terça-feira, 27 de junho de 2017

Apontamentos: Campanha de Agosto de 1809


AGOSTO DE 1809: PRIMEIRA CAMPANHA DO EXÉRCITO PORTUGUÊS

BRIGADA LECOR
Regimento de Infantaria n.º 9 (2.º Batalhão) (Viana)
Batalhão de Caçadores n.º 3 (até 10/8, depois dados a Wilson) (TC Luís do Rego Barreto)
Batalhão de Caçadores n.º 4 (TC George Elder)
Batalhão de Caçadores n.º 6 (a partir de 10/8) (TC Sebastião Pinto de Araújo Correia)

ANTECEDENTES
De fevereiro a maio de 1809, comanda a Divisão de Observação da Beira Baixa, parte do Exército de entre Tejo e Mondego, em Idanha a Nova. Em abril, marcha para Abrantes e fica responsável para área até Vila Velha de Ródão.

8.4.1809 – Cor António de Lemos Pereira de Lacerda torna-se Secretário Militar do Marechal Beresford. Lecor conhece-o da Legião.
9.4.1809 – Chega a vanguarda da sua divisão a Abrantes, vindo de Idanha a Nova.

15.4.1809 – Abrantes. Revista de tropas em Punhete, por Beresford.

30.4.1809 – Abrantes
1.5.1809 – Forças de Abrantes até Villa Velha, às ordens do coronel Lecor:
- Caçadores 1 (576)
- Caçadores 2 (405)
- Caçadores 5 (296)
- RegMil Santarém (815)
- RegMil Thomar (980)
- RegMil Covilhã (993)
+ 2 esq Cav (220) & oitos peças de 3 – Total: 4065 (Soriano)

10/11.5.1809 – Combate de Grijó

12.5.1809 – 2.ª Batalha do Porto

15.5.1809 – Abrantes
19.5.1809 – Garganta da Milhariça
23.5.1809 – Perdigão
(a)
11.6.1809 – Perdigão (AHM)

18.6.1809 – Brigada Lecor e Campbell marcham por Guarda e Lamego para Braga (Urban, 55-56).
18.6.1809 - Em Ordem do Dia, Lecor recebe o comando da brigada constituída por Inf 9, Caç 3 e 4, que se acham em Castelo Branco.

23/24.6.1809 – Lecor para em Guarda (+ Campbell e Inf 18), postos na direção de Almeida (Águeda) (Urban, 56).
24.6 – Capinha (entre Fundão e Penamacor)

21.6.1809 – Lecor é o único que escreve ao TenGen Miranda Henriques (Tomar) a avisar que teve ordem de marcha para o norte. Não há indicação da data da comunicação de Lecor.

1.7.1809 – Data para chegar a Lamego ao comando da sua brigada (que está em Castelo Branco)

2.7.1809 –Pinhel.
3.7 – Pinhel
8.7 - Pinhel

(...)

19.7.1809 – Ordens a Lecor para marchar os granadeiros de Inf 13 à Guarda, para que se juntem ao regimento (Urban, 59)

27/28.7.1809 – Batalha de Talavera

28.7.1809 – Ordem de marcha para SAN FELICES. (Urban, 65)

1-3.8.1809 – O Exército toma conhecimento da batalha de Talavera. (Urban, 66)
2.8.1809 – Ordem do dia de Beresford anunciando a vitória de Talavera.

3.8.1809 – Ordem de Marcha de San Felices para Fuente de St. Esteban (Urban, 67)
3.8 – José Ribeiro de Almeida é nomeado Comissário de Víveres da Brigada de Lecor.

4.8.1809 – Ordem de marcha por Puebla de Yeltes, Mogarraz e Baños de Montemayor. (Urban, 67) – em direção a Navamoral de La Mata/Talavera.

5.8.1809 – Noite. Ordem a Lecor para parar em Puebla de Yeltes. Urban duvida que tenha chegado a tempo (Urban, 68)

6.8.1809 – Ordem de marcha para Monsagro (Urban, 69). Muda a direção para a fronteira portuguesa.

7.8.1809 – Beresford em FUENTE GUINALDO. (OD)

8.8.1809 – Ordem para formar o centro. Caçadores 6 à chegada ao exército deve unir-se às Brigada Lecor.
(da direita para a esquerda: BLUNT / McLEROTH / LECOR /2-14 / CAMPBELL)

9.8.1809 – FUENTE DE GUINALDO
This evening arrived the Brigade of Col. Lecor consisting of the following corps: 9th Regt [2.º batalhão], 3rd Caçadores, 4th Caçadores (about 1800 men).
They march tomorrow to Navas Frias. Whilst this brigade was standing at ease without the town, a wild bullock driving in for slaughter, charged through the ranks and wounded a Lieutenant considerably. This animal dispersed the men entirely where he passed: his charge was certainly most furious” Dickon, p. 59

Este serão chegou a Brigada do Cor. Lecor, consistindo dos seguinte corpos: Regimento de Infantaria 9, Caçadores 3 e Caçadores 4 (cerca de 4000 homens). Marcham hoje para Navas Frias. Enquanto esta brigada estava em descanço junto à cidade, um toiro bravo trazido ao açouge, carregou as fileiras e feriu consideravelmente um tenente. O animal dispersou os homens completamente por onde passou: a sua carga foi certamente furiosíssima.” Dickson, p. 59

10.8.1809 - Lecor chega a VALVERDE DEL FRESNO. Caçadores 3 dados a Wilson (Urban, 69). No comando de Lecor fica agora o 2.º batalhão de Infantaria 9 e os batalhões de caçadores 4 e 6. O comandante de Caç 6 é Sebastião Pinto de Araújo Correia, seu futuro n.º 2 na Divisão de Voluntários Reais.
10.8.1809 – Beresford em ACEBO (OD).

11.8.1809 – Todo o exército a Cilleros. Lecor estará lá à noite (Urban, 70)
11.8.1809 - Beresford ordena marcha de todo o exército para Venta de Cavallos (Urban, 70)

12.8.1809 – Beresford em MORALEJA (OD).

13.8.1809 – Bereford em LOS HOYOS (OD).

14.8.1809 - Beresford em MORALEJA (OD).

15.8.1809 – Beresford, em carta a Forjaz, indica que mandou a Brigada do Algarve e de Lecor (+ brigada de art.3) de Cilleros para Ventas de Val de Cavallo. Estariam lá 4 ou 5 mil ingleses (Crawford). (AHM)

17.8.1809 – Beresford em ZARZA (OD). Fuzilamento do soldado de Infantaria 7?

18.8.1809 - ZEBREIRA
This morning at half past 4 oclock marched from Salvaterra and at 8 oclock reached Zebreira a miserable place of some size however – would cover 4000 men but now clearly deserted for fear of the French. It is two leagues distant from Salvaterra – the road excellent but not a house or village in it. At some distance to the right the castle of Monsanto situated in on an immense rock presents a remarkable object. Passed through the town and bivouacked amongst some trees on the road to Ladoeiro. Lecor's Brigade of Infantry and another also on route to Castello Branco, bivouacked near us. Nothing to be procured at Zebreira not even any kind of vegetable.” Dickson, p.63
18.8.1809 – Beresford em SALVATERRA (OD).

19.8.1809 - LADOEIRO
19. At 4 oclock this morning marched for Ladoeiro distant 3 leagues, and arrived there at ½ past 8 oclock.”
Ladoeiro is a good sized village but very poor and miserable; the greatest part of the inhabitants have fled for fear of the French, and there is nothing eatable to be procured. No good shelter for bivouac offering were obliged to quarter in the uninhabited houses; had the fortune however to get a tolerable good one furnished, and without fleas.
The two brigades of Infantry that halted yesterday at Zebreira marched in here soon after us, and took up their quarters in and near the town. Dickson, p.64
19.8.1809 – Beresford em CASTELO BRANCO (OD).

20.8.1809 – Lecor chega a CASTELO BRANCO (AHM)


25.8.1809 – Ordem de marcha para Punhete (Caç 4 e 6). Infantaria 9?

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Apontamentos: Austerlitz no Alentejo



Austerlitz no Alentejo
O Brinco do Monte da Aboboreira

Narrativa histórica, interligando o brinco, a batalha de 1805 (Austerlitz) e o ponto de carreira de Lecor, tenente coronel.

conceito
Referir uniformologia, fardas da LTL, últimas utilizações da farda pré 1806. Usar livremente técnicas de romance, sempre que possível com forte base histórica (preferencialmente, sempre)


18.1.1806 – (ESPANCA, 1862:begin) D. João e corte chegam a Vila Viçosa. De Évora, por Bencatel e entrando pela Porta de S. Luzia . É provável que tenham ido à Matriz, ver a padroeira de Portugal antes de entrar no Palácio Real. Ficam até 22 de Abril, três meses! O marquês de Alorna mudou para ali o quartel general do seu Governo de Armas.

Lecor poderá ter vindo com o PR, pois estaria em Lisboa a comandar interinamente a Legião, até que Wiederhold tomasse o comando. Faz todo o sentido. Aliás, os cronistas do brinco todos o põem como AdC junto com Carché (Bocaciari?).

Desde que foi nomeado capitão em 1797, até ter fugido para a esquadra na Páscoa de 1808, em que era TenCor agregado, Carlos deverá ter usado o seu uniforme de capitão, Sargento Mor e Tenente-Coronel da Legião. O último seria a de TenCor de Cavalaria, dado que havia sido SargMor de Cav. Azul claro, negro e dourado.


Semana Santa muito aparatosa.
(VER! TRANSCREVER!) p.51 – música da melhor;

13.2.1806 - Quinta-feira de endoenças – episódio de D. Maria (somos iguais perante JC); lava pés a 10 pobres, com D. João.

14.2.1806 - Sexta-feira da Paixão – “foi também o Principe adorar a cruz”
D. João chamava a Vila Viçosa a sua terra.

(ouviu dizer a capelães) D. Maria I dava surras aos netos com uma correia que trazia à cintura : D. Pedro, “e muitas mais a D. Pedro Carlos, que tinha rábias de Espanhol”.

p.54: ALORNA MUDA QG. Possivelmente por causa da visita do PR, mas coincidirá com ela. Vai para a casa de Francisco Pereira, em frente aos Paços Municipais. Ali ficou até 1808 quando foi para França à frente da Legião Portuguesa, e a sua esposa mais tempo ainda. Fez bastantes melhoramentos e mais queria fazer, mas nisso não anuiu D. João, que desejava preservar as coisas no seu devido sítio (citar avó e isso) (ESPANCA, 1862:end) – ALORNA PROGRESSISTA URBANO. GENERAL “SCIENTIFICO”

19.2.1806 – BRINCO DO MONTE DA ABOBOREIRA

Além de Tapada Real de Vila Viçosa, nas immediações da Abobreira e da Herdade do castello, situada nas alturas antes de chegar à Ribeira de Mures, confluente da Ribeira d’Asseca.

Neste campo, à vista do chafariz da Atalaia, se executaram algumas manobras militares a 19 fevereiro 1806, na presença do príncipe regente D. João, simulando a batalha d’Austerlitz. Participaram os seis regimentos de Infantaria da província, assim como os três regimentos de Cavalaria e a Artilharia de Estremoz, e tudo aconteceu num só dia, as tropas retornando aos seus quartéis acabada a revista final.



1.ª LINHA (OU DIVISÃO DO NORTE) 3-20-15
Coronel António José de Miranda Henriques

- (A) 1.º Regimento de Infantaria de Olivença, ou de Mestral [Inf 3]
- (B) Regimento de Infantaria de Campo Maior [Inf 20]
- (C) 2.º Regimento de Infantaria de Olivença [Inf 15]

- (H) Regimento de Cavalaria de Elvas [Cav 8] – 2 esquadrões
- (J) Regimento de Cavalaria de Évora [Cav 6] – 2 esquadrões
- (L) Regimento de Artilharia de Estremoz [Art 3] – 1 bataria

2.ª LINHA (OU DIVISÃO DO SUL) 5-22-17
Coronel José Carcome Lobo

- (D) 1.º Regimento de Infantaria de Elvas, ou de Bastos [Inf 5]
- (E) Regimento de Infantaria de Serpa [Inf 22]
- (F) 2.º Regimento de Infantaria de Elvas, ou de Mexia [Inf 17]

- (G) Regimento de Cavalaria de Olivença [Cav 6] – 2 esquadrões
- (L) Regimento de Artilharia de Estremoz [Art 3] – 1 bataria

“Só pude descobrir hum velho no B.am de Vateranos que me disse informações, do que pretende saber, e forão por elle dadas com tanta prontidão e segurança que as devo julgar exactas, elle sendo praça d’Art.ª d’Elvas assestio a tal função”. (Carta, escrita por Chaby (?), 12.9.1863)

“N’este campo, à vista do chafariz da Atalaia, se executaram algumas manobras militares a 19 fevereiro 1806, na presença do príncipe D. João (6.º), simulando a batalha d’Austerlitz.” (Almada, 1862)
+ “Além de Tapada Real de Vila Viçosa, nas immediações da Abobreira e da Herdade do castello, situada nas alturas antes de chegar à Ribeira de Mures, confluente da Ribeira d’Asseca.” (AHM)

“O Marquez d’Alorna dirigiu as manobras, acompanhado dos ajudantes d’ordens Lecor e Carché [Bocaciari], tendo por clarim d’ordens um preto vestido com o uniforme da Legião.” (Almada, 1862)

O preto, a que se refere Almada, era clarim da Legião de Tropas Ligeiras e estava devidamente uniformizado, o azul claro, com golas e canhões negros, debruados a ouro. Uma tendência exótica na tropa decerto, muito comum entre os músicos, mas recrutados da muita população de descêndencia africana, na sua generalidade, assimilados na sociedade, portugueses eles também, cor da pele incluída. Alorna decerto o havia trazido com ele quando assumiu o governo d’armas do Alentejo.

“Junto à Asseca ha um monte que lhe chamão Castellos Velhos [Castelinho] he aonde se postou a peça que deu um tiro quando se avistou El-Rei o Sr. D. João 6.º que vinha de V.ª Viçosa a assistir ao brinco, e tambem (ver a) tropa formar e entrar nos seus lugares, aonde estava um passadiço [he a ponte de madeira] para mostrar uma passagem e ataque das tropas que passárão na Catalunha”. Elvas, 22.9.1863 (Chaby)

De acordo com a OdB da esquadra de transporte para a Catalunha, apenas o 1.º Regimento de Olivença, ou Mestral, combateu no Roussilhão e Catalunha, com 2 batalhões. Coronel João Jacob de Mestral e Tenente-coronel grad. Agostinho Eduardo Brinkin. Já em 1801, combateram ou guarneceram praças todos. VER PORMENORES

“O Principe e sua esposa foram n’um dos coches do paço, seguidos da corte, e com ella o Marquez de Ternay. O Príncipe trajava farda encarnada bordada a ouro; a Princeza também d’encarnado.[...]
A pouca distância do monte de Abebreira apearam-se suas Altezas, e cavalgaram dois formosos cavallos brancos e dirigiram-se ao dito monte, e d’alli ao do Castello-velho.
Chegando aqui deu-lhe salva toda a artilharia.” (Almada, 1862)

“No monte do Castelo Velho é que se colocou o barracão para suas Altezas. Sobre uma mesa estava o mappa do terreno e o plano de batalha.” (Almada, 1862)

“Sobre a ribeira de Mures estava construída uma ponte para ser disputada.” (Almada, 1862)
+ “A ponte de madeira foi expressamente construida sobre a ribeira de Mures, para dar passagem às tropas na ocazião da manobra” (AHM, Chaby)


Tudo isto na parte das linhas oponentes mais aproximada do Príncipe Regente e restante audiência no monte de Castelinhos onde se colocou um barracão. Dentro, sobre a mesa o mapa do terreno e o plano do brinco. O Marquês de Alorna mandou dar sinal para começar a batalha.

Na parte ocidental do campo, a mais próxima de suas Altezas Reais, iniciou-se a ação com uma companhia de caçadores do 1.º Regimento de Infantaria de Elvas reconhecendo o campo do flanco direito, encontrando-se com a companhia de caçadores do 1.º Regimento de Infantaria de Olivença, ou de Mestral.

“Começou a acção sahindo os caçadores do Regimento do flanco esquerdo D [1.º de Elvas] reconhecer o campo do flanco direito do 1.ª Regimento A [1.º de Olivença, ou Mestral] encontrárão-se com os do ditto Regimento que foram por estes repelidos [...]” (Wiederhold)

A cavalaria da divisão do Sul, 2 esquadrões de Cavalaria d’Olivença carregam para desembaraçar os caçadores, tendo a imediata resposta dos 2 esquadrões de cavalaria d’Elvas, da divisão do Norte. Deu-se então combate e, dado um sinal, todos se retiraram, começando então as duas linhas a fazer fogo; do Norte, sem ordem, e a do Sul, por quartas partes de pelotão.

O Brigadeiro Barão de Wierderhold, que nos legou a sua descrição do brinco duas semanas após este ter tido lugar, refere que “como o fogo era muito vivo por causa do demasiado fumo”, não conseguiu ver nada. Quando o fumo dissipou, estava em marcha a passagem da ponte de madeira expressamente construida sobre a ribeira de Mures.

q[uan]do extincto vio-se a segunda linha [divisão do Sul] em retirada fasendo três columnas para passarem a ponte [...]. Passou a columna do centro com 6 homens de frente e as outras duas por quartos a direita e a esquerda e logo que passaram a desfiladeiro começaram [a] metter em batalha pela Vanguarda [Wiederhold]

A peleja simulada “inflamou de tal sorte os pelajadores que muitos chegarão a carregar com pequenas pedras as Espingardas” [Annaes].
A passagem da ribeira de Mures, pela ponte e por vaus laterais, fez-se com tal calor que um oficial de artilharia de Estremoz se feriu com a espada, tal era a sua precipitação, informando-nos os Annaes de Elvas que influiu na substituição de espadas direitas por curvas.

Depois das duas divisões terem passado a ponte, “uma vencida e outra vencedora”, xxx, foram-se postar os regimentos em linha no campo a sul da ribeira e desfilaram perante o Príncipe Regente. Num cabeço junto à primeira linha, que formou junto à ponte, estava a choça de Napoleão. Depois de terem passado por S. A. R. as tropas recolheram-se aos seus quarteis.


“Dado o sinal pelo Marquês começou a Batalha, que apesar de ser um Brinco inflamou de tal sorte os pelajadores que muitos chegarão a carregar com pequenas pedras as Espingardas, e quando se afectou a passagem a Ribeira (Mures), se fez com tal calor, que um oficial do Regimento d'Estremoz (nº.3) ferido numa perna com a Espada de precipitado que ia, cujo acontecimento deu então lugar a trocarem- se as Espadas direitas pela curvas, a que depois tem sofrido repetidas mudanças.” (Annaes de Elvas)

10.3.1806 – O brigadeiro (?) Baron de Wiederhold escreve um memorial do Brinco, acompanhado de mapa:

“Postárão-se os seis regimentos em linha de Batalha como as figuras da 1.ª posição o mostrão. Começou a acção sahindo os caçadores do Regimento do flanco esquerdo D reconhecer o campo do flanco direito do 1.ª Regimento A encontrárão-se com os do ditto Regimento que foram por estes repelidos, sahiram socorrer aquelles os dous esquadrões de Cavalaria G pelos flancos do Regimento E e encontrarão-se com estes; viérão os dous esquadrões G H travou-se o combate athé certo signal ou ordem nos quatro esquadrões e as duas companhias de Caçadores que retiraram. Começárão as duas linhas a fazer fogo, a primeira linha [Divisão do Norte] sem ordem e a segunda [Divisão do Sul] por quartas partes de pelotões; como o fogo era muito vivo por causa do demasiado fumo ignoro o que se praticou, q[uan]do extincto vio-se a segunda linha em retirada fasendo três columnas para passarem a ponte ao pé da letra G. Passou a columna do centro com 6 homens de frente e as outras duas por quartos a direita e a esquerda e logo que passaram a desfiladeiro começaram [a] metter em batalha pela Vanguarda a primeira linha na retirada da segunda apareceo tendo a sua direita feito um oitavo à esquerda, de sorte que a direita ficou cobrindo o seu flanco esquerdo; passou a ponte vencido sempre fazendo fogo. A Artilheria trabalhou conforme o permettia a occasião, depois d’as duas linhas terem passado a ponte uma vencida e outra vencedora, foram no segundo campo postados os Regimentos em linha de Batalha. S. Altª R.al estava entre o flanco esquerdo da primeira linha e o direito da segunda. Esta começou a fazer quartos por pelotões a esquerda para passar pela frente do R.al S.nr e a primeira linha apoz esta por quarto à direita e a Artilheria na posição em que esta foi também fazendo os seus quartos nos lugares competentes, e depois de terem passado pela frente de S. A. R.al recolherão-se as tropas a quarteis. Em um cabeço junto à primeira linha estava a choça de Napoleão. O tempo não deo lugar a vereficar-se o que succedeo na Batalha de Austerlitz na tomada da ponte pela segunda linha vencida. B. de W (…), 10 de março”
Fonte: AHM 3-05.04-08-24

- (A) 1.º Regimento de Infantaria de Olivença, ou de Mestral [Inf 3]
- (B) Regimento de Infantaria de Campo Maior [Inf 20]
- (C) 2.º Regimento de Infantaria de Olivença [Inf 15]
- (D) 1.º Regimento de Infantaria de Elvas, ou de Bastos [Inf 5]
- (E) Regimento de Infantaria de Serpa [Inf 22]
- (F) 2.º Regimento de Infantaria de Elvas, ou de Mexia [Inf 17]
- (G) Regimento de Cavalaria de Olivença [Cav 3] – 2 esquadrões
- (H) Regimento de Cavalaria de Elvas [Cav 8] – 2 esquadrões
- (J) Regimento de Cavalaria de Évora [Cav 6] – 2 esquadrões
- (L) Regimento de Artilharia de Estremoz [Art 3] – 1 bataria

REFERÊNCIA EXPLÍCITAS A NAPOLEÃO E AUSTERLITZ
“Em um cabeço junto à primeira linha estava a choça de Napoleão. O tempo não deo lugar a vereficar-se o que succedeo na Batalha de Austerlitz na tomada da ponte pela segunda linha vencida”. (Wiederhold)

1.4.1806 – Lecor ainda em LISBOA, tomando conta da LTL até que Wiederhold tomasse comando.

19.5.1806 – Publicação. Grande reforma do exército. Início da transição. A partir de Junho, os corpos começaram a assimilar o novo regulamento. Em 1807, Gomes Freire de Andrade prefere usar os nomes antigos, apesar de serem agora em números. Poderá ser adaptação, ou contra.

14.8.1806 – VILA VIÇOSA. Lecor já com Alorna, de vez, após ter entregue a Legião a Wiederhold.


BIBLIO

- AHM
- Pe. Joaquim José da Rocha Espanca, Memórias de Vila Viçosa, ou Ensaio da História desta vila transtagana, corte da sereníssima Casa e Estado de Bragança, desde os tempos mais remotos até ao presente, segundo o que pode coligir seu autor (1862-1886)



RESTOLHO
Freguesia de Ciladas
(Próximo de Terrugem)
Na divisa entre os distritos de Évora e Portalegre. hoje em dia.

ALMADA:1889
O Principe chegou a Vila Viçosa em meados de janeiro. Saiu em meados de março para Évora por Bencatel (por onde tb chegou).

[p.11] É um outeiro que fica na estrada velha d’Elvas a Estremoz, próximo à ribeira de Mures.
N’este campo, à vista do chafariz da Atalaia, se executaram algumas manobras militares a 19 fevereiro 1806, na presença do príncipe D. João (6.º), simulando a batalha d’Austerlitz.

[p.482] Concentraram-se aqui todas as tropas da provincia:

“O Principe e sua esposa foram n’um dos coches do paço, seguidos da corte, e com ella o Marquez de Ternay. O Príncipe trajava farda encarnada bordada a ouro; a Princeza também d’encarnado.
No monte do Castelo Velho é que se colocou o barracão para suas Altezas. Sobre uma mesa estava o mappa do terreno e o plano de batalha.
(...)
A pouca distância do monte de Abebreira apearam-se suas Altezas, e cavalgaram dois formosos cavallos brancos e dirigiram-se ao dito monte, e d’alli ao do Castello-velho.
Chegando aqui deu-lhe salva toda a artilharia.
Sobre a ribeira de Mures estava construída uma ponte para ser disputada.
O Marquez d’Alorna dirigiu as manobras, acompanhado dos ajudantes d’ordens Lecor e Carché [Bocaciari], tendo por clarim d’ordens um preto vestido com o uniforme da Legião.”

(...)
Venceu a divisão do norte.
Na passagem da ribeira feriu-se n’uma perna com a espada um official do regimento d’Estremoz.

ANNAES DE ELVAS (NET)
“Dado o sinal pelo Marquês começou a Batalha, que apesar de ser um Brinco inflamou de tal sorte os pelajadores que muitos chegarão a carregar com pequenas pedras as Espingardas, e quando se afectou a passagem a Ribeira (Mures), se fez com tal calor, que um oficial do Regimento d'Estremoz (nº.3) ferido numa perna com a Espada de precipitado que ia, cujo acontecimento deu então lugar a trocarem- se as Espadas direitas pela curvas, a que depois tem sofrido repetidas mudanças. Disputado o Campo com de novo a vitória pertenceu á Divisão do Norte, e o Principe veio ao alto do Monte da Abobeira, recebeu a continência das tropas, que logo desfilaram para seus quarteis, [...]”.

UNIDADES
1.ª linha (também Divisão do Norte)
Comandante: Coronel António José de Miranda Henriques
Infantaria: Mestral, ou 1.º de Olivença [Inf 3]; Campo Maior [Inf 20]; [2.º de] Olivença [Inf 15]
Cavalaria: Elvas [Cav 8]; Évora [Cav 6].
Artilharia: uma bataria de Artilharia de Estremoz (ou Art 3)

2.ª linha (também Divisão do Sul)
Comandante: Coronel José Carcome Lobo
Infantaria: 1.º Elvas [Inf 5]; Serpa [Inf 22]; 2.º Elvas [Inf 17]
Cavalaria: Olivença [Cav 3].
Artilharia: uma bataria de Artilharia de Estremoz (ou Art 3)

João Jacob Mestral

RegInf: Bastos (1.º de Elvas) / Mexia (2.º de Elvas) / Serpa

1508 ri (1200 cada) 7200
613 rc (400 cada) 1200 uns bons 10 mil, ou próximo (errado, cada RegCav levou 2 esquadrões)

FACTO - O comandante de cada coluna era comandante de um dos regimentos da outra (o mais antigo na linha).

Claúdio de Chaby esteve no terreno a investigar este brinco. Entrevistou um veterano que assistiu e que lhe relata como se fosse ontem.
AHM

NOTAS
- Além de Tapada Real de Vila Viçosa, nas immediações da Abobreira e da Herdade do castello, situada nas alturas antes de chegar à Ribeira de Mures, confluente da Ribeira d’Asseca.
- Os corpos não estiveram acampados. Vieram e foram no mesmo dia.
- O príncipe regente veio de manhã, presenciando à manobra do Outeiro do Zambujeiro.
- “A ponte de madeira foi expressamente construida sobre a ribeira de Mures, para dar passagem às tropas na ocazião da manobra”.

Extrato de carta, escrita por Chaby (?), 12.9.1863:
“Só pude descobrir hum velho no B.am de Vateranos que me disse informações, do que pretende saber, e forão por elle dadas com tanta prontidão e segurança que as devo julgar exactas, elle sendo praça d’Art.ª d’Elvas assestio a tal função”.

Disse ele:
- não se lembra se a Cavalaria de Évora assistiu –ASSISTIU (2 esquadrões)
- Alorna, comandante
- comandantes das 2 linhas
- que a brincadeira teve lugar 4.ª feira de Sinza.

Elvas, 22.9.1863 (Chaby)
“Junto à Asseca ja um monte que lhe chamão Castellos Velhos [Castelinho?] he aonde se postou a peça que deu um tiro quando se avistou El-Rei o Sr. D. João 6.º que vinha de V.ª Viçosa a assistir ao brinco, e tambem (ver a) tropa formar e entrar nos seus lugares, aonde estava um passadiço [he a ponte de madeira] para mostrar uma passagem e ataque das tropas que passárão na Catalunha”.
(Comandantes das colunas)
(...)
Logo, o sítio em que houve a formatura foi na baixa do Outeiro do Zambujeiro junto a (...) da Ribeira d’Asseca.

(...)

domingo, 25 de junho de 2017

Apontamentos: Entrada dos irmãos na Exército e ida para o Roussilhão



ENTRADA DOS IRMÃOS NA TROPA, IDA PARA O ROUSSILHÃO (1793-1795)

ANTECEDENTES

10.3.1788 – Jorge Frederico assenta praça no Regimento de Infantaria de Faro, aquartelado em Tavira. Decerto, com o objetivo de frequentar a Aula Regimental.
10.5.1788 (erro na data?)– António Pedro assenta praça no Regimento de Infantaria de Faro.
“[...] em hum anno completou o estudo dos dezasseis livros de Bellidor e por isso foi addemetido à esplicação da fortificação de Mr Antonni [...]” (carta de Ant Pedro ao inspector (c. 1803)

16.7.1789 – Jorge Frederico e António Pedro, muito provavelmente como sargentos, passam ao Regimento de Artilharia, em Faro.

17.11.1792 – João Pedro assentou praça diretamente no Regimento de Artilharia, em Faro. ?

O SERVIÇO REAL

5.8.1793 – TAVIRA. João Pedro Lecor deslocou-se com os irmãos a Tavira, para pedir ao Capitão General dos Algarves para ir como cadete para o Roussilhão. Não lhe não falta mais para ser cadete, que a dispensa de dois ou três anos que tem a mais (Governador de Armas). O Conde de Val de Reys se lisongeia “em patrocinar os beneméritos”.

8.8.1793 – FARO Coronel Costa Cardoso mapeia as forças do seu Regimento de Artilharia do Algarve destacadas para a o Exército Auxiliador, em 3 companhias a 76 homens cada, totalizando 196, incluíndo o Ajudante Cirurgião, (nome).
8.8.1793 – [FARO] Às sete horas da tarde ficaram a bordo dos caíques, os quais imediatamente se vão chegando para a barra para sair na madrugada em direitura a Lagos (Costa Cardoso) para subir à Nau Santo António.

Carlos Frederico despede-se em Faro dos irmãos, que vão para a guerra. No final do Ver~soa, apenas dois meses depois, assentará praça de voluntário.

10.8.1793 – LAGOS. Embarcam no navio Santo António (Costa Cardoso, escrevendo 9 dias depois). A nau deu à vela às 7 da tarde (João MacDonald, escrevendo no próprio dia).


20.9.1793 – LISBOA. Anoitecer, a esquadra que transporta o Exército Auxiliar transpõe a foz do Tejo e inicia a sua viagem à Catalunha.

José António da ROSA descreve a viagem de um dos transportes da brigada de artilharia – Navio “Trovoada Pequeno”, mercante, com a vasta maioria (c. 80%) do contingente de artilharia, 447 homens (+ 1 navio, Águia Lusitana, com 117 artilheiros e António Texeira Rebelo), mas mais com equipagens) Não sei se algum dos irmãos, ou os três, iam nesse ou no outro transporte. Indica a dispersão da esquadra após Cartagena.

27.9.1793 – Esquadra arriba a CARTAGENA.

13.10.1793 – TAVIRA. Carlos assenta praça como soldado pé de castelo na Fortaleza de S. João da Barra do Registo de Tavira. Coincide com o primeiro dia da Aula Regimental de Tavira.

Dia-a-dia. Serviço em Cabanas e aulas como aluno extraordinário (60)

A Aula Regimental de Tavira divergia de outras da mesma altura, principalmente a Aula de Estremoz, no sentido em que existia junto do nominalmente Regimento de Infantaria de Faro, mas sediado em Tavira, capital política do Algarve. Matemática de Belidor.

9.11.1793 – Início dos desembarques em ROSAS (até 11)

(...) [faz o serviço normal na fortaleza e frequenta as aulas em Tavira]

F. S. João da Barra (Cabanas de Tavira) (1795): 1 2.ºTenente; 1 Sargento; 1 furriel, 3 cabos; 30 soldados (total de 36). + 1 peça de bronze, 6 peças de ferro, 2 agulh, 75 ballas de peça, 1 ½ morrão, 1 medida para as cargas; 8 pólvora; 1 polvarinho, 4 pás de ferro, 1 paçadeira de metal, 2 pés de cabra, 1 porta vos; 2 repucho d’dezencravar.
Obs. Para a guranição da Bateria da Torre Velha, e da Fortaleza de Canella, que lhe são subordinadas.

17.3.1794 – Carlos, já Sargento, é nomeado Ajudante da Praça de Portimão, nomeado pelo Capitão General. O jovem de 29 anos atinge o oficialato.

Ajudante de praça: Ant.: Oficial subordinado ao comandante ou governador duma praça de guerra, mas encarregado especialmente do seu serviço de segurança.
Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, Vol. I, Editorial Enciclopédia, limitada, 1936. p.694

Vai como oficial para o lado oposto do Algarve enquanto uma vaga não abre numa companhia do regimento ele mesmo, o que vem a acontecer em dezembro desse ano, quando ...

6.4.1794 – PORTIMÃO. Já se terá apresentado. AJUDANTE

Praça Nossa Senhora de Portimão (1795): 2 2.ºTenentes; 2 Sargentos, 2 Furrieis; 4 cabos, 30 Soldados (total de 40). + 1 peça de ferro, 46 bayonetas, 995 balas de peça, 492 cartuchos de espingarda, 45 espingardas, 162 granadas, 1 morrão, 143 pólvora, 2 picaretas, 400 pedreneiras.
Obs. Tem subordinadas tres fortalezas a da Nossa Senhora da Roxa, Carvoeiro e Castelo de Alvor, que deve fornecer com destacamentos.

Se foi nomeado a 17 de março, deve ter-se apresentado pouco tempos depois, pois Portimão ficava a a uns 100 quilómetros de Tavira e uns 60 de Faro, residência da sua família. Uma semana = 24 de março, final do mês, o mais tardar. Sendo que era uma efetiva promoção a oficial, o jovem ajudante não deve ter perdido tempo, quem sabe o tempo de mandar fazer a farda, seu novo uniforme.

Em Portimão, Carlos Frederico era o número dois da guarnição, ajudante do major da praça, muito possivelmente, nesse cargo, pelo serviço de segurança dos cerca de xx oficiais inferiores (nec NRP?) e praças que compunham a praça de Portimão, não só a cidade, mas também os fortes: de S. Bla bla ...

Carlos frequentou a aula regimental de Tavira por cerca de 8 meses, sendo nomeado ajudante pelo 6.º conde de Val de Reis.

2.1.1794 – Troca com o 1.º Tenente António Pimentel do Vabo e torna-se o 1.º Tenente da 9.ª companhia de artilheiros, no Regimento de Artilharia do Algarve, em Faro.

17-20.11.1794 – Os três irmãos são feitos prisioneiros de guerra no Castelo de Figueras. 17 PdG oficiais de Art das 4 companhias.

27.11.1794 – 0700 – Rendição do Castelo de San Fernando de Figueras.


26.3.1795 – Promoção a 1.º Tenente, de acordo com DUARTE.

Já no dia 9 de agosto chegara ao exercito alliado ordem da corte de Madrid para a definitiva suspensão das hostilidades, ordem que o exercito francez tambem já tinha pela sua parte. No dia 4 de setembro levantou o campo o exercito portuguez, indo-se aquartelar em Banolas, onde se lhe veiu reunir a força, que tinha sido aprisionada em PuigCerdá. Nos ultimos dois dias do mez de setembro principiou a marchar o referido exercito para varios outros pontos, emquanto em Barcelona se apromptavam os transportes que tinham de o conduzir para Portugal. Foi no dia 28 de outubro que teve logar o seu embarque na mesma cidade de Barcelona, depois de ter soffrido a consideravel perda de quasi 2:000 homens n'estas terriveis e laboriosas campanhas de Roussillon, deixando na Catalunha immortalisada a sua fama pelo seu muito valor e actividade.

4.9.1795 – O EP levanta campo, e aquartela-se em Banolas. A força que havia sido aprisionada em PuigCerdá junta-se-lhe nesta LOCALIDADE.

29/30.9.1795 – EP marchou para vários pontos, à espera que se aprontassem os transportes em Barcelona.

7.10.1795 – Jorge Frederico, António Pedro e João Pedro graduados em 2.ª Tenentes respetivamente das 8.ª, 4.ª e ?.ª companhias de artilheiros, RegArtAlgarve
Ant Pedro (30.10 ?)

14.10.1795 – O Secretário de Estado assegura Bernardo Ramires Esquível que já foram expedidas as ordens ao Marechal General para o destacamento de 130 praças de artilharia para a guarnição da Nau Príncipe Real.

É de crer que até Novembro, o Governador de Armas do Reino do Algarve tenha recebido ordens para destacar duas companhias do Regimento de Artilharia, enviando-os para Lisboa onde fariam parte da guarnição da nau Príncipe Real.

A 9.11.1795, é nomeado o novo Governador do Algarve, D. Francisco de Melo da Cunha Mendonça e Meneses, Monteiro-Mor do Reino, que substitui D. Nuno José Fulgêncio de Mendonça e Moura, o 6.º conde de Val de Reis.

Suponho que no fim de Novembro, inícios de Dezembro, os tais 130 praças tenham ido para Lisboa, por mar ou terra. Pelo exemplo de 1793, foram de caíque para Lagos e aí embarcaram num navio de maior calado para Lisboa, mas a nau S. António creio que os acabou por levar também para a Catalunha. Como era para a Armada, a requisição dos homens, talvez tenham sido puxados recursos navais e deve ter sido semelhante ao dos outros irmãos.

28.10.1795 – Embarcam em Barcelona:
O comboio trazia a seu bordo uns 3:800 homens [4,824 ao embarque 2 anos antes], numero redondo, sendo 27 o numero das vélas mercantes de que se compunha. Era commandante de toda a tropa o tenente coronel mais antigo, Antonio de Lima Barreto, do 1.° regimento do Porto. [...]

Preferiram vir por terra para Lisboa, indo a maior parte a Madrid, o tenente general João Forbes Skellater, o marechal de campo D. João Correia de Sá, o quartel mestre general José de Moraes d'Antas Machado; os coroneis José Narciso de Magalhães e João Jacob de Mestral; o ajudante de ordens D. Miguel Pereira Forjaz; os tenentes coroneis D. Thomás de Noronha e Nicolau Joaquim de Caria; o tenente coronel de engenheiros Izidoro Paulo Pereira; o major da "mesma arma Manuel de Sousa Ramos; os capitães Damião Pereira, João Correia de Freitas e João de Torres Cabeça; o alferes Antonio Xavier da Gama Lobo; o capellão mór do exercito Nuno Henrique da Horta; o auditor geral do exercito; o thesoureiro geral do exercito José Maria Trinité, e o commissario pagador João Antonio de Figueiredo.

O transporte das tropas portuguezas da Catalunha para Portugal foi feito por embarcações hespanholas que para este fim se fretaram em Barcelona, transporte que ao erario regio portuguez custou a importante somma de 80:000 (51000 réis, mandados entregar á casa commercial d'aquella cidade, da firma D. Francisco Millan & C.a t Comboiaram as ditas embarcações hespanholas a fragata Diana e os bergantins Tártaro e Tocha, todos da mesma nação, sendo commandados todos pelo capitão de fragata D. Pedro Truxillo.

29.10.1795 – BARCELONA Saiu todo o comboio.
30.10.1795 – Dá à vela.

5.11.1795 – MÁLAGA Arribam a Málaga, por causa dos ventos fortes:
[...], e depois de ter ali dado fundo, um dos transportes garrou por causa do temporal, indo cair sobre aponta do molhe do lado esquerdo da entrada do referido porto. Felizmente não só se salvou a tropa, que em lanchas foi para terra, mas até o proprio navio, que conduzia 390 praças do regimento de Peniche com o seu sargento mór commandante.

O fortissimo vento e mar do SE. foram as causas da arribada ao porto de Malaga, para se evitar algum naufragio no estreito de Gibraltar.

10-11.12.1795 – LISBOA Entram no Tejo. A 11, desembarcam logo alguns corpos:
[...] desembarcando alguns corpos no mesmo dia 11 em Lisboa, onde foram recebidos no meio do mais vivo enthusiasmo, tanto da parte dos seus moradores, como da sua guarnição, chegando no melhor estado que se podia esperar, depois das multiplicadas fadigas e trabalhos por que passára nos Pyrenéos, exposta ás inclemencias de dois successivos invernos.

11.12.1795 –
O principe D. João, governador do reino, que no dia 11 vinha de Queluz para o palacio das Necessidades para dar audiencia aos pretendentes, como então se praticava, logo que soube da chegada de alguns d'aquelles transportes ao porto, foi embarcar ao caes de Belem para os ir visitar, mandando ao mesmo tempo avisar as pessoas, que estavam para lhe fallar, que entregassem os seus requerimentos e se retirassem.

12.12.1795 –
No seguinte dia (12 do referido mez), foi o mesmo principe com a princeza sua esposa presencear da varanda do jardim de Belem o desembarque dos mais corpos, que se effeituou n'aquelle mesmo caes. Formados que foram no respectivo largo [LARGO DE BELÉM], o principe desceu da varanda, ao tempo que desfilavam, para dar beijamão aos officiaes recemchegados. Grande multidão de gente se achava na praça de Belem no acto do desembarque, bem como em todas as ruas por onde tinham de passar, victoriando-os pelos seus triumphos e gloria que adquiriram tanto para si, como para o seu paiz.

Entre o dia 12 e o dia 25, transcorrem 14 dias. Sabendo que a Esquadra do Brasil parte a 25, Carlos já estaria decerto em Lisboa, talvez já embarcado, há algum tempo. Carlos terá com certeza assistido, bastando dizer ao seu comandante que tinha três irmãos entre os que regressavam agora da Catalunha.
Não sendo possível averiguar definitivamente se os três irmãos vieram embarcados neste comboio é de crer que sim, pois os dois irmãos que foram prisioneiros de guerra, nenhum deles esteve nesta situação por mais de 9 meses (Jorge Frederico, 9 meses, e João Pedro, 8) e houve tempo suficiente para chegassem a Barcelona a tempo de embarcar.


25.12.1795 – LISBOA Parte a Nau Príncipe Real para o Brasil, onde Lecor está destacado como 1.º tenente de artilharia.