou o campo. </span><br />
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em quanto durou foi S. M. servida mandar, desde 25 de setembro, duas vezes por semana, dar huma ração de tres quartas de carne e huma de arroz a todos aquelles que recebião pão da real fazenda, e desde o primeiro dia pão e ração extraordinaria aos cirurgiões e ajudantes dos seis primeiros regimentos, e soldo dobrado aos alferes, tenentes e capitães, dos mesmos.»</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Fonte: Quadros Navais, pp. 93-95</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">* * *</span></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i><b>Ordem de Batalha</b></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Comandante</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Marechal de campo Conde de Oeynhausen</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Brigadas de Cavalaria</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(Brigadeiros João d’Ordaz de Queiroz + Conde de S. Lourenço)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Regimento de Cavalaria de Mecklemburgo</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">[n.º 4, pós 1806]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Regimento de Cavalaria de Castelo Branco</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">[n.º 10, pós 1806]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Regimento de Cavalaria do Cais (Lisboa)</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">[n.º 7, pós 1806]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Regimento de Cavalaria de Alcântara</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">[n.º 1, pós 1806]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Brigada de Infantaria da Direita</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(Brigadeiro D. Francisco Xavier de Noronha)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Regimento de Infantaria de Cascais</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">[n.º 19, pós 1806]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Regimento de Infantaria de Peniche</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">[n.º 13, pós 1806]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Brigada de Infantaria da Esquerda</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(Brigadeiro Luiz de Miranda Henriques)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Regimento de Infantaria de Lippe (Lisboa)</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">[n.º 1, pós 1806]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Regimento de Infantaria de Lencastre (Lisboa)</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">[n.º 16, pós 1806]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Para as manobras foram formados 2 batalhões de Granadeiros, tirados dos regimentos de infantaria. </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Parque de Artilharia</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(Sargento Mor Henrique de Chateauneuf)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- destacamentos dos Regimentos de Artilharia da Corte</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">[n.º 1, pós 1806]</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> e de Estremoz</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"> </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">[n.º 3, pós 1806]</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">, formando um corpo de 3 companhias de artilheiros, com o seguinte material: </span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">uma peça de 12, 6 de 6, e 12 de campanha de 3, 2 obuses e l morteiro.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">EFETIVOS TOTAIS: <b>4,214</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<br />
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">* * *</span></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i><b>Bibliografia</b></i></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- GUIMARÃES, J. Ribeiro, <i>Summario de varia historia: Narrativas, lendas, biographias, descripcões de templos e monumentos, estadisticas, costumes, civis, politicos e religiosos de outras eras</i> (Volume 4), Rolland & Semiond, 1874. pp. 166- 178;</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span><br />
<div style="font-family: "times new roman"; font-size: medium; font-weight: 400; letter-spacing: normal; text-align: justify; text-indent: 0px; text-transform: none; white-space: normal; word-spacing: 0px;">
<div style="margin: 0px;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- SOARES, Contra Almirante Joaquim Pedro Celestino, <i>Quadros Navais</i> (VII Parte), Col. Documentos n.º 12, Ed. Ministério da Marinha, Lisboa, 1973. pp. 93-95</span></div>
</div>
</div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-72656655717601211492017-12-20T15:00:00.000-08:002017-12-23T11:54:43.063-08:00Manuscripto: Goltz e a falta de Uniformidade do Exército em 1802<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEQ2qoHUIHuePPg4Mcs_jArfchT6mJvpMBYr5zr57HCW4rzLves1kuegWFwmcHY-JPBlmTO5AC1ywiek5agoI9zF3cUGEeI6rJ3O86aAkwmCgrw4B7dBK3lQu031j0b4-vn5D4OG5q3As/s1600/oficiais+azambuja03.gif" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" height="634" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiEQ2qoHUIHuePPg4Mcs_jArfchT6mJvpMBYr5zr57HCW4rzLves1kuegWFwmcHY-JPBlmTO5AC1ywiek5agoI9zF3cUGEeI6rJ3O86aAkwmCgrw4B7dBK3lQu031j0b4-vn5D4OG5q3As/s640/oficiais+azambuja03.gif" width="640" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b><br /></b></span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b>As ordens de 1802 do <a href="http://www.arqnet.pt/exercito/goltz.html" target="_blank">Conde de Goltz</a>, então Marechal do Exército e Comandante em Chefe, para que cesse a falta de uniformidade militar:</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b><br /></b></span>
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">Illmo. e Exmo. Snr. – O Principe Regente Nosso Senhor tendo me manifestado a mim Marechal, e General Commandante dos seus Exercitos, o seu Particular Desagrado a respeito da negligencia, irrigularidade e indecencia com que se apresentão muitos Officiaes; Foi servido ordenar-me fizesse observár maiz estrictamente huma disciplina exacta, e regular nos uniformes do seu Exercito.</span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">Em consequencia encarrego a V. Ex.ª como Governador da Provincia de Alem-Tejo de dar immediatamente em toda a extenção do seu Governo Ordens tão positivas, como sevéras a todos os Córpos, e Regimentos de Infantaria, Cavallaria, e Artilharia, Ligião, Engenharia, e Milicias & para que todo o militar de qualquer Arma, ou Graduação que seja se vista conforme os Modéllos dos uniformes que se áchão adoptados para os seus respectivos Córpos por anteriores disposições; as quais ficão em pleno vigor athé nóva Rezolução de sua Alteza Real.</span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">Tendo observado com verdadeiro dissabor que muitos Officiaes alterão os seus unifórmes acrescentando-lhes distinctivos arbitrários; advirto a todo o Exercito em geral, e todos os Individoos que o fórmão em particular que semelhantes irrigularidades serão punidas exemplarmente huma vêz que continuem a manifestár-se.</span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">Os Senhores Officiaes, e Cadetes devem dár o exemplo tanto para a sobordinação, como para o asseio, e por consequência lhes ordeno de não se apartarem em couza alguma dos seus uniformes ainda mesmo em bagatellas de qual quer genero, e por mais triviaes que sejão.</span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">Recomendo muito asseio do Soldado, obrigando a que se lave, e penteie todas as manhãas, que vista nos Domingos Camiza lavada, e que faça a barba nos dias em que entra de guarda.Todos os penteados, e módas a despeito de Cabellos tanto em topé//topetes, como em marrafas ficão prohibidos, destinando-se esta prohibição particularmente aos senhores Officiaes, e Cadetes, cujo penteado deve ser sempre Militar, e decente; e por esta razão se ordena positivamente que os senhores Officiaes, Cadetes, e Soldados átem o Cabello em distancia de dous dêdos da Núca, fazendo um rabicho da grossura de hum dêdo. Enquanto ao topete, e fáces [?] se conformarão ao uniforme prescripto nos seus Córpos, e naquelles em que este artigo não se achár ainda regulado me darão parte immediatamente os seus Chefes ou Commandantes respectivos.</span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">O Soldado trará o pescocinho uniforme, atado convenientemente, e sem augmentar-lhe o volume.</span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">Aos chefes e officiaes pertence vigiar que os seus soldados se apresentem em todo o tempo, e lugares vestidos da maneira mais propria e decente.</span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">As gravatas, e lenços tufádo, ou de almofáda, ficão prohinidos aos senhores Officiaes, e Cadetes.</span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">Os Distinctivos bizarros de que muitos Cadetes uzão, não dévem ser tolerados devendo trazer o uniforme exacto dos seus Córpos, ou Regimentos, sendo-lhes tão somente permetido usár pano mais fino.</span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">Os Chefes, Coroneis, e Officiaes Superiores dos Córpos, e Regimentos darão a ésta Ordem huma execução prompta, e inteira, punindo com a prizão aquelles que a élla não se sujeitárem.V. Ex.ª tomará as medidas mais eficazes [?] para que a vontade de sua Alteza real seja sem demóra, e pontualmente estebelecida e executáda como aqui se determina.</span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">D. Guarde a V. Ex.ª m. ann. Quartel General de Buenos Ayres, 20 de Março de 1802.Sr. Fernando da Costa de Ataide Teive</span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">P.S.Como todos os Corpos, e Regimentos dévem conformar-se segundo a presente Ordem, estreitamente ao que se determinou, e regulou anteriormente deve entender-se que aquelles que tem Cabellos Cortados // os conservarão da mesma maneira, observando huma exacta uniformidade nelles. Os Chefes, os Coroneis, e os Commandantes dos Córpos, ou Regimentos, me representarão todo e qualq quer inovamento que quiserem fazer a este respeito nos seus respectivos Córpos, ou regimentos, e não o poderão fasendo algum pôr em execução sem previamente receberem huma Ordem por escrito.</span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">Deos Guarde a V. Ex.ª Quartel General de Buenos Ayres em 20 de Março de 1802. = Conde de Goltz</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">António Xavier Pereira de Silva, Oficial da Secretaria</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Fonte:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Arquivo Histórico Militar, 1.ª Divisão, 13.ª Secção, Caixa 12, n.º 3</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-27196904305070610622017-09-16T15:30:00.003-07:002017-09-20T13:34:29.728-07:00Excerpto: Claudio de Chaby e os Excerptos Historicos<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGnVtLlb2nUdra9F4ohlhkdsH3MuWEZba0qYMzStF6crU8yiIE9zg1gtNSaqPS-CwNPpN9N7ple4Qjp4cbQPIAeQcGbj4C6QtbR8-CeCT77if03l7Q92l3BxCfqm6qisFTtStYoSqCRe2F/s1600/315753_2316329597891_789628458_n.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="165" data-original-width="125" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhGnVtLlb2nUdra9F4ohlhkdsH3MuWEZba0qYMzStF6crU8yiIE9zg1gtNSaqPS-CwNPpN9N7ple4Qjp4cbQPIAeQcGbj4C6QtbR8-CeCT77if03l7Q92l3BxCfqm6qisFTtStYoSqCRe2F/s320/315753_2316329597891_789628458_n.jpg" width="242" /></a></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><span style="color: #660000;">Cláudio de Chaby</span></span><span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><span style="color: #274e13;"> (1818-1905) é, sem dúvida, um dos grandes historiadores militares portugueses do século XIX e os </span><i><span style="color: #0c343d;">Excerptos Historicos </span></i></span><span style="color: #0c343d; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>e colecção de documentos relativos á guerra denominada da Peninsula e ás anteriores de 1801, e do Roussillon e Cataluña</i></span><span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">, publicados em 1863 é o terreno onde mais se potenciou o seu talento literário. Parte do cronismo quase estatístico e elabora detalhadamente sobre a condição das tropas no terreno, em todos os níveis e classes sociais. Foi o grande compilador de memórias militares de vários oficiais das guerras revolucionárias, algumas delas inéditas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A combinação de trabalho arquivista </span><span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">exaustivo e abrangente</span><span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">, a recolha de memórias pessoais dos protagonistas (qualquer que fosse o seu grau de importância hierárquica), e finalmente a elegância como descreve os acontecimentos de época, Estes são talvez os traços mais interessantes do autor</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Em cartas suas no Arquivo Histórico Militar, Chaby refere-se a um veterano de Artilharia de Elvas que lhe contou alguns pormenores de um brinco militar próximo de Vila Viçosa, assistido pelo Principe Regente e D. Carlota (e pelo veterano, então moço), em inícios de 1806, meio século depois dos eventos, em que se recriava a batalha de Austerlitz, ganha por Napoleão no ano anterior, incluindo uma "réplica" da choça de Napoleão com função decorativa, além do jovem clarim negro da Legião de Alorna, com sua jaqueta azul celeste e mangas negras.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #274e13; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Aqui fica um pequeno excerto do seu primeiro volume, dedicado à <i>Guerra do Roussilhão e Catalunha</i> (1793-1795), especificamente sobre os acontecimentos de 17 e 20 de Novembro de 1794, quando o Exército Republicano faz recuar o Exército espanhol e, com este, o Exército Auxiliador português.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQSGq2ixcl4DIgX_fULlhJxjIhARW9e3yqdViNn5MgrdjFx59sd8dCl9Jwgxb_QLcHBDRIa4W94uNJsKuq1nMbZvcrrgQgs8cYi5_BndCEKHIX9Gt1_uUOr_syis-5FqJvOqzlP5JZeJ_E/s1600/catalunhapeq.jpg" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="127" data-original-width="115" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjQSGq2ixcl4DIgX_fULlhJxjIhARW9e3yqdViNn5MgrdjFx59sd8dCl9Jwgxb_QLcHBDRIa4W94uNJsKuq1nMbZvcrrgQgs8cYi5_BndCEKHIX9Gt1_uUOr_syis-5FqJvOqzlP5JZeJ_E/s1600/catalunhapeq.jpg" /></a></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>«O estrepito pavoroso das detonações da artilheria: o clarão vivaz da polvora incendiada, perturbando como em ondulações igneas de movimento tremulante e quasi sucessivo, a frouxa luz crepuscular; o estrondo repetido das descargas de espingarderia; o sinistro soído de ferros em golpes de pugna; o rumor do tropel dos ginetes em carreira: os clarins estridentes, as caixas de guerra chamando ao combate, tudo emfim que constitue o cortejo da guerra nos seus horrores e majestade, chamando morte, destruição, e sangue, tudo anunciava ao despontar d'aquelle dia o triumpho previsto e desejado por Perignon, a desgraça já imminente, e que em breve ia cair sobre o exercito peninsular; desgraça que, não obstante, illustrou o valor das tropas, o valor e a pericia de alguns generaes.»</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Claudio de Chaby (1863), <i>Excerptos Históricos</i> (Volume I), Imprensa Nacional:Lisboa, p. 125.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Este volume pode ser lido ou descarregado em pdf no GoogleLivros, <a href="https://books.google.pt/books?id=iO_OF47umfMC" target="_blank">aqui</a>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;"><br /></span>
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif;">(Seria interessante uma reedição anotada, facsimilada, desta excelente obra)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #0c343d; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>LIGAÇÕES</i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Conheça a biografia deste autor em Portugal Diccionario Historico, <a href="http://www.arqnet.pt/dicionario/pchabyclaudio.html" target="_blank">aqui</a></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Ainda, o artigo "O General Cláudio Chaby, Cronista e Arquivista", de Manuel Amaral, <a href="http://www.arqnet.pt/exercito/chaby.html" target="_blank">aqui</a>.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="color: #444444; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-7673393529686038322017-09-16T12:20:00.000-07:002017-09-20T13:34:48.577-07:00Excerpto: Raul Brandão, apresentado por Vitorino Nemésio<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHGOnMzChmpa1pn9ehvOmZBqIquglYNZ38v6o8vRA7V6JE-g3c6gNrclHkKdJrdnTiNGavp9Y_tfZI_ROT9oc7T528f5uLFsQDXrqjacfqTbX_ubzFndtbC_1uKkj0SwY5U4DvvokZDzZe/s1600/Raul_Brandao2.jpg" imageanchor="1"><img border="0" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHGOnMzChmpa1pn9ehvOmZBqIquglYNZ38v6o8vRA7V6JE-g3c6gNrclHkKdJrdnTiNGavp9Y_tfZI_ROT9oc7T528f5uLFsQDXrqjacfqTbX_ubzFndtbC_1uKkj0SwY5U4DvvokZDzZe/s1600/Raul_Brandao2.jpg" /></a></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">RAUL BRANDÃO</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(1867-1930)</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Por Vitorino Nemésio</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i><span style="color: #274e13;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Raul Brandão é dos maiores prosadores estreados no fim do século XIX e um dos temperamentos mais originais que se exprimiram na nossa língua. Herdeiro do estilo transparente de Eça de Queirós e criado na sua luminosa ironia, excedeu-o no sentido grave da vida e na agudeza psicológica que explora o subconsciente.</span><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[...]</span></span></i></blockquote>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A História é outro campo de trabalho preferido por Raul Brandão, sobretudo as épocas de revolução e de crise – Invasões Francesas, Liberalismo, República –, em que a intriga domina o cenário político e em que a ordem social subvertida permite que as paixões venham à-de-cima e que a comparsaria histórica irrompa pelo palco reservado aos grandes personagens. Mamórias, cartas, papéis íntimos, o recheio das casas, a papelada burocrática e as ordens regimentais, de tudo Brandão extrai um pormenor significativo, uma bagatela que tiraniza os homens nas suas manias e ingenuidades e as faz triunfar sobre os interesses gerais e a própria razão de Estado.</span></i> </blockquote>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1vIn7KxE1kCKX2VsbG_fd-hNrY6NGFLDIkxtyr8FtOjDjQ1k40W9GheM5U-Bdd-f3jIwfCdljl4uiGAVW7mZgUDMuMN_pmhD3WAxJ1j_Rq6DckKeMJXhn65nxo2CgdOFHG0_d4lXZ0O2k/s1600/elreijunotbrandao.gif" imageanchor="1" style="clear: left; float: left; margin-bottom: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="695" data-original-width="413" height="320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi1vIn7KxE1kCKX2VsbG_fd-hNrY6NGFLDIkxtyr8FtOjDjQ1k40W9GheM5U-Bdd-f3jIwfCdljl4uiGAVW7mZgUDMuMN_pmhD3WAxJ1j_Rq6DckKeMJXhn65nxo2CgdOFHG0_d4lXZ0O2k/s320/elreijunotbrandao.gif" width="188" /></a></div>
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><span style="color: #274e13;">El-Rei Junot</span> é uma espécie de 1812 em prosa, sinfonia triunfal em ritmos de paródia: as divisões desmanteladas mas ainda impetuosas de Junot atravessando a península, o sonho de Napoleão caldeando-se com o pânico e o grotesco de uma população perturbada no seu longo sono histórico. A marcha das tropas, as étapes nos descampados, a fuga da populaça desamparada e infeliz, tudo é dado numa atmosfera de pólvora e de pó, em que o humano triunfa pelo sonho e pela dor da «farsa» trágica. A pintura da corte de Queluz e da Lisboa, dos desembargadores e dos frades, embora feita de elementos heterogéneos e violentados pela preocupação do pitoresco e do patético, é larga e impressiva. E a seriedade da fibra nacional ferida resulta mais nítida dos lances anárquicos do conflito.</span></i> </blockquote>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A <span style="color: #274e13;">Conspiração de Gomes Freire</span> dá o lado íntimo, biogratativo, de transição do velho regime para o novo. Gomes Freire é desenhado como acentureiro, patriota, letrado e amoroso. A sombra de Matilde de Melo («felizmente há luar») suaviza o calvário do general napoleónico, mação e conspirador, que paga na forca o seu desprendimento e as suas leviandades.</span></i> </blockquote>
<blockquote class="tr_bq" style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHlYMiFEz7pMFROP6PIlj6ceImnSKdGeYUF0KRWM12YeVlP90m00UadT_6DlrpaB9ifan-PF9iVz7d-EEsJ3BklGCOtauYvkzTHGxhesnE6LRYw8yLcTDlxWLky-gAJMlNP0BqTQgg9BWB/s1600/0000000051.jpg" imageanchor="1" style="clear: right; float: right; margin-bottom: 1em; margin-left: 1em;"><img border="0" data-original-height="648" data-original-width="374" height="200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiHlYMiFEz7pMFROP6PIlj6ceImnSKdGeYUF0KRWM12YeVlP90m00UadT_6DlrpaB9ifan-PF9iVz7d-EEsJ3BklGCOtauYvkzTHGxhesnE6LRYw8yLcTDlxWLky-gAJMlNP0BqTQgg9BWB/s200/0000000051.jpg" width="115" /></a></div>
<i><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No <span style="color: #274e13;">prefácio das Memórias do Coronel Owen (O Cerco do Porto)</span> e nas suas próprias <span style="color: #274e13;">Memórias</span><span style="color: #0c343d;"> </span>(3 vols.), Raul Brandão fecha este seu ciclo de petit histoire, espécie de diário de um povo que toma consciência dos tempos modernos através da dissolução e da reforma da sua intimidade histórica. As Memórias de Brandão correspondem ao fim da Monarquia e aos primeiros anos da república, e devem ser lidas com a prevenção de quem vai ouvir o testemunho suspeito mas psicologicamente precioso de um espectador interessado apenas pelo lado mórbido do drama. A verdade que delas sai é psicológica, atmosférica – não é histórica. Os prefácios que Brandão escreve para elas reconciliam-no, pelo seu ar de mensagem ou de visão do mundo, com a pureza e seriedade da alma e do povo português.</span></i></blockquote>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i><br /></i></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Vit</i>orino Nemésio, <i>Portugal, a Terra e o Homem: Antologia de Textos de Escritores dos Séculos XIX-XX</i>, Ed. Fund. Calouste Gulbenkian, Viseu, 1978. (pp. 85-87)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="color: #073763; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Imagem</i></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Fotografia de Raul Brandão, Wikicommons</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-24041048206714412582017-07-06T11:40:00.000-07:002019-04-12T05:45:11.468-07:00Apontamentos: Abril de 1812, a quarta “invasão” de Marmont<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;"><b><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEid30CrwOPb9AmWJyeOI6NGU82YFgg5FNPfwd5hEXHkR5orwBERuDTeWbpIjvq5yDItlL1UQS0KoZueipbV8KQOmpKWgFZ4VLX950IuKvQKQemEMzKOjUK2Ef3H2pS0lg5IR12GfXWRVw5d/s1600/800px-Castelo_de_R%25C3%25B3d%25C3%25A3o.jpg" imageanchor="1"><img border="0" height="640" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEid30CrwOPb9AmWJyeOI6NGU82YFgg5FNPfwd5hEXHkR5orwBERuDTeWbpIjvq5yDItlL1UQS0KoZueipbV8KQOmpKWgFZ4VLX950IuKvQKQemEMzKOjUK2Ef3H2pS0lg5IR12GfXWRVw5d/s640/800px-Castelo_de_R%25C3%25B3d%25C3%25A3o.jpg" width="480" /></a></b></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;"><b><br /></b></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;"><b>Abril
de 1812: a quarta “invasão” de Marmont</b></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">Os
acontecimentos desta altura representam um dos pontos altos de Lecor
no comando da Beira Baixa, com uma retirada ordeira para Sarnadas /
Vila Velha do Ródão face à aproximação de um número considerável de
franceses, destacados da força principal de Marmont.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">A
incursão tinha como objetivo ameaçar as operações de
cerco em Badajoz, assim como de forragear em força, dada a relativa
exaustão na área em torno de Ciudad Rodrigo. O facto de ter comprometido apenas uma divisão,
a 2.ª de Lamartiniere, contra Castelo Branco (e a passagem do Tejo
em Vila Velha), mostra que era apenas uma demonstração em força.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Todas
as aldeias onde os franceses passaram sofreram a mais absoluta
recolha de materiais, incluindo a madeira das casas, assim como toda
a forma de violência e mortes. </span><span style="font-family: "georgia" , serif;"><i>Cemitério
de vivos</i></span><span style="font-family: "georgia" , serif;">,
escrevem de Alpedrinha.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;"><b>Antecedentes</b></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">Desde
Abril de 1811, Lecor volta a comandar a Beira Baixa, após ter saído
das Linhas no comando da brigada portuguesa da recém-criada 7.ª
Divisão.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="color: #c00000;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">3-6.5.1811
– Batalha de Fuentes de Honor</span></span><span style="font-family: "georgia" , serif;">.
Lecor já não comanda a brigada portuguesa da 7.ª Divisão.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #c00000;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">16.5.1811
– Batalha de Albuhera.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">2.8.1811
– Wellesley em Castelo Branco.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;"><b>Ação</b></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">28.2.1812
– Collins recebe o comando da futura 6.ª Brigada Portuguesa
(7+19+2). ORDENS DO DIA, Beresford. </span><span style="color: red;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Quem
estava antes?</span></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #c00000;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">16.3.1812
– Início do 2.º sítio de Badajoz.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1c6194;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">1.4.1812
– Alten muda o seu QG para Alfaiates.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1c6194;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">2.4.1812
- Alten muda o seu QG para Sabugal.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1c6194;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">3.4.1812
- Alten muda o seu QG para Benquerença. Ficam o dia seguinte.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1c6194;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">5.4.1812
– Alten muda o seu QG para Pedrogão. É informado que os franceses
se dirigiam para o Sabugal, mas depois desviaram para Fuente
Guinaldo. Deu azo a conjeturas, mas Alten decide prosseguir no dia
seguinte para Castelo Branco.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #c00000;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">6.4.1812
– Tomada de Badajoz pelo exército aliado.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #7030a0;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">6.4.1812
– Alvoroço geral na comarca de Alpedrinha, “pelas notícias que
o inimigo ameaçava pela estrada de Coria a nossa fronteira”.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1c6194;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">7.4.1812
– Alten para em Castelo Branco.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1c6194;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">8.4.1812
– Alten passa o Tejo para a margem esquerda, em direção a Nisa,
pensando ter cumprido a missão que lhe havia sido atribuída.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #7030a0;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">9.4.1812
– Franceses entram em Alcaide, onde se repartem, uns para o Fundão,
e outros para Alpedrinha, ficando em Alcaide o General Foy com uma
escolta.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">9.4.1812
– Marcha para NIZA. Victor Alten recebe lá comunicação de Lecor,
que o inimigo chegou ao Fundão em força. Envia um “officer’s
party of hussards”</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><a href="https://www.blogger.com/null" name="_GoBack"></a><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #7030a0;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">10.4.1812
– Francezes entram em Alpedrinha. Cerca de 8 mil homens.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">10.4.1812
– Bereford escreve de Badajoz, dando ordens a Lecor para que
permaneça em, ou perto de, Castelo Branco o máximo possível sem se
comprometer face a uma força superior, e que a retirar o deve fazer
para Abrantes o mais lentamente possível, pela margem direita do
Tejo. Informa-o que Alten está na área e que deve cooperar.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">“<span style="font-family: "georgia" , serif;"><i>Je
vous repete de ne pas ceder plus de terein que vous n’etes en
prudence obligé de faire.” (Beresford, 10.4.1812)</i></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;"><b>A
importância de Castelo Branco estava em que se localizava num nó
rodoviário fulcral para ligar o sul ao norte da fronteira e o eixo
Badajoz/Ciudad Rodrigo, as principais portas de entrada em Portugal.
Caindo Castelo Branco, rápido cairia a passagem de Vila Velha e a
ligação mais rápida entre norte e sul, que Wellesley usou de forma
muito inteligente.</b></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #7030a0;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">11.4.1812
– Sábado. Saiem de Alpedrinha com direção a Castelo Branco.
“[...] mas continuou a passar por aqui todo esse dia, e seguinte,
tropa, que desfilava do Fundão para aquella cidade: nesta se
dividiram em dois corpos, e sahiram ambos no dia 13 de noite, um pela
estrada de Escalos de Cimaa saquear os povos da raia, como Medellim,
Pedrogão, etc. outra por Atalaia em direitura ao Catrão, e se
reuniram no Alcaide com a escolta do General”.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">11.4.1812
– 14 horas. Lecor avista duas colunas, que vinham pela estrada de
Alcains, cobrindo a sua vanguarda com 6 esquadrões de cavalaria. </span>
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #1c6194;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">11.4.1812
– Victor Alten, sob ordens de Wellesly, volta a passar o Tejo, a
tempo de cobrir a retirada de Lecor para SARNADAS.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">“<span style="font-family: "georgia" , serif;"><i>As
forças disponiveis das Millicias, com que me achava, não excedião
os 1600=homens: era pois d’absoluta necessidade o retirar-me: a voz
de marcha foi dada dipois da Guarda avançada inimiga ter entrado na
cidade, e a Divisão de Millicias do meu commando cobrindo todo o
trem dos Hospitais, alguns generos, e duentes, marchárão na milhor
ordem para Villa Velha ahonde premaneci athe pella manhãa seguinte
em quanto desfilou pella ponte os combois, gados, e toda a gente que
por aquelle ponto pertendeu salvarse [...]”</i></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">12.4.1812
– Domingo. Vila Velha. Lecor combinou-se com o 1.º Regimento de
Hussares KGL: “fui occupar o Passo da Milhariça”.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">12.4.1812
– Alten avançou desde Sarnadas e encontrou vários esquadrões de
cavalaria e um batalhão de infantaria perante Castelo Branco. Uma
pequena escaramuça tomou lugar, em que os hussardos sob o Cornet
Blumenhagen, empurrou a guarda avançada contra o corpo principal,
tendo feito um prisioneiro. Contudo, os francezes mantêm a posição.
Os Hussardos deixam piquetes e retornam a Sarnadas.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;">“<span style="font-family: "georgia" , serif;"><i>A
boa vontade e dispozição que observei em geral nos Millicianos, e a
boa ordem com que executárão a retirada á vista do inimigo com o
vagar que exigia a marcha de hum comboi de carros, faz o elogio desta
tropa, e dá bem a conhecer do quanto são suceptiveis.”</i></span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;"> </span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #7030a0;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">13.4.1812
- Saiem 2 corpos franceses de Alpedrinha, de noite.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">13.4.1812
– De manhã, os franceses retiram-se em direção a </span><span style="color: #c00000;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Penamacor</span></span><span style="font-family: "georgia" , serif;">
com alguma precipitação.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">13.4.1812
– Os Hussardos entram em Castelo Branco à 9 (da noite?). inimigo
retira para </span><span style="color: #c00000;"><span style="font-family: "georgia" , serif;">Pedrogão
</span></span><span style="font-family: "georgia" , serif;">até ao
chegada do exército aliado a 16. </span>
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #7030a0;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">14.4.1812
– Franceses retrocedem sobre Alpedrinha, ao princípio da noite,
“onde surpreenderam muitas pessoas de todas as idades e sexos,
satisfazendo aos impulsos da mais brutal sensualidade, [...]”.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">14.4.1812
– GUARDA.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">l</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #7030a0;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">15.4.1812
– Franceses saiem de Alpedrinha e seguem para Capinha, pela estrada
do Sabugal.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">17.4.1812
– Wellesley chega a Castelo Branco, vindo de Badajoz.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">19.4.1812
– Wellesley em Castelo Branco. Recebe as primeiras informações
acerca dos acontecimentos na GUARDA, através de um alferes de
milícias e alguns sargentos. A data do combate não é especificada.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">4.6.1812
– Lecor promovido a Marechal de Campo.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="color: #c00000;"><span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">22.6.1812
– Batalha de Salamanca ou Arapiles.</span></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">31.7.1812
– Ordem do Dia que o promove a Marechal de Campo.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">12.10.1812
– Lecor comendador honorário da Ordem da Torre e Espada.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;"><b>Carta
de Lecor a Forjaz, Castelo Branco, 14.4.1812</b></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;"><i>AHM/DIV/1/14/097/42
[ff 21-22]</i></span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">Tenho
a honra de participar a V. Ex.ca. para por na prezença de S. A. Real
que tendo o inimigo entrado em Alpedrinha no dia 10, como participei
a V. Ex.ca. no meu ultimo officio, no dia immediato ás 2 horas da
tarde avistei duas Columnas, que se dirigião a esta cidade pella
estrada de Alcains, cobrindo a sua vanguarda com 6 eesquadrões de
Cavallaria.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">As
forças disponiveis das Millicias, com que me achava, não excedião
os 1600=homens: era pois d’absoluta necessidade o retirar-me: a voz
de marcha foi dada dipois da Guarda avançada inimiga ter entrado na
cidade, e a Divisão de Millicias do meu commando cobrindo todo o
trem dos Hospitais, alguns generos, e duentes, marchárão na milhor
ordem para Villa Velha ahonde premaneci athe pella manhãa seguinte
em quanto desfilou pella ponte os combois, gados, e toda a gente que
por aquelle ponto pertendeu salvarse, e dipois combinando-me com o
1.º Regimento de Hussares que passou do sul do Tejo, fui occupar o
Passo da Milhariça para me por ao alcance de poder executar as
ordens superiores de que estava munido. //</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">A
boa vontade e dispozição que observei em geral nos Millicianos, e a
boa ordem com que executárão a retirada á vista do inimigo com o
vagar que exigia a marcha de hum comboi de carros, faz o elogio desta
tropa, e dá bem a conhecer do quanto são suceptiveis.</span></div>
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-size: large;"><br />
</span></div>
<br />
<div style="margin-bottom: 0cm; text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , serif; font-size: large;">O
inimigo logo que se me reunio alguma Cavallaria do 1.º de Hussares,
não se atreveu a avançar. Hontem pella manhãa se retirou desta
cidade em direcção a Penamacor com alguma precipitação.</span></div>
Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-58280229099532669802017-07-05T12:20:00.002-07:002017-09-20T14:58:01.324-07:00Apontamentos: A Evasão dos 33 Portugueses<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiiqB5VSOBTT6dxpWQHMpiLdbYxjC-xqLMSN1fQf1rRqDJpZ0lzpCWH6lRG8foEHPcyPTtgcFwkHwjivfH-jrsx_hImwP5Hxlcq6gRqdK1Lqf0E0X8kJEyXjYrwumZ5m9QHlNkOn-ty3n2/s1600/embarques_dvr_1817.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="954" data-original-width="1568" height="389" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhiiqB5VSOBTT6dxpWQHMpiLdbYxjC-xqLMSN1fQf1rRqDJpZ0lzpCWH6lRG8foEHPcyPTtgcFwkHwjivfH-jrsx_hImwP5Hxlcq6gRqdK1Lqf0E0X8kJEyXjYrwumZ5m9QHlNkOn-ty3n2/s640/embarques_dvr_1817.jpg" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<br /></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A Evasão dos 33 Portugueses</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">AA, 33: 70-71</span><br />
<br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> [Montevideo, mayo 26 de 1817.]</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">/Senhor</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Aprezentando-se muito Raramente ocazioens, que enchão tanto o Coração de hum Chéfe, que dezeja acreditar as Suas Tropas, e o Comando, que dellas se lhe conferio, como a prezente, gostosamente lanço mão della para levar ao Soberano Conhecimento de Vossa Magestade hum sucesso daquelles, que aparessem de Seculo, em Seculo, e que tem o mesmo Cunho dos que tanto honraráo os Heroes Portuguezes.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[25.5.1817]</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia de hontem entrarão nesta Bahia os individuos, comprehendidos na Rellação incluza; que protegidos pela Divina Mão, que abençoa o Reinado de Vossa Magestade, e os homens, que servem com virtude a Sua Patria, e o Seu Monarca, lograrão libertar-se gloriosamente da pezada escravidão,em que gemião.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Este Successo hé acompanhado de circunstancias demaziadamente notaveis, e que reflectam muita importancia em todos os individuos, que nelle tiverão parte, e com especcialidade no Tenente Jacinto Pinto d'Araujo Assistente do Quartel Mestre General, que, de acordo com o Alferes Francisco Antonio da Silva da Cavallaria desta Divizão, concebeu, e levou a efeito huma Empresa tão benemerita, e que tanto honra lhe faz.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Estes officiaes estavão, com os outros prizioneiros, em Santo Domingo Soriano, junto da confluente do Rio Negro, debaixo da guarda, que hum Tenente Comandava; e sabendo, que naquelle Porto se achava huma Balandra, com Bandeira Oriental, carregada com petrechos de guerra; projectarão apossar-se della, não só para subtrahir-se á pezada escravidão, que os oprima, mas para tirar ao inimigo hum tão avultadonumero de Artigos, intereçantes ás suas Operaçoens, como os que a dita Balandra continha.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[17.5.1817 - noite]</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">A Providencia protegeu tão nobre, honrado, e bravo pensamento; e deixou que elles, na noite do dia 17 do corrente, tendo podido praticar na parede da sua prizão huma abertura por onde sahirão, sem que pelas Sentinellas fossem persentidos, se dirigissem á praia, onde, malograda a esperança de achar embarcação, em que se transbordassem para a Balandra indicada, possuidos absolutamente do seu objecto, e Resolvidos a sacrificar por elle as Vidas, que tão comprometidas ja tinhão, corajosamente se lançarão a nado; e conseguido apossar-se de huma lancha, que perto havia, apezar dos gritos, com que os donos querião embaraça-los, lograrão finalmente apoderar-se da Balandra - Cinco de julio - e de toda a sua tripulação e Carga, Arvorando, cheios daquelle inexplicavel goso, que dá o bom Resultado, quando elle nace do Valor e da Virtude, o Sempre Triunfante Pavelhão das Sagradas Quinas Lusitanas, que muito á pressa construirão, o melhor, que as circunstancias lhes facilitarão.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[19.5.1817 ]</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia 19 do corrente, Navegando para esta Praça, derão vista, junto de Martin Garcia, de huma Embarcação de Guerra, e julgando pela situação, que pertencia aos Orientaes, decidirão tomala, e só os dissuadio o saberem depois, que era de Buenos Ayres, para onde forão dirigidos pela ditaEmbarcação, a cujo Comandante contárão, que gente erão, de que circunstancias vinhão e o fim a que se propunhão.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">O Director Supremo daquelle Governo muito generosamente lhes franqueou quantos Socorros necessitavão, e teve a bondade de os enviar a este Porto, onde felizmente chegárão, dando a todos os Individuos desta Divizão hum Soblime Exemplo de bravura, honradez, e lealtade; e hum dia de completa Satisfação.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Inclusa Remeto a Vossa Magestade a Lista dos Objectos, aprezados a bordo da Balandra pelos Vallentes Prizioneiros, cujos nomes contem a Rellação indicada, e Rogo a Vossa Magestade, com a maior Submissão que, Servindo-se Usar da Sua Real Munificencia, Haja por bem Tomar em Consideração hum facto, que tanto acredita o Patriotismo, e a Valentia dos que nelle intervierão, Dignando-se conferir a tãodistintos Vasallos aquelles Premios de que se fazem merecedores.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Deos guarde a Vossa Magestade muitos annos.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Monte Video 26 de Maio de 1817.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">De V. Mag.de Fiel Vassallo</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Carlos Frederico Lecor.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Relação dos prisioneiros Portuguezes, que no dia 17 de maio tão gloriosamente se libertarão</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">4/9 (Castillos) – 10 (Legião São Paulo e Reg Milícias Rio Grande)</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">2/12 (Rocha, forragens) – 4 (2.º RI)</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">8/12 (Mata Ojo/Sauce) – 12 (Cavalaria DVR)</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">11/12 (Rocha, marcha para o exército) – 2</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">19/12 (Maldonado, a buscar água) – 2 (1.º BatCaç)</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">25/12 (Santa Teresa) – 3 (Artilharia)</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Rocha em 11 de Dezembro de 1816, marchando para o exército:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Ten Jacinto Pinto de Araújo + Alf Francisco Carneiro de Fontoura (RMRG) </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Estado Maior</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Jacinto Pinto de Araújo, Tenente, prisioneiro em Rocha em 11 de Dezembro de 1816, marchando para o exército.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Cavalaria</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Francisco Antonio da Silva, Alferes da 4.ª companhia, prisioneiro em Mata-ojo em 8 de Dezembro de 1816, em attaque</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Vicente Ferreira Brandão, Alferes da 10.ª companhia, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Manuel Coelho, Furriel da 6.ª companhia, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">José Manoel, soldado da 3.ª companhia, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Manoel Ventura, dito, dito, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">José Cardozo, dito da 4.ª companhia, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Antonio Rodrigues, dito, dito, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">José Procópio, dito, dito, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Domingos Rodrigues Villarinhos, dito da 10.ª companhia, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">José Garcia, dito da 12.ª companhia, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Antonio Valles, dito, dito, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Antonio Braz, dito, dito, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Artilharia</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">João Custodio Villas-Boas, Cadete da 1.ª companhia, prisioneiro em Santa Thereza em 25 de Dezembro de 1816. Estava destacado.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Antonio de Almeida, Soldado da 2.ª companhia, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Florêncio Roza, dito, dito, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Primeiro batalhão de Caçadores</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Vicente de Oliveira, Corneta da 5.ª companhia, prisioneiro em Maldonado em 19 de dezembro de 1816, sahindo a ir buscar agoa.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Manuel da Cruz, soldado da dita, idem.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Segundo Regimento de Infantaria</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">João dos Reis, Soldado da 1.ª companhia de Granadeiros, prisioneiro em Rocha em 2 de Dezembro de 1816, em attaque de forragens.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Francisco de Carvalho, dito, dito, idem.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">José Correia, dito, dito, idem.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Filipe Henriques, dito, dito, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Esquadrões de São Paulo</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Joaquim José de Bettencourt, Tenente da 3.ª companhia, prisioneiro em Castillos em 4 de setembro de 1816, em attaque.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">João Ribas Sandim, Cadete da 2.ª companhia, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">José António de Oliveira, Cabo da 4.ª companhia, idem.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">José Joaquim de Barros, Soldado da dita, idem</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Manuel Gonçalves, dito, dito, idem.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">João Rodrigues, dito, dito, idem.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">José Francisco de Sequeira, dito da 2.ª companhia, idem.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Joaquim Rodrigues, dito, dito, idem.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Regimento de Milícias do Rio Grande</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Francisco Carneiro de Fontoura, Alferes da 1.ª companhia, prisioneiro em Rocha em 11 de Dezembro de 1816, marchando para o Exercito.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Francisco Antonio, Soldado da 3.ª companhia, prisoneiro em Castillos em 4 de Setembro de 1816, em attaque.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Manuel Silverio, dito, dito, idem.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(+ 9 paisanos, agregados à divisão, prisioneiros em differentes lugares).</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Bibliografia</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Comisión Nacional Archivo Artigas, ARCHIVO ARTIGAS, Montevideo, Monteverde, tomo 33.</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-74545866043720394762017-07-05T12:15:00.003-07:002017-09-20T14:58:09.662-07:00Apontamentos: Pablo Paéz<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjelsAVr-wOR2Yc2g-QWBbHBTrk379GFxSpl_cOM0ahP3rZchpRAD0pfBDKfIZKClkEkYOPsr8pY4wVAEQ8nOhDU1Uon0UF8ux4OYLN3YcDpLV6n6YeBf6u_7z57JLgeWtZgPdvotmO90-j/s1600/pormenor_maior1_debret_revista.jpg" imageanchor="1" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="682" data-original-width="1432" height="304" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjelsAVr-wOR2Yc2g-QWBbHBTrk379GFxSpl_cOM0ahP3rZchpRAD0pfBDKfIZKClkEkYOPsr8pY4wVAEQ8nOhDU1Uon0UF8ux4OYLN3YcDpLV6n6YeBf6u_7z57JLgeWtZgPdvotmO90-j/s640/pormenor_maior1_debret_revista.jpg" width="640" /></a></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Fontes principais: SILVEIRA | OTORGUÉS</span><br />
<br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">26/11 – </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Destaquei no dia 26 o Ten. Coronel Paiva com os dous Esquadroes da Legiaó do Rio Grande, e hum Destacamt." do Batalhaó de Inf.", fazendo todo a força de duzentos homens; ordenando-lhe que marchase pela m." direita, atravessase o Rio Negro no PASSO DE MANSANGANA, explorasse a margem direita com o objeto de cortar, ou apanhar algumas Cavalhadas ou Partidas Inimigas.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Mandei o Ten. Coronel Pessanha com hum Esquadrao de Voluntarios Reaes, reunir-se a huma Partida de cento, e cincoenta homens que antecedentemente tinha mandado explorar a minha ezquerda athe GUAZUNAMBY, e que entaõ se achava no Arroio da Muga; </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">/ ordenando-lhe que marcha-se pelas cahidas da Coxilha grande, em direcçaã ao Arroio Pablo Paes athe se reunir comigo no Cordovez, aonde tambem se deveria reunir o Ten. Coronel Paiva.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Julguei conveniente destacar estes dous Corpos naó só para pór o Inimigo cm confuzaó, sobre a direcçaó que eu devia seguir, e evitar que na minha Retaguarda ficassem Partidas enfestando o Paiz; mas tambem para cortar algumas Cavalhadas de que tenho a maior precizaó, e ao mesmo tempo atacar o flanco e Retaguarda de Ortuguez quando elle se rezolvese a esperar.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">27/11 –</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">No dia 27 marche¡ dos CONVENTOS, não encontrando a poziçaó, nem descobrindo vestigios do Inimigo, mais do q.` alguns exploradores athe ao Arrojo das Tararias aonde cheguei no dia 3 do corrente.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(...)</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">3/12 – NOITE:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">EL DIA TRES me hallava campado en los CAMPOS DE DURAN, y tuve parte que el enemigo seme venia ensima ato que tuve avien el rretirarme ala Isquierda. afin de atacarlos Porta rretagua, llegue aquella misma noche a Pablo Pay.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">3/12 – NOITE:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">O Tenente Coronel Pessanha marchou na direcçaó que lhe foi indicada sem encontrar novidade athe o ARROIO DE PABLO PAES onde tambem CHEGOU NA NOUTE DO DIA 3:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">4/12 – </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">y llegado el dia vimos que quasi haviamos dormido juntos con el enemigo</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">4/12 – MADRUGADA: </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">NA MADRUGADA DO DIA SEGUINTE descobrio na essa frente do outro lado do Arroio o Inimigo, que ali tinha chegado na mesma noute,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">/ e parecendo-lhe Em força de 300 homens rezolveo atacalo; </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[pelas informarções que elle [pessanha] me da o Inimigo aprezentou huma força de mais de 800 homens, tendo sido favorecido por huma Nevoa bastante espega para a encobrir]</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[linha portuguesa]</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">/ atravessou o Arroio, formou na sua frente colocando a Cavall." de V. Reaes nos flancos, e os Destacamt."° das Tropas do Continente no Centro: </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[linha oriental]</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">/ o Inimigo aprezentou a sua linha em ordem extrema, e principiou hum fogo m." bem surtido: o Ten." C." depois de algum tiroteio de Infanteria carregou com a Cavallaria de V. Reaes, arrolou toda a linha Inimiga fazendo lhe consideravel estrago; </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">ellos me atacaron por la rretagua, y mi vangüa p.r hallarse distante no se halló en la adcion </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">/ yó les presenté la Batalla con mi Gente de rretagua y querpo de rreserva, quedando el campo por mio haviendo rrecivido el enemigo bastante daño: vyó precipitadamente</span><br />
<span style="white-space: pre;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"> </span></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[Pessanha confunde atiradores de Silveira com inimigo e retira]</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">/ vendo porem aparecer pela Retaguarda do Inimigo huma Columna de mais de 200 homens de Cavallaria, </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">/ outra pela ezquerda ameaçando o seu flanco direito, </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">/ ao mesmo tempo que pelo seu flanco ezquerdo em maior distancia apareciaó os meus atiradores, e que elle naó pode entaó reconhecer, e supoz serem Inimigos tendo alem disso junto a forças taó consideravelm.' superiores, </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">/ mandou tocar a Reunir, e Repassou o referido Arrojo de Pablo Paes, abandonando o Campo do Combate, onde tinha alcançado vantagens consideraveis,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[Pessanha percebe o erro]</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">/ e foi só depois de o ter passado, e de estar hum pouco preplexo sobre a Rezoluçaó que havia de tomár, que elle reconheceo os meus Atiradores, e a vanguarda da m." Columna.</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">O Inimigo naó se adiantou mais do que á linha dos seus Atiradores, e lego que avistou os meus ao longe, principiou a Retirar-se com precipitaçaó, tive todavia tempo para assacinar barbaramt.` os nossos feridos, que tinhaó ficado no Campo</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">4/12 – 1200H – </span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Seria pela volta do MEIO DIA guando eu cheguei á vista do Arroio Pablo Paes, e como entaó o Inimigo hia já em Retirada, e me levasse de dianteira m."' mais de huma legoa, o dia estivesse mui quente, atropa, e os Cavallos fatigados pela violencia da marcha de mais de sinco legoas, que tinhamos feito naquelle dia, naó era possivel podermos alcançar o Inimigo, que nos leva grande ventagem cm ligereza pela falta de bagagem; mande¡ cm consequencia reunir o Ten. Coronel Pessanha, e vem Acampar neste Sitio do Passo do Cordovez</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">pelas informarçóes que elle me da o Inimigo aprezentou huma força de mais de 800 homens, tendo sido favorecido por huma Nevoa bastante espeça para a encobrir; defenden-se, e batense com bastante pertinacia, e mostrou mais ordem do que se dizia,</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">yo he tenido de perdida entre muertos y heridos veynte yncluso entre ellos al Capitan D.n Man.l Galeana</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">5/12 – Silveira comunica a Lecor que marcha para Capilla Faruco. (mas a 9 /12 ainda está no arroyo Cordovés)</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">8/11 – Otorgués informa Rivera que vai para Capilla Faruco:</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">afín de rreunir mis fuerzas pues tenia algunas partidas arreunir algunos Paysanos que solo con volas se pueden agarrar</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span>
<span style="color: #660000; font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Bibliografia</span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Comisión Nacional Archivo Artigas, Archivo Artigas, Montevideo, Monteverde, tomo 31.</span>Unknownnoreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3730014575405405035.post-64541289248142148072017-07-05T12:13:00.004-07:002021-01-02T17:28:05.399-08:00Apontamentos: A Coluna do Centro<div class="separator"><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;">
<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqUqPNeg_0lsjBW4uTtl1oH3cUJLwo9LDj8IfW4Ojzr92yhjr-h6AHUvZYXJ78xghSP1gfLar7mbE2QlRQ6O_1EEQylvlzwUK-tfPYSZEsAUg3uZVm0TXqlYJO9nqATzSGzVVgxl-IIUAn/s1600/1280px-Posta_Chuy_%252B_carreta.JPG" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em;"><img border="0" data-original-height="960" data-original-width="1280" height="480" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhqUqPNeg_0lsjBW4uTtl1oH3cUJLwo9LDj8IfW4Ojzr92yhjr-h6AHUvZYXJ78xghSP1gfLar7mbE2QlRQ6O_1EEQylvlzwUK-tfPYSZEsAUg3uZVm0TXqlYJO9nqATzSGzVVgxl-IIUAn/s640/1280px-Posta_Chuy_%252B_carreta.JPG" width="640" /></a></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Conjuntos de informações provenientes de fontes primárias, assim como leituras secundárias relativas às ações da Coluna do Centro desde o início do conflito até à sua junção, a 13 de Janeiro, em Pan de Azucar, ao corpo principal, sob o comando do tenente general Lecor</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b><br /></b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b>I FASE (Agosto a Outubro 1816)</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b>Coronel Félix José de Matos Pereira de Castro</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[<a href="Coronel Félix José de Matos Pereira de Castro" target="_blank">ler</a> biografia breve n'Os Voluntarios Reaes]</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><i>Outros recursos:</i></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Tomada de Melo (13.9. 1816)- <a href="https://dvr18151823.blogspot.com/2019/07/tomada-de-melo-9-13-de-agosto-de-1816.html" target="_blank">ler</a></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Tomada da Fortaleza de S. Teresa (16.8.1816) - <a href="https://dvr18151823.blogspot.com/2018/01/tomada-do-forte-de-santa-teresa-16-de.html" target="_blank">ler</a></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;">Combate de Pablo Páez (4.11.1816)- <a href="http://dvr18151823.blogspot.com/2016/12/combate-de-pablo-paez-4-de-dezembro-de.html" target="_blank">ler</a></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Ainda não trabalhado n'Os Voluntarios Reaes, mas contadas por Hernâni Donato como ações:</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><div>9/8/1816 - Arredondo</div><div>13/8 – Melo</div><div><b>16/10 – Zapallar</b></div><div><b>1/12 – Casupá</b></div><div>4/12 – Combate de Pablo Páez: 4 de dezembro de 1816</div><div><b>3/1/1817 – Santa Lúcia</b></div></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b>CRONOLOGIA</b></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">30/7/1816 – ORD TG Manuel Marques de Sousa ao Cor FELIX JOSÉ DE MATTOS, comandante da GUARDA DO CERRITO: </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">9/8 – MADRUGADA: o TenCor Almeida, Cap João Marques e o Alf Milicias Feijó supreeendem a GUARDA DE ARREDONDO, fazendo 37 prisioneiros, incluíndo o comandante Eugenio de la Rosa, etc.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">10/8 – MATTOS acampa no PASSO DO DAMÁSIO [Po. ORCOYEN?], no ARROIO SARANDI [DE BARCELÓ?]. Passo de Barcelos (mapa antigo)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">11/8 – MATTOS faz alto em ARROYO MALO. Quando já montados para marchar caiu um raio e matou um soldado Miliciano, Francisco de Quevedo, da 8.ª companhia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">12/8 – Viemos para CHUY. </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Madrugada: Cap Manuel Joaquim reune-se com 15 homens.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">SAENZ foi com 7 homens a bombear a marcha deste divisão. Morte vil de um pião no CHUY.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">MELO: 2000h, BARNABÉ SAENZ, comandante do CERRO LARGO informa MATTOS que sai da vila com toda a guarnição, fazendo-o responsável pela segurança da vizinhança.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">13/8 – 0000h, Albano de Oliveira e Bento Gonçalves apresentam-se no PASSO DE CHUY, fugidos do comando de SAENZ e dão a MATTOS a notícias da morte do pião.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">0100h, MATTOS fez avançar a Legião reforçada com homens do Batalhão comandado pelo TenCor Paiva, e vindo amanhecer à margem do TAQUARY defronte de MELO já não achou os insurgentes que Saenz levava.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">1300h, MATTOS informa o TG Sousa da sua entrada em MELO. Acampamento junto ao rio TAQUARY, a noroeste da povoação. Chuvas e trovão. INFO Outorgés em SAPALHA com 600 homens</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">14/8 – Cap Manuel Joaquim sai com 81 homens de todos os corpos, a passar TAQUARY no PASSO DA CRUZ, e ir observar os movimentos dos insurgentes, e ver se obsta à junção de Otourgés com Artigas.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">1700h, reuniu-se o Cap Gaspar Pinto Bandeira com 45 homens, que não atacou a guarda no dia 9 porque não pode atravessar o JAGUARÃO. 662 homens.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(...)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">17/8 – MATTOS recebe oficio do cap Manuel Joaquim anunciando que: Rivera (?) tem uma força considerável em FRAILE MUERTO, e pretende-se reunir a Otourgés. Reunião inimiga possivel a 16 ou 17, no POSTO DE D. BERNARDO SOARES, a 5/6 léguas de Cerro Largo. Pretendem atacar.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">18/8 – MATTOS em CERRO LARGO</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(...)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">29/8 – OTORGUÉS informa Miguel Barreiro que os portugueses entraram até Cerro Largo. Esteve no potreiro de SAPALLÁR.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(...)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">1/9 – O Alf da nova companhia de Cav ligeira de Milicias Manuel José Cavalheiro escreve a MATTOS: que nos dia 30 chegaram de ASEGUÁ dois enviados de Otourgés em procura dele, com uma carta de Ortougés e de mais oficiais, solicitando que se junte a eles. INFO: Otourgés já teria passado o RIO NEGRO a este lado com 1000 homens, que pelo dia 28 devia acampar em TUPANBAÉ à espera de 600 blandengues que Artigas lhe envia. Cap Manuel Joaquim diz que (Otorgés) está em FRAILE MUERTO e não tem avançado.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(...)(...)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">20/9 – SILVEIRA em PORTO ALEGRE, no conselho de guerra com Lecor e Alegrete:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">“General Silveira, que marcha do Cerro Largo com 800 homens da DVR, e 800 do contingente com as guerrilhas de Manoel Joaquim Antonio dos Santos” (etc)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[22/9 - BATALHA DE SANTA ANA (OESTE)]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(...)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">4/10 – APARÍCIO já no CERRITO, 4 esquadrões: toda a cavalaria da DVR, excepto a da vanguarda (?). Só há 45 cavalos prontos...</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">12/10 – Falta de cavalaria para os 4 esquadrões da DVR em CERRITO</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Lecor (alterações ao plano): “(...) tomo a resolução de fazer marchar o brigadeiro Silveira do Cerro Largo pela estrada da Coxila a Montevideo, de maneira que sempre se possa comunicar comigo, [...] ao mesmo tempo o meu flanco, e dominando o paiz”. (AA, 31a, p77)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">21/10 – SILVEIRA chega a CERRITO (onde fica até 8/11) (f. Manuel Pedro de Mello)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[27/10 – BATALHA DE CARUMBÉ (OESTE)]</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: center;"><span style="font-size: large;">* * * * *</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br /></div><div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgejr9zjKo76wY6yAD2NphoL2WpwyjRJUubMiQJSo2vzi6Ce-zTdrS1yi3MQ5hYx-XWh0-0bMQHM7uCBDndSCbGvgO4DgjblRaIem5MC4XOM9hWkta1lUjUXY4D36URFJbJkLgEXwdaFuLr/s1280/1280px-Fortaleza_ST.jpg" style="margin-left: 1em; margin-right: 1em; text-align: center;"><img border="0" data-original-height="890" data-original-width="1280" height="424" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgejr9zjKo76wY6yAD2NphoL2WpwyjRJUubMiQJSo2vzi6Ce-zTdrS1yi3MQ5hYx-XWh0-0bMQHM7uCBDndSCbGvgO4DgjblRaIem5MC4XOM9hWkta1lUjUXY4D36URFJbJkLgEXwdaFuLr/w611-h424/1280px-Fortaleza_ST.jpg" width="611" /></a><br /><div style="text-align: justify;"><br /></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b><br /></b></span></div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b>II FASE (Novembro a 13 de Janeiro 1816)</b></span></div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b>Brigadeiro General Bernardo da Silveira Pinto</b></span></div><div style="font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[<a href="http://dvr18151823.blogspot.com/2016/10/igreja-da-varzea-de-abrunhais-o.html" target="_blank">ler</a> biografia breve n'Os Voluntarios Reaes]</span></div></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">8/11 –SILVEIRA vai para o CERRO LARGO (f. Manuel Pedro de Mello)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[19/11 – BATALHA DE INDIA MUERTA (VANGUARDA)]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">20/11 – SILVEIRA diz que no dia seguinte se põe em marcha do CERRO LARGO sobre Otorgués que ocupara FRAILE MUERTO. Marcha apenas a 22.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">22/11 – SILVEIRA, Marcha do CERRO LARGO, fez alto no ARROIO DOS CONVENTOS e demorou-se 3 dias esperando a reunião das carretas que vinham do CERRITO com bolacha e que tiveram considerável demora. [Manuel Pedro de Mello refere que é a 23/11.]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">23/11 – SILVEIRA em CERRITO + 4 esq (Aparício). Lecor ordenou-lhes que (estando sofrivelmente remontados) marchem ao CERRO LARGO a reunir-se com a Tropa do comando do coronel Felix José de Mattos e que depois avançasse sobre Otorgués que ocupava FRAILE MUERTO sobre a margem esquerda do RIO NEGRO, devendo depois descer pela Coxilha Grande na direção de MINAS.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">26/11 – SILVEIRA destaca o TenCor PAIVA com 2 esq Legião do Rio Grande e um destacamento do Bat Infantaria, que marchassem pela margem direita, atravessassem o RIO NEGRO no PASSO MANSAGANO, explorasse a margem direita com objeto de cortar ou apanhar algumas cavalhadas ou partidas inimigas MANDA o TenCor PESSANHA + 1 esq DVR reunir-se a uma partida de 150 que havia mandado antes explorar a esquerda até GUAZUNAMBY, e que então se achava em ARROIO DE MUGA, ordenando-lhe que marchasse pelas cahidas da Coxilha Grande, em direção ao ARROIO PABLO PAES até se reunir comigo no CORDOVEZ, aonde tb se deveria reunir o TenCor Paiva.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">27/11 – SILVEIRA marchou dos CONVENTOS, sem encontrar oposição ou vestigios do inimigo, mais do que alguns exploradores até ARROIO DE TATARIAS (TARARIRAS)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">1/12 – SILVEIRA toma conhecimento da batalha de INDIA MUERTA através de carta do TenGen Manuel Marques de Sousa.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">3/12 – SILVEIRA chega a a ARROIO DE TATARIAS (TARARIRAS?)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">3/12 – TenCor PESSANHA chega ao ARROIO DE PABLO PAES.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">4/12 – MADRUGADA: Pessanha descobriu o inimigo no outro lado do arroio, que ali tinha chegado na mesma noite, e parecendo-lhe uma força de 300 homens resolveu atacá-lo. BATALHA DE PABLO PAES.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">PABLO PAES [Carta de 9/12] Mortos: Batalhão do Rio Grande (5 soldados); Milícias (1 furriel e 5 soldados); Guerrilhas (2 soldados), DVR (1 sargento e 21 soldados). Feridos: Batalhão (1 cadete e 5 soldados); Milicias (1 furriel e 6 soldados); DVR (1 capitão e 6 soldados) Apresentaram-se no Cerro Largo 12 praças que andavam extraviadas e vão incluidas no numero dos mortos.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">4/12 – 1200h, SILVEIRA chega à vista do ARROIO DE PABLO PAES</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">5/12 – NOITE: SILVEIRA em PASSO DO CORDOBÉS. Marcha na direção da CAPILLA FARRUCO. Manuel Pedro de Mello refere que o objetivo era chegar a MINAS.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[8/12 – SAUCE (VANGUARDA)]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">9/12 – SILVEIRA, Acampamento na costa do CORDOVEZ. Numeros de mortos (35) e feridos (20) na batalha de Pablo Paes. (Archivo Artigas AA 31a p. 121)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">14/12 – GY. (?) (arq. linhares)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Artilharia a Cavalo: Presentes 4-4-1-56 (4 of, 5 sarg, 1 clarim, 76 praças, faltam 1 clarim (tambor na infantaria e corneta na infDVR) e 25 soldados para completar) = 3-5-2-102</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Cav DVR: Presentes 15, 15, 10, 336 (Destacados: 14-17-9-270) (36-35-22-703, faltam 0-0-2-58 para completar = 36-36-24-768</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">LV Rio Grande: Presentes 9-5-4-102 (estado efetivo 12-10-4- 209 + faltam 1-0-0-25) = 12-10-4-234</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Cavalaria Milicias (...)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Batalhão de Inf DVR: Presentes – 6-8-4-156 (efetivo – 9-15-6-193 – completo – 8-12-4-200)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Bat Inf Art RG: presentes – 8-8-7-183 (efetivo – 13-10-9-322 / faltam 1-0-1-49 / completo – 12-10-10-368)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">TOTAIS</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Artilharia: 4 oficiais e 61 outros</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Cavalaria: 24 oficiais e 472 outros (fora milícias do RG)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Infantaria: 14 oficiais e 366 outros</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">TOTAL GERAL: 42 oficiais e 899 outros (fora estado maior e cavalaria miliciana do RG)</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">941 efetivos (a 14 de Dezembro)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(DUARTE) “Depois desta ação, a coluna avançou, atravessou o CORDOBES na PICADA DA PERDIZ sempre acossada pelo inimigo, seguiu pelas nascentes do LAS CAÑAS até ao RIO YI [14/12?], que foi transposto no PASSO D’EL-REI, onde hoje existe o povo de SARANDI.”</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">RIVERA e OTORGUÉS unem-se nas imediações de TORNEIRO, arroio que flui para o SANTA LUZIA-CHICO. Não se acertam e separam-se, Rivera saindo da zona. (vide CACERES, p. 394)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">21/12 – “Atinge a barra do CASUPÁ, afluente do Santa Luzia-grande, onde foi hostilizada por guerrilhas orientais. ; aí conservou-se pelo espaço de 10 jornadas, abrigado nos potreiros da pequena povoação, após o que retomou a marcha para Montevidéu, costeando o Santa Luzia pela margem direita.”</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Ficou em CASUPÁ até 31/12.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">23/12 – “(...) athe que emfim no dia 23 DE DEZEMBRO marchando das CABISSEIRAS DO ARROIO MILAM para a BARRA DE CASSUPÁ em S. LUZIA encontrou a vanguarda da Columna huma piquena partida, que fugio logo deixando comtudo bastante Gado ” (Manuel Pedro de Mello)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Ficou 10 dias em CASSUPÁ.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">(...)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">3/1/1817 – SILVEIRA marcha para MINAS:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">“(...) se nos aprezentou Fructuozo Ribeiro no PASSO REAL DE S. LUZIA com sette a oitto Centos homens rianimados, e athe já orgulhozos pella perda da nossa Vanguarda no desgraçado incontro do SOLIS; apezar deestarem em poziçaõ, cubertos com hum Rio, e arvoredo, o mesmo foi avançarmos lhe que fugirem.” (Manuel Pedro de Mello)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[3/1/1817 – BATALHA DE ARAPEY (OESTE)]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">[4/1 – BATALHA DE CATALÁN (OESTE)]</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">4/1/1817 – SILVEIRA, Vila de MINAS. OD: COLUMNA DO CENTRO DO EXÉRCITO D’OPERAÇÕES</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Militares citados por nome:</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Coronel António Feliciano Teles (de Castro) Apparicio (DVR)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">TenCor M. A. Pessanha (Antonio Manuel de Almeida Morais Pessanha?)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Maj José Pedro de Mello (Inf, DVR, 1.º RegInf, or. Inf24)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Maj Isidoro d’Almada e Castro (OC Art Cavalo)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">1.º Ten grad Ricardo José Coelho (OC Art Cavalo)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Cap Gaspar Pinto da Costa (pelo reconhecimento que fez sobre a esquerda) </span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Alf Domingos Crescencio (comando dos atiradores de Legião de Voluntários do Rio Grande)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Maj Dep QuartelMestre D. Gastão da Câmara</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Alf Dep Ass QMG J. Pinto de Sousa</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">TenCor Dep AjudGen Conde de Linhares. pelo valor com que forçou o passo do ARROIO DE S. LUZIA, e perseguiu o inimigo</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Sente que as feridas do Cap Cav (DVR) António Cerqueira [or. Cav 9; 2.ª companhia do 1.º CpCav] o privem temporariamente dos serviços. + Alf João Gomes [da Silva, or. Cav1, 1.º CpCav], ferido na carga do mesmo esquadrão.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">13/1 – Chegam a PAN DE AZUCAR. Lecor já lá está há um dia.</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">15/1 – PAN DE AZUCAR. (arq conde linhares ?)</span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><br /></span></div>
<div style="text-align: justify;">
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">Duarte, pp. 241-sg : Coluna Silveira</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: georgia, times new roman, serif; font-size: large;"><br /></span><div style="text-align: center;"><span style="font-family: georgia, "times new roman", serif; font-size: x-large;">* * * * * </span></div>
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"><b><br /></b></span></div>Bibliografia</b></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;"></span><br />
<span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- Comisión Nacional Archivo Artigas, Archivo Artigas, Montevideo, Monteverde, tomo 31.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- DONATO, Hernani, Dicionário das Batalhas Brasileiras. BIBLIEX. Rio de Janeiro, 2001.</span></div><div style="text-align: justify;"><span style="font-family: "georgia" , "times new roman" , serif; font-size: large;">- DUARTE, Paulo de Queiroz, Lecor e a Cisplatina 1816-1828 ( 3 vv.), Rio de Janeiro, Biblioteca do Exército Editora, 1984.</span></div>
<div class="separator" style="clear: both; text-align: center;"><br /></div><br />Unknownnoreply@blogger.com0